Localizada em Vila Guilherme, São Paulo, O Acústico nasceu como uma loja on-line e passou depois a ter um showroom. Hoje, depois da remodelação da loja, é reconhecida como um dois espaços físicos mais organizados e bonitos da cidade.
Há alguns anos tivemos a oportunidade de conversar com Bruno Marcel Melo, proprietário e diretor da loja O Acústico, e saber mais sobre como nasceu este projeto.
Hoje, depois da remodelação da loja física em 2021, O Acústico é reconhecido como um dos espaços mais atraentes no ambiente musical, uma loja boutique que vale a pena visitar.
Bruno conta mais nesta entrevista.
M&M: A sua loja sempre teve sucesso na venda on-line, certo? Sim, nascemos da venda on-line. Tudo começo em casa, somente com venda on-line, daí o negócio foi crescendo, saímos de casa e pude fazer um showroom para começar a atender os clientes fisicamente. M&M: Depois da remodelação em 2021, muitas pessoas começaram a comentar o espaço físico diferenciado que estão oferecendo. Por favor conte sobre isso. O showroom que fiz na sala de casa já era uma ideia do que queria fazer quando tivesse uma loja física de fato, e foi isso o que aconteceu. Quando tivemos a oportunidade de construir a loja física, conseguimos fazer coisas legais, ambientes aconchegantes, produtos bem expostos, para criar uma experiência completa para o consumidor. Sempre pensei no encantamento do cliente. Quando o cliente se dedica a vir na sua loja nos dias de hoje, não podemos perder a oportunidade de o encantar de alguma forma, por isso a loja O Acústico possui muita coisa diferente das outras lojas. Além da exposição dos produtos, a organização, pensamos muito na iluminação. Antes de montar a loja, visitei muitas lojas de diversos setores para poder ter ideias, e aqui conseguimos colocar essas ideias em prática.
M&M: Conte mais sobre essas ideias e o visual de “loja boutique”. Como isso beneficiou a loja? Com as referências que consegui ter e sempre ter o lance do encantamento muito presente, com isso buscamos fazer um ambiente aconchegante. A mudança mais recente que fizemos foi montar uma sala aqui na loja, um local “instagramável” onde pudéssemos ter um espaço para gravar os nossos vídeos de demonstração de produtos e também onde o cliente pudesse testar o instrumento ou aguardar alguém que esteja junto comprando na loja. Deu super certo! Ficou um lugar bonito e aconchegante que já rendeu muitas fotos e vídeos.
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M&M: Ainda contam com o setor de luthieria? Sim, o serviço de luthieria é um plus aqui da loja física. Costumo dizer que o luthier é como se fosse o médico do instrumento e o Pai ou Mãe do instrumento quando confia no médico não quer mais levar em outro lugar. Além do luthier poder indicar ao cliente os produtos e serviços corretos para melhorar a qualidade do instrumento, quando vem prescrito pelo “médico” não tem erro, o cliente não pensa em pesquisar. Ele já aceita de cara a recomendação.
M&M: Como têm sido as vendas desde a remodelação da loja, tanto online quanto físicas? A loja O Acústico cresce a cada ano, tanto no físico como no virtual. O ponto físico está consolidado, estamos aqui há cinco anos e conseguimos criar uma clientela da região e também de bairros vizinhos. No on-line estamos sempre nos atualizando para conseguirmos nos manter na briga que é a venda on-line. No ano de 2020, conseguimos uma grande parceria com as marcas Rozini e Liverpool com a qual iniciamos o trabalho de lojas oficiais das marcas dentro do Mercado Livre. Isso fortaleceu as nossas vendas e contas dentro da plataforma.
M&M: Qual a situação atual da loja? Estamos em uma constante atualização para nos mantermos competitivos no mercado: melhorias no ponto físico, ajuste de mix, melhores compras, novos distribuidores, e principalmente um grande foco em nosso site.
