Profissional reconhecido de luthieria de guitarras, Celso Freire, da Dreamer Guitarworks, quer ampliar a venda de seus produtos no exterior
Não há como evitar, Celso Freire, da Dreamer Guitarworks, chama atenção pelo seu tom direto e sempre rigoroso ao tratar do assunto guitarra. Pelas redes sociais, desfila comentários, por vezes ácidos, sobre a falta de critério de músicos que buscam profissionais para regulagem de seus instrumentos, mas não querem remunerar de acordo. Mas isto é só um ligeiro comentário para iniciar o texto deste luthier cheio de personalidade.
A história deste profissional é longa e merece ser respeitada. Freire se embrenhou no mundo da música em meados dos anos 80. Com quinze anos de idade, construía amplificadores caseiros para seus colegas de escola além de consertar a parte eletrônica de instrumentos de amigos.
O mundo da música levou-o a escolher o contrabaixo como seu instrumento “Daí começou a minha busca pelo melhor equipamento, era uma época onde nem com dinheiro era fácil comprar equipamentos de qualidade”, explica Celso Freire.
Neste período, o talentoso e curioso Celso, começou a fabricar em casa, pré amplificadores para seus baixos e em seguida para se aventurou pela marcenaria, ao fazer um corpo em mogno para um contrabaixo da Giannini. Ele explica:“A primeira tentativa foi sofrível, mas a segunda ficou muito boa (risos)”, comenta. Pouco tempo depois, Freire adquiriu por um ótimo preço um contrabaixo que estava na oficina do Seizi Tagima. “Transformei-o em fretless por conta própria e o resultado ficou tão bom (pro padrão da época), que resolvi arrumar um lugar pra pintar”.
Com o relacionamento de mercado e as andanças na rua Teodoro Sampaio, que na época ainda não tinha atingido o ápice que seria em meados da década de 90, por recomendação do lojista Maurício Zidói, Celso Freire conheceu o empresário Claudio Ortiz, da Spanich Guitars (atual Stone Guitar Company). Ortiz era reconhecido por fazer ótimas pinturas com os materiais mais modernos.
O que seria uma encomenda de uma pintura para seu contrabaixo fretless, acabou se transformando em uma oferta de emprego. Nesta, Celso Freire pode aprender a luthieria, “Tive a chance de desenvolver os métodos e aprender realmente todos os detalhes de um bom instrumento”, comenta.
O início e a crise da Dreamer
Em 1991, Celso partiu para seu trabalho próprio e criou a marca Dreamer utilizando os maquinários da Spanich, trocando o seu uso por serviços. Já em 1992, a Dreamer ganhou um sócio que era responsável pela área administrativa e vendas, neste período a banda Dr.Sin e outros músicos utilizavam os instrumentos da marca.
Mas os desentendimentos com o rumo que a empresa vinha tomando levaram rompimento da sociedade em 1995. Celso deixou a Dreamer, “Sem receber grande parte do que havia sido combinado no negócio” e se mudou para a cidade de Campinas, em São Paulo, deixando a luthieria como um trabalho secundário.
O renascimento da Dreamer Guitarworks
Com a vontade de voltar a empreender no ramo, em 2005, Celso voltou a fazer guitarra e a vontade de trazer a Dreamer de volta, da forma que sempre idealizou. Após recuperar a marca no INPI, nascia oficialmente a Dreamer Guitarworks. Já em 2008 começavam a aparecer no mercado os primeiros instrumentos desta fase.
Internacionalizando a luthieria
Em 2012, a Dreamer fez parte do seu primeiro projeto internacional como beta tester de um sistema de afinação criado pelo luthier americano, Rick Toone. Freire fez um protótipo de guitarra que foi levado para os Estados Unidos durante a feira NAMM, do ano de 2012.
Em 201,3 a Dreamer foi destaque em duas páginas na edição de Junho da revista Premier Guitar, na coluna “Modern Builder Vault”, escrita pelo jornalista Rich Osweiler. Graças a essa matéria, a empresa recebeu algumas encomendas internacionais.
No começo de 2016 recebeu o convite para expor no evento Holy Grail Guitar Show, conhecido como um dos maiores expoentes para luthiers de guitarra/baixo em todo o planeta. Celso Freire representou o Brasil com quatro instrumentos, sendo três guitarras e um contrabaixo.
Celso agora segue firme em seu empreendimento, tornando a Dreamer junto com outros parceiros de luthieria, sinônimo de um ótimo produto Made in Brazil.
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