É difícil categorizar friamente pessoas e situações sempre, porque nem tudo é número, gráfico e pesquisa na vida, e, nas relações interpessoais, o intangível se torna perceptível ao observador atento.
Enxergar em detalhes pessoas que você conhece, suas ações, seu modo de expressar, pode desnudar pela empatia as intenções, bem como sofisticar o trato de seus convivas.
Temos a tendência de achar que todos são bacanas, têm astúcia e perspicácia comercial e são confiáveis, mas como isso é utópico no mundo, no mercado da música observa-se também esse pormenor.
O hábito de “olhar além” seus clientes, fornecedores e colegas de trabalho para entender melhor suas atitudes, falando menos e reagindo à obviedade percebida, é algo deveras interessante.
Ter a sobriedade de dosar ação proativa e observação produtiva, por meio da pausa do silêncio íntimo da análise, é importante. Eu explico.
Adianta dizer algo a quem, em falta de foco pessoal, não te ouve, ou a quem pelo ego não te respeita, ou ainda, que usará contra você o que você disser, inclusive usurpando crédito?
É plausível manter ações que meritocraticamente não serão reconhecidas por quem delas se beneficia comercialmente e não trarão resultados a você?
A questão é que nós convivemos diariamente com pessoas muito boas, pessoas medianas, pessoas más, e outras que são verdadeiras psicopatas, mas se resguardarmos nosso íntimo, poderemos escolher, em nível pessoal, as nossas relações. Em nível comercial, não…
O “silêncio” e a “blindagem” não precisam ser externados, mas devem ser praticados…
Saber que a ofensa exterior só lhe atinge se você abre a porta para ela é aprendizado para a vida.
Saber que a incontestável honestidade pessoal não tem preço, mas nem sempre é reconhecida, evita decepções, mas não deve impedir sua prática, porque ela é um bem seu para você mesmo, e as riquezas de seus atos são usufruídos na sua lembrança e paz de espírito.
Em outra via, não se desgaste com soluções que não lhe foram solicitadas, empreitadas das quais foi excluído e pessoas que abusam da sua boa vontade.
Ajude sempre, quando seu bom senso, oportunidade e observação mandarem, pois em alguns casos, havendo um balde sobre a cabeça de alguém, por mais que tente, avisar será difícil, porque no livre-arbítrio a pessoa QUER se molhar e nem sabe…
O cliente não quer sua orientação? Seja solícito, mas saiba reconhecer limites.
Seu parceiro de negócios não te ouve, e você tem alguma solução para ele? Guarde para si até que o respeito por seu conhecimento seja maior que o ego do interlocutor.
Tudo é o dosar do fazer, bem como tudo é às vezes nada fazer, porque não há nada a ser feito.
Pessoas proativas têm todas as melhores qualidades no ambiente de trabalho, mas, às vezes, o envolvimento com as suas convicções causa dano emocional na decepção.
O resguardo dos competentes é de competência de seu próprio foro íntimo.
Faça o que esperam de você, que nem sempre é o que você espera fazer. O cliente quer uma marca e demonstrou claramente que não deseja sua opinião? Silencie…
Seu chefe ou parceiro comercial não reconhecem seu esforço, e não se importam com o que você faz a mais comercialmente? Não se martirize… Faça o possível, mas jamais o “não permitido”, o não esperado, muito menos o indesejado, porque é comum ver pessoas perdendo dinheiro, achando que ninguém tem nada com isso, já que o dinheiro é deles…
Silêncio traz aprendizagem e reflexão
Você nem sempre negocia com quem lhe apraz, mas o resultado que importa sempre é comercial, então colha os frutos como são.
Por outro lado, observe sempre críticas construtivas e bons conselhos ao seu redor, porque até a “tia do café” e o “rapaz da limpeza” podem ter visto algo que você não viu, porque você está em outro foco. Ouvir sempre… E observar também…
Como proprietário de negócios, no silêncio observe mais seus funcionários, e como empregado, compreenda melhor a hierarquia de comando. Ambos devem agir como um só pelas necessidades do cliente.
O descontentamento traz maledicência e desunião.
Ouvir sempre o tornará maestro de seus atos e de seu negócio, pois na música e na vida, silêncio é pausa, preparação, surpresa e bom gosto.
O silêncio é a certeza da compreensão, e quem sabe disso, ao quebrar o silêncio sempre surpreende.