Fábrica
Star Lighting Division ilumina o Brasil – entrevista com Eduardo Orenes
Star Lighting: Os primeiros passos no segmento de iluminação foram em 1989. A partir daí a empresa evoluiu na fabricação de diversos tipos de aparelhos usados hoje em distintos tipos de aplicações em todo o País
Os primeiros passos no segmento de iluminação foram em 1989. A partir daí a Star Lighting evoluiu na fabricação de diversos tipos de aparelhos usados hoje em distintos tipos de aplicações em todo o País

Eduardo José Orenes, diretor da Star Lighting Division
Quando pensamos na indústria brasileira para tecnologia de entretenimento, vários nomes de fabricantes de áudio e instrumentos musicais aparecem na nossa cabeça, mas existe uma empresa de iluminação digna de ser lembrada: a Star Lighting.
Eduardo José Orenes, diretor da Star Lighting Division — com base em Campinas/SP —, inaugurou a primeira instalação em 1989, após desenvolver por alguns anos mesas de comando computadorizadas e outros acessórios para casas noturnas em São Paulo, onde na época só estavam disponíveis mesas chaveadoras.
Como tinha experiência na área de engenharia em telecomunicações, notou uma grande deficiência tecnológica no segmento de entretenimento, pois os equipamentos de iluminação eletromecânicos utilizavam apenas lâmpada PAR 36.
No Brasil, foi o primeiro a implementar a tecnologia do acendimento de lâmpadas HMI, elemento básico para equipamentos que marcaram a época, como Galaxie, Atlas, Maxxi Spot e outros. Foi também pioneiro na fabricação de mesas com protocolo DMX512. Em meados de 1991, após essas implementações, a empresa direcionou o seu foco para o desenvolvimento, fabricação e comercialização de mesas, scans robotizados e máquinas de fumaça.
O departamento de engenharia, sempre alinhado com as novas tendências do setor, se solidificou e hoje trabalha com o desenvolvimento de projetos, produtos diferenciados e soluções eficazes que atendem com inovação, qualidade e profissionalismo.
Sendo reconhecida no Brasil, a empresa também abriu caminho no exterior, com uma linha importada que leva a marca Star Lighting. Quer saber mais? Eduardo José Orenes conta tudo nesta entrevista.

Eduardo: Sempre foquei as necessidades do mercado, desenvolvendo equipamentos no Brasil, tendo como referências modelos importados. Até 2008, a empresa era formada por um departamento de engenharia que desenvolvia os equipamentos, departamento de assistência técnica, departamento comercial e financeiro. Porém, devido à falta de competitividade pela pesada carga tributária brasileira, iniciei a importação de alguns equipamentos com fabricação na China.
Com isso, realizo anualmente várias visitas a fábricas, desenvolvendo contatos comerciais, avaliando tecnicamente para poder fazer escolhas de parceiros compatíveis com as nossas diretrizes técnicas e de qualidade. Continuo fabricando equipamentos economicamente viáveis, ou sem similares, na China. Aproveito para destacar a linha de dimmers, main powers, máquinas de fumaça, DMX Wireless (o único homologado pela Anatel no Brasil), splitters DMX, interfaces Art-Net, controladores de LEDs e produtos customizáveis da Linha LED Design. Com a conquista de know-how, junto com o desenvolvimento de parceiros na China que atendem às exigências de qualidade em peças, suporte e demanda exclusiva da empresa, tudo somado à criatividade, inovação tecnológica e experiência, consegui uma posição sólida nesse mercado.
M&M: O que significa ser a única empresa no Brasil que fabrica aparelhos de iluminação próprios?
Eduardo: Temos um imenso orgulho! Sobrevivemos a todas as crises nos últimos 28 anos, sempre com criatividade e inovação tecnológica e, apesar de tudo, continuamos desenvolvendo e fabricando. Está no nosso DNA!
M&M: Tem disponibilidade de estoque ou só fabricam a pedido dos clientes?
