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Opinião: Me lembro como se fosse hoje

O mercado da música está passando por diversas mudanças, mas também está mudando o consumidor e o músico, com uma geração de jovens que não aprecia o passado.

Houve um momento no tempo, em que as pessoas realmente paravam para ler um livro, para apreciar as amizades, e ouvir com atenção música.

No quesito música, em universalidade, até quem não lia, quem não tinha amigos, podia contar com a música, degustando-a mesmo em solidão, e nas emoções expressadas por um álbum, a sequência de faixas, a letra, melodia, num coração exposto…

No mercado musical esse tempo que passou foi tão prolífico, tão belo, tão encantador, que fica difícil explicar a quem está na geração do “é pra já” a questão do tempo dedicado, e a meritocracia do resultado.

Eram bons tempos, não porque tudo era fácil, mas porque tudo precisava de dedicação, ou não se realizava.

A indústria fonográfica tinha suas imperfeições, mas quando um artista alcançava os seus objetivos, e tinha talento, havia recompensa justa.

Quando uma empresa do ramo, seja de instrumentos, acessórios ou equipamentos surgia, ela tinha oportunidade de crescer embasada na qualidade de seu produto.

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Como explicar para os jovens que almejam ser “digital influencers”, que em um passado não muito longínquo, para influenciar alguém, primeiro você precisava realmente fazer algo?

A virtualidade se tornou a ruína dos homens ao criar bolhas de “faz de conta”, bem longe da realidade da ação, e a pandemia, que forçosamente nos isolou mais ainda na virtualidade, nos tira da realidade, em um era em que a única aglomeração parece ser a de números fakes de views e seguidores.

Saudade do cheiro de novo de um vinil recém lançado, que só descobrirmos porque frequentemente íamos às lojas de discos, e economizávamos para ter aquele álbum, que para nós tinha um raro valor.

Como explicar a um jovem de hoje, que para saber se uma música é boa, são necessários mais do que 5 segundos? Ou ainda, que para saber se um instrumento é bom, é necessário tocá-lo, que para ensinar ou fazer algo, é necessário primeiro aprender…

A dissonância cognitiva com a realidade está instaurada em via de regra.

Se temos possibilidades de ter em segundos oportunidade de ter acesso à qualquer conhecimento de qualquer assunto, por outro lado, não se sabe mais da verdade, quando só se quer ter razão.

O Mercado da Música está se adaptando a tempos este anos, e em silêncio, pesaroso e preocupante.

Quando só sobrar o desejo do lucro e consumismo no campo da música, em que atuam em duas frentes, as empresas que fabricam, e do lado dos que se identificam com algum instrumento, jovens preocupados em aparecer, e não em tocar, teremos uma contagem regressiva ao fim da profissão de músico.

Atualmente todos os incentivos para a entrada no mercado futuro da música, estão no passado. 

Só que infelizmente, sem a manutenção de condições mínimas para o músico profissional, tudo desaba. 

Lembro-me bem do passado, mas lembrar disso hoje, não garante o futuro. 

Devemos sim, aprender com o que deu certo para corrigir os rumos do que está dando errado.

Teremos o maior prazer em ouvir seus pensamentos

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