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Shure faz 95 anos. Entrevista com Chris Schyvinck

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A Shure está comemorando seu 95º aniversário. Conheça como a empresa está operando sob a liderança da presidente e CEO Chris Schyvinck.

A reconhecida Shure está fazendo 95 anos, uma longa trajetória que permitiu à empresa se desenvolver, profissionalizar, criar produtos cada vez melhores e expandir para todo o mundo, com equipe especializada e focada em fornecer as melhores soluções para os usuários de diferentes segmentos no mercado de áudio.

Hoje a empresa é liderada por Chris Schyvinck, presidente e CEO, que nesta entrevista exclusiva fala sobre a companhia, sua experiência no mundo de áudio, historicamente dominado pelos homens, o presente e o futuro da Shure.

M&M: Conte-nos o que mudou na Shure desde que você se tornou presidente e CEO da empresa.

Chris: Eu começaria dizendo o que não mudou. As filosofias estabelecidas por S. N. Shure, nosso fundador, permanecem inalteradas: trabalhar juntos para oferecer os melhores produtos da categoria, ser uma boa cidadã corporativa, vizinha e empregadora, e saber que a perfeição absoluta talvez não seja possível, mas nunca deixaremos de buscá-la. Esses são os pilares de nossa empresa, e eles seguem inabaláveis. Quanto a nossa forma de fazer negócios, um desenvolvimento importante nessa área tem sido nossa evolução estrutural rumo a uma governança de portfólio de produtos e gestão de mercado juntamente com linhas de mercado setoriais, que descrevemos como Áudio Profissional, Sistemas Integrados e Áudio para Músicos e Consumidores. Esse foco nos permite capitalizar nosso sucesso passado nesses segmentos e criar poderosas estratégias para o futuro. As mudanças em nossas ofertas de produtos são resultado desse foco, por exemplo, a transição para sistemas de microfone sem fio digitais na linha profissional, o crescimento de áudio em rede com base em tecnologia da informação (TI) no segmento de sistemas e a expansão de fones sem fio na segmentação de consumo, para mencionar algumas dessas mudanças.

Chris Schyvinck, presidente e CEO

Chris Schyvinck, presidente e CEO da Shure

M&M: É a primeira vez que a Shure tem uma mulher como presidente e CEO. O que isso significa para você?

Benson

Chris: Ainda que eu seja a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Shure, é importante lembrar que Rose Shure foi a presidente de nosso conselho administrativo de 1995 a 2016. Como presidente e CEO, eu a adoto constantemente como exemplo quando me encontro diante de decisões importantes, particularmente com relação aos nossos funcionários, a quem chamamos de associados. Tanto o sr. como a sra. Shure reconheciam que nossas pessoas são o que temos de mais valioso, e eu concordo plenamente com essa filosofia. Nós ampliamos consideravelmente nosso quadro global de associados nos últimos anos para fortalecer nossas estratégias de crescimento e temos feito todo o possível para preservá-lo neste período de interrupção de atividades e incertezas econômicas. Estou segura de que nossa ex-presidente do conselho teria feito o mesmo.

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M&M: E o que essa importante conquista significa para as mulheres em nosso setor de mercado?

Chris: Eu espero que possa liderar também pelo exemplo, não apenas para as mulheres da Shure, mas do setor como um todo. Historicamente, as mulheres têm sido pouco representadas no setor de áudio, mas vemos algumas mudanças positivas nessa realidade. Tento me manter acessível para lidar com fóruns de mulheres em nossos vários segmentos de mercado e enviar a mensagem de que elas podem alcançar o sucesso neste setor e que aprender umas com as outras ajuda a dar impulso. Para além do setor de áudio, aproveito oportunidades para enviar essa mensagem a um público mais amplo de mulheres nos campos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, particularmente mulheres jovens que estão pensando em seguir carreira nesses campos.

M&M: Foi difícil para você construir uma carreira no setor de áudio?

Chris: Na verdade, não. Não acho que tenha deparado com preconceito de gênero em minha carreira na Shure e, como mencionei, pude contar com poderosas mentoras, inclusive a proprietária da empresa. Claro que qualquer população que se encontre em minoria enfrenta desafios para equiparar sua influência. Mas, na Shure, que se concentra sempre em criar produtos da mais alta qualidade, aproveitar oportunidades com base na opinião dos clientes e tratar cada cliente com justiça e respeito, há muito pouca margem para um debate baseado em gênero.

