Empresas do segmento de áudio e instrumentos musicais mudaram sua produção momentaneamente para produzir itens não só para prevenir o coronavírus, mas também para promover entrada de dinheiro
Em momentos de instabilidade econômica, estancamento de vendas e limitação de produção, mas também de se preocupar com o próximo e ajudar a comunidade, diferentes empresas do nosso segmento têm criado linhas de produtos para ajudar durante a pandemia por Covid, trazendo uma fonte adicional de renda e de trabalho para os funcionários.
A iniciativa vem não só de empresas do exterior, como Evans e Adam Hall, mas também de companhias locais, como Art Show, AVS, IBOX, Izzo e PHX.
“Vendo a necessidade do mercado, a falta desse equipamento para os profissionais de saúde, decidimos tentar ajudar de alguma forma e também ajudar nossa empresa para não dispensar nossos colaboradores”, destacou Adriano Moretti, diretor da IBOX.
A ideia desta matéria é mostrar como em momentos de adversidade também é possível encontrar oportunidades que podem ajudar a continuar nosso trabalho, a nos adaptar ao contexto e conseguir estabilizar as finanças.
Achou interessante? Mostramos aqui as diferentes iniciativas.
Produção de máscaras na Art Show
Durante 15 dias desde o início do mês de abril, a Art Show Capas e Correias ficou totalmente focada na produção de máscaras. “Passados esses 15 dias, já retomamos a nossa produção de capas e correias juntamente com as máscaras. No mês de junho, no entanto, voltamos a ter um aumento em nossa produção e achamos oportuno manter apenas dois colaboradores fabricando máscaras”, conta Vinícius Madureira, gerente da empresa.
Em cerca de um mês, foram produzidas cerca de 50 mil máscaras, recebendo elogios de profissionais dos hospitais por conta da sua qualidade.
Trata-se de máscaras produzidas de acordo com todas as normas da Anvisa para serem utilizadas por profissionais da área da saúde no combate à pandemia. Foram feitos diversos modelos, mas os que realmente tiveram maior saída foram os que possuíam duas ações filtrantes (máscaras que contam com SMS duplo, um tipo de material cirúrgico que pode sofrer esterilização).
“A matéria-prima difere um pouco da que trabalhamos atualmente. Os materiais são mais finos e contam com uma série de NRS e de cuidados que devemos ter na produção. Para trabalhar com esse material, adquirimos mais quatro máquinas de costura para tecidos mais finos, além de fornecer trabalho para mais dois ateliês da região. Na linha de produção não sofremos grandes mudanças, apenas tivemos de readequar alguns colaboradores.”
Protetores faciais da IBOX
Como muitos fabricantes brasileiros, a IBOX está passando por um momento difícil desde o começo da pandemia, mas esse não foi motivo para ficar de braços cruzados. Adriano Moretti, diretor da empresa, conta: “No primeiro momento foi muito complicado, pois ninguém sabia exatamente o que estava acontecendo. Parecia um cenário de guerra, com lojas fechando sem saber uma data de retorno, clientes cancelando os pedidos. Chegamos a ficar uma semana parados sem ter o que fazer. Entramos no programa do governo, reduzindo a jornada de trabalho, mas aí fizemos algumas reuniões e começamos a fabricar máscaras de tecido. Em pouco tempo a oferta já era muito grande, com muitas costureiras confeccionando em casa. Então decidimos parar com essa produção e investir em algo que também estava em falta no mercado, mas que precisaria de um maquinário específico e que nós já tínhamos. Procuramos um dos fornecedores que já produz algumas ferramentas de injeção plástica para nossa empresa, e que também estava com sua produção paralisada, e fizemos o molde do suporte plástico em conjunto. Assim que o molde ficou pronto, fizemos os primeiros testes, levamos para alguns profissionais testarem e foi bem-aceito. Começamos a divulgar na internet e, em seguida, focamos uma parte do nosso tempo neste produto e outra parte em lojas especializadas de e-commerce para os productos IBOX da área musical. O nosso faturamento caiu muito, em torno de 60% e os protetores faciais vieram em boa hora para ajudar nas despesas e também nos salários dos colaboradores.”
Assim, a IBOX está fabricando dois modelos de protetores faciais: um com visor em PVC que atende o público em geral e outro em PET, focando mais a área da saúde.
O protetor facial F.Mask IBOX traz suporte em polipropileno (nas cores branco ou cinza), visor de cristal 300 mm x 215 mm e elástico em poliamida e elastano para maior conforto. Ele pode ser usado em consultórios, hospitais e no atendimento ao público em geral.
Izzo disponibiliza protetor facial
A Izzo também desenvolveu um protetor facial para ser usado por profissionais de saúde e clínicas, mas também por profissionais de atendimento das áreas de comércio e indústria.
