Músico
Entrevista Marquinho Sax: “2020 foi um ano de muita criatividade”
Publicado
5 anos agoon
Na pandemia, os músicos tiveram que se reinventar e procurar modos de continuar ativos. Isso impulsionou a criatividade ainda mais. Como? Conheça aqui a experiência de Marquinho Sax.
Marquinho Sax tem uma trajetória na música de quase 30 anos e, com certeza, deve ter passado por muitos momentos bons e não tão bons na sua carreira. Muitos podem pensar que a pandemia foi um golpe baixo para os músicos e o mercado musical, mas, afortunadamente, isso não é totalmente certo.
Os shows pararam, sim, mas o mercado não parou. As empresas continuaram trabalhando em novos produtos e serviços, e os músicos também tiveram que se reinventar, buscando modos de continuar tocando, de subsistir, de interagir. No meio disso, também surgiram oportunidades para seguir crescendo e ser ainda mais criativo.

Marquinho e uma das suas criações: a máscara com zíper!
“Mesmo depois de tantos anos atuando ativamente em diversas áreas no cenário musical, a pandemia foi um enorme estopim para a minha criatividade”, conta Marquinho Sax, saxofonista, professor de saxofone e palestrante. “Nos primeiros dez dias fiquei em choque. Como eu já transmitia lives há muito tempo, ei ênfase às lives temáticas, com aulas gratuitas, na intenção de ajudar os colegas saxofonistas, mas logo na sequência criei um projeto voluntário chamado ‘Música na Varanda’, com o qual eu visitava os condomínios verticais e realizava gratuitamente um pocket show. Foram aproximadamente 3.500 famílias (apartamentos) atingidas diretamente e, segundo pesquisa realizada por uma associação de síndicos, 10 mil famílias atingidas no total, somando os prédios vizinhos. Para poder tocar e me proteger, tive a ideia de criar uma máscara facial que me permitisse tocar. Levei a ideia para uma confecção e eles colocaram um zíper. Desde então, após demonstrá-la em vídeos, a empresa passou a fabricar esse modelo sob encomenda e até estão vendendo para outros países!”.
Está vendo? Este é um exemplo de que, mesmo nos momentos que parecem mais difíceis, sempre há uma luz no final do caminho. Quer mais? Marquinho continua: “Na expectativa de que em julho as coisas voltariam ao normal, não dei sequência ao projeto nos condomínios, mas desenvolvi um acessório revolucionário para saxofone. Uma empresa gostou da ideia e juntos lançamos o acessório que já se tornou um sucesso entre os saxofonistas no Brasil: o UP! by Plastireed & Marquinho Sax. Além disso, participei de diversos vídeos collab com vários artistas do Brasil, Peru, Venezuela e também ministrei uma masterclass para músicos do Panamá”.
No nosso mercado, a criatividade também vem da mão do equipamento. Marquinho conta mais sobre a tecnologia que ele usa nesta entrevista.
M&M: O que você tem feito nos últimos meses?
Desde o início de setembro, as atividades voltaram para mim nos restaurantes e no laboratório de análises clínicas, que não parou mesmo durante a pandemia. Aliás, foi lá que eu testei pela primeira vez a máscara com abertura para músicos de sopro.
M&M: Continuou gravando em casa e fazendo streaming?
Sim, eu já transmito lives há muitos anos, mas com a quarentena preparei um home studio mais elaborado, com um cenário aprimorado, para poder oferecer um visual mais interessante. Estou usando uma interface iRig Pro Duo com uma mesa digital que me acompanha desde 2015.
M&M: Se for um show ao vivo, que equipamento acostuma usar?
Este é o meu principal meio de atuação. Trabalho com “música ao vivo” de segunda a segunda, e desde dezembro de 2019 estou usando apenas um iPad conectado ao meu PA portátil. Hoje tenho dois sistemas Mackie, sendo um PA line array compacto SRM-Flex e uma caixa Mackie FreePlay Live. Para uma performance mais interessante, também uso uma pedaleira TC Helicon Voice Live Play Electric com um microfone wireless iVox.
M&M: Isso é interessante. Como a tecnologia ajuda na sua profissão? Algumas pessoas podem pensar que é só ter um sax e pronto, mas o equipamento vai muito além, não é?