M&M: O que você acha do mercado/venda de instrumentos atual? Pós-pandemia ocorreu uma enxurrada de novos vendedores on-line, muitos infelizmente não fazem conta e prejudicam todo um mercado. Ocorreu também a entrada de grandes magazines, que migraram de outros mercados para o mercado de instrumentos musicais e acessórios. Esses grandes magazines focam no giro de determinados produtos e também acabam prejudicando lojas especializadas que geralmente trabalham com grande parte do mix de produtos das marcas, diferente deles que pegam somente alguns itens e trabalham em cima do preço. Os importadores e fabricantes tem parte nisso. Infelizmente a maioria está vendo somente o dia de hoje e não consegue pensar no futuro do mercado. Isso tem nos preocupado, buscamos conversar com as marcas, mas não sentimos nenhuma mudança que pense no futuro do mercado.
Estratégias inteligentes para instrumentos de alto valor e acessórios no próximo Black Friday.
Durante mais de uma década, a Black Friday se consolidou como o grande momento global de consumo. Porém, no mercado musical, o modelo de descontos massivos e genéricos começa a perder força. O público atual — mais informado, conectado e segmentado — já não reage da mesma forma a promoções amplas e sem estratégia.
Nesta Black Friday, lojas e marcas do setor mostram uma mudança clara: menos descontos indiscriminados e mais ofertas curadas, diferenciadas por categoria e focadas em valor real.
O comprador musical mudou
Consumidores de instrumentos e áudio já não se guiam apenas pelo preço:
Comparam modelos, versões e origem dos produtos
Valorizam garantia, assistência técnica e pós-venda
Priorizam condições de pagamento flexíveis em vez de grandes descontos
A lógica é simples: instrumento é investimento criativo, não compra impulsiva de consumo de massa.
Como criar processos que fidelizam o cliente após a venda de instrumentos e equipamentos de áudio.
Em um mercado de instrumentos e equipamentos de áudio cada vez mais competitivo, o relacionamento com o cliente não termina na venda. A experiência pós-venda e o suporte técnico são fatores determinantes para a fidelização — especialmente em segmentos que envolvem produtos de alto valor agregado, como mesas digitais, interfaces de áudio, amplificadores e sintetizadores.
Empresas que estruturam uma logística eficiente de assistência técnica reduzem custos, ampliam a confiança do consumidor e fortalecem a reputação da marca. A seguir, reunimos práticas adotadas por distribuidores, fabricantes e lojas especializadas que buscam transformar o pós-venda em diferencial competitivo.
Centralizar o atendimento e padronizar processos
O primeiro passo para melhorar o pós-venda é criar um canal único de atendimento técnico. Quando o cliente precisa buscar informações em múltiplos canais (telefone, e-mail, redes sociais), a percepção de desorganização aumenta.
Empresas como Yamaha e Roland, por exemplo, utilizam centros de serviço autorizados com cadastro integrado: o consumidor envia o número de série e recebe o status da análise em tempo real.
Boas práticas:
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Implementar sistema de ticket único (CRM integrado).
Utilizar formulários online para abertura de chamados.
Treinar atendentes para coletar dados técnicos de forma padronizada (modelo, número de série, defeito relatado, data de compra).
Reduzir o tempo de diagnóstico e transporte
O tempo de deslocamento e avaliação técnica é um dos principais fatores de insatisfação no pós-venda.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Distribuidores de Instrumentos Musicais (Abrafam, 2024), 60% das reclamações estão ligadas a prazos de conserto superiores a 30 dias.
Estratégias recomendadas:
Criar estoques regionais de peças de reposição (SP, PR, PE, DF, por exemplo).
Utilizar transportadoras parceiras com coleta programada em lojas e pontos de revenda.
Automatizar a triagem inicial com vídeos ou fotos enviados pelo cliente antes do envio físico do produto.
Caso real:
A marca nacional Staner, no segmento de amplificadores e caixas ativas, reduziu em 35% o tempo médio de reparo após adotar um sistema de pré-diagnóstico remoto feito via WhatsApp corporativo, segundo dados divulgados na feira Conecta+ Música & Mercado 2024.
Mapear indicadores de performance (KPIs)
A qualidade do pós-venda precisa ser medida com dados.
Monitorar indicadores como tempo médio de reparo (TAT), índice de reincidência de defeitos, nível de satisfação do cliente (NPS) e custo logístico por chamado é fundamental para corrigir gargalos.
Exemplo de métrica:
Treinar e certificar assistências técnicas
Fabricantes que investem em treinamento e certificação periódica das assistências autorizadas garantem maior uniformidade nos serviços.