M&M: Que habilidades e qualidades pessoais e profissionais ajudaram você a ocupar um cargo tão importante como o atual?

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Chris: Eu me formei em engenharia mecânica e obtive mestrado em gestão de engenharia. Minha formação educacional me ajudou a ingressar na Shure em 1989 como engenheira de qualidade e, mais tarde, a assumir papéis de liderança em diversas divisões da empresa — como qualidade, operações, marketing e vendas — antes de me tornar presidente e CEO em 2016. Ter uma visão bastante ampla das áreas funcionais e necessidades de recursos da empresa certamente ajudou minha carreira a progredir ao longo dessa trajetória. Em um nível pessoal, sempre me esforcei para ser alguém com capacidade de escutar, ou seja, considerar cuidadosamente diversos pontos de vista, tanto dos clientes como de nossos associados. É fundamental ter a visão ampla de uma situação antes de tomar qualquer decisão, seja ela pequena ou grande, e levo muito a sério a busca de estabelecer um ponto de vista equilibrado.

M&M: Quais são os aspectos mais desafiadores de tocar uma grande empresa multinacional como a Shure?

Chris: Minha resposta a essa pergunta pode ser diferente hoje daquela que daria há alguns meses. Antes dos eventos recentes, eu mencionaria o esforço necessário para manter todos no mundo alinhados com nossa visão e estratégias. Isso exige uma comunicação constante e uniformizada, além de transparência quanto as nossas metas e o desempenho em relação a elas.

Mas, neste momento, o desafio que enfrentamos é administrar os negócios em meio às incertezas. Quando tudo corre como o planejado, é possível se concentrar em questões bem específicas, que requerem reflexão ou ação para otimizar o desempenho da empresa. Mas quando uma crise como a pandemia atual afeta todas as áreas da organização e toda a nossa base de clientes, administrar passa a ser como remar uma canoa em um rio turbulento; é preciso ter um foco intenso no que está diretamente à sua frente na esperança de seguir navegando e alcançar águas mais tranquilas. Tenho muito orgulho da forma como nossa empresa tem lidado globalmente com a crise atual e, embora espere nunca mais ver uma interrupção dessa magnitude, tenho confiança de que nossa equipe de gestão e nossos associados podem superar tudo isso.

O aniversário

M&M: Neste ano, a Shure comemora 95 anos. O que isso significa para a empresa? 

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Chris: Aniversários são sempre momentos importantes para refletir, e este ano tem sido particularmente complicado devido ao clima de negócios atual. Se olharmos para a nossa história de 95 anos pela lente dos desafios que estamos enfrentando, uma das qualidades mais importantes da Shure é sua capacidade de adaptação. Como empresa de capital fechado, estamos conseguindo manter com autonomia a flexibilidade para gerenciar nossos recursos financeiros, portfólio de tecnologia e estratégia de mercado com uma visão de longo prazo. A Shure tem uma história de capacidade de adaptação, tanto a eventos externos, tais como conflitos militares, desacelerações econômicas e transformações políticas, quanto às mudanças em mercados e tecnologias, como é o caso da transição do áudio analógico para o digital, do crescimento no uso de equipamentos sem fio de todos os tipos e da fusão da tecnologia audiovisual com sistemas de TI. Ao longo das décadas, a Shure tem adaptado sistematicamente seus planos de negócios e ofertas de produtos para manter nossa marca relevante nos dias de hoje e ajudar a definir o futuro.

M&M: Vocês vão lançar algum produto comemorativo?

Chris: Não estamos lançando nenhuma edição especial de produto em comemoração ao aniversário da empresa, mas estamos executando diversos lançamentos de produtos que havíamos planejado para 2020 em todos os nossos segmentos de mercado.

M&M: E quanto a celebrações especiais? A Covid-19 afetará os planos de vocês? 

