Com extrema atenção aos detalhes, a RedBurn Guitars conta com o serviço de luthieria do especialista Luciano de Sá para garantir que cada instrumento seja disponibilizado em perfeitas condições.
Luciano de Sá começou sua carreira no mercado como músico e baixista. “Como músico, tive a oportunidade de acompanhar grandes artistas de renome nacional, viajar por todo o Brasil e conhecer alguns países. Na estrada, deparamos com várias situações em que os instrumentos sofrem com transporte e temperatura. Buscando soluções para esses imprevistos, fui conhecendo melhor o instrumento, sua construção e mecânica”, contou Luciano.
Durante o aprendizado musical, ele descobriu que a sonoridade lhe agradava mais do que a agilidade. “Passei a procurar emitir um som mais limpo e definido em vez de tocar ‘mil notas por segundo’. Fui me aprofundando e entendendo a construção do instrumento a fim de me atender como músico, como era gerado o timbre de cada modelo, as madeiras utilizadas e suas características. Logo fui me apaixonando pela arte da luthieria”, relembra. “Aos poucos já fazia a manutenção em meus instrumentos e nos de músicos amigos, até que um dia um colega me falou: ‘Meu baixo caiu e rachou no meio! Preciso colar e já quero tirar a tinta e deixar na madeira. Você faz isso?’ Enfim, recebi assim a minha primeira cobaia! (risos) Fui estudando, pesquisando e traduzindo livros de outros idiomas. Infelizmente a literatura a respeito de luthieria é escassa, assim como cursos profissionalizantes. Hoje trabalho como músico, luthier e penso em me qualificar melhor para, quem sabe no futuro, criar cursos profissionalizantes na área de luthieria.”
Trabalho com a RedBurn Guitars
Em maio de 2018, Luciano recebeu o convite de Leandro Meira (CEO da RedBurn) para fazer um trabalho muito interessante na empresa. “Os violões RedBurn têm um nível alto de construção e são fabricados com materiais de altíssima qualidade. Porém, existia um desejo da marca em oferecer algo a mais, um diferencial que seria justamente a revisão manual de cada instrumento envolvendo ajustes, entonação e testes de todos os componentes feitos por um luthier antes de serem encaminhados para os lojistas ou até mesmo para o consumidor final, no caso de vendas pelo site oficial da RedBurn”, explica Luciano.
“Grandes marcas de instrumentos ganharam destaque mundial por conta de um controle de qualidade rigoroso. A RedBurn criou uma linha de instrumentos que utiliza madeiras nobres, eletrônicos e acessórios de alta qualidade, gerando assim violões com uma sonoridade forte, tocabilidade excelente e muita personalidade. Tudo isso, aliado ao trabalho de luthieria feito no Brasil, torna o produto muito confiável. O objetivo é que os violões RedBurn cheguem às lojas regulados e com sonoridade impecável”, detalhou, diretamente de sua oficina em Campo Grande (MS).
Qualidade em destaque
Da perspectiva de um luthier, o ponto forte dos instrumentos da RedBurn é a qualidade, seja nos materiais utilizados na construção, seja no controle de qualidade feito no Brasil, segundo Luciano. “No período em que trabalhamos com a RedBurn, sugerimos inúmeras modificações, como capotraste e rastilho em osso, reforço longitudinal no braço, até coisas mais simples, como instalação de roldanas para correia, que já vem de fábrica. Tudo isso mostra a dedicação da RedBurn em entregar um produto premium. Não podemos esquecer o serviço de pós-venda, que atende prontamente qualquer observação ou dúvida que o cliente possa vir a ter a respeito do produto adquirido.”
A Redburn possui uma linha completa de violões, que vão de peças para iniciantes até modelos profissionais para palco e estúdio. Cada combinação de madeiras gera uma sonoridade única que agrada a todo tipo de ouvido. “O timbre é muito pessoal. Na hora de escolher um modelo, o ideal é assistir a reviews que a própria RedBurn disponibiliza em suas redes sociais e, se possível, ir a uma loja parceira para testar o instrumento e assim escolher a configuração que mais lhe agrada”, agregou.
A seguir, Luciano conta mais detalhes sobre seu trabalho em luthieria.
Entrevista: Luciano de Sá
M&M: Geralmente os instrumentos que vêm de fora podem sofrer com as mudanças de temperatura. Esse é um problema frequente? Como é solucionado?
Produtos transportados em contêineres sofrem ação da temperatura, às vezes até impactos e trepidações que podem alterar a mecânica do braço. Uma vistoria rigorosa feita individualmente em cada violão, bem como testes e regulagens, asseguram que o consumidor final irá receber um produto 100% garantido.
