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Matheus Canteri, paixão pela guitarra e a música country

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Matheus Canteri, guitarrista de São Paulo, conta sobre sua experiência na indústria musical e os instrumentos que usa.

IMG copiaMatheus cresceu cercado por instrumentos, pois seu pai é luthier e hoje conta com a empresa HC Guitars. Aos 12 anos, depois de assistir ao clipe de Run To The Hills do Iron Maiden, Matheus decidiu que queria ser guitarrista e começou a estudar o instrumento. “Tive alguns professores dos 13 aos 16 anos e depois comecei a me interessar por country music e, como não encontrei material e não conhecia ninguém que tocasse o estilo, tive que desenvolver sozinho minha linguagem. Toquei em algumas bandas de cover e logo comecei a compor e perdi o interesse em apenas reproduzir músicas já consagradas”, contou. Em 2010 lançou seu primeiro CD, Instrumental de Granja.

Quais os projetos nos que está trabalhando atualmente?

Matheus: Eu estou gravando meu terceiro CD que está sendo mixado pelo mestre Tchucka Jr. que conheci quando viajei dando aulas de guitarra para Fernando Zor da dupla Fernando & Sorocaba. Na época Tchucka estava produzindo as músicas da dupla. Tenho feito vídeos demonstrando equipamentos para algumas marcas como a Fuhrmann, Anasounds (França) e também com as guitarras do meu pai. Além disso em julho tenho uma Turnê na Europa com a banda The Royal Hounds (de Tennessee). Eu toquei com eles em novembro passado quando vieram ao Brasil para uma turnê.

Como você estudou guitarra?
Matheus: Aprendi a maior parte na prática. Meu canal do YouTube acabou abrindo muitas portas e descobri essa ferramenta quando despretenciosamente fiz um vídeo para um concurso de guitarra organizado pela Santo Angelo Cabos e acabei sendo um dos vencedores. Aquilo fez com que eu tivesse uma exposição que não havia tido até então e eu percebi que deveria explorar isso. O convite para tocar com uma banda norteamericana também aconteceu dessa forma. Fiz um tributo à uma banda famosa pelos guitarristas que por ela passaram, e um deles acabou vendo e compartilhou em sua página. No dia seguinte minhas redes sociais estavam cheias de americanos que haviam assistido e entre essas pessoas, Scott Hinds, vocalista/baixista da The Royal Hounds. Acho que é importante planejar e pensar como usar as ferramentas modernas para mostrar seu trabalho real, não se pode ficar somente no virtual e se tornar um músico de quarto. Em 2016 participei do Americana Music Association Fest, um festival em Nashville que além de shows tem palestras sobre diversos temas relacionados ao lado emprendedor da música. Foi uma experiencia muito positiva.

Tele copiaO que você acha da educação musical no Brasil?

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Matheus: Acho que a arte em geral ainda está longe de ser prioridade no nosso País. Sinto que, por conta da sua ausência na formação do brasileiro, as pessoas têm uma enorme dificuldade em dar valor às formas de arte. Só vêem o aspecto do entretenimento, que tem sim sua importancia, porém nem sempre tem muita qualidade.

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Pensando nas lojas e na disponibilidade de marcas e instrumentos no País, como você vê essa situação?

Matheus: O que eu vejo é um mercado um pouco desestimulado. Os altos impostos tornam instrumentos de maior qualidade bastante inacessíveis, isso faz com que seja difícil vendê-los e as lojas acabam focando nos instrumentos de iniciante, a maior parte fabricada na China com material de baixa qualidade. Por outro lado, é uma oportunidade para as pessoas conhecerem marcas nacionais. Tem muita gente fazendo instrumentos e equipamentos de altíssima qualidade no nosso País.

É endorsers atualmente de alguma marca?

Matheus: Eu tenho uma parceria com a Fuhmann há alguns anos. Minha relação com eles é ótima, eles sempre escutam minhas sugestões e opiniões sobre os produtos. Além disso, faço vídeos demonstrando os equipamentos e os utilizo em meus shows. Também faço os vídeos dos instrumentos fabricados pelo meu pai (HC Guitars), é sempre muito legal, pois acompanho todo o proceso de fabricação de perto e sempre fico com saudade quando o instrumento é entregue ao dono que encomendou.

Falando em equipamento, se pudesse escolher sua guitarra preferida, qual seria e por que?

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Matheus: As guitarras baseadas na Fender Telecaster são as que mais me agradam. Aquele tipo de captação com o som estalado, a ponte fixa e a simplicidade dos controles são os aspectos que fazem com que eu goste tanto desse modelo, além do visual.

