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Opinião: O futuro da música é agora

A pandemia e o isolamento aceleraram e consolidaram diversos processos e conteúdos que já existiam no mercado musical.

IsEurope

O mercado da música foi um dos primeiros a serem afetados pela crise da Covid-19 e provavelmente será um dos últimos a retornarem às atividades cotidianas, basicamente porque grande parte de seu faturamento advém de eventos e shows, ou seja, aglomeração de pessoas. Outro desafio a ser enfrentado é como remunerar toda a cadeia produtiva da música e que depende do showbusiness, como produtores, técnicos de áudio, iluminadores, roadies entre outros.

Apesar de parecer trágica a afirmação acima, os rumos traçados nos últimos dois meses estão nos revelando fortes indicativos de que o mercado musical nunca voltará a ser o que era e que esta seguindo um caminho sem volta.

A parte positiva dessa história toda é que alguns conteúdos que ainda não haviam comprovado sua eficácia no mercado agora estão nadando de braçadas e atingindo um patamar jamais imaginado para 2020.

O relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica referente a 2019 (IFPI, sigla em inglês) apontou que o mercado Latino Americano foi o que mais cresceu pelo quinto ano consecutivo, desta vez em 18,9%, sendo o Brasil o 10º maior mercado musical do mundo, com um crescimento em 2019 de 13,1%.

Esses dados comprovam que o mercado musical brasileiro estava crescendo apesar de todos os desafios políticos, sociais e históricos que ainda precisamos enfrentar nas terras tupiniquins.

Novos modelos e expansão de negócios na música

O isolamento e a pandemia global impuseram diversas restrições de convívio social e formas de trabalho. Rapidamente o mercado musical se reinventou em diversos segmentos, adequando-se à nova realidade imposta e explorando conteúdos que já existiam, muito embora pouco desenvolvidos.

Games

MusicaeMercado

Como exemplo, podemos citar o case de sucesso do rapper norte americano Travis Scott, que realizou seu show Astronomical de forma virtual no jogo online Fortnite. A apresentação contou com a participação de 27,7 milhões de jogadores únicos, sendo o pico de 12 milhões de usuários simultâneos.

O evento, que atingiu a marca de 45,8 milhões de visualizações e contou com uma produção gráfica de alta qualidade, surpreendeu pelo seu envolvimento junto ao público, que teve a oportunidade de presenciar a confirmação da existência e da importância do game para o cenário do eSports.

musica e games fortnite travis scott

 Travis Scott realizou seu show Astronomical de forma virtual no jogo online Fortnite.

Curiosamente, um show virtual em um game online não era algo inédito, na verdade o DJ Marshmello, em fevereiro de 2019, já havia realizado tal feito, inclusive no próprio Fortnite,  alcançando 10,7 milhões de espectadores simultâneos, entretanto, o fator pandemia/isolamento aliado à campanha realizada por Travis Scott e a Epic Games, criadora do jogo, foi um completo sucesso, abrindo caminho para novos formatos, inclusive com possíveis formas de patrocínio dentro dos games.

Lives

Já as famosas lives sofreram um boom logo no começo da pandemia. De fato, o mercado ainda não havia entendido como operacionalizar e monetizar esse conteúdo, que mais uma vez não era novo, entretanto, desenvolveu-se rapidamente um modelo lucrativo para grandes artistas, alicerçado no patrocínio de grandes marcas.

Muitas ações geraram polêmicas, tanto na questão de direitos autorais quanto na atuação dos próprios artistas e regulamentações necessárias, já que o conteúdo estava se tornando uma forma de conteúdo publicitário.

Como exemplo, vale citar a live realizada pela Marília Mendonça no dia 8 de abril, que bateu recorde de audiência ao vivo no Youtube, com 3,2 milhões de espectadores assistindo ao mesmo tempo. O ponto mais interessante dessa história foi o vestido usado por Marília na apresentação, que era da empresa Riachuelo, umas das patrocinadoras da live. O vestido esgotou antes mesmo da live acabar, sendo que as vendas do e-commerce da marca cresceram 124%, e o tráfego do site 56% em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Live de Marília Mendonça: recorde com milhões de visualizações simultâneas e venda de vestido

Novas redes sociais

Mas até agora todos os novos modelos de negócio do mercado musical que comentamos são praticamente restritos a grandes artistas, pois estão intrinsecamente relacionados ao poder de público que estes possuem. Então a pergunta que não quer se calar é: como artistas intermediários e menores podem se encaixar nessa remodelação do mercado, já que sua fonte de renda advinha principalmente de shows?

Essa é uma pergunta difícil de se responder neste momento. O fato é que, de forma emergencial, necessitamos de políticas públicas voltadas ao setor cultural que possam auxiliar a classe artística como um todo, principalmente os trabalhadores periféricos, o que já ocorreu em diversos países, ao contrário do Brasil, que não adotou nenhuma medida neste sentido.

Por outro lado, algumas opções estão surgindo como alternativas para o desenvolvimento da base de fãs e, como citamos anteriormente, a base de fãs é a chave do sucesso da monetização. Também é importante pontuar que essas novas opções ainda fogem das encruzilhadas dos algoritmos, o que é o sonho de qualquer novo usuário em uma plataforma.