Chris: Infelizmente, nossos planos de aniversário foram interrompidos, e eles incluíam uma celebração para os associados e suas famílias em nossa sede corporativa, entre outras atividades. Como a maioria das empresas, temos adotado o trabalho em casa para nossos associados de escritório, mas nossas fábricas e centros de distribuição vêm se mantendo operacionais em grande medida, adotando rígidos protocolos de segurança. Com a tecnologia disponível atualmente, podemos seguir colaborando como equipes. Em alguns casos, como nossos associados trabalham juntos mundialmente, grande parte dessa colaboração virtual já era normal. Fiquei particularmente impressionada com o nível de produtividade de nossos engenheiros, que foram obrigados a trabalhar em casa. No entanto, sinto falta do relacionamento direto com nossos colegas associados, de me encontrar com clientes, frequentar feiras comerciais e eventos do setor, além de outras experiências mais práticas e interpessoais. Para nós, é fundamental determinar como prestar apoio aos nossos clientes durante este período tão difícil. Queremos oferecer o nível certo de suporte, mas reconhecemos que as necessidades de produtos são diferentes neste momento. Estamos começando a retornar a nossas instalações no mundo todo de maneira cuidadosamente planejada, assegurando sempre o cumprimento das determinações governamentais locais e a adoção das medidas de segurança apropriadas.

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shureM&M: Que percepções você obteve sobre nosso setor em decorrência deste evento global? 

Chris: Uma de minhas percepções sobre o nosso setor tem sido seu sentimento de otimismo diante desta crise. É inspirador ver o senso de comunidade em nossa base de clientes, o que abrange desde o apoio financeiro das empresas a grupos específicos que foram duramente atingidos até os diversos fóruns específicos e não tradicionais que surgiram quase da noite para o dia com a finalidade de manter as pessoas do nosso setor em contato enquanto enfrentam tudo isso individualmente. Talvez isso se deva às características gerais de criatividade e esperança que as pessoas no mundo do áudio tendem a apresentar, mas tenho considerado tranquilizadores os gestos de apoio e unidade que nosso setor vem demonstrando.

M&M: Qual é o próximo passo da Shure?

Chris: Acreditamos que estamos bem posicionados para superar os desafios impostos pela Covid-19, mas isso levará tempo. Enquanto isso, a concorrência segue crescendo. Nós valorizamos os relacionamentos que construímos com parceiros neste setor e continuamos trabalhando com eles para compreender as necessidades do mercado e como podemos oferecer as melhores soluções a esses parceiros e — em última análise — aos usuários finais. Alguns concorrentes mais novos no mercado podem não ter nossa profundidade de experiência em qualidade e tecnologia de áudio. Esse é um aspecto importante, pois proporcionamos níveis consideráveis de atendimento ao cliente, treinamento e suporte fundamentados nos anos de experiência que temos coletivamente. Nossa história de 95 anos em experiência com áudio e nossa presença global conferem à Shure uma qualificação única para oferecer soluções de áudio com a qualidade que tantos clientes neste mercado estão buscando e passaram a esperar de nós.

Tecnologias e mercados

M&M: Qual você considera ser o futuro do áudio e o que a Shure fará para continuar inovando? 

Chris: A Shure manterá sua liderança tecnológica em áreas centrais como transdutores, sistemas de microfone sem fio e sistemas de áudio em rede. Além disso, reconhecemos e incorporamos a ideia de que o software é um componente essencial de produtos em todas as nossas categorias. Desde o firmware que habilita poderosas funcionalidades de nossos equipamentos até o layout de interfaces que otimizam o fluxo de trabalho para os usuários finais, fizemos e continuaremos fazendo investimentos significativos em nossos recursos de engenharia de software. A Shure é conhecida por produtos que funcionam de modo estável e confiável. Essas qualidades serão determinadas cada vez mais por softwares em produtos de áudio profissionais e de consumo, e planejamos manter nossa liderança tecnológica nesse campo.

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M&M: Que continuidade de tendências você nota em termos de aplicação, produto e necessidade dos clientes? 

Chris: Uma grande tendência que observamos é a busca por produtos e sistemas de áudio com conectividade e interoperabilidade, algo que já vem se desenvolvendo há algum tempo. Isso pode ser notado até mesmo em um nível mais básico, como conectar microfones de alta qualidade a um computador pessoal ou controlar as funções de fones de ouvido diretamente de um dispositivo móvel. Nos ambientes de áudio profissional e empresarial, esses conceitos se expandiram para a gestão de sistemas que envolvem vários e, em alguns casos, centenas de equipamentos que funcionam como um sistema em rede. Um exemplo disso é a possibilidade de selecionar frequências e configurar racks de microfones sem fio em uma grande turnê musical com o simples pressionar de um botão, ou monitorar e ajustar terminais de áudio em um campus corporativo ou educacional utilizando um único computador, não necessariamente instalado no local. Isso representa um desafio para engenheiros de desenvolvimento que precisam assegurar que nossos produtos se conectem e funcionem perfeitamente com outras plataformas e equipamentos, e que também tenhamos a capacidade de atingir essa estabilidade em escala massiva.

