Você conhece o Mulheres no Ritmo? É um interessante projeto que tem como objetivo promover e encorajar as mulheres a tocar percussão. Vamos lá!
O projeto Mulheres no Ritmo nasceu em 2016, tendo em consideração o segmento de bateria e percussão, onde muitas vezes as mulheres sofrem de preconceito por ser um setor com mais participação de homens.
Carol Santos, presidenta do Mulheres no Ritmo, conta mais nesta entrevista.
M&M: Carol, conte um pouco sobre você.
Carol: Meu nome é Carolina Santos, tenho 27 anos, estudante de Ciências Contábeis. Atualmente trabalho na área Contábil na empresa QS Consultoria com uma carreira de quase 2 anos. Nascida e criada na periferia da Zona Norte de São Paulo, no Jardim Fontalis. Aos 24 anos, me mudei para o Rio de Janeiro, Ilha do Governador, onde resido desde então. Sou apaixonada por música, amo curtir um samba de roda, e amo estar dentro de uma escola de samba. Em São Paulo desfilei na batería por muitos anos nas minhas escolas do coração, Independente Tricolor (Bateria Ritmo Forte) e Unidos de Vila Maria (Cadência da Vila). Quando me mudei para o Rio, comecei a desfilar na União da Ilha do Governador (Baterilha). Sou uma pessoa extremamente centrada no que faço e me sinto realizada toda vez que consigo contar historias que motivem e inspirem outras mulheres.
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Carol Santos
M&M: Como começou Mulheres no ritmo?
Carol: Eu faço parte da Torcida Independente, desde 2011 e foi lá que tive meu primeiro contato com um instrumento, o surdo. Comecei a tocar nas arquibancadas do Morumbi em jogos do São Paulo Futebol Clube. No início, sofri muito preconceito, tinha que provar a todo momento que eu tinha capacidade para tocar. Na época eu era a única mulher entre as torcidas de São Paulo que tocava na arquibancada e, por conta disso, sempre era chamada para participar de entrevistas. Até que em 2015 fui convidada para dar um depoimento onde as mulheres contavam suas historias e toda luta para conquistar seu espaço em suas torcidas, o intuito dos depoimentos era justamente para motivar outras mulheres.
Nessa época eu já tocava nas baterias da Independente Tricolor e Unidos de Vila Maria, então pensei em fazer algo relacionado, porém voltado ao carnaval.
No começo de 2016 comecei a colocar as ideias em prática e em abril lançamos o projeto Mulheres No Ritmo com o intuito de exaltar, incentivar e motivar as mulheres nas baterias de modo geral.
Infelizmente, o mundo das baterias ainda é um espaço majoritariamente composto por homens, porém queremos conquistar nosso espaço. Gostamos de tocar tanto quanto eles.
M&M: Então no começo da sua carreira você sofreu com a discriminação, né?
Carol: Sofri muito preconceito mas não desisti em nenhum momento, cada palavra negativa que recebia era uma força que crescia dentro de mim. E hoje, graças a Deus, consigo, através do projeto encorajar outras mulheres. Em tudo na vida, as mulheres precisam provar que são capazes. Se em pleno século XXI temos que continuar provando, imagine anos atrás?
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M&M: Isso mudou hoje? Especialmente no segmento de bateria que sempre foi muito “de homem”.
Carol: Houveram mudanças, porém ainda continuamos na batalha para que isso mude ainda mais. Esse é a proposta do Mulheres No Ritmo!
M&M: O que você poderia dizer que as mulheres trazem para a indústria musical?
Carol: Para nós, lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na música em geral. A indústria musical é um reflexo da sociedade, e isso precisa acabar. Cada vez mais a mulher tem mostrado seu valor e talento e tentando seu espaço no mercado. Não faltam profissionais talentosas, o que falta são oportunidades para nós. Através de muita luta e persistencia estamos aparecendo nesse cenário, hoje vemos mulheres em diversas vertentes, como o sertanejo, axé, samba e outros tantos. Quando a oportunidade é nos dada, ninguém nos segura. Talento, responsabilidade, comprometimento e acima de tudo vontade, muita vontade, contribuimos no ritmo de forma igualitaria.
M&M: Que dicas você daria para aquelas mulheres que querem entrar no mercado da música, para aquelas que lutam por posicionamento e reconhecimento no nosso mercado?
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Carol: Que elas continuem a buscar, lutar, e sempre acreditar que é possível a realização de qualquer sonho.
M&M: Mulheres no Ritmo está realizando uma série de lives com mulheres que trazem inspiração, certo?