Eduardo: Temos estoque regular para todos os itens da nossa linha de produtos e desenvolvemos também itens customizados a pedido dos clientes, principalmente na área de LEDs.

Eduardo: Tenho um departamento de assistência técnica com engenheiros e técnicos na sede da companhia e empresas cadastradas em vários estados. Mantenho um estoque permanente de peças de reposição para suprir a necessidade dos nossos clientes. Nosso tempo de resposta é o melhor e nosso custo é o menor, isso porque conhecemos profundamente tudo que comercializamos. Nós consertamos, e não simplesmente trocamos placas, o que reduz os custos de manutenção.
M&M: No seu catálogo há linhas feitas no Brasil ou tudo vem da Ásia?
Eduardo: Tenho uma linha de produtos que importamos regularmente e uma linha que industrializamos no Brasil. Tudo que importo é fabricado na China com os meus requisitos: eu defino todos os componentes a ser usados nos produtos, ou seja, especifico os principais itens, como lentes (tipo do vidro e tratamentos), ventoinhas, motores, lâmpadas, eletrônica, o plástico das carcaças etc. Dessa forma, garanto a qualidade dos produtos para melhor atender o mercado da América do Sul.
M&M: Como você vê a situação do Brasil e do mercado de iluminação brasileiro atualmente?
Eduardo: Desde o final de 2013, com a crise econômica, o mercado se retraiu bastante. Juntamente com o aumento do dólar, nossos produtos passaram a ficar mais competitivos em relação aos europeus tradicionais. Nossos produtos ficaram muito convidativos, passamos a ser vistos com outros olhos. Muita gente que só usava os europeus passou a usar os nossos sem perda de qualidade. Esse momento foi muito bom para a Star Lighting e hoje estamos consolidados.
DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO
M&M: Conte mais sobre a casa matriz.
Eduardo: A empresa tem uma área total de 1.900 m² construídos, com a sede localizada na cidade de Campinas/SP. Contamos com uma estrutura organizacional de 44 profissionais, alocados nos departamentos de assistência técnica, engenharia, estoque, expedição, transporte, produção, marketing, comercial, financeiro, RH e projetos. Temos uma estamparia básica para a confecção das carcaças metálicas; terceirizamos a pintura e a montagem das placas eletrônicas, fazemos a integração e testes dos cerca de 250 itens fabricados mensalmente. Como já comentei, algumas linhas de produtos são fabricadas na China. Atualmente tenho cerca de 12 empresas parceiras que fabricam os equipamentos que comercializamos seguindo nossas normas e determinações.
M&M: Que linhas de produtos há atualmente no catálogo?
Eduardo: Atualmente trabalho com moving heads (com LEDs e lâmpadas), moving beam, moving wash LED, mesas de controle, painéis de LED, processadores de vídeo, spots LED, ribaltas LED, washes LED, strobos LED, bruts de LED, máquinas de fumaça, haze, acessórios DMX (splitters, interfaces Art-Net, DMX Wireless), dimmers, main power (distribuidor de energia), linha DJ (lasers e aparelhos LED), controladores para fitas LED, produtos de LED Pixel Design (tubos, square LED, esferas LED, LED Line, clusters LED), talhas elétricas DMX para movimentação de cenários, entre outros. Tenho uma linha bem completa para atender vários segmentos de mercado.

Eduardo: A Star Lighting hoje atua em vários segmentos: locadores (maior fatia de mercado), igrejas, teatros, casas noturnas, DJs, academias, hotéis, buffets, motéis, construtoras, entre outros. Podemos considerar que não mantemos produtos expostos em lojas. Temos alguns parceiros de vendas pelo Brasil prestando um atendimento personalizado. Como o nosso produto é diferenciado, realizamos o atendimento com um suporte técnico e uma assessoria de aplicação entregando a melhor solução aos nossos clientes.
M&M: Que estrategias comerciais estão aplicando dentro da empresa para posicionar a marca?
