A Klingen Guitars está trabalhando para ampliar seu estoque para entrega imediata no Brasil e fez parceria com lojista em Nova York para distribuir suas guitarras feitas à mão nos EUA.
Gustavo Konno, fundador da Klingen Guitars, começou a construir guitarras em 2001, quando fez o curso de luthieria da B&H em São Paulo. “Mantive a guitarra como hobby. Comprava muitas guitarras, vendia, restaurava e construía algumas, ainda sem marca. Acabei me interessando em fazer disso minha profissão. Foi então que decidi, em paralelo com meu trabalho ‘comum’, fundar a Klingen em 2015”, contou.
Foram 12 meses desenvolvendo o projeto, construindo, dando errado, tentando de novo, refazendo, até chegar ao conceito utilizado atualmente. “Implementamos como itens de série alguns recursos como buchas de metal em todos os parafusos, barras de fibra de carbono para reforçar o braço, tensor em aço inox, entre outros”, detalhou.
Hoje, a Klingen conta com seis modelos de guitarras desenvolvidos, dois baseados em strato (STT e STM), dois baseados em tele (TLT e TLM), um baseado em Jazzmaster (JMM) e um autoral (Shredder). Mas Gustavo revelou que “o foco daqui para a frente será em modelos autorais. As releituras dos clássicos foram de extrema importância para o nosso começo e devemos mantê-las em produção, mas queremos ser mais que isso”.
Onde são feitas?
A empresa tem uma fábrica em São Paulo com 450 m2, incluindo showroom, escritório, sala de montagem e sala de fotografia. A produção é de baixo volume. Uma guitarra de cada vez. Para ela, são utilizadas máquinas elétricas e computadorizadas para garantir que os instrumentos fiquem perfeitos em termos dimensionais. Já o acabamento é todo manual. Tudo feito só pelo Gustavo: “Nosso processo de fabricação é longo e pouco flexível. Cada modelo passa por um ciclo de desenvolvimento. Antes de ser produzido, fazemos o desenho técnico, a programação das máquinas, a fabricação de gabaritos, a construção de protótipos e aí, sim, disponibilizamos para venda”.
Ele destacou que a Klingen atua em um nicho fechado às novidades e por isso foi preciso usar uma estratégia especial no início da empresa: “Para entrar no mercado, desenvolvemos releituras de modelos clássicos, com algumas melhorias técnicas, componentes de melhor qualidade, fabricação mais rigorosa e com preço menor que um equivalente importado. As pessoas demoram um pouco para entender o que está acontecendo, mas assim que entendem, nos tornamos uma opção muito forte. Não é à toa que a grande maioria dos nossos clientes compra o segundo instrumento Klingen em menos de 12 meses”.
As guitarras são comercializadas apenas por venda direta. “Apesar de o produto ter um valor de venda alto, a margem de lucro é ridiculamente baixa, não comporta um intermediário. Temos um showroom e revendedor em Nova York também.”
Falando sobre isso, a empresa vem se preparando há algum tempo para exportar: abriram o pedido de registro de marca em outros países, foram selecionados pela Apex para o programa de incentivo à exportação do governo e tiraram toda a documentação para operar o Siscomex. “Recentemente participamos de uma exposição em Nova York (EUA), na qual fechamos com um revendedor para termos um showroom permanente da Klingen nessa cidade. Há muitas outras coisas acontecendo, mas nada concreto ainda”, enfatizou.
O que virá? Gustavo disse que os usuários estão demonstrando diferentes demandas em relação aos instrumentos, que vão desde mais variedade de modelos até opções mais acessíveis em termos de preços. “Eu ainda trabalho sozinho e prezo por um crescimento sustentável. Muitos são os desafios, mas acredito que boa parte deles será completada”, comentou.
“Acho que está havendo uma pulverização da produção de instrumentos. Grandes fabricantes estão perdendo volume de vendas para pequenos fabricantes. Parece ser um movimento mais amplo que se vê também em outras áreas, como cervejas, cutelaria, chocolates finos, supermercados, entre outros. Pelo meu lado, espero este ano conseguir encher o showroom com pelo menos cem instrumentos para pronta entrega no Brasil e dez em NY”, concluiu.