Carol: Sim! Foram escolhidas 25 mulheres incríveis, empoderadas, fortes, inspiradoras e que lutam todos os dias pelo seu espaço. São mulheres que chegaram onde estão por mérito próprio sem passar por cima de ninguém.
Sabíamos que cada uma traria uma lição de vida para muita gente, elas fariam as pessoas respeitá-las e admirá-las ainda mais. São mulheres que condizem 100% com a proposta do projeto. O intuito dessas lives nesse momento de pandemia, é mostrar histórias que motivaram e motivarão muitas pessoas.
As lives são apresentadas por Dani Orcisse, (2° Princesa do Carnaval Paulistano), porta-voz do projeto desde 2018. Não percam!
Direitos dos artistas, inovação tecnológica e o desafio da autenticidade no setor musical.
A tecnologia de clonagem de vozes e de geração de vocais por inteligência artificial está cada vez mais presente no universo musical. Softwares permitem imitar timbres, inflexões e estilos vocais de cantores, ou criar vozes totalmente novas a partir de poucos minutos de áudio.
Esse avanço abre possibilidades criativas, mas também levanta questões éticas e jurídicas significativas — especialmente quando a voz de um artista é utilizada sem consentimento ou quando o uso gera confusão sobre autoria. Neste artigo, analisamos o tema sob três perspectivas cruciais: o consentimento e os direitos do intérprete; a autenticidade e valor artístico; e os desdobramentos legais e regulatórios no Brasil e internacionalmente.
Consentimento e direitos dos artistas
Um dos pilares éticos do uso de vozes clonadas na música é o consentimento informado. A voz humana é uma característica profundamente individual — um traço identitário que conecta o artista ao público. Portanto, quando uma voz é clonada ou alterada sem a autorização do titular, emergem riscos éticos e legais. Por exemplo:
O direito de publicidade (“right of publicity”) protege a utilização comercial da voz, imagem ou nome de uma pessoa reconhecida.
A tecnologia de clonagem vocal já foi utilizada em cenários fraudulentos: foi documentado que vozes falsas criadas por IA enganaram sistemas de segurança bancária.
Há registro de que as leis de direitos autorais nem sempre acompanham o avanço da IA — por exemplo, o relatório da United States Copyright Office aponta lacunas quanto à proteção de vozes clonadas no setor musical.
Caso real
O single “Heart on My Sleeve” (2023) utilizou vozes produzidas por IA no estilo dos artistas Drake e The Weeknd. O uso culminou em ação pela gravadora Universal Music Group por suposta violação de direitos autorais.
Para respeitar os artistas e evitar exploração indevida, é fundamental que haja contratos específicos quando se utiliza voz clonada ou gerada por IA — com cláusulas que estabeleçam quem autoriza, em que contexto, e de que forma os ganhos e responsabilidades serão divididos.
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Autenticidade, valor artístico e impacto no público
Além dos direitos legais, há um debate ético maior: qual o valor da voz humana quando ela pode ser “clonada”? Será que o público percebe ou aceita essa substituição? E o que isso significa para o vínculo emocional entre cantor e ouvinte? Algumas considerações importantes:
A autenticidade vocal influencia a percepção de “artista real” e “performance genuína”. Ferramentas de IA tendem a replicar estilos, mas podem falhar em capturar nuances emocionais ou contextuais que o intérprete humano traz.
Há risco de diluição do valor artístico se vozes imitadas se tornarem comuns: obras produzidas em massa com vozes clonadas podem reduzir a distinção de “quem canta” e “quem foi ouvido”.
Por outro lado, a tecnologia oferece oportunidades para experimentação — por exemplo, revive-se timbres de cantores falecidos (com autorização), ou criam-se colaborações “póstumas”. O problema ético aparece quando não há transparência sobre o uso de IA.
Caso real
O debate sobre “song covers” com vozes geradas por IA inclui a reflexão de comunidades online: “Não há como fazer cumprir qualquer lei que exija que o consentimento da pessoa imitada seja obtido antes que uma representação digital dela seja criada por inteligência artificial.”
Do ponto de vista jornalístico e de mercado, é importante que metais de credibilidade (por exemplo, selos, plataformas de streaming) indiquem quando uma voz foi gerada ou clonada por IA. A transparência preserva a relação de confiança com o ouvinte e evita erosão da arte vocal como diferencial competitivo.
Panorama jurídico e regulatório
No âmbito do direito, o uso de vozes clonadas ou deepfakes na música atravessa múltiplas frentes: direitos autorais, direito de imagem/voz, contratos, licenciamento de IA. Alguns marcos relevantes:
Um estudo apontou que o uso de tecnologias de clonagem vocal pode violar os direitos autorais tanto na fase de treinamento de IA (input) quanto na de produção de conteúdo (output).