Durante todos esses 27 anos sempre precisei montar o meu próprio equipamento de som, exceto quando estou de sideman. Isso foi ótimo porque me impulsionou a buscar um equipamento cada vez mais prático, rápido e fácil de montar. Com este equipamento que uso desde dezembro de 2019, a minha vida literalmente mudou! Nada de cabos, nada de mesa de som física. A tecnologia Bluetooth presente neste meu novo equipamento me permite trabalhar apenas com o PA portátil e um iPad.
M&M: A tecnologia mudou também o modo como você produz música?
Sim, antigamente, para uma boa captação dos meus instrumentos, eu atendia os arranjadores e produtores nos seus respectivos estúdios ou em algum grande estúdio no qual estavam trabalhando. Atualmente, com pouco equipamento, consigo captar, preparar e mandar o material no conforto do meu home studio e enviar com uma qualidade altíssima. Viva a tecnologia!
M&M: Você é endorser de alguma marca?

Apresentação na rua com caixa Mackie FreePlay Live
Sim. Recebi convites de parceria de algumas empresas das quais já era cliente e apaixonado por seus produtos, e com alegria eu os endosso. São elas:
- Barkley Mouthpieces – boquilhas para saxofones. Uso nos meus três instrumentos desde 2005 e recentemente a empresa lançou uma boquilha com a minha assinatura, a MS8 Signature Marquinho Sax.
- Eagle Instrumentos Musicais – saxofones de altíssima qualidade, que utilizo desde 2004. Em 2010 recebi deles um convite para uma parceria que completa dez anos com chave de ouro, pois em alguns dias iremos lançar o Eagle MS80 Signature Marquinho Sax, um saxofone de categoria profissional com várias customizações que eu solicitei.
- Silverstein Works – empresa norte-americana de acessórios para instrumentos de sopro. Eu os endosso desde 2006 utilizando suas incríveis abraçadeiras e, em outubro de 2019, na minha participação na Music China, eles me convidaram para conhecer as palhetas sintéticas Alta Ambipoly. Em janeiro, na NAMM Show 2020, selamos mais essa parceria e passei a endossar também as palhetas.
- Um dos mais famosos e talentosos luthiers de sopro do Brasil, Will Pitondo, me convidou para conhecer o tudel para saxofones totalmente handmade. Eu me apaixonei e o endossei logo após a primeira nota tocada com ele: o Tudel Super Neck kl Will Pitondo.
- Este 2020 está sendo o ano dos lançamentos signature. Recebi um convite da empresa Safe Box Cases para assinar uma linha de cases Marquinho Sax.
- Em 2020, juntamente com a PlastiReed, desenvolvi e assino o estabilizador e potencializador de harmônicos UP! Plastireed & Marquinho Sax. O UP! potencializa os harmônicos em toda a extensão do instrumento. Evita a refração do som na região inicial do tudel, evitando perda de harmônicos importantes enquanto promove a estabilidade nas notas das extremidades (graves e agudos).
- Ainda no final de 2019 recebi uma proposta de parceria com a empresa Seegma Pro Audio para utilizar exclusivamente os sistemas de som Mackie. Sempre fiquei encantado com a alta qualidade das mesas de som Mackie, tanto que na primeira oportunidade comprei uma. A fidelidade do som desses produtos é o que mais me encanta.
Em outubro conheci o PA portátil Mackie SRM-Flex na Music China 2019. Ele ainda não havia sido lançado na América. Quando retornei ao Brasil, enviei uma foto desse PA para um grande amigo que trabalha na Seegma Pro Audio, mas ainda não sabia que eles estavam assumindo a marca no Brasil. Quando soube, fiquei muito feliz e, na sequência, participei de uma demonstração para os revendedores. Nessa ocasião, recebi o convite para essa parceria, que para mim é uma enorme honra!
M&M: Então quando começou a usar Mackie?
No final dos anos 1990, tive uma mesa de som pequena, incrível, mas foi no final de 2019 que troquei todo o meu PA — seis caixas no total — por dois sistemas Mackie. No laboratório, em restaurantes pequenos e para as serenatas ou apresentações ao ar livre, onde não há a opção de energia elétrica, uso a caixa Mackie FreePlay Live; nos eventos maiores, como festas de casamento, jantares dançantes ou quando posso tocar mais alto, uso a caixa Mackie SRM-Flex. Em algumas ocasiões, eu somo as duas!
