Recentemente, Andy Mooney, CEO da Fender Musical Instruments Corporation, apareceu no site do Yahoo Finance com a manchete “CEO da Fender, Andy Mooney, explica por que a Fender não está na NAMM este ano e o que precisa mudar antes de voltar”.
Andy e algumas outras marcas discutiram custos, a influência do digital na vida das pessoas e, claro, resultados operacionais. Andy disse: “Então, com os eventos on-line, descobrimos que estávamos alcançando 5.000 varejistas, estávamos nos aprofundando muito na organização por apenas uma fração do preço e estávamos obtendo mais negócios.”
“Se a NAMM puder me mostrar por que é melhor para a indústria, voltarei”, concluiu Mooney. “Mas agora, estou coçando a cabeça e pensando em como vai fazer isso.”
É neste aspecto que gostaria de me aprofundar.
Veja bem, uma feira não é mais sobre falar com pessoas distantes ou olhar produtos. Em ambos os casos, a tecnologia nos aproximou e atendeu a essa necessidade. Visão e audição são sentidos que podem ser experimentados digitalmente. No entanto, paralelamente aos negócios em feiras, quando se trata de contato humano, CEOs de destaque como Marissa Ann Mayer, conhecida por revolucionar o site Yahoo desde que assumiu em 2012, têm defendido interações face a face, afirmando que “Muitas das melhores decisões e ideias vêm de discussões no refeitório ou nos corredores, de conhecer novas pessoas e de reuniões improvisadas”, em uma declaração enviada por e-mail para funcionários remotos na época.
A grande confusão, a meu ver, é que o digital é mesmo real, veio para ficar, mas a experiência ao vivo é incomparável e, sim, custa mais caro. Se o evento não é importante, por que empresas digitais como a Apple fazem seus encontros ao vivo? Por que não usar o Zoom para anunciar suas novidades para o mundo?
Quanto vale um aperto de mão ao vivo e como isso conecta você com o interlocutor? O ROI do evento mudou e baseá-lo nas mesmas regras dos anos 2000 será enganoso.
No caso da NAMM, por exemplo, qual o impacto na vida dos profissionais de marketing e formadores de opinião ao redor do mundo? A resposta está nas redes sociais, na análise das menções feitas. Andy Mooney provavelmente estava se referindo aos mercados norte-americano e canadense, mas considere o seguinte: qual é o impacto de um evento como a NAMM em distribuidores e potenciais distribuidores em todo o mundo? A visão mais reducionista é “Ah! Mas já conversamos com eles, temos nosso próprio evento”. Está certo? Não! É em um evento como a NAMM que você compara o posicionamento da marca, a atmosfera do mercado, o ambiente, aprimora sua intuição e reforça seus dados, entre outras coisas.
Cada líder volta ao seu país, à sua cidade, fortalecido. Isso faz a diferença. A ausência de marcas icônicas na NAMM é tão ruim para a NAMM quanto para você, Andy. A ausência de poder não fica vaga por muito tempo, e outras que venham depois, abrirão espaço para marcas emergentes ou em ascensão exercerem novas abordagens. Além disso, prejudicam o clima do mercado, que começa a acreditar que a magia acabou.
A liderança é um exercício de responsabilidade e, neste mundo moderno, a arrogância tem um lugar muito específico: o desdém pelo coletivo.
Autor: Daniel Neves, CEO da Música & Mercado.