A Odery surpreendeu o mercado com o lançamento da sua própria marca de pratos: a Bronz, composta por diversas linhas para satisfazer as exigências de todo tipo de músico.
Há alguns meses a Odery anunciou que teria uma novidade importante para o mercado, mas criou muita expectativa sem revelar qual seria o produto em questão. Uma nova bateria? Um novo acessório? O mistério foi revelado na feira Music Show Experience, no final de setembro.
“A ideia de ter uma linha de pratos vem plantada na nossa mente há cinco anos. Era um dos nossos objetivos: ter uma linha de pratos própria para vender dentro da Odery. Tem tudo a ver com o nosso core business, que é a percussão. Somos uma empresa de bateria e os pratos estão totalmente ligados”, comentou Mauricio Odery, CEO da empresa.
Desse modo, a Odery passa a ter o sortimento completo: baterias acústicas por meio da Odery Drums, baterias eletrônicas com a importação da marca Carlsbro e agora os pratos da Bronz. Cabe destacar que as duas últimas são dirigidas pela divisão Odery Imports, criada especificamente para se encarregar da importação e distribuição de marcas internacionais no mercado brasileiro.
“O destaque da linha Bronz entre outras disponíveis no mercado é o custo-benefício quando você constata a qualidade dos pratos”, explica Mauricio. “Tem um custo supercompetitivo, com uma qualidade realmente top. Mantém as medidas dos pratos, a espessura, o balanceamento, o torneamento, a forma de se fazer a impressão de boa qualidade e o bom gosto, no sentido de marketing, para o músico que os recebe. Quando você olha para a marca, percebe que tem sido trabalhada, assim como o branding, da forma como fazemos na Odery: desenvolvendo algo para que o músico se apaixone pela marca. Com o custo-benefício, a qualidade do prato e o marketing que está por trás de tudo isso, temos certeza de que a Bronz será uma marca vencedora.”
Os novos pratos
O objetivo principal da empresa era ter pratos de qualidade a um custo competitivo, por isso a Odery levou o tempo necessário para implantar um plano cuidadoso e fazer extensas pesquisas. “Vimos desenvolvendo isso há bastante tempo, visitando fábricas de pratos na China, conversando com diversos fornecedores. Há pelo menos 17 fábricas na China que fazem pratos, deve ter mais que eu não conheço”, conta Mauricio. “Havíamos encontrado há três anos a fábrica onde gostaríamos de desenvolver esse projeto, com a equipe certa e o produto ideal, porém os custos não nos permitiram seguir em frente naquele momento.”
“Finalmente, no ano passado conseguimos mostrar para essa fábrica que o mercado brasileiro tinha um grande potencial e fomos desenvolvendo os pratos, discutindo números, as metas, enfim, colocando tudo no papel junto com outros objetivos para que pudéssemos ter uma meta alcançável”, disse. “Dessa maneira, conseguimos ter os pratos este ano. Eles foram produzidos seguindo nossas sugestões, recebemos amostras, mudamos algumas coisas… Foi um processo meio longo, tivemos que visitar a fábrica várias vezes para poder acertar a parte de desenvolvimento, a printagem dos logos, enfim, tudo o que era necessário para ter os pratos no prazo que queríamos para serem lançados na Music Show. Foi um grande trabalho que meu time todo desenvolveu. Fizemos um passo a passo com muita paciência para poder atingir o resultado desejado.”
Estratégia prévia
Além das visitas à fábrica, a Odery contou com a ajuda de Bruno Santoro, colaborador da empresa que morou na China por um ano e realizou um trabalho bem detalhado. Estando em estreito contato com a fábrica, ele viu os pratos e todo o processo de criação, fez testes, acompanhou o envio de amostras ao Brasil, onde também foram feitos testes com alguns bateristas e outras pessoas que pudessem opinar. “O desenvolvimento foi feito de uma forma bastante metódica. Mesmo que demorasse para ser lançado, seguir o processo passo a passo era fundamental”, disse Mauricio.
O trabalho foi detalhado também na parte de marketing, com teasers e vídeos, criando uma grande expectativa. “Temos na Odery um contato muito próximo com o cliente final e com os lojistas, então fizemos uma campanha para que as pessoas não soubessem o que seria lançado. Elas achavam que seria uma nova bateria, uma série nova, mas ninguém imaginava que iríamos apresentar pratos. Foi uma grande surpresa para o mercado e, como preparamos tudo de uma maneira bem interessante, a aceitação foi esplêndida. Durante a Music Show, as pessoas puderam sentir, tocar os pratos. Nossos artistas também tocaram com os pratos. Foi um grande sucesso. A marca Bronz chegou forte, dando o passo inicial certo para se consolidar em pouco tempo no mercado local.”
Logo depois do lançamento na Music Show, os pratos começaram a ser enviados a todos os lojistas do Brasil.