A empresa focou vários pontos para ajudar as pessoas em diferentes ambientes a prevenir o contágio pelo coronavírus. Por exemplo, o produto dificulta que as pessoas levem a mão ao rosto, bem como impede a disseminação de gotículas e secreções expelidas pelo ar. Além disso, é de fácil desmontagem para limpeza e higienização e possui a grande vantagem de ser reutilizável, ajustável, leve, confortável e seguro, pois utiliza na sua produção um material lavável e fácil de limpar.
A limpeza pode ser feita com água e sabão, com água sanitária, com radiação gama, em autoclaves de laboratório, com álcool líquido ou em gel, com vapor d’água e outros produtos de limpeza. O protetor tem duas partes: a viseira, confeccionada em polipropileno transparente clearpack com boa visibilidade, e o suporte, confeccionado em polipropileno preto, opaco, com boa resistência.
Face shield virou palabra-chave na PHX
Uma história similar de paralisação de atividades e ideias para se adaptar à nova situação foi experimentada pela equipe da PHX. “Logo que se iniciou a paralisação, os funcionários entraram de férias. Em seguida, aderimos à redução da jornada de trabalho, porém, mesmo assim ainda tínhamos um time grande e sem movimento na empresa. Quando todos voltaram, pensamos nas medidas de segurança, para que não houvesse aglomeração nos setores. Intercalamos os horários dos grupos de trabalho, providenciamos máscaras, disponibilizamos álcool em gel e foi aí que surgiu a ideia do face shield, a princípio para uso próprio, mas depois alguns representantes sugeriram agregar ao portfólio”, comenta Luciana Chen, diretora comercial da PHX Instrumentos.
A empresa já tinha o maquinário e a equipe disponíveis, só faltava a matéria-prima, que foi fornecida por um parceiro com o que já trabalhavam. Esses faces shields têm uma base de polipropileno e são comercializados somente para uso em lojas.
Luciana explica que desde o começo da pandemia a empresa tem focado na produção de conteúdos inspirando as pessoas a tocarem. “Triplicamos o número de seguidores nas redes sociais com esse trabalho. Muitos influenciadores jovens entraram em contato interessados em aprender. Conectamos esses jovens com as escolas parceiras, como a School of Rock e a EM&T, com o intuito de incentivá-los. Tem sido muito bacana. Além disso, criamos cupons de descontos com alguns lojistas parceiros, que já estavam com a loja on-line preparada. Fizemos uma grande parceria com a EM&T on-line, disponibilizando para todos os consumidores da PHX aulas gratuitas na plataforma Premium, com acesso geral aos conteúdos que a escola oferece”, destacou a diretora comercial. “Acreditamos que o mercado da música voltará com mais força. Vimos um grande número de pessoas que tiraram da gaveta o sonho de tocar um instrumento. Aquele projeto ou hobby que estava em segundo plano certamente se tornou, durante o isolamento, um passatempo prazeroso para muitos”, finalizou.
Fabricantes de fora
A Musical Express enviou à nossa redação uma ótima notícia da Evans, marca que eles distribuem no Brasil: a equipe de engenharia da D’Addario, grupo do qual a Evans faz parte, encontrou uma maneira de transformar as peles de bateria Evans G2 em protetores de rosto para equipes médicas que lutam contra a pandemia de coronavírus. Como muitas empresas ao redor do mundo, a D’Addario teve que fechar suas fábricas de cordas D’Addario e de peles de bateria Evans, em Nova York/EUA. Então, a empresa decidiu criar uma forma de usar seus conhecimentos de engenharia e fabricação para ajudar a aliviar a enorme falta de equipamentos de proteção em Nova York e para os profissionais de saúde dos Estados Unidos.
Descobriram, assim, que poderiam fabricar protetores faciais usando o filme transparente das suas peles Evans G2. Cabe destacar que a empresa já produz produtos de fisioterapia por meio de sua marca Dynatomy e, graças a isso, a fabricação e distribuição dos novos protetores foram muito mais rápidas.
O projeto inicial indicou a produção de 100 mil protetores faciais Dynatomy Face Shield, mas a D’Addario destacou que iria fabricá-los pelo tempo que fosse necessário em Nova York ou em qualquer lugar do mundo.
Outro conglomerado que passou a fabricar produtos relacionados com a pandemia é o Grupo Adam Hall. Pensando em uma maneira de ajudar a sociedade a respeitar a distância física e cumprir os padrões de higiene, especialmente agora, que lojas e espaços públicos estão reabrindo em vários países do mundo, o Adam Hall Group apresentou dois pequenos produtos que podem ser muito úteis.
O primeiro é o suporte desinfetante universal GMS23DIS01B (W) da Gravity, de altura ajustável, consistindo no suporte de microfone de base redonda GMS23 e no suporte para desinfetante universal GMADIS01B (W) (também disponível separadamente).
O segundo é a fita de distanciamento social da Adam Hall Accessories, projetada para delimitar os espaços a fim de manter uma distância de 1,5 metro. A fita de PVC amarela e preta tem 66 metros de comprimento e é ideal para delimitação temporária de distâncias em áreas de espera, de prédios públicos a sorveterias para venda na rua, para supermercados e lojas de varejo.