A lei americana do estado do Tennessee, chamada ELVIS Act (Ensuring Likeness, Image and Voice Security), é um dos primeiros marcos para proteger vozes clonadas sem autorização.
Plataformas da música apontam que é necessário negociar licenças específicas para uso de vozes geradas por IA ou clonadas — sob pena de remoção ou sanções.
Panorama no Brasil e América Latina
Embora existam princípios gerais de direito autoral, direito de imagem e voz, a regulação específica sobre clonagem de voz por IA em música ainda está em formação. Revistas especializadas sugerem que o setor deve antecipar cláusulas contratuais que tratem de: autorização para IA, licenciamento da voz, divisão de receita, direito moral do artista, e indicação clara ao público.
Para o mercado latino-americano, inclusive o brasileiro, há urgência em:
Adaptar contratos de gravação e edição para contemplar voz gerada por IA.
Educar artistas, produtores e selos sobre riscos e obrigações.
Acompanhar o desenvolvimento regulatório em outros países para aplicar boas práticas.
Diretrizes para o uso ético na música
Com base nas análises acima, segue um conjunto de diretrizes práticas — úteis para profissionais da música, selos, produtores e jornalistas — para navegar de forma ética o uso de vozes clonadas ou deepfakes:
Obter consentimento claro e por escrito do titular da voz, especificando os usos permitidos (álbum, streaming, comercialização) e se será usada IA para modificá-la/cloná-la. Transparência para o público: indicar nos créditos ou metadados quando a voz foi criada ou clonada por IA. Negociar participação nos royalties, caso a voz clonada tenha caráter comercial. Verificar licenciamento da tecnologia de IA: direito de uso, exclusividade, responsabilidades. Preservar o valor artístico: evitar que substituições de intérpretes humanos por vozes clonadas erosionem a identidade do artista. Atualizar contratos e políticas internas dos selos para considerar o cenário IA — inclusive cláusulas de “uso futuro” da voz. Monitorar a jurisprudência e regulação: entender como leis locais e internacionais estão evoluindo. Educar o público e a imprensa sobre o que é “voz clonada” — para evitar confusões e manter a confiança na produção musical.
O avanço das vozes clonadas e dos deepfakes abre uma nova fronteira na produção musical: por um lado, uma promessa de inovação; por outro, um conjunto de desafios éticos, artísticos e legais. Como aponta o site Kits.AI: “Uma das questões éticas mais fundamentais… é o consentimento. A voz é um dos atributos mais verdadeiramente únicos de um indivíduo.”
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Para o setor musical — e para publicações especializadas como a Música & Mercado — torna-se fundamental não apenas acompanhar as inovações técnicas, mas também liderar o debate sobre como mantê-las alinhadas aos direitos dos artistas, à autenticidade da arte e à confiança do público. Em última instância, o sucesso dessas tecnologias dependerá da combinação entre criatividade, ética e clareza jurídica.
O mercado musical vive um momento de transformação, em que as fontes tradicionais de receita — como vendas físicas e reproduções em streaming — já não são suficientes para sustentar uma carreira.
Nesse cenário, os segmentos de cinema, videogames, publicidade e conteúdo digital abriram um leque de oportunidades para compositores, produtores e artistas interessados em diversificar suas atividades e rentabilizar sua criatividade.
Demanda crescente por música original
As produções audiovisuais se multiplicam: plataformas de séries e filmes, jogos imersivos, campanhas publicitárias multiplataforma e conteúdo digital para redes sociais e marcas. Todas essas áreas demandam música original que traga identidade e gere conexão emocional com o público.
Segundo o relatório Music in the Air 2025, do Goldman Sachs, as receitas provenientes de sync licensing — licenciamento de músicas para uso em mídia — crescem em ritmo mais acelerado que o da própria indústria fonográfica, consolidando-se como uma das áreas mais dinâmicas do setor.
Games: um mercado em expansão
O setor de games, que superou US$ 184 bilhões em 2024, tornou-se um dos principais motores da demanda musical. Além das trilhas sonoras originais, há um aumento nas colaborações com artistas, na criação de experiências imersivas em realidade virtual e em eventos musicais dentro de plataformas de jogos.
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Exemplos recentes incluem shows virtuais em títulos como Fortnite e a integração de catálogos inteiros de artistas em jogos de simulação e corrida.
Cinema e séries: música como narrativa
No audiovisual, a música continua sendo um elemento narrativo fundamental. As produções de Netflix, Prime Video e Disney+ têm ampliado a contratação de compositores independentes, muitas vezes por meio de editoras musicais ou agências especializadas em sincronização.