M&M: No seu trabalho com a RedBurn, houve clientes que pediram para mudar alguma parte do instrumento?
Tenho como lema: “O instrumento deve se adequar ao músico, e não o músico ao instrumento”. Os violões RedBurn vão regulados em uma medida padrão, entregues com entonação e mecânica ajustados. Porém, existem músicos que tocam mais forte, com mais pegada, e esses precisam usar cordas de maior calibre e ajustar seus instrumentos para essa forma de tocar. Outros tocam mais leve e primam pelo conforto — esses podem utilizar calibres menores e cordas mais baixas. Esse serviço é indispensável para quem procura alta performance no instrumento e deve ser feito por um profissional de sua confiança.
M&M: Poderia explicar o passo a passo do serviço que você realiza nos violões RedBurn?
Nossa revisão inicia com uma vistoria estética: verificamos possíveis riscos, batidas ou manchas no instrumento. O segundo passo consiste no aperto e na lubrificação de tarraxas, em seguida polimento dos trastes e hidratação de escala. Assim iniciamos a regulagem de altura de cordas e entonação do instrumento para finalizarmos com o teste da parte elétrica. Após todos esses itens serem verificados, o instrumento recebe um selo de vistoria e fica disponível para o envio.
M&M: Que dicas você daria para os músicos cuidarem dos seus instrumentos do melhor jeito possível?
Diria que a melhor forma de armazenamento do instrumento é em case rígido. Evitar expor o instrumento a altas temperaturas, como em porta-malas de carros, também é importante. Uma dica interessante é ter sempre uma flanela, de preferência de microfibra, para limpeza das cordas. Os maiores inimigos delas são suor e gordura das mãos. Após o estudo ou tocada, se o músico limpar corretamente as cordas, elas terão sua vida útil dobrada.
É importante ter itens de limpeza, como flanela de microfibra e produtos específicos para a manutenção do corpo e da escala, que são encontrados no mercado. Músicos profissionais revisam seus instrumentos a cada troca de cordas. Essa revisão é feita por luthier qualificado, que executa procedimentos preventivos a fim de hidratar e checar itens de desgaste. Uma manutenção preventiva feita por um profissional de luthieria aumenta a vida útil do instrumento e garante que sua mecânica e sonoridade estejam sempre impecáveis.
M&M: O que você prefere: cutaway ou half-cutaway?
Para responder a essa pergunta precisamos falar sobre como é gerado o som dentro do violão. Na parte próxima ao cavalete temos a definição do timbre, lá está o leque harmônico que gera a personalidade do timbre e a clareza dos agudos. Nas curvas frontais perto da junção do bojo com o braço são gerados os graves. Quando utilizamos um cutaway tradicional, perdemos 40% dos graves em relação a um instrumento sem cutaway. Com o half-cutaway essa perda se reduz para 10%. Ou seja, temos acesso facilitado às notas agudas do fim da escala sem perder a sonoridade encorpada, obtendo assim equilíbrio entre graves e agudos.
M&M: Solid top ou tampo normal?
A RedBurn produz violões com dupla camada de laminação (interna e externa) aplicada na lateral, fundo e tampo. Isso, aliado a um acabamento fosco, gera uma sonoridade forte e definida. Em fevereiro de 2021 lançamos dois modelos com tampo maciço. A madeira sólida no tampo permite uma sonoridade mais rica em harmônicos, definição e ataque de nota. Esses modelos vêm para aumentar uma gama de instrumentos que atende do iniciante ao músico profissional. Respectivamente, RB MHG e RB A10 entram no topo da linha RedBurn para atender ouvidos mais exigentes.
M&M: Fora da RedBurn, você também oferece serviço para músicos, certo?
Em 2007 eu tocava profissionalmente e tinha a luthieria como um hobby. Quando decidi sair da estrada, onde eu acompanhava a dupla João Bosco e Vinícius, optei por me consolidar como luthier, montando minha oficina e criando a Luthiano Luthieria. Atendemos músicos profissionais e amadores há 14 anos com manutenção, reforma e fabricação de instrumentos de cordas. No início me dediquei exclusivamente à luthieria, mas assim que pude voltei a tocar com artistas com agendas menos intensas. Assim posso tocar sem prejudicar a demanda da luthieria. Até hoje estou misturando música e artesanato, mesclando experiências como “médico e paciente” para ser um profissional melhor.
Mais informações no site da RedBurn ou no Instagram do Luthiano Luthier.