A principal vantagem que ambas me proporcionam é a praticidade de não precisar mais usar mesa de som. A FreePlay, em especial, além de ser muito discreta, tem o fato de ter uma grande autonomia quando utilizada apenas “na bateria”. Ela me permitiu fechar muitos, muitos contratos durante a pandemia, pois as homenagens de aniversário, serenatas românticas e festivas foram o grande carro-chefe e que me garantiram continuar trabalhando durante a quarentena.
M&M: Falando no geral, tem algum produto ou instrumento que você goste mais de usar?
Amo todos os meus instrumentos, acessórios e equipamentos. Eu me considero um grande privilegiado por poder usar apenas produtos top de linha, me sinto como um piloto de Fórmula 1, que são profissionais que trabalham com o que há de melhor disponível no mercado automobilístico. É até difícil eleger apenas um item para citar, mas, neste momento, a minha queridinha é a Mackie FreePlay Live, um som perfeito em um tamanho perfeito, com uma versatilidade de tirar o fôlego. Eu jamais poderia imaginar que seria possível uma única caixa de som, o mesmo equipamento, ser usado para tocar minha playlist enquanto faço minhas atividades do dia a dia no escritório, ser o meu home theater e ainda poder ser usado como PA para eu trabalhar.
M&M: Você usa software?
Sim, uso o ProTools para as gravações e produções de áudio particulares e de outros produtores.

Estabilizador e potencializador de harmônicos UP! Plastireed & Marquinho Sax
M&M: O que você acha dos softwares para criação musical?
Acho maravilhosos. São ferramentas fantásticas que permitiram e permitem ao músico moderno extravasar sua criatividade em diversas áreas da música, seja na notação musical, no caso de um um arranjador que consegue preparar uma grade para uma orquestra ou big band em apenas uma fração do tempo que era necessário antigamente, quando o mesmo apenas possuía o papel e a caneta. Atualmente recebo guias de produções incríveis para adicionar o sax e a cada dia as guias estão mais perfeitas, o que facilita muito a interpretação para nós, solistas.
M&M: Falando sobre criação e o mercado musical em geral, como você vê esse aspecto no Brasil hoje?
O brasileiro sempre foi e tem essa fama de ser muito criativo. Apesar de a pandemia do novo Covid-19 ter sido um acontecimento inesperado e um período muito triste, para o brasileiro também foi uma fase que despertou ou turbinou a criatividade, tanto de músicos e produtores que se adaptaram à nova realidade e se reinventaram com novas formas de apresentar sua arte, como de fabricantes e lojistas que, por sua vez, também tiveram que se adaptar. Vi muito comerciante que outrora não investia no e-commerce correndo para montar sua loja virtual, assim como também vi e estou vendo um significativo aumento nas vendas. Isso mesmo! Logo após o primeiro momento, quando as criações e inovações ainda estavam incubadas, notei grande interesse por parte de músicos hobistas em reativar suas habilidades investindo em novos instrumentos e equipamentos para se ocuparem ou suportarem melhor a triste quarentena. Apesar de muitos lojistas e intermediários desse setor falarem o oposto, eu vi e vejo esse aumento, logo concluo que em um período difícil como este que estamos passando foi muito interessante ver quanto a população em geral passou a valorizar mais a música! Ansioso para que os grandes espetáculos retornem. Sigo com os meus pocket shows!
M&M: Em que você está trabalhando atualmente?
Neste momento estou retomando as performances ao vivo e, juntamente com as empresas que endosso, preparando o lançamento de três produtos com a minha assinatura, uma enorme honra e responsabilidade para mim. São eles: o saxofone Eagle MS80 Signature Marquinho Sax, a boquilha Barkley MS8 Signature Marquinho Sax e a linha de cases Safe Box Cases MS800 Signature Marquinho Sax.
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A produção musical vive um dos momentos mais dinâmicos de sua história.
Nunca houve tantas ferramentas disponíveis, tantos criadores ativos nem tantas oportunidades para que uma música chegue a públicos globais. Mas, ao mesmo tempo, o mercado é competitivo, em constante mudança e exige habilidades que vão muito além de saber usar uma DAW.
Nesse contexto surge a pergunta: vale a pena estudar produção musical hoje? A resposta é sim, mas com nuances. E aqui exploramos o porquê.
A democratização do estúdio caseiro mudou o cenário
Há 20 anos, produzir uma música exigia estúdios caros e equipamentos inacessíveis para a maioria. Hoje, com um notebook, um par de monitores e um bom conjunto de plugins, qualquer pessoa pode começar a criar músicas do próprio quarto.
