Feira global alemã, Musikmesse, altera formato e convoca crescimento para o mercado da música
Atenta às dificuldades que estão habitando os últimos anos na indústria da música global, a maior feira de instrumentos musicais oficializa mudanças estruturais para assegurar o futuro do evento e a sustentação da música acima de tudo no mercado europeu.
O novo conceito se baseou nas pesquisas realizadas na feira nos últimos dois anos. Os expositores alemães buscavam uma solução para o crescimento do mercado interno e as associações faziam coro. As marcas globais, no entanto, pontuavam que a feira estava se tornando desinteressante como plataforma para negócios internacionais.
Expositores que conversaram com a Música & Mercado apontavam problemas como a proximidade das datas da Musikmesse com as da feira norte-americana Namm Show, realizada sempre em meados de janeiro.
Outro fator apontado baseou-se na queda da demanda global de instrumentos de cordas que, de acordo com dados das maiores empresas de OEM e marcas escutadas por nossa redação, tiveram suas vendas no mercado global reduzidas em torno de 40% nos últimos cinco anos. E não para por aí. Na feira foi notável a redução de alguns pavilhões, como o de instrumentos de sopro, que se fundiu com o hall de percussão, bem como o desaparecimento do pavilhão de pianos. Notada também a ausência de marcas como Fender e Warwick.
Para a direção do evento, “uma forte organização é essencial para a Musikmesse, especificamente num ambiente desafiante. Portanto, investiremos ainda mais do que antes para o desenvolvimento da feira”, explicou Detlef Braun, membro do Conselho Executivo da Messe Frankfurt, empresa responsável pela feira na coletiva de imprensa realizada no dia 16 de abril.
O novo conceito foca nos principais ativos do evento: negócios e geração de demanda. “As grandes marcas exigem a presença do público, pois já têm um sistema de vendas que não necessita de feiras”, explica um integrante da diretoria da Musikmesse que pediu para não ser identificado.
Dessa forma, a organização pretende criar um melhor ambiente para negócios, com áreas com proteção acústica e voltadas somente à relação entre fornecedor e compradores, como foi o caso das áreas B2B e a ampliação do Tulip Club, para compradores internacionais. Por outro lado, o evento será aberto todos os dias para o público final e apresentará um espectro completo de instrumentos musicais e serviços associados ao conceito que eles chamam de três mundos da música: “Clássico encontra o Jazz”, “Rock encontra o Pop” e “Eletrônico encontra a gravação”.
Em cada uma dessas áreas, haverá um cenário com diversas apresentações, restaurantes com temas musicais, uma área destinada ao encontro do público com celebridades e uma programação para intercâmbio de conhecimento e palestrantes. Na recém-terminada edição de 2015, a feira mostrou um pouco do que virá em 2016, com áreas muito bem preparadas para quem virá fazer negócios.
Apesar da decisão ter sido comemorada por muitos, a abertura para beneficiar o público final causou desconfiança em alguns expositores, principalmente no pavilhão de bateria e percussão. “O barulho desses pavilhões é insustentável”, explicou um diretor da Zildjian, que falou sob anonimato. “Imagine com mais público todos os dias.”
Mudanças nos pavilhões
Desde 2014 são visíveis o encolhimento dos espaços adquiridos pelos expositores na Musikmesse e o crescimento da Prolight + Sound, feira internacional realizada conjuntamente voltada para tecnologia e sistemas integrados para áudio e iluminação. Para acomodar essa proposta, as organizações de ambas as feiras (Prolight + Sound e Musikmesse) resolveram trocar os pavilhões. Assim, a Prolight + Sound ocupará os halls 1, 3, 4 e 5. Já a Musikmesse ocupará os halls 8, 9 e 11.
Se a Musikmesse já foi a maior plataforma de negócios para instrumentos musicais do mundo e teoricamente perdeu o posto, a direção da feira está totalmente decidida a recuperar o status perdido.
As decisões estão tomadas, a hora é de reconquistar a confiança do mercado global.
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