O grupo acabou de fazer 30 anos e conta com as marcas Carlsbro, Studiomaster e Cadac, mostrando seu compromiso com a indústria de áudio profissional.
A Studiomaster teve sua origem em 1976, mas muita coisa aconteceu no decorrer de sua história. Seu foco sempre foram os sistemas de PA, que depois deram lugar à criação de mesas de mixagem.
Uma nova etapa da empresa começou quando foi adquirida em 2008 pelo grupo chinês Soundking, ganhando mais acesso à distribuição internacional, investimento e instalações de produção massivas em Ningbo, mas mantendo os departamentos de desenvolvimento de produtos, engenharia, direção estratégica, marketing, distribuição e serviços nos escritórios de Milton Keynes, no Reino Unido.
O grupo também adquiriu a companhia de mixers Cadac e a empresa de amplificadores de guitarra Carlsbro em 2009, ambas inglesas, que seguem a mesma linha de operação, sediadas no Reino Unido, mas com fabricação na China.
Com essas três marcas, a Soundking tornou-se um dos grupos mais poderosos da China, combinando a qualidade proporcionada por marcas inglesas e os benefícios da fabricação na Ásia.
Patrick Almond é o gerente geral das Studiomaster e Carlsbro, nos escritórios de Milton Keynes, e conta como é o trabalho dessas marcas com seu catálogo de diversos produtos.
M&M: Há alguns anos houve uma mudança na Carlsbro, certo?
Patrick: Sim, cortamos o segmento de produtos para focar mais a amplificação de guitarras com a Carlsbro, bem como as mesas com a Studiomaster e mixers com a Cadac, para sermos claros e nos dirigir ao áudio sem conflitos internos. Depois, com o passar do tempo, a Soundking também iniciou o processo de desenvolvimento de drum kits eletrônicos e isso se tornou uma boa apresentação para a Carlsbro, para somá-los à linha de produtos.
M&M: Que porcentagem da Carlsbro está dedicada às baterias eletrônicas e aos amplificadores?
Patrick: Oitenta por cento às baterias e 20% aos amplificadores. O mercado de amplificadores está muito dominado por grandes marcas, como Marshall, Fender, Blackstar, Orange, Laney. Não é algo que você possa dar para um grupo de pessoas e pedir-lhes que criem um arranjo de amplificadores valvulados, é uma tecnologia diferente e é preciso ter uma equipe de engenheiros dedicada. Estabelecer a marca Carlsbro é complicado, mas poder ir pelo caminho da bateria eletrônica é ótimo, porque ainda estamos no negócio da música, no negócio de instrumentos musicais e os produtos têm credibilidade. Então, quando se trata de drum kits, você tem três grandes marcas — encabeçadas pela Yamaha — e depois vem a Carlsbro.
M&M: Quando dentro da companhia falam sobre o futuro do áudio, qual é o ponto principal que vem à tona?
Patrick: Inovação.
M&M: E o que isso significa no mundo real?
Patrick: No mundo real significa dar ao cliente o que ele deseja, o que demande e quiser do produto. Dar uma coisa que outros não estão dando. Trata-se de dar ao cliente o que verdadeiramente ele quer, não o que nós achamos que ele quer. Tentar chegar com ideias inovadoras, particularmente no lado digital. Também tem de ser inteligente com a inovação, desde a aparência, o funcionamento ou a especificação — poderia ser uma combinação de tudo. Estamos muito orientados ao mercado em nossos conceitos e ideias, gostamos de ouvir as pessoas.
M&M: Isso foi feito desde o começo da empresa?
Patrick: Como marca, começamos cedo com isso. Somos uma companhia pequena, há apenas 11 pessoas no Reino Unido. Mas temos, sim, um escritório com mais de cem engenheiros, centenas de pessoas trabalhando na fábrica, envolvidas com a tecnologia, em produzir tecnologia. Então, embora sejamos uma pequena parte disso, temos muitos recursos disponíveis que podemos utilizar.
O crescimento da Studiomaster
M&M: Você sente que a Studiomaster está se fazendo mais visível em termos dos valores que pode aportar?
Patrick: Sinto, sim. Passamos os últimos dois anos trabalhando em nossas bases, fazendo novos produtos, começando o desenvolvimento deles, o branding, ganhando clientes. Temos trabalhado muito duro nos últimos dois anos, tentando ter os clientes corretos, a distribuição correta. Trabalhamos com paixão pelo que fazemos, pela criação de produtos, e temos trabalhado com clientes que dividem essa paixão e vendem os produtos da mesma forma que nós os vendemos. Então, usamos esses dois anos para ter as bases corretas e agora achamos que estamos em uma posição em que podemos dizer que é o momento para que as pessoas trabalhem conosco.
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Comemorações de aniversário
Distribuidores internacionais, políticos chineses de alto escalão, empresários/compradores de marcas OEM se reuniram em Ningbo, cidade a cerca de uma hora e meia de Xangai, na China, para a festa de 30 anos da Soundking.
Na fábrica da empresa, 800 funcionários fizeram um desfile, enquanto o sr. Wang Xianggui, fundador e presidente do grupo, fez o discurso de boas-vindas. As empresas chinesas têm um ritual peculiar em suas festas de aniversário. Isso é interessante para os olhos estrangeiros. Elas possuem um forte teor nacionalista, ritos, simbolismos, bandeiras e discursos com tom político.
“Estes 30 anos de excelência foram obtidos graças a todos os convidados, especialistas, professores e funcionários que apoiaram a empresa. A Soundking superou muitas dificuldades e conquistou muitas glórias corporativas, tornando-se uma excelente marca de áudio reconhecida pelo mercado. No futuro, a Soundking se transformará em uma empresa inteligente mais avançada, com produtos elaborados com muita pesquisa e desenvolvimento”, discursou o sr. Wang em um dos momentos da cerimônia.
Ambição da Soundking
A Música & Mercado já tinha visitado a empresa em maio de 2018, mas na última visita, em outubro, tivemos a surpresa de ver a nova linha de fabricação automatizada dos alto-falantes da Soundking. Além disso, chamou a atenção o showroom de iluminação que a empresa criou. A pesar de os funcionários manterem discrição sobre o fato, um deles nos confidenciou que é uma joint venture que a Soundking está fazendo e a nova divisão de iluminação está sendo criada.
O perfil empresarial do sr. Wang é interessante. É um visionário que busca criar negócios em qualquer conversa. Acompanhamos de perto a abertura da parceria de alguns distribuidores no Brasil e em outros países da América Latina, e em todas as conversas o sr. Wang sempre dava um passo a mais, seja propondo uma parceria mais agressiva, seja uma nova oferta.
Entretanto, a concorrência interna do departamento comercial da empresa tem vendido produtos OEM com design similar para diversas empresas no mesmo país, o que vem criando alguns impasses com a aceitação de novos negócios. Nada, entretanto, que chegue a manchar a reputação, nem o destino da Soundking, que parece estar cunhado facilmente para os próximos 30 anos.