Eduardo: Realizamos visitas personalizadas com assessoria técnica e uma lighting designer para projetos. Também disponibilizamos produtos que são enviados para os clientes para análise da aplicação in loco, além de fornecer treinamento técnico personalizado para os clientes em toda a linha de produtos, palestras e workshops para diferentes públicos (arquitetos, teatros, estudantes, igrejas, faculdades, entre outros).
M&M: E como o marketing está ajudando vocês neste momento?
Eduardo: Basicamente trabalhamos com os nossos canais de comunicação em mídias digitais (site, redes sociais, e-mail marketing etc.) e impressas (revistas, folders, catálogos, entre outros). Há três anos iniciamos um trabalho de divulgação dos produtos por meio de uma exposição com o nome “Expo Show Star Lighting ON the Road” em todo o Brasil. Essa ação é realizada com parcerias de clientes e com o objetivo de demonstrar a qualidade e detalhes da nossa linha de produtos com um atendimento direto aos participantes. Por meio desses eventos conseguimos um feedback direto não só em relação aos nossos produtos, mas também relativo às necessidades atuais do mercado de iluminação. Também realizamos participações em diversos eventos, como palestras e exposições, divulgando tendências e inovações da iluminação no Brasil, e parcerias em grandes eventos, aplicando os equipamentos nos palcos de festivais, shows, entre outros.
DENTRO DO PRODUTO
M&M: Como surgem as ideias para um novo produto?
Eduardo: Estou antenado com o mercado, observando sempre as novas tendências. Com a redução do custo da tecnologia LED, consegui desenvolver vários produtos acessíveis para ser aplicados em diversos ambientes. Um exemplo é a tendência atual de controle dos LEDs pixels, em que utilizamos o software Madrix e conversores Art-Net para DMX512. Atualmente defino novos produtos por meio dos feedbacks das equipes do departamento comercial, do marketing e da engenharia, captados com base nas estratégias citadas acima.

Eduardo: Para exemplificar com um caso real, vou descrever aqui como desenvolvemos a nossa talha DMX para movimentação de cenários. Primeiro notei em feiras internacionais a diversidade de equipamentos para essa finalidade, depois tivemos solicitações dos profissionais que projetam palcos para DVDs e turnês de artistas. Como os preços desses equipamentos na Europa são proibitivos, principalmente nesses anos de crise, investi no desenvolvimento do projeto. Pesquisamos que marcas de talhas são mais utilizadas no Brasil e constatamos que a CM (Columbus Mckinnon) americana é a mais usada. Como iríamos desenvolver somente a automação, aproveitando a mecânica da talha, restava colher opiniões dos profissionais que já usaram esse tipo de equipamento para definir a melhor forma de comando. Note que a nossa talha é a única no mundo que funciona diretamente com DMX512, podendo ser operada diretamente de uma controladora DMX. Reunidas essas informações de acionamento e quesitos de segurança, desenvolvemos a automação, que levou uma média de dois anos de desenvolvimento e testes até chegar ao produto como está hoje.
M&M: Como identificam a necessidade de um novo produto que possa ter sucesso no mercado brasileiro?
Eduardo: Basicamente as necessidades são as mesmas do resto do mundo, pois todos querem ter disponível o melhor equipamento. O que difere são as verbas disponíveis em cada País para os espetáculos e shows. Muitos produtos que já existem lá fora atualmente são impensáveis no Brasil devido ao custo. Com isso verificamos a possibilidade de desenvolvimento ou fabricação na China para aplicar no mercado nacional.
M&M: O que faz seus produtos diferentes dos outros no mercado?
Eduardo: Tenho um know-how imenso nessa área. Com mais de 28 anos de experiencia, consigo avaliar melhor o processo de fabricação das empresas parceiras na China e ajudo na melhoria dos produtos. Hoje os nossos equipamentos podem ser comparados aos das melhores marcas internacionais. Em alguns casos, segundo clientes, “a Star Lighting tem equipamentos até melhores”.
DENTRO E FORA DO BRASIL
M&M: Como está sendo a aceitação dos seus produtos por parte do mercado local?