Ter amostras de forma adiantada permitiu fazer uma campanha de promoção bem organizada, com vídeos de cada modelo, explicações detalhadas e sons capturados para o público assistir, além de material fotográfico especial para cada prato, gravações de vídeos separados, mas também com todos os pratos montados em bateria completa, comparações entre as linhas, entre as medidas de chimbal diferente — enfim, todo o material necessário para promover as linhas e ajudar os lojistas no processo, tanto nas lojas físicas quanto nas on-line.
Mas há outros pontos na estratégia da empresa, como Mauricio explica: “Vamos oferecer preços competitivos tendo uma margem, obviamente, para poder nos manter de maneira sólida no mercado. Estamos fechando diversos endorsees, já temos alguns que logo vamos anunciar. Outra estratégia virá de outro tipo de parceiros, como escolas e estúdios. Estamos conversando e vimos fechando parcerias com eles. A estratégia é estrear de uma forma sólida para poder conquistar uma grande fatia nesse segmento do mercado”.
As linhas da Bronz
A Bronz conta com uma gama ampla para atender todas as necessidades do mercado, desde pratos para iniciantes até os mais profissionais, todos torneados. Mauricio explica: “A Sonic Steel, mesmo sendo uma linha para iniciantes, tinha de ser muito boa. Foi uma batalha poder conseguir um prato que fosse de aço, mas que tivesse um som que valesse a pena tocar. Há muitos pratos no mercado com um som horrível, e não queríamos isso”. Os pratos dessa linha são torneados e têm um martelamento a máquina.
A Focused é uma linha de brass (latão), que “também é um prato de certa maneira para iniciantes, mas batalhamos para ter um prato que pudesse abrir o som, que desse para o iniciante poder tocar”.
Aí partiu-se para a linha intermediária profissional Projection, um prato para usar ao vivo ou para gravar, que o músico consegue usar em qualquer situação. “A linha Projection, com liga bronze B10, que como exceção tem um china B8, apresenta pratos de custo-benefício supertop”, adicionou o CEO. Os pratos dessa linha também são torneados, mas recebem um verniz especial e têm um desenho e espessuras especificados pela empresa, e um martelamento feito a máquina com finalização de martelamento manual.
No segmento de pratos com liga B20, são duas as séries iniciais: a Performance, com um som um pouco mais aberto e brilhante, e a linha Complex, com um som mais controlado, dark. “Um aberto mais grave. Tem uma sonoridade mais bonita, e a Performance, uma sonoridade mais tradicional. Neles existe toda a gama de pratos de efeitos. Trouxemos inclusive pratos para worship que estão na moda — rides de 24”, 22”, 21”, crashes de 19” ou 20”. Também olhamos para esse lado, que não estava sendo bem atendido no mercado nacional”, detalha.
Os pratos B20 também são torneados, com acabamento específico de cada linha e martelados à mão.
Outra linha da Bronz é a M-Experience, que oferece a sensação de tocar em um prato convencional, mas com redução de até 90% do volume graças ao uso de uma tecnologia especial.
Na sequência, a empresa planeja o lançamento da linha Roots, que está na fase final de desenvolvimento. Trata-se de um prato mais rústico, sem torneamento tradicional, martelado à mão. “Um prato mais para jazz, para música mais instrumental, uma coisa mais seca. É uma nova linha que estará no mercado ano que vem.”
Sólidos no Brasil
A Odery planeja estabelecer a marca no Brasil antes de analisar a possibilidade de internacionalizá-la. “A mesma estratégia paciente que seguimos para lançar a marca Bronz no Brasil também vamos usar no futuro para olhar para fora e ver se queremos que nossos pratos sejam exportados. Agora a ideia é solidificar a imagem dos pratos no Brasil, depois disso poderemos analisar a situação, pois sabemos que há diversas necessidades que o mercado vai nos apresentar e vamos ter de trabalhar para atendê-las. Talvez tenhamos trazido alguma medida que não tenha muita saída, que haja necessidade de trazer outra medida para ter em estoque. Há muitas variáveis, então esse primeiro momento é para fazer ajustes, tentar não ter nenhum buraco na distribuição, ter estoque para prover a continuidade. Os começos sempre são mais complicados, não sabemos como será a aceitação. Você aposta, mas também não pode apostar que nem um maluco, porque não sabe qual será o resultado. Então, temos que caminhar passo a passo para ter uma distribuição e uma permanência sólidas no mercado brasileiro. Depois, num segundo momento, veremos o que fazer no exterior”, explicou Mauricio.
“O Brasil é o país da música, do samba, da bossa nova. Infelizmente, existe uma burocracia muito grande, custos muito altos, o que torna os produtos muito caros no nosso país, mas é um mercado em evidência, intenso, e acredito que aos poucos vai continuar crescendo. Esse é o futuro que enxergamos”, concluiu.