E em amplificadores?

Matheus: Gosto muito do som limpo encorpado dos Fenders como o Deluxe Reverb, e gosto muito dos Mesa Boogie também, tenho um F100 e adoro o seu timbre. Um amplificador que ainda não tenho mas já usei em gravações e é simplesmente incrível é o Dr Z. Eles são feitos manualmente nos Estados Unidos, muito usados pelo ícone do country Brad Paisley.

Tele copiaConte mais sobre a fabricação na HC Guitars.

Matheus: Meu pai é um artista incrível e um estudioso. Ele leva muito a sério cada detalhe dos instrumentos que constrói. Tenho alguns modelos diferentes feitos especialmente para mim, porém a que uso mais é baseada no modelo telecaster, com um shape um pouco mais suave e sem escudo. A captação, que também é feita à mão, tem saída bem baixa, e isso, combinado com um corpo leve e um braço em Maple, faz com que o timbre fique bem estalado, o que é ótimo no country. Tenho outra parecida que além disso tem um B-Bender, um dispositivo que faz um bend de um tom somente na corda B e é acionado pela correia do instrumento. Esse é um mecanismo raro de se ver por aqui e meu pai o projetou baseado no modelo inventado pelo Gene Parsons, ficou excelente. A HC Guitars vai estar expondo na feira Music Show em setembro e eu estarei no estande participando também.

Qual você acha que será o próximo passo na sua carreira? 

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Matheus: Eu venho trabalhando para fortalecer meu nome internacionalmente. Acho que a música é uma linguagem universal e gostaria de atingir o máximo de pessoas possível. Isso é também uma necessidade, pois o cenário musical nacional tem poucas oportunidades de trabalho para os que querem viver da música. Acho que o próximo passo é solidificar uma carreira que englobe outros países.

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Músico

São Paulo: Dia dos Músicos é celebrado nas bibliotecas públicas municipais

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A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e da Coordenação do Sistema Municipal de Bibliotecas, preparou uma programação especial para celebrar o Dia Nacional dos Músicos, comemorado em 22 de novembro.

As atividades fazem parte do programa Biblioteca Viva e incluem as apresentações musicais “Os Livros e As Canções”, com Evandro Bene & Banda, e “Somos”, de Irmão Black e Fahntastica. Ao todo, serão sete apresentações gratuitas e abertas a todos os públicos nas bibliotecas municipais e no Bosque de Leitura Parque Lajeado.

A performance “Os Livros e As Canções”, que estreou no dia 13 na Biblioteca Roberto Santos, segue agora para mais seis unidades: José Mauro Vasconcelos (19/11, às 14h), Viriato Corrêa (25/11, às 14h), Álvares de Azevedo (26/11, às 14h), Cassiano Ricardo (27/11, às 14h), Mário Schenberg (28/11, às 14h) e Camila Cerqueira César (29/11, às 13h). A proposta reúne literatura e música em um repertório que transita da MPB ao rock, com canções inspiradas em obras literárias, como “Jubiabá”, de Jorge Amado; “Epitáfio”, dos Titãs; e “Caçador de Mim”, de Milton Nascimento.

Já “Somos” terá apresentação única no Bosque de Leitura Parque Lajeado, em 29 de novembro, às 14h. O espetáculo combina músicas autorais, poemas e intervenções performáticas para construir uma narrativa sobre existencialismo, ancestralidade, memória e afeto — uma reflexão sensível sobre o que significa “ser” e “estar” no mundo.

Oficinas e outras atrações musicais

Além dos shows, as bibliotecas também recebem atividades formativas. Na Biblioteca Álvares de Azevedo, todos os sábados — incluindo 21 e 28 de novembro — acontece uma oficina de pandeiro com Well Martins, sempre às 14h. Na Biblioteca Cassiano Ricardo, no dia 25 de novembro, das 9h às 10h30, será realizada uma oficina de jogos musicais, que apresenta noções de criação de games a partir do desenvolvimento de um jogo de ritmo simples.

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Na Biblioteca Alceu Amoroso Lima (Pinheiros), o público poderá acompanhar o “Encontro de Corais Maestro Danilo – Grupo Mosaico”, no dia 29 de novembro, das 12h às 13h30, com clássicos da MPB interpretados pelo grupo.