Eduardo: A aceitação tem sido ótima. Estamos presentes em 98% das maiores locadoras do País. Nossos produtos são muito bem-aceitos por profissionais que trabalham com iluminação. Temos crescido em novos mercados, como construtoras, igrejas, estúdios, entre outras. Trabalhamos duro para alcançar esse status. Hoje, quem nos visita se surpreende com a nossa estrutura e com o suporte que prestamos. Temos um dos maiores showrooms da América Latina: um para painéis de LED e outro para equipamentos de iluminação — os dois, somados, chegam a quase 500 m2. Aqui os clientes podem realmente ver como o equipamento vai se comportar no seu local de aplicação e fazer a escolha certa.
M&M: Estão exportando também ou pensam fazê-lo no futuro?
Eduardo: Não estamos exportando. Primeiro buscamos nossa consolidação interna. Porém, devido à legislação do Mercosul, só podemos exportar com isenção de taxas produtos que se enquadrem no índice de nacionalização estabelecido, e isso limita nossa área de ação. Temos recebido muitas solicitações, estamos buscando soluções e esperamos que em 2018 tenhamos condições de exportar não só para o Mercosul, mas para outras regiões.
M&M: Está percebendo alguma tendência nos requisitos técnicos ou preferência de funções nos aparelhos no mercado de iluminação brasileiro?
Eduardo: Nos últimos anos, devido ao avanço da tecnología em tablets e celulares, houve um aumento na demanda de controle da iluminação a partir desses dispositivos, principalmente para academias, buffets, lojas, bares e outros espaços com iluminação ambiente. Tenho desenvolvido soluções nesse sentido. Já há cinco anos desenvolvi o DMX Wireless, visando facilitar a instalação dos equipamentos, e nos últimos dois anos busquei soluções para controle DMX via Wi-Fi, hoje faz parte da nossa rotina. A transmissão de dados via Art-Net é outro fator que vem vindo forte. Hoje os nossos consoles profissionais já são vendidos com saída Art-Net. Desenvolvemos o nosso conversor Art-Net para oito saídas DMX e o usamos largamente nos produtos com ‘pixel mapping’.

Eduardo: Sim. Tenho uma profissional arquiteta e lighting designer à frente do departamento de projetos, que vai até o cliente ou recebe informações técnicas do local e elabora o projeto em 3D em softwares especializados. Com esses softwares conseguimos calcular a intensidade luminosa em cada ponto do ambiente, é fantástico! Fazemos projetos luminotécnicos para igrejas, academias, fachadas, lojas, casas noturnas e residências. Tivemos um dos nossos projetos de casas noturnas publicado na revista inglesa Mondo. Fornecemos todos os equipamentos para o cliente, desde os spots de embutir, movings, a itens customizados com fitas de LED, controladores, mesas etc.
M&M: Que dificuldades vocês encontram na fabricação de produtos no Brasil e por que continuam apostando nisso?
Eduardo: Fabricar no Brasil é caro. Temos a maior taxa de impostos do mundo, dificuldades com a mão de obra, crédito caro e as diversas crises. Desde criança ouço que o Brasil é o país do futuro. Mais recentemente têm sido feitas várias reformas importantes, ainda muito aquém do que o País necessita, mas está caminhando. Tudo indica que em breve outras reformas importantes virão, o País não se sustenta mais sem elas. Apesar de todos os acontecimentos, nos saímos bem, estamos crescendo e nos profissionalizando ao longo dos anos. Temos o prazer de desenvolver soluções para o mercado de iluminação profissional e estarmos dando a nossa contribuição!

Eduardo: Tenho notado que todos os indicadores econômicos estão melhorando, lentamente, é claro, mas melhorando, com taxas de juros e inflação caindo bastante. Tenho a impressão de que o final do ano de 2017 vai ser bem melhor no segmento. Há empresas que não investiam há algum tempo, mas que agora estão fazendo isso. Acredito que esse posicionamento se intensifique mais. Como o nosso mercado depende muito de inovações, quem não se atualizar não se sustentará!