Uma delas é o aplicativo chinês Tik Tok, que tem crescido de forma vertiginosa no Brasil e que tem a música como elemento essencial. Obviamente, quem já tem uma base de fãs em outros aplicativos consegue sair na frente na nova plataforma, mas claramente ainda é um terreno muito fértil para os novos usuários sem público. Quem souber aproveitar e entender o funcionamento do aplicativo poderá crescer muito nos próximos meses.

tik tok e kwai pixels

Outro aplicativo que chegou firme no Brasil, também chinês, é o Kwai, cuja lógica é muito semelhante ao do Tik Tok: vídeos curtos e interação rápida. A plataforma já conta com mais de 7 milhões de usuários ativos e já demonstrou interesse em atuar diretamente com o setor musical.

Gravações remotas e produções a distância

A questão do isolamento social acelerou um processo que já vinha ocorrendo no mundo musical: os próprios artistas realizando a produção ou co-produção musical de seus trabalhos. Isso se dá em virtude da diminuição do custo de se obter um home estúdio nos dias de hoje, além do vasto conteúdo educativo de qualidade e gratuito disponível na internet sobre produção musical. Além disso, diversos músicos adquiriram placas de áudio no intuito de realizar gravações remotas e continuarem trabalhando.

A necessidade de criar e produzir dos artistas, músicos e compositores, aliada a uma tecnologia de baixo custo e qualidade considerável, aqueceu o mercado de gravações remotas e produções musicais a distância. Mesmo que haja controvérsias sobre estarmos ou não em um bom momento para realizar um lançamento, em razão de todo o ecossistema que se faz necessário para que esse lançamento tenha mais sucesso, milhares de beats estão sendo criados diariamente ao redor do mundo.

Produções remotas estão acontecendo, e quem tem capital para investir está aproveitando o momento. Uma produção pequena que conta com a participação de um produtor musical, três músicos, um técnico de mixagem e um técnico de masterização, remunera seis profissionais.

Recentemente o Spotify adquiriu a empresa Soundbetter, uma plataforma de produção musical. Ela permite a conexão entre produtores, cantores, engenheiros de som, compositores e outros profissionais desta cadeia. A SoundBetter conta com mais de 180 mil usuários registrados e está presente em 176 países, tornando-se um marketplace da música. A plataforma cresceu durante o período da pandemia exatamente pela necessidade de continuar criando, produzindo e gravando, entretanto, a distância.

O fonograma como patrimônio

Os dinossauros do mercado musical sempre tiveram a plena consciência de que o fonograma é uma fonte de renda fundamental para quem atua no mercado da música. Entretanto, com a mudança do mercado físico para o digital, a nova geração se viu descrente na forma da remuneração advinda da reprodução digital, pois em uma simples conta de padaria se compreendia que era preciso muitos plays para pagar uma conta de água.

Se por um lado estavam corretos, de outro não enxergavam a importância do fonograma e todas as formas de remuneração que este poderia fornecer. Com o fim da renda dos shows, muitos empresários, artistas, músicos e produtores buscaram entender e se informar acerca de outros caminhos de remuneração na música e entenderam que o fonograma na verdade é um patrimônio que não perece.

Existem diversas possibilidades de monetizar o uso de um fonograma, tanto por meio da reprodução digital, advinda dos royalties de streaming digitais, como por exemplo no licenciamento e sincronização para filmes, séries, documentários e etc., ou ainda pela própria arrecadação de execução pública realizada pelo Ecad em Rádios, TVs, estabelecimentos e etc.

Na verdade tudo isso sempre existiu, o que não havia era o conhecimento da classe musical acerca de seus direitos e funcionamento de mercado, logo, quanto mais atuantes esclarecidos, mais rápido chegaremos a um mercado musical menos injusto. O fonograma, que não deixa de ser um produto, quando lançado, se torna um patrimônio para quem detém seus direitos.

Em um período de pandemia, a monetização dos fonogramas é algo imprescindível. A necessidade e a urgência fizeram com que o processo de se incluir a palavra fonograma no vocabulário de qualquer profissional atuante no mercado da música fosse acelerado.

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O compositor Heitor Villa-Lobos, compositor e maestro brasileiro Bettmann/Getty Images

 

Resumo

Diversas oportunidades estão surgindo, em sua maioria ligadas ao setor de tecnologia, o que já era de se esperar. Por outro lado, diversos fundos e ações solidárias ao redor do mundo estão sendo criadas no sentido de minimizar e auxiliar os impactos sofridos pelas populações em estado de vulnerabilidade e a música é um grande catalisador dessas ações.

Em uma análise geral, o mais interessante é que nenhum processo ou conteúdo validado é realmente novo, o que a pandemia fez foi acelerar movimentos que já estavam acontecendo. Antecipamos um futuro que já viria de uma forma ou de outra e indubitavelmente vivemos esse momento sem às vezes nos dar conta de que o futuro da música é agora.

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