A importância do Dia dos Músicos

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Celebrado em 22 de novembro, o Dia dos Músicos homenageia profissionais que dedicam a vida à arte sonora — instrumentistas, cantores, compositores, regentes, técnicos e todos os envolvidos na criação musical. A data está associada a Santa Cecília, padroeira dos músicos, e reconhece o papel fundamental da música na cultura brasileira e no cotidiano das pessoas, seja marcando momentos festivos, acolhendo emoções ou inspirando reflexões.

A programação completa das bibliotecas, bosques e pontos de leitura está disponível no site oficial do Sistema Municipal de Bibliotecas e nas redes sociais da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

Música também nos Centros Culturais e Casas de Cultura

A comemoração não se restringe às bibliotecas. Outros equipamentos culturais municipais também recebem apresentações gratuitas. Nos Centros Culturais, o destaque é a festa Flash Balanço, no Centro Cultural Grajaú, em 22 de novembro, às 18h, celebrando hits das décadas de 70, 80 e 90. No mesmo dia e horário, o Centro Cultural da Juventude recebe o show de Celsinho Mody, enquanto a Vila Itororó apresenta Rahessa, às 19h. Já o Centro Cultural Olido recebe o Coral USP, às 16h.

Nas Casas de Cultura, o público poderá assistir ao Grupo Afro Babalotim, no feriado de 20 de novembro, às 15h, na Casa de Cultura Raul Seixas. O projeto “Raízes Negras” também ocorre no Dia da Consciência Negra, às 14h, na Casa de Cultura Hip Hop Leste.

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A agenda completa dessas e de outras atividades culturais pode ser consultada no portal SP Mais Cultura.

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Como usar formatos como Dolby Atmos e Sony 360 para lançar música imersiva

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A nova fronteira do áudio: do estéreo ao espaço tridimensional.

Durante décadas, o estéreo definiu a forma como ouvimos música. Mas, nos últimos anos, os formatos imersivos, como Dolby Atmos e Sony 360 Reality Audio, vêm transformando a maneira como artistas, engenheiros e selos produzem e distribuem suas obras.

Hoje, gravar em 3D já não é uma curiosidade tecnológica — é uma oportunidade real de expansão criativa e comercial. E você, o que pensa sobre isso?

O que é o áudio imersivo

Diferente do estéreo tradicional — limitado a dois canais —, formatos como Dolby Atmos ou Sony 360 criam um ambiente tridimensional em que cada instrumento, voz ou efeito pode ser posicionado em um espaço virtual com altura, profundidade e movimento.


O resultado é uma experiência mais envolvente, que transmite a sensação de estar “dentro” da mixagem, ideal para fones de ouvido, soundbars e sistemas multicanal.

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Ambos os sistemas operam sob princípios semelhantes, mas com diferenças importantes:

  • Dolby Atmos Music: utiliza um sistema baseado em objetos de áudio, permitindo posicionar até 128 fontes em um ambiente 3D. É compatível com plataformas como Apple Music, Amazon Music e TIDAL.
  • Sony 360 Reality Audio: trabalha com esferas sonoras pré-definidas que envolvem o ouvinte. Está disponível em serviços como Deezer, TIDAL e outras plataformas que utilizam o codec MPEG-H.

Por que os artistas estão apostando nesses formatos

  • Diferenciação artística: a mixagem imersiva permite redescobrir arranjos e oferecer uma experiência completamente nova ao ouvinte.
  • Vantagem competitiva: os serviços de streaming priorizam conteúdos em Dolby Atmos ou Sony 360, oferecendo maior visibilidade em playlists e seções de destaque.
  • Valor agregado para catálogos existentes: muitos selos estão remasterizando álbuns clássicos em formatos imersivos, prolongando seu ciclo comercial.
  • Mercado em expansão: estudos como o da Futuresource preveem que o áudio imersivo crescerá mais de 20% ao ano até 2030, impulsionado pela adoção de fones inteligentes e plataformas 3D.

Como produzir em Dolby Atmos ou Sony 360

  1. Preparação da sessão

    Antes da mixagem, é necessário organizar as faixas em stems ou grupos lógicos (bateria, baixo, vozes, efeitos). Isso facilita a atribuição de objetos e posições no espaço.
  2. Softwares e plugins necessários
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Dolby Atmos: trabalha-se dentro de uma DAW compatível (Pro Tools, Logic Pro, Nuendo, Reaper) com o Dolby Atmos Renderer e o plugin Production Suite.
Sony 360: utiliza o 360 WalkMix Creator, software disponível para DAWs como Logic ou Pro Tools, que permite posicionar cada fonte sonora no campo esférico.

