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Compressores: para que servem e como funcionam?

Pouca gente parece saber como funciona, de fato, um compressor. Eu mesmo só aprendi a utilizar esse recurso depois de muitos anos de estrada, e ainda hoje continuo experimentando equipamentos de diversas marcas e modelos em busca do som ideal.

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É com grande prazer que inicio este espaço aqui no portal Música & Mercado! Meu objetivo é trazer informações e conteúdo de utilidade, testados e aprovados ao longo dos 25 anos em que atuo nessa nossa indústria vital.

Resolvi começar por um assunto que ainda traz muitas dúvidas e um certo misticismo – pouca gente parece saber como funciona, de fato, um compressor. Eu mesmo só aprendi a utilizar esse recurso depois de muitos anos de estrada, e ainda hoje continuo experimentando equipamentos de diversas marcas e modelos em busca do som ideal.

O que é um compressor?

O Compressor de Amplitude Dinâmica, que é o utilizado em sinais de áudio, serve basicamente para diminuir o volume dos sons mais altos e aumentar o volume dos sons mais baixos do sinal. Ele atua estreitando a faixa dinâmica do som, diminuindo a diferença entre sons altos e baixos, essencialmente “achatando” o sinal. Quase todos os instrumentos podem se beneficiar do uso correto da compressão, que torna mais audíveis e estáveis os sinais dentro de uma mixagem, seja ao vivo ou no estúdio.


Normalmente os compressores têm controles muito similares, que por vezes variam na nomenclatura. Estes são os mais comuns:

Treshold (limite): é o controle que define a partir de que nível o volume do sinal deve ser reduzido. Um Treshold de -6dB, por exemplo, vai diminuir o volume apenas dos sinais que excedam este nível. Um Treshold de -30dB, consequentemente, vai ter uma atuação muito mais intensa no som, pois todo som acima deste nível será atenuado.

Ratio (razão): determina o quanto de ganho do sinal deve ser reduzido. Um Ratio de 2:1 vai reduzir o sinal excedente ao Treshold pela metade, em 8:1 vai reduzir o sinal excedente ao Treshold em oito vezes, etc. A partir de 20:1, considera-se a atuação como Limiter, ou seja, todo sinal será diminuído ao nível estabelecido no Treshold.

Attack (ataque): determina a velocidade de atuação do compressor. Um ataque mais rápido faz com que o sinal atinja mais rapidamente o nível estabelecido no Ratio. Um ataque entre 20 e 800 μs (microssegundos) é considerado rápido, e entre 10 a 100ms (milissegundos) é considerado lento.

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Release (liberação): é o oposto do Attack, sendo o tempo que o sinal leva para ser descomprimido ao nível original.

Knee (articulação): diz respeito à curva de transição entre o sinal original e o comprimido, se é mais acentuada (Hard Knee) ou mais gradual (Soft Knee).

Output Gain ou Make-up Gain: refere-se ao sinal de saída do compressor. Tem como propósito compensar a eventual perda de volume do sinal pela aplicação de compressão.


 

Vale lembrar que nem todos os compressores possuem todos esses controles. Nestes casos, os valores são pré-configurados de fábrica e não podem ser alterados. No caso dos pedais, torna-se muito importante ajustar o volume de entrada, já que ele vai afetar drasticamente a maneira como o compressor atua.

Existem vários tipos de compressor – valvulados, ópticos, FET (Field Effect Transistor) e VCA (Voltage Controlled Amplifier). As características sonoras entre eles podem ser bem distintas, assim como os limites de suas funções. Tipicamente os compressores valvulados oferecem mais “coloração”, ou seja, alteram significativamente o timbre do instrumento, e é isso que torna os equipamentos vintage tão procurados.

Quando e como devo utilizar um Compressor?

Houve um tempo em que bons compressores eram exclusividade dos estúdios. Felizmente, hoje temos uma variedade enorme de excelentes equipamentos com preço acessível e qualidade excelente, especialmente na forma de pedais. Já há muitos anos o compressor se tornou presença constante na pedaleira de guitarristas e baixistas, e é nesse contexto que quero manter meu enfoque.

O compressor pode ser um grande aliado do músico na execução de diversas técnicas e estilos. Ao mesmo tempo, a falta de informação sobre a utilização correta do equipamento pode pôr tudo a perder. De modo geral, recomenda-se aplicar a compressão gradualmente, acrescentando mais de acordo com a necessidade.

Existem duas situações emblemáticas que servem de bons exemplos de compressão bem aplicada. O baixista americano Marcus Miller se vale da compressão para chegar no seu timbre de slap, referência para o mercado. Marcus se utiliza do famoso Distressor, da Empirical Labs, que é um compressor VCA com Soft-Knee, ou seja, transição gradual entre o sinal original e o comprimido. O Distressor não altera o timbre do instrumento, somente a gama dinâmica. Se ouvir atentamente o timbre de Marcus, vai perceber um certo “pulso” – essa é a atuação do compressor, atenuando notas mais fortes e aumentando notas mais baixas.

Distressor, da Empirical Labs

Distressor, da Empirical Labs: preferido pelo baixista Marcus Miller

 

Outro exemplo clássico é a guitarra funk. Geralmente usada com timbre limpo e uma quantidade considerada de compressão que ‘aperta’ o som, está presente em dezenas de músicas que você certamente conhece. Um dos maiores exemplos é a guitarra de Dean Parks em Billie Jean, de Michael Jackson.

pedal_compressor_NIGEm meu caso específico, o compressor fica ligado quase o tempo inteiro. Ele me ajuda a nivelar as notas mais fortes e fracas, tornando meu sinal de saída mais uniforme. Isso torna muito mais fácil a regulagem de ganho do amplificador, pois evita os picos de som que fazem o sinal clipar. Também deixa a execução de partes com muitas notas, ou com a técnica de tapping, mais confortável, sem que eu tenha que fazer força excessiva para que as notas estejam audíveis. Os pedais que utilizo são o Super Symmetry, da Darkglass Electronis e o Compressor, da NIG.

 

Super-SymmetryOutros exemplos de bons pedais compressores:

Aguilar TLC Compressor – Boss CS-3 Compressor Sustainer – Seymour Duncan Vise Grip – MXR Dyna Comp – Xotic SP Compressor – Keeley Compressor – Electro-Harmonix Soul Preacher – EBS MultiComp – TC Electronics Hyper Gravity – Digitech Main Squeeze

Estes pedais possuem nomenclaturas próprias para cada controle, e alguns deles têm funções extras que envolvem compressão por banda (compressão baseada na frequência do sinal), blend (mistura) entre o sinal original e o comprimido, etc.

No fim das contas, o que vale é ir até uma loja, testar e experimentar com diversos modelos e escolher aquele se se encaixa no seu orçamento e que oferece o som e função de que você necessita.

 

 

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