Isso gerou dois efeitos importantes:
- Mais oportunidades de expressão criativa, independentemente do orçamento.
- Maior concorrência, já que milhares de novos produtores sobem músicas todos os dias.
Estudar produção é hoje uma forma de se destacar em meio a uma multidão de criadores.
A formação profissional continua sendo uma vantagem
Embora muitos produtores sejam autodidatas, a educação formal — seja uma graduação, pós, curso especializado ou certificação — oferece algo que o YouTube não consegue entregar sozinho:
- Bases sólidas de teoria e áudio
- Ferramentas de análise crítica
- Metodologias de trabalho
- Feedback profissional
- Contatos importantes na indústria
Em um mercado saturado, conhecimento profundo ainda é um fator que abre portas.
A indústria musical é maior do que nunca
O streaming impulsionou um crescimento recorde na música global. Isso abriu novas frentes para produtores:
- Música para artistas
- Música para games
- Publicidade e conteúdo digital
- Trilhas para cinema e TV
- Criação de samples e libraries
- Educação musical online
O produtor de hoje não trabalha apenas em álbuns: ele atua em ecossistemas de áudio.
A demanda por habilidades híbridas está aumentando
Estudar produção musical hoje não significa apenas aprender a gravar uma voz. A indústria precisa de profissionais que dominem várias competências:
- Beatmaking
- Mixagem e masterização
- Edição de áudio e correção vocal
- Programação MIDI
- Design de som
- Música para multimídia
- Gestão de projetos
- Distribuição e marketing digital
Quem se prepara bem pode ocupar múltiplos papéis e gerar renda diversificada.
Inteligência Artificial: ameaça ou ferramenta?
A chegada de ferramentas de IA generativa — como assistentes de mixagem, composição e masterização automática — gerou muitos debates.
Mas a realidade é clara: a IA não substitui produtores; substitui quem não agrega valor criativo.
Estudar, entender e dominar essas ferramentas permite:
- Trabalhar mais rápido
- Experimentar mais
- Melhorar a qualidade das demos
- Reduzir o tempo de edição
- Otimizar fluxos de trabalho
Quem aprender a integrar a IA ao próprio processo estará melhor posicionado.
E a parte econômica?
É uma pergunta legítima: dá para viver de produção musical?
Sim, mas nem sempre por um único caminho. Produtores bem-sucedidos normalmente combinam:
- Trabalho com artistas
- Serviços de mix e master
- Comissões para cinema, TV e publicidade
- Criação de beats e sample packs
- Conteúdo educacional (aulas, cursos, Patreon)
- Apresentações ao vivo
- Trilha e sound design para games
O erro é pensar que produção musical se limita a “fazer músicas para outros”. Hoje é uma profissão com vários modelos de negócio.
Então… vale a pena estudar produção musical hoje?
Definitivamente sim, desde que exista:
- Motivação real
- Disciplina para praticar
- Abertura para aprender novas tecnologias
- Disposição para se adaptar a diferentes mercados
- Paciência para construir uma rede e uma reputação
A produção musical é uma carreira criativa e técnica, mas também um caminho de aprendizado contínuo. Quem se capacita e se mantém atualizado encontra um espaço sólido em uma indústria em expansão.
Estudar produção musical é um investimento em um futuro criativo
A música continua sendo uma necessidade humana, e os produtores são quem dão forma a essa expressão.
Com a preparação certa, o produtor de hoje tem mais oportunidades do que nunca para deixar sua marca, viver da própria arte e construir uma carreira sustentável.
Instrumentos Musicais
A música que acolhe: O poder transformador da musicoterapia
Publicado
1 semana agoon
19/12/2025
A música sempre fez parte da vida de Val Santos. Mas foi em um momento inesperado — e profundamente humano — que sua trajetória artística encontrou o caminho da musicoterapia.
Convidado para um simples show de voz e violão, Val chegou ao local e descobriu que o público era formado por pessoas neurodivergentes de um Núcleo Terapêutico. Em vez de apenas cantar, pediu um microfone, se aproximou e começou a fazer música com eles.
Foi o início de uma experiência coletiva que mudaria sua carreira. “Aí nasceu a Vivência Musical”, lembra. “Eu percebi como a música conecta, inclui e liberta. E quis entender isso profundamente.”