Para os músicos, isso representa a chance de alcançar o mercado internacional sem depender de contratos discográficos tradicionais — desde que compreendam bem as regras de licenciamento e direitos autorais.
Publicidade e conteúdo digital: identidade sonora de marca
Campanhas publicitárias e produções para redes sociais também necessitam de música licenciada. As marcas buscam identidades sonoras originais, seja com trilhas sob medida ou por meio de catálogos já disponíveis em bibliotecas de música.
O crescimento do branded content e dos influenciadores digitais amplia as oportunidades para quem produz faixas curtas e dinâmicas, adequadas a reels, stories ou anúncios no TikTok.
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Como os músicos podem entrar nesse mercado
Entender as licenças: dominar os conceitos de publishing, direitos autorais e sincronização é essencial para negociar contratos justos.
Construir um catálogo variado: oferecer diferentes estilos e atmosferas aumenta as chances de uma faixa ser escolhida.
Fazer networking com supervisores musicais: relacionar-se com quem decide o uso das músicas em filmes, TV, publicidade e games é estratégico.
Flexibilidade e agilidade: muitos projetos exigem prazos curtos e revisões rápidas, o que demanda profissionalismo e adaptação.
Uma via de sustentabilidade
Para muitos artistas, a sincronização musical se tornou uma fonte consistente de renda e visibilidade. Mais do que exposição, ver uma canção em um filme, jogo ou campanha global representa reconhecimento artístico e estabilidade econômica.
Em um cenário cada vez mais competitivo, músicos que se adaptam a essas novas demandas encontram em cinema, games, publicidade e conteúdo digital um caminho promissor para manter suas carreiras ativas e sustentáveis.
Dicas práticas para prolongar a vida útil e manter o desempenho em desfiles e ensaios.
As marching bands se destacam pela intensidade de sua atividade: longas jornadas de ensaio ao ar livre, desfiles sob sol ou chuva e transporte constante de instrumentos. Essas condições exigem um cuidado mais rigoroso do que em outros contextos musicais, já que o desgaste tende a ser acelerado.
Limpeza regular e prevenção contra corrosão
O suor, a poeira e a umidade afetam diretamente metais e madeiras:
Instrumentos de sopro de metal (trompetes, tubas, trombones): devem ser limpos internamente com escovas e água morna pelo menos uma vez por semana durante períodos intensos de uso. Bombas e pistões requerem lubrificação frequente com óleos específicos para evitar atrito e corrosão.
Instrumentos de sopro de madeira (clarinetes, saxofones): é indispensável higienizar boquilhas com água e sabão neutro, além de secar sapatilhas e corpo interno com panos absorventes, prevenindo fungos e deformações.
Percussão (caixas, bumbos, pratos): devem ser limpos com panos secos após cada ensaio. Os peles precisam ser inspecionadas para verificar tensões desiguais ou desgaste prematuro.
Transporte e armazenamento seguros
Os deslocamentos frequentes estão entre as principais causas de danos:
Utilize cases rígidos ou capas acolchoadas em todos os traslados.
Evite deixar instrumentos dentro de veículos sob sol, já que o calor extremo pode deformar peças e afetar colagens.
Para armazenamentos prolongados, mantenha os instrumentos em locais ventilados, secos e longe da umidade.
Ajustes e revisões periódicas
Embora parte do cuidado diário possa ser feita pelos próprios músicos, recomenda-se realizar revisões regulares com técnicos especializados:
A cada seis meses: limpeza profunda, ajuste de parafusos, troca de cortiças e verificação de chaves.
Anualmente: higienização completa, substituição de peças desgastadas e calibração de mecanismos.
Hábitos que aumentam a durabilidade
Nunca soprar instrumentos logo após ingerir alimentos ou bebidas açucaradas, que favorecem a corrosão interna.
Ter sempre uma toalha pequena à mão para secar rosto e mãos antes de tocar, reduzindo acúmulo de umidade e gordura.
Alternar baquetas e maças nos instrumentos de percussão para distribuir o desgaste de forma uniforme.
Um investimento que merece cuidado
Os instrumentos de marching bands representam um investimento significativo para escolas, universidades e grupos independentes. O cuidado adequado não apenas prolonga sua vida útil, como também garante apresentações seguras e de qualidade.
Em muitos casos, os danos mais graves resultam de descuidos básicos: falta de limpeza e transporte sem proteção. Com hábitos simples, uma tuba ou um clarinete podem acompanhar gerações de músicos.