M&M: Você poderia destacar dois ou três de seus produtos mais recentes?

Chris: No segmento de fones de ouvido, lançamos recentemente o Aonic 50, nosso primeiro modelo sem fio. Projetados com décadas de experiência em áudio profissional, os fones sem fio com Noise Cancelling Aonic 50 reúnem em um só produto som sem fio com alta qualidade de estúdio, conforto e durabilidade excepcionais. Em nossos negócios de sistemas, acabamos de lançar três importantes produtos: o IntelliMix Room, que é o primeiro software de processamento de áudio para computadores com Windows 10 totalmente otimizado para uso com microfones de sistemas em rede da Shure; o microfone linear de instalação fixa MXA710 e um novo alto-falante em rede MNX5-C para melhorar a qualidade do áudio de conferências virtuais.

Mais informações no site, no Instagram e no Facebook da Shure.

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Efeitos, Pedais e Acessórios

Fuhrmann rebate rumores sobre o fechamento da empresa

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Influencer declarou que a fabricante de pedais havia encerrado suas atividades.

A disseminação de informações falsas, popularmente conhecidas como fake news, é um dos maiores desafios da era digital. A desinformação não apenas afeta pessoas, mas também pode gerar danos significativos para empresas, setores produtivos e até comunidades inteiras. Recentemente, a fabricante de pedais Fuhrmann enfrentou um exemplo desse fenômeno, quando informações incorretas foram divulgadas por um influenciador digital.

Em um vídeo publicado por Leo Godinho (removido por violar os Termos de Serviço do YouTube), dois modelos antigos de pedais da Fuhrmann foram avaliados, mas o conteúdo incluiu afirmações incorretas sobre a empresa. Entre as declarações, Godinho afirmou que “fontes semi-oficiais” teriam confirmado o encerramento das atividades da Fuhrmann no Brasil, sugerindo ainda que a marca estaria operando exclusivamente por meio de vendas online e, possivelmente, descontinuaria até mesmo essa operação.

Ao buscar esclarecimentos, o CEO da Fuhrmann, Jorge Fuhrmann, classificou o caso como “extremamente preocupante” e lamentou o impacto da desinformação nas redes sociais. Ele assegurou que a empresa está, na verdade, em plena atividade e preparando lançamentos para 2025. “Não faria sentido algum investir no desenvolvimento de novos produtos para, depois, encerrar as atividades”, afirmou.

Investimentos em tecnologia e produção local

Com sede em Penápolis, interior de São Paulo, a Fuhrmann mantém sua operação em uma fábrica de 650 m², onde produz cerca de 800 pedais por mês. Segundo a empresa, ao longo de seus 18 anos de atuação, tem investido consistentemente na qualificação de colaboradores, em novas tecnologias e em maquinário avançado para aprimorar processos.

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Os pedais da nova linha são mais compactos e eficientes, equipados com componentes SMDs (Surface-Mount Devices) que são montados automaticamente, trazendo inovação e modernidade aos produtos da marca. Jorge Fuhrmann destacou ainda que a empresa não possui planos de terceirizar sua produção.

Conecta+2025

Combate à desinformação

Como medida para evitar episódios similares no futuro, a Fuhrmann anunciou a criação de uma seção especial em seu site voltada à imprensa, influenciadores e ao público em geral. O objetivo é divulgar notas oficiais e esclarecer dúvidas sobre a empresa e seus produtos, combatendo possíveis boatos antes que eles se espalhem.

O episódio reforça a importância de verificar informações antes de compartilhá-las, especialmente em um ambiente digital onde rumores podem ganhar grandes proporções rapidamente.

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Cultura

Música transforma vidas de presos em projeto de ressocialização

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A ressocialização de detentos no Brasil tem ganhado novas dimensões com projetos que unem capacitação profissional e arte.

Iniciativas como o Sons da Liberdade, no Acre, e o Baqueart, em Pernambuco, utilizam a fabricação de instrumentos musicais para proporcionar aos internos uma oportunidade de recomeçar suas vidas de maneira digna, oferecendo uma nova perspectiva de reintegração social e profissional. Além de promoverem o desenvolvimento de habilidades técnicas, esses projetos utilizam a música como ferramenta de transformação, criando oportunidades reais para os presos saírem do sistema penitenciário com novas chances no mercado de trabalho.