Cursos online e presenciais, manuais técnicos atualizados e acesso a esquemas elétricos são recursos que reduzem erros e melhoram a comunicação entre fábrica e oficina.
Transformar o pós-venda em canal de relacionamento
Mais do que reparar produtos, o pós-venda pode gerar novas oportunidades de venda e relacionamento.
Empresas que mantêm programas de manutenção preventiva, descontos em upgrades e extensão de garantia transformam um problema técnico em uma nova interação comercial.
Exemplo: Alguns distribuidores oferecem a chamada “garantia estendida educacional”, voltada a escolas e estúdios, que inclui revisões anuais com desconto progressivo. Esse tipo de política reforça o vínculo de longo prazo e reduz o churn de clientes corporativos.
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Comunicação clara e rastreabilidade
A transparência é um diferencial competitivo. O cliente deve conseguir acompanhar o status do reparo e ter prazos definidos desde o início do processo.
Sistemas de rastreamento, envio automático de e-mails e relatórios padronizados ajudam a construir confiança.
Checklist de comunicação eficiente:
Envio automático de número de ordem de serviço.
Atualizações a cada etapa do processo (recebido, em reparo, finalizado, despachado).
Canal direto para dúvidas pós-entrega.
A logística de assistência técnica e o pós-venda não são custos, mas ferramentas de fidelização.
Em um mercado onde a reputação circula rapidamente entre músicos e técnicos de som, oferecer suporte ágil e transparente é tão importante quanto lançar um novo produto.
Fabricantes e distribuidores que estruturam processos de pós-venda bem definidos — com dados, prazos e comunicação clara — transformam a assistência técnica em um ativo estratégico.
Mini sintetizadores, interfaces de bolso e caixas de som com bateria refletem novas formas de consumo.
A preferência dos músicos por dispositivos compactos e fáceis de transportar está transformando a oferta de produtos no varejo musical. Mini sintetizadores, interfaces de áudio portáteis e caixas acústicas alimentadas por bateria consolidam-se como opções de alto desempenho que respondem à mobilidade, aos espaços reduzidos e às novas dinâmicas de produção musical.
Segundo um estudo recente da consultoria Music Trades, as vendas de equipamentos portáteis cresceram 18% em 2024no cenário global, impulsionadas por criadores independentes e músicos que buscam soluções práticas para gravar, ensaiar ou tocar ao vivo em ambientes não convencionais.
O que os clientes procuram?
Flexibilidade: dispositivos que possam ser usados tanto em casa quanto em pequenos palcos.
Autonomia: sistemas com bateria para apresentações de rua, parques ou eventos sem infraestrutura elétrica.
Conectividade: interfaces de bolso que se integrem facilmente a computadores, tablets ou smartphones.
O tecladista e produtor argentino Martín Rosales, que atua entre estúdios e turnês independentes, resume a tendência:
“Hoje preciso de um setup que caiba em uma mochila, com o qual eu possa compor em um hotel e, no dia seguinte, usar em um show acústico. Os equipamentos compactos deixaram de ser um recurso secundário — são o centro do meu trabalho.”
Como a loja pode se adaptar
Destacar áreas específicas: criar um espaço de “portabilidade”, onde o cliente possa testar mini sintetizadores, interfaces compactas e caixas de som portáteis em um mesmo ambiente.
Oferecer pacotes combinados: bundles que integrem um controlador pequeno, uma interface e uma caixa portátil para quem busca soluções completas de gravação ou performance.
Demonstrações ao vivo: microshows dentro da loja ou transmissões nas redes sociais que mostrem o desempenho real desses equipamentos.
Educação do cliente: produzir conteúdos com comparativos, tutoriais e guias práticos que reforcem que o tamanho reduzido não significa perda de qualidade.
Uma mudança no modelo de consumo
O avanço da urbanização, a limitação de espaço nas residências e a popularização de formatos como bedroom producersou buskers (músicos de rua) estão por trás dessa transformação. Os equipamentos compactos permitem que artistas mantenham um padrão profissional sem depender de grandes estruturas.
Para as lojas, incorporar essa tendência significa não apenas ampliar o portfólio, mas também alinhar-se a um público mais jovem e conectado, que valoriza tanto a praticidade quanto a agilidade na criação musical.