O brasileiro é otimista por natureza, mas agora temos indicadores mais consistentes sobre a retomada do crescimento. Acredito que vamos continuar crescendo de forma lenta. Caso seja aprovada alguma reforma em 2018, esse crescimento vai se intensificar. Espero que a classe política faça pelo menos o mínimo necessário.
- Site: www.star.ind.br
- Fale com a empresa: eduardo@star.ind.br
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Efeitos, Pedais e Acessórios
Fuhrmann rebate rumores sobre o fechamento da empresa
Influencer declarou que a fabricante de pedais havia encerrado suas atividades.
A disseminação de informações falsas, popularmente conhecidas como fake news, é um dos maiores desafios da era digital. A desinformação não apenas afeta pessoas, mas também pode gerar danos significativos para empresas, setores produtivos e até comunidades inteiras. Recentemente, a fabricante de pedais Fuhrmann enfrentou um exemplo desse fenômeno, quando informações incorretas foram divulgadas por um influenciador digital.
Em um vídeo publicado por Leo Godinho (removido por violar os Termos de Serviço do YouTube), dois modelos antigos de pedais da Fuhrmann foram avaliados, mas o conteúdo incluiu afirmações incorretas sobre a empresa. Entre as declarações, Godinho afirmou que “fontes semi-oficiais” teriam confirmado o encerramento das atividades da Fuhrmann no Brasil, sugerindo ainda que a marca estaria operando exclusivamente por meio de vendas online e, possivelmente, descontinuaria até mesmo essa operação.
Ao buscar esclarecimentos, o CEO da Fuhrmann, Jorge Fuhrmann, classificou o caso como “extremamente preocupante” e lamentou o impacto da desinformação nas redes sociais. Ele assegurou que a empresa está, na verdade, em plena atividade e preparando lançamentos para 2025. “Não faria sentido algum investir no desenvolvimento de novos produtos para, depois, encerrar as atividades”, afirmou.
Investimentos em tecnologia e produção local
Com sede em Penápolis, interior de São Paulo, a Fuhrmann mantém sua operação em uma fábrica de 650 m², onde produz cerca de 800 pedais por mês. Segundo a empresa, ao longo de seus 18 anos de atuação, tem investido consistentemente na qualificação de colaboradores, em novas tecnologias e em maquinário avançado para aprimorar processos.
Os pedais da nova linha são mais compactos e eficientes, equipados com componentes SMDs (Surface-Mount Devices) que são montados automaticamente, trazendo inovação e modernidade aos produtos da marca. Jorge Fuhrmann destacou ainda que a empresa não possui planos de terceirizar sua produção.
Combate à desinformação
Como medida para evitar episódios similares no futuro, a Fuhrmann anunciou a criação de uma seção especial em seu site voltada à imprensa, influenciadores e ao público em geral. O objetivo é divulgar notas oficiais e esclarecer dúvidas sobre a empresa e seus produtos, combatendo possíveis boatos antes que eles se espalhem.
O episódio reforça a importância de verificar informações antes de compartilhá-las, especialmente em um ambiente digital onde rumores podem ganhar grandes proporções rapidamente.
Cultura
Música transforma vidas de presos em projeto de ressocialização
A ressocialização de detentos no Brasil tem ganhado novas dimensões com projetos que unem capacitação profissional e arte.
Iniciativas como o Sons da Liberdade, no Acre, e o Baqueart, em Pernambuco, utilizam a fabricação de instrumentos musicais para proporcionar aos internos uma oportunidade de recomeçar suas vidas de maneira digna, oferecendo uma nova perspectiva de reintegração social e profissional. Além de promoverem o desenvolvimento de habilidades técnicas, esses projetos utilizam a música como ferramenta de transformação, criando oportunidades reais para os presos saírem do sistema penitenciário com novas chances no mercado de trabalho.
Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen)
No Acre, o projeto Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), se consolidou como uma referência nacional na ressocialização de detentos através da luthieria, a arte de fabricar instrumentos musicais. Desde maio de 2024, os reeducandos são capacitados a construir violões e guitarras de alta qualidade em uma oficina que proporciona 222 horas de aulas práticas e teóricas. O coordenador do projeto, Luiz da Mata, destaca que a iniciativa tem como objetivo oferecer aos detentos a chance de aprender uma nova profissão, preparando-os para o mercado de trabalho após o cumprimento de suas penas.
O reconhecimento da qualidade dos instrumentos fabricados pelos presos foi evidenciado durante a Expoacre 2024, onde os violões confeccionados na oficina chamaram a atenção de visitantes e músicos locais. “A madeira é de qualidade, e por ser feito por reeducandos, é algo muito interessante, muito gratificante”, comentou o músico Rafael Jones, que visitou o estande do Iapen durante o evento. Além do sucesso na Expoacre, o projeto Sons da Liberdade foi convidado para expor seus instrumentos na Conecta+ Música & Mercado, a maior feira de música da América Latina, um reconhecimento significativo da qualidade do trabalho realizado dentro do sistema penitenciário.
Jardel Costa, policial penal e instrutor de luthieria no Sons da Liberdade, enfatizou a satisfação dos detentos em ver seu trabalho sendo apreciado pela comunidade. “Eles têm ficado muito felizes, tanto com o instrumento pronto, quanto com o fruto do trabalho, também com as pessoas vindo ver o instrumento, tocar neles, ver que é um instrumento bom, de qualidade, que não perde em nada para um instrumento profissional”. Essa valorização do trabalho contribui diretamente para a autoestima dos reeducandos e reforça o potencial transformador da arte dentro do ambiente prisional.
Projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA)
Paralelamente, em Pernambuco, o projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), localizado em Canhotinho, também promove a reintegração social por meio da música. Desde agosto de 2024, os detentos participam de aulas teóricas e práticas de fabricação artesanal de instrumentos de percussão, como zabumbas, surdos e pandeiros. Segundo Paulo Paes, secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, o projeto busca oferecer uma formação técnica que permita aos internos sair do sistema penitenciário com condições de sustentar suas famílias e viver com dignidade.
Além da capacitação técnica, o projeto Baqueart se destaca pela abordagem ambientalmente sustentável, com a produção totalmente artesanal e manual, sem o uso de produtos químicos ou máquinas. Sérgio Reis, professor responsável pela formação dos internos, destacou a importância do método: “O processo é totalmente manual, respeitando o meio ambiente e ensinando uma nova forma de trabalho para os internos”.
A valorização do trabalho dos detentos no projeto Baqueart também é recompensada com remuneração e direito à remição de pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal. “O Baqueart faz parte de uma transformação maior no sistema penitenciário de Pernambuco, onde trabalho, renda e educação são pilares fundamentais”, afirmou Alexandre Felipe, superintendente de Trabalho e Ressocialização. A iniciativa tem sido vista como um modelo a ser seguido, com planos de expansão para outras unidades prisionais no estado.
Essas iniciativas de luthieria dentro do sistema prisional não apenas promovem a capacitação técnica dos detentos, mas também oferecem um meio de abstração e reabilitação emocional por meio da música. Para Daniel Neves, presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música), os projetos têm uma importância multifacetada: “A fabricação de instrumentos musicais pelos detentos atua em dois parâmetros: a criação de um ofício e a abstração que o instrumento proporciona. Foi louvável a atitude das diretorias de ambos sistemas penitenciários que trouxeram estas atividades aos detentos”.
Ao capacitar os internos para uma nova profissão e permitir que eles utilizem a música como forma de expressão e superação, os projetos Sons da Liberdade e Baqueart demonstram o potencial transformador da arte dentro do sistema penitenciário. Essas iniciativas oferecem aos detentos uma oportunidade real de reescreverem suas histórias e de retornarem à sociedade com dignidade e novas perspectivas de vida.
Empresas
Giannini: quais os próximos passos da recuperação judicial da mais tradicional fábrica de violão do Brasil?
Nesta última semana de julho, o jornal O Estado de São Paulo noticiou sobre o pedido de recuperação judicial da Giannini, a centenária fábrica brasileira de violões.
