Entre os vários aspectos que merecem cuidado na nossa empresa, existe um fundamental: a saúde financeira.
Nesta edição, vou dedicar meu foco a uma questão que resume a saúde de uma empresa: saúde financeira. Isso inclui eliminar riscos desnecessários, independentemente do porte ou do tamanho da sua empresa.
Considerando um país onde se governa por meio de medidas provisórias ou decretos de interesses próprios e onde a volatilidade político-financeira é tremenda, quais seriam as ações para mitigar o risco?
Neste país, o assunto seguro é tratado de maneira superficial. Fazemos seguro de saúde, de incêndio, de roubo, de furto, de acidentes e de vida para agradar ao gerente do banco e conseguir uma taxa melhor para empréstimos. Mas não fazemos seguro do nosso dinheiro. Interessante, pois sem nosso dinheiro, talvez nenhum seguro fosse necessário. Você sabia que existem seguradoras de crédito que asseguram sua carteira de venda em até 100%, garantindo seu recebimento após 90 dias caso seu cliente não pague? Sabia que você pode colocar quem quiser como beneficiário da apólice, tornando esse seguro uma garantia bancária na obtenção de mais crédito a melhores taxas?
A essa altura, enquanto você lê esta matéria, já tem duas empresas do segmento operando tal seguro. Eliminando risco e planejando o crescimento focado apenas em vender. Risco de inadimplência e de golpistas mitigado!
A eliminação
Nesse contexto, onde mais é possível eliminar riscos? Talvez na atualização da taxa de conversão de seu estoque. Se você é fabricante ou importador, existem instituições com excelentes taxas de câmbio, o que certamente vai lhe favorecer a cada transação. Mas, e o que já foi comprado? Utilizar o conceito de que “o que vende é o mais barato” inviabilizaria a existência de concessionárias Ferrari, Bentley, Aston Martin etc.
Ao aplicar uma regra de atualização de estoque, a segurança de manutenção de margens é garantida, sendo que sempre se pode conceder mais desconto de forma a encontrar o ponto ideal de preço e lucro. Melhor, pois se negocia melhor.
Em todas as verticais do mercado de áudio, o consumidor em geral é um entusiasta, quando não profissional. No mercado de instalação, há necessidade de infraestrutura, levando em consideração que a comunicação global é feita por meio de tecnologia e uma empresa não pode mais ficar dependendo apenas do telefone. Mas, voltando ao assunto, um consumidor, quando se decide pela compra, vai comprar. É mais do que óbvio que haverá uma pesquisa de preços e conveniências relativas ao processo de compra (seja essa feita em locais físicos ou on-line), mas a compra será feita. Nesse contexto, a atualização do valor de câmbio ou monetária de seu estoque é importante para determinar se o produto em questão poderá ser comprado do fornecedor com o mesmo preço que foi anteriormente. E se então a cadeia fornecimento/venda completa seu ciclo normal de novo, mantendo preços sem solavancos grotescos.
Cotação em mudança
Vejam o já batido caso do dólar: ao mesmo tempo que todos usam a taxa de dólar como indexador de produtos importados, se um estoque é adquirido com o dólar a R$ 3,10 e outro com o dólar a R$ 3,60 (taxa em 10 de maio de 2018), subitamente há um aumento de 14% na conversão livre. Isso quer dizer que às vezes a margem líquida pode ser perdida caso o preço de venda não seja alterado ou ajustado. Muitas empresas grandes usam Hedge, NDF ou Swap, mas acabam no risco de uma aposta malfeita. Mitigar risco significa equiparar seu estoque ao valor que permitirá a recompra dentro de uma variação mínima de preços ao consumidor.
Por último, o maior risco a ser erradicado encontra-se na administração do seu negócio. Considerando fatos culturais, é comum para qualquer empreendedor não deixar que ninguém cuide de seu dinheiro (negócio). É o famoso “o negócio é meu, então quem cuida sou eu!”, esquecendo-se de fazer o que sabe: vender! Venho batendo nessa tecla pois recentemente fui convidado a fazer uma consultoria em uma loja na qual, apesar de tudo, a administração e o financeiro estavam ajustados, mas ao mesmo tempo, bagunçados. O dono necessitava de mais tempo para planejar e executar ações de venda, e acabava gastando-o em apenas administrar. Isso faz sentido se sua empresa tem profissionais que fariam a venda melhor que você, mas se seu “balcão” necessita de sua presença e com ela mais negócios serão gerados, acaba não fazendo o menor sentido gastar seu tempo com isso! Já vi muitos “donos” voltando ao batente da peregrinação por vendas durante esta crise que parece não querer ir embora. Com isso obtiveram mais inteligência de mercado e mais ideias a serem aplicadas para melhorar o resultado. Mas, e se estivessem confinados em seus escritórios apenas acompanhando números e resultados? Bom, é mais fácil culpar o gerente, né?
O que é melhor se você fez seu negócio desde o começo, onde tudo era você? Contratar um vendedor e administrar mais ou menos ou contratar um administrador capacitado ou até mesmo uma empresa terceirizada? Pense nisso.
Às vezes mitigar riscos significa voltar à linha de frente e garantir que a galinha continue colocando ovos. Ou simplesmente esperar o pior e, mais fácil, culpar seu gerente de vendas.
Há muitas soluções inteligentes que o ajudarão a mitigar riscos e tornar sua empresa mais ágil. Aproveite-as!