Sons da Liberdade: Detento trabalha na produção de um violão.

Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen)

No Acre, o projeto Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), se consolidou como uma referência nacional na ressocialização de detentos através da luthieria, a arte de fabricar instrumentos musicais. Desde maio de 2024, os reeducandos são capacitados a construir violões e guitarras de alta qualidade em uma oficina que proporciona 222 horas de aulas práticas e teóricas. O coordenador do projeto, Luiz da Mata, destaca que a iniciativa tem como objetivo oferecer aos detentos a chance de aprender uma nova profissão, preparando-os para o mercado de trabalho após o cumprimento de suas penas​.

Desembargador Francisco Djalma, presidente de Iapen e Jardel Costa, professor de luthieria, em visita à fábrica de instrumentos musicais. Foto: Zayra Amorim/Iapen

O reconhecimento da qualidade dos instrumentos fabricados pelos presos foi evidenciado durante a Expoacre 2024, onde os violões confeccionados na oficina chamaram a atenção de visitantes e músicos locais. “A madeira é de qualidade, e por ser feito por reeducandos, é algo muito interessante, muito gratificante”, comentou o músico Rafael Jones, que visitou o estande do Iapen durante o evento​. Além do sucesso na Expoacre, o projeto Sons da Liberdade foi convidado para expor seus instrumentos na Conecta+ Música & Mercado, a maior feira de música da América Latina, um reconhecimento significativo da qualidade do trabalho realizado dentro do sistema penitenciário​.

Jardel Costa, policial penal e instrutor de luthieria no Sons da Liberdade, enfatizou a satisfação dos detentos em ver seu trabalho sendo apreciado pela comunidade. “Eles têm ficado muito felizes, tanto com o instrumento pronto, quanto com o fruto do trabalho, também com as pessoas vindo ver o instrumento, tocar neles, ver que é um instrumento bom, de qualidade, que não perde em nada para um instrumento profissional”​. Essa valorização do trabalho contribui diretamente para a autoestima dos reeducandos e reforça o potencial transformador da arte dentro do ambiente prisional.

Projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA)

Paralelamente, em Pernambuco, o projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), localizado em Canhotinho, também promove a reintegração social por meio da música. Desde agosto de 2024, os detentos participam de aulas teóricas e práticas de fabricação artesanal de instrumentos de percussão, como zabumbas, surdos e pandeiros. Segundo Paulo Paes, secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, o projeto busca oferecer uma formação técnica que permita aos internos sair do sistema penitenciário com condições de sustentar suas famílias e viver com dignidade​.

Além da capacitação técnica, o projeto Baqueart se destaca pela abordagem ambientalmente sustentável, com a produção totalmente artesanal e manual, sem o uso de produtos químicos ou máquinas. Sérgio Reis, professor responsável pela formação dos internos, destacou a importância do método: “O processo é totalmente manual, respeitando o meio ambiente e ensinando uma nova forma de trabalho para os internos”​.

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A valorização do trabalho dos detentos no projeto Baqueart também é recompensada com remuneração e direito à remição de pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal. “O Baqueart faz parte de uma transformação maior no sistema penitenciário de Pernambuco, onde trabalho, renda e educação são pilares fundamentais”, afirmou Alexandre Felipe, superintendente de Trabalho e Ressocialização​. A iniciativa tem sido vista como um modelo a ser seguido, com planos de expansão para outras unidades prisionais no estado.

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Essas iniciativas de luthieria dentro do sistema prisional não apenas promovem a capacitação técnica dos detentos, mas também oferecem um meio de abstração e reabilitação emocional por meio da música. Para Daniel Neves, presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música), os projetos têm uma importância multifacetada: “A fabricação de instrumentos musicais pelos detentos atua em dois parâmetros: a criação de um ofício e a abstração que o instrumento proporciona. Foi louvável a atitude das diretorias de ambos sistemas penitenciários que trouxeram estas atividades aos detentos”​.

Ao capacitar os internos para uma nova profissão e permitir que eles utilizem a música como forma de expressão e superação, os projetos Sons da Liberdade e Baqueart demonstram o potencial transformador da arte dentro do sistema penitenciário. Essas iniciativas oferecem aos detentos uma oportunidade real de reescreverem suas histórias e de retornarem à sociedade com dignidade e novas perspectivas de vida.