A Giannini, fabricante de instrumentos musicais com mais de 100 anos de história, entrou em recuperação judicial. Nos autos do processo, a empresa atribuiu a crise à pandemia de covid-19, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, que levou a marca a acumular dívidas acima de R$ 15,8 milhões.
De acordo com dados do Serasa Experian, pedidos de recuperação judicial aumentaram 71% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Especialistas apontam que o controle da inflação e do câmbio, a queda dos juros e a geração de empregos são fundamentais para interromper a tendência de endividamento.
Giannini solicita Recuperação Judicial
No processo, a Bacelar Advogados representou a empresa perante o Juiz de Direito de uma das Varas Regionais de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª e 10ª RAJ do Estado de São Paulo, elaborando um pedido liminar para a manutenção das atividades empresariais e requerendo a Recuperação Judicial da empresa.
O Juiz de Direito, Dr. José Guilherme Di Rienzo Marrey, nomeou a empresa Brasil Expert Análise Empresarial de Insolvência Ltda para realizar trabalhos técnicos preliminares na Giannini. Isso inclui verificar as condições reais de funcionamento da empresa, visitar a sede e filiais, certificar a regularidade das atividades, verificar a documentação apresentada e identificar interconexões e confusões entre ativos ou passivos das devedoras, além de detectar indícios de fraude e confirmar se os principais estabelecimentos estão na área de competência do juízo.
Relatório Preliminar
A empresa Brasil Expert realizou a perícia preliminar e relatou: “Após uma minuciosa análise da documentação apresentada pela Requerente, acrescida da diligência realizada, conclui-se que a solicitação de recuperação judicial está fundamentada em uma crise econômico-financeira real e substancial. Não foram identificados indícios de que a Requerente esteja utilizando o instituto da recuperação judicial de forma fraudulenta.”
O relatório continua: “O exame dos documentos e das informações financeiras revela uma queda no endividamento de curto prazo da Requerente, de R$ 39,73 milhões, no período entre dezembro de 2021 e maio de 2024. Já o endividamento de longo prazo apresentou um aumento significativo de R$ 395,92 milhões. Este crescimento no passivo reforça a evidência de uma crise financeira genuína e não uma manobra para uso indevido da recuperação judicial.”
Mercado se solidariza
O mercado da música se solidarizou com a Giannini. Roberto Guariglia, diretor da marca Contemporânea de percussão brasileira, manifestou-se em um grupo de fabricantes de instrumentos musicais: “Estamos na torcida para que vocês vençam mais este obstáculo que muitas indústrias brasileiras enfrentam. Que a presença da Giannini continue importante no cenário musical mundial!” Em outros grupos, as mensagens de solidariedade não pararam de chegar.
Em mensagem para a Música & Mercado, a ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música declarou: “O ambiente de negócios no Brasil tem suas intempéries e a Giannini é uma das raras empresas a ultrapassar 115 anos no país. Torcemos pela sua administração e fazemos votos para que o setor se reúna para proporcionar sustentação à empresa.”
Próximos Passos
Com o pedido de recuperação judicial deferido, a cobrança de dívidas fica suspensa por 180 dias, e um plano de reestruturação deve ser apresentado.
- Publicação da Decisão:
- A decisão será publicada no Diário Oficial e os credores serão notificados.
- Nomeação do Administrador Judicial:
- Um administrador judicial será nomeado para supervisionar o processo.
- Apresentação do Plano de Recuperação:
- A Giannini deve apresentar um plano detalhado em 60 dias.
- Assembleia Geral de Credores:
- Os credores discutirão e votarão o plano de recuperação judicial.
- Implementação do Plano:
- Após aprovação, o plano será implementado e supervisionado pelo administrador judicial.
- Monitoramento e Cumprimento:
- A empresa deve cumprir todas as condições e prazos estabelecidos.
- Encerramento do Processo:
- Se o plano for bem-sucedido, o juiz encerrará o processo de recuperação judicial.
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