  1. Monitoração e exportação

    Embora o processo possa ser feito com fones binaurais, os melhores resultados são obtidos com um sistema multicanal (7.1.4).

    A exportação final gera um arquivo ADM BWF (Dolby) ou 360RA (Sony), contendo tanto o áudio quanto os metadados espaciais.
  2. Distribuição digital

    Atualmente, distribuidores como DistroKid, CD Baby e The Orchard já permitem o envio de músicas imersivas para plataformas compatíveis.

    É fundamental verificar se o serviço de streaming suporta o formato escolhido (Dolby Atmos, 360RA ou ambos).

Considerações práticas

  • Mix vs. Master: o processo de masterização em Dolby Atmos ou 360RA exige ferramentas específicas para preservar o alcance dinâmico e a imagem espacial.
  • Compatibilidade: toda mixagem imersiva deve ter uma versão estéreo alternativa, garantindo reprodução universal.
  • Educação técnica: a curva de aprendizado é moderada, mas cresce a oferta de cursos e certificações da Dolby e da Sony para engenheiros e produtores.

Casos e perspectivas

Artistas como Billie Eilish, Rosalía, Dua Lipa e Coldplay já lançaram versões em Atmos de seus álbuns, com excelentes resultados nas plataformas.


Na América Latina, estúdios como o Abbey Road Institute São Paulo e o Artico Studios (México) já oferecem serviços certificados em Dolby Atmos Music, refletindo uma adoção crescente na região.

O futuro soa em 3D

Adotar formatos como Dolby Atmos ou Sony 360 já não é exclusividade de grandes estúdios, mas uma ferramenta acessível capaz de elevar a qualidade e a projeção de qualquer projeto musical.


A chave está em compreender seu potencial narrativo e técnico: explorar o espaço, o movimento e a profundidade como parte da linguagem sonora.

Em um mercado saturado de lançamentos, a imersão pode ser o novo diferencial competitivo.

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Ética no uso de vozes clonadas ou “deepfakes” na música


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Direitos dos artistas, inovação tecnológica e o desafio da autenticidade no setor musical.

A tecnologia de clonagem de vozes e de geração de vocais por inteligência artificial está cada vez mais presente no universo musical. Softwares permitem imitar timbres, inflexões e estilos vocais de cantores, ou criar vozes totalmente novas a partir de poucos minutos de áudio.

Esse avanço abre possibilidades criativas, mas também levanta questões éticas e jurídicas significativas — especialmente quando a voz de um artista é utilizada sem consentimento ou quando o uso gera confusão sobre autoria. Neste artigo, analisamos o tema sob três perspectivas cruciais: o consentimento e os direitos do intérprete; a autenticidade e valor artístico; e os desdobramentos legais e regulatórios no Brasil e internacionalmente.

  1. Consentimento e direitos dos artistas

Um dos pilares éticos do uso de vozes clonadas na música é o consentimento informado. A voz humana é uma característica profundamente individual — um traço identitário que conecta o artista ao público. Portanto, quando uma voz é clonada ou alterada sem a autorização do titular, emergem riscos éticos e legais. Por exemplo:

  • O direito de publicidade (“right of publicity”) protege a utilização comercial da voz, imagem ou nome de uma pessoa reconhecida.
  • A tecnologia de clonagem vocal já foi utilizada em cenários fraudulentos: foi documentado que vozes falsas criadas por IA enganaram sistemas de segurança bancária.
  • Há registro de que as leis de direitos autorais nem sempre acompanham o avanço da IA — por exemplo, o relatório da United States Copyright Office aponta lacunas quanto à proteção de vozes clonadas no setor musical.

Caso real

O single “Heart on My Sleeve” (2023) utilizou vozes produzidas por IA no estilo dos artistas Drake e The Weeknd. O uso culminou em ação pela gravadora Universal Music Group por suposta violação de direitos autorais.

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Para respeitar os artistas e evitar exploração indevida, é fundamental que haja contratos específicos quando se utiliza voz clonada ou gerada por IA — com cláusulas que estabeleçam quem autoriza, em que contexto, e de que forma os ganhos e responsabilidades serão divididos.

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  1. Autenticidade, valor artístico e impacto no público

Além dos direitos legais, há um debate ético maior: qual o valor da voz humana quando ela pode ser “clonada”? Será que o público percebe ou aceita essa substituição? E o que isso significa para o vínculo emocional entre cantor e ouvinte? Algumas considerações importantes:

  • A autenticidade vocal influencia a percepção de “artista real” e “performance genuína”. Ferramentas de IA tendem a replicar estilos, mas podem falhar em capturar nuances emocionais ou contextuais que o intérprete humano traz.
  • Há risco de diluição do valor artístico se vozes imitadas se tornarem comuns: obras produzidas em massa com vozes clonadas podem reduzir a distinção de “quem canta” e “quem foi ouvido”.
  • Por outro lado, a tecnologia oferece oportunidades para experimentação — por exemplo, revive-se timbres de cantores falecidos (com autorização), ou criam-se colaborações “póstumas”. O problema ético aparece quando não há transparência sobre o uso de IA.

Caso real

O debate sobre “song covers” com vozes geradas por IA inclui a reflexão de comunidades online: “Não há como fazer cumprir qualquer lei que exija que o consentimento da pessoa imitada seja obtido antes que uma representação digital dela seja criada por inteligência artificial.”

Do ponto de vista jornalístico e de mercado, é importante que metais de credibilidade (por exemplo, selos, plataformas de streaming) indiquem quando uma voz foi gerada ou clonada por IA. A transparência preserva a relação de confiança com o ouvinte e evita erosão da arte vocal como diferencial competitivo.

  1. Panorama jurídico e regulatório

No âmbito do direito, o uso de vozes clonadas ou deepfakes na música atravessa múltiplas frentes: direitos autorais, direito de imagem/voz, contratos, licenciamento de IA. Alguns marcos relevantes:

  • Um estudo apontou que o uso de tecnologias de clonagem vocal pode violar os direitos autorais tanto na fase de treinamento de IA (input) quanto na de produção de conteúdo (output).
  • A lei americana do estado do Tennessee, chamada ELVIS Act (Ensuring Likeness, Image and Voice Security), é um dos primeiros marcos para proteger vozes clonadas sem autorização.
  • Plataformas da música apontam que é necessário negociar licenças específicas para uso de vozes geradas por IA ou clonadas — sob pena de remoção ou sanções.

Panorama no Brasil e América Latina

Embora existam princípios gerais de direito autoral, direito de imagem e voz, a regulação específica sobre clonagem de voz por IA em música ainda está em formação. Revistas especializadas sugerem que o setor deve antecipar cláusulas contratuais que tratem de: autorização para IA, licenciamento da voz, divisão de receita, direito moral do artista, e indicação clara ao público.

Para o mercado latino-americano, inclusive o brasileiro, há urgência em:

  • Adaptar contratos de gravação e edição para contemplar voz gerada por IA.
  • Educar artistas, produtores e selos sobre riscos e obrigações.
  • Acompanhar o desenvolvimento regulatório em outros países para aplicar boas práticas.
  1. Diretrizes para o uso ético na música

Com base nas análises acima, segue um conjunto de diretrizes práticas — úteis para profissionais da música, selos, produtores e jornalistas — para navegar de forma ética o uso de vozes clonadas ou deepfakes:

Obter consentimento claro e por escrito do titular da voz, especificando os usos permitidos (álbum, streaming, comercialização) e se será usada IA para modificá-la/cloná-la.
Transparência para o público: indicar nos créditos ou metadados quando a voz foi criada ou clonada por IA.
Negociar participação nos royalties, caso a voz clonada tenha caráter comercial.
Verificar licenciamento da tecnologia de IA: direito de uso, exclusividade, responsabilidades.
Preservar o valor artístico: evitar que substituições de intérpretes humanos por vozes clonadas erosionem a identidade do artista.
Atualizar contratos e políticas internas dos selos para considerar o cenário IA — inclusive cláusulas de “uso futuro” da voz.
Monitorar a jurisprudência e regulação: entender como leis locais e internacionais estão evoluindo.
Educar o público e a imprensa sobre o que é “voz clonada” — para evitar confusões e manter a confiança na produção musical.

O avanço das vozes clonadas e dos deepfakes abre uma nova fronteira na produção musical: por um lado, uma promessa de inovação; por outro, um conjunto de desafios éticos, artísticos e legais. Como aponta o site Kits.AI: “Uma das questões éticas mais fundamentais… é o consentimento. A voz é um dos atributos mais verdadeiramente únicos de um indivíduo.”

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Para o setor musical — e para publicações especializadas como a Música & Mercado — torna-se fundamental não apenas acompanhar as inovações técnicas, mas também liderar o debate sobre como mantê-las alinhadas aos direitos dos artistas, à autenticidade da arte e à confiança do público. Em última instância, o sucesso dessas tecnologias dependerá da combinação entre criatividade, ética e clareza jurídica.

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