Hoje, Val une técnica, sensibilidade e propósito para transformar vidas por meio da musicoterapia — da infância à terceira idade.
A infância como terreno fértil para a música
A musicoterapia tem um impacto profundo no desenvolvimento infantil, especialmente no campo cognitivo e emocional. Val explica que, para as crianças, a música é mais do que entretenimento: é um espaço seguro para sentir, experimentar e se expressar. “Ela ajuda na autorregulação emocional, reduz ansiedade e fortalece a autoestima. Quando a criança percebe que participa ativamente, que consegue acompanhar um ritmo ou inventar uma melodia, ela se sente capaz.”
Do ponto de vista cognitivo, os benefícios são igualmente impressionantes: concentração, memória, organização de pensamento e raciocínio sequencial.
Ele cita o grupo de atendimento do projeto Vivência Musical — a Mari, o Dudu e o David — que apresentam uma memória musical extraordinária. “Eu toco a melodia e eles identificam a música. Isso estimula intensamente o cérebro”, destaca.
No ambiente escolar, a música também se torna ferramenta de inclusão. Fazer música em grupo — seja com instrumentos, voz ou até percussão corporal — convida ao respeito, à escuta e ao trabalho coletivo. A diversidade se transforma em harmonia.
A terceira idade e o reencontro com a própria história
Entre idosos, principalmente aqueles com Alzheimer ou outras demências, a música ganha o papel de “cápsula do tempo”. “Ela acessa memórias que outras terapias não alcançam”, afirma Val. Uma canção pode resgatar lembranças afetivas, despertar emoções profundas e até retardar o declínio cognitivo.
A musicoterapia também reduz ansiedade, agitação e isolamento — problemas comuns em quadros de demência. No grupo, o ato de cantar ou tocar gera acolhimento e reconexão.
O repertório ideal é aquele que respeita a história sonora do paciente, conceito que os musicoterapeutas chamam de ISO — Identidade Sonora.
Para muitos idosos brasileiros, músicas das décadas de 1940 a 1960, serestas, boleros e sambas da velha guarda são portais para momentos felizes. Francisco Alves, Lupicínio Rodrigues, Orlando Silva e Pixinguinha são presenças constantes nas sessões.
Musicoterapia como ferramenta de inclusão
Seja em escolas, instituições ou comunidades, a musicoterapia ajuda a construir pontes. Para pessoas com deficiência, a música estimula comunicação, expressão, criatividade e socialização — mesmo quando a linguagem verbal não está disponível.
Para quem tem deficiências físicas ou neurológicas, a música também atua como recurso motor e cognitivo, apoiando a reabilitação.
Mas trabalhar com grupos tão diversos é desafiador. Val destaca diferenças etárias, barreiras de comunicação, conflitos, gostos musicais distintos e necessidades individuais muito específicas.
Ainda assim, a música abre caminhos: “É ela que vence o preconceito, que aproxima, que traduz emoções que não cabem em palavras.”
Os desafios da musicoterapia no Brasil
Apesar de ser uma prática integrativa reconhecida pelo Ministério da Saúde, a musicoterapia ainda luta por maior compreensão e visibilidade.
Entre os obstáculos apontados por Val estão:
- Falta de reconhecimento público: Ainda há confusão entre musicoterapeuta, professor de música e músicos que atuam em espaços de saúde. A sociedade nem sempre entende que a musicoterapia tem bases científicas e não é apenas recreação.
- Questões com planos de saúde: Mesmo com avanços da ANS, há negativas de cobertura — especialmente em tratamentos para pessoas autistas. A burocracia e o custo privado das sessões também dificultam o acesso.
- Inserção limitada no SUS: Ainda que esteja prevista na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, a presença da musicoterapia no sistema público é pequena e desigual.
Uma mensagem de esperança
Para Val Santos, a musicoterapia é muito mais que uma técnica: é um encontro humano.
Sua mensagem final é clara e comovente: “Não desistam do tratamento. Investir em musicoterapia é investir no ser humano, em seu desenvolvimento e em seu bem-estar emocional. A música acolhe a todos, sem distinção. Ela não conhece preconceitos — ela convida à conexão e ao autoconhecimento.”
Em um mundo cheio de ruídos, a musicoterapia se torna esse espaço possível: onde cada som encontra significado, e cada pessoa encontra um lugar para ser ouvida.
Músico
Sou músico: como a inteligência artificial pode me ajudar?
Publicado
2 semanas agoