De gerente de marketing e vendas à luthier, conheça a história do André Mattos.
André Mattos tem uma história interessante para contar. Começando em nossa indústria na fábrica da Rozini, ele aprendeu não só a fazer instrumentos, mas também a criar o marketing correto para promovê-los e até técnicas de vendas, tornando-se experiente em todas as áreas envolvidas. Mas a luthieria foi ganhando mais e mais espaço em sua carreira e ele voltou às raízes.
Quer saber mais? André explica tudo nesta entrevista.
M&M: Sua carreira começa dentro de uma fábrica de instrumentos de cordas, mas rumou para a área de vendas. Conte um pouco sobre sua história.
André: O ano 2000 marcou o começo dessa história. Entrei na Rozini por indicação do meu pai, José Pereira (JP), então gerente de produção da fábrica. Na ocasião, minha experiência profissional era voltada para ilustrações e desenhos publicitários. Sem experiência com vendas, tampouco com fabricação de instrumentos, a oportunidade então veio para trabalhar no “chão de fábrica”. Passei por vários setores, sempre me destacando pela facilidade no aprendizado e competência no desempenho das funções que me eram atribuídas. Foi um período de aproximadamente três anos, em que aprendi muito com experientes luthiers, entre eles, meu próprio pai. Depois dessa “faculdade”, aproveitando minha experiência anterior, quando trabalhei com agências de publicidade, o Zé Roberto – fundador da Rozini – me chamou para o escritório para desenvolver um trabalho de marketing. Foi um período em que literalmente cresci junto com a empresa, fazendo toda a comunicação da Rozini com as lojas, representantes, músicos e consumidores, além de catálogos, anúncios para revistas e site. Era ainda muito envolvido com a produção, desenvolvendo o design de vários instrumentos. Até então, o próprio Zé Roberto era o vendedor da Rozini na cidade de São Paulo. Passei a visitar as lojas junto com ele e, assim, tive o privilégio de aprender a arte da venda junto desse grande mestre. A partir daí, somei as funções de gerente de marketing e representante comercial da empresa.
M&M: Como foi a migração do trabalho de representante para luthier?
André: No final de 2015, mudei-me da capital paulista para Uberlândia (MG). Como preposto de um escritório de Belo Horizonte, assumi a região do Triângulo Mineiro representando grandes empresas do ramo de instrumentos musicais. Apesar de ter realizado um ótimo trabalho e vender muito bem, como preposto, o rendimento era baixo. Foi quando surgiu o convite para representar um dos maiores importadores de áudio, iluminação e instrumentos musicais do Brasil. Foi outro período de grande desenvolvimento e aprendizado. Apesar disso, algumas dificuldades aos poucos foram me direcionando de volta às minhas origens de luthier. As vendas não deslancharam como eu imaginava (e precisava). Ainda como representante, apenas com a intenção de mostrar dedicação ao meu cliente, por várias vezes eu mesmo fazia a assistência de instrumentos para solucionar de forma rápida e eficiente problemas como regulagens, ajustes, instalações elétricas etc. Eu nem cobrava. Então, essas lojas passaram a me indicar para seus clientes que precisavam de reparos fora de garantia. A partir desses serviços, comecei a cobrar e assim, de uma forma inesperada, surgiu uma nova fonte de renda. Não pude me negar a esse chamado… A demanda só foi aumentando, até chegar ao ponto de eu ter de assumir a JP Luthieria como empresa de fato e abdicar da minha situação de representante.
M&M: Em sua opinião, qual é o principal diferencial da sua luthieria?
André: Na verdade, entendo que existe mais que diferencial a destacar: (1) agilidade e compromisso; pontualidade no prazo de entrega; (2) excelência no serviço prestado; (3) sem falsa modéstia, a região onde a influência da viola caipira é fortíssima pode agora contar com um especialista de produtos da Rozini.
M&M: Na sua visão, qual o futuro do luthier no Brasil?
André: Acredito num futuro promissor para quem se especializar. Devemos buscar a excelência em atendimento e serviço. Oferecemos a oportunidade de instrumentos exclusivos e personalizados. Mais do que o sonho de ter um instrumento novo, lidamos muitas vezes com a responsabilidade de trabalhar em instrumentos com história. É o violão que pertenceu ao pai, a viola que foi do avô, o carinho com a guitarra que aprendeu a tocar… É um trabalho que não se mede em preço, e sim em valor.