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Empresas

Giannini: quais os próximos passos da recuperação judicial da mais tradicional fábrica de violão do Brasil?

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Nesta última semana de julho, o jornal O Estado de São Paulo noticiou sobre o pedido de recuperação judicial da Giannini, a centenária fábrica brasileira de violões.

A Giannini, fabricante de instrumentos musicais com mais de 100 anos de história, entrou em recuperação judicial. Nos autos do processo, a empresa atribuiu a crise à pandemia de covid-19, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, que levou a marca a acumular dívidas acima de R$ 15,8 milhões.

De acordo com dados do Serasa Experian, pedidos de recuperação judicial aumentaram 71% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Especialistas apontam que o controle da inflação e do câmbio, a queda dos juros e a geração de empregos são fundamentais para interromper a tendência de endividamento.

Giannini solicita Recuperação Judicial

No processo, a Bacelar Advogados representou a empresa perante o Juiz de Direito de uma das Varas Regionais de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª e 10ª RAJ do Estado de São Paulo, elaborando um pedido liminar para a manutenção das atividades empresariais e requerendo a Recuperação Judicial da empresa.

O Juiz de Direito, Dr. José Guilherme Di Rienzo Marrey, nomeou a empresa Brasil Expert Análise Empresarial de Insolvência Ltda para realizar trabalhos técnicos preliminares na Giannini. Isso inclui verificar as condições reais de funcionamento da empresa, visitar a sede e filiais, certificar a regularidade das atividades, verificar a documentação apresentada e identificar interconexões e confusões entre ativos ou passivos das devedoras, além de detectar indícios de fraude e confirmar se os principais estabelecimentos estão na área de competência do juízo.

Relatório Preliminar

A empresa Brasil Expert realizou a perícia preliminar e relatou: “Após uma minuciosa análise da documentação apresentada pela Requerente, acrescida da diligência realizada, conclui-se que a solicitação de recuperação judicial está fundamentada em uma crise econômico-financeira real e substancial. Não foram identificados indícios de que a Requerente esteja utilizando o instituto da recuperação judicial de forma fraudulenta.”

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O relatório continua: “O exame dos documentos e das informações financeiras revela uma queda no endividamento de curto prazo da Requerente, de R$ 39,73 milhões, no período entre dezembro de 2021 e maio de 2024. Já o endividamento de longo prazo apresentou um aumento significativo de R$ 395,92 milhões. Este crescimento no passivo reforça a evidência de uma crise financeira genuína e não uma manobra para uso indevido da recuperação judicial.”

Advogado Antonio Migliori Filho publicou o processo em seu Linkedin.
Advogado Antonio Migliori Filho publicou o pedido de Liminar em seu Linkedin.

Mercado se solidariza

O mercado da música se solidarizou com a Giannini. Roberto Guariglia, diretor da marca Contemporânea de percussão brasileira, manifestou-se em um grupo de fabricantes de instrumentos musicais: “Estamos na torcida para que vocês vençam mais este obstáculo que muitas indústrias brasileiras enfrentam. Que a presença da Giannini continue importante no cenário musical mundial!” Em outros grupos, as mensagens de solidariedade não pararam de chegar.

Em mensagem para a Música & Mercado, a ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música declarou: “O ambiente de negócios no Brasil tem suas intempéries e a Giannini é uma das raras empresas a ultrapassar 115 anos no país. Torcemos pela sua administração e fazemos votos para que o setor se reúna para proporcionar sustentação à empresa.”

Próximos Passos

Com o pedido de recuperação judicial deferido, a cobrança de dívidas fica suspensa por 180 dias, e um plano de reestruturação deve ser apresentado.

  1. Publicação da Decisão:
    • A decisão será publicada no Diário Oficial e os credores serão notificados.
  2. Nomeação do Administrador Judicial:
    • Um administrador judicial será nomeado para supervisionar o processo.
  3. Apresentação do Plano de Recuperação:
    • A Giannini deve apresentar um plano detalhado em 60 dias.
  4. Assembleia Geral de Credores:
    • Os credores discutirão e votarão o plano de recuperação judicial.
  5. Implementação do Plano:
    • Após aprovação, o plano será implementado e supervisionado pelo administrador judicial.
  6. Monitoramento e Cumprimento:
    • A empresa deve cumprir todas as condições e prazos estabelecidos.
  7. Encerramento do Processo:
    • Se o plano for bem-sucedido, o juiz encerrará o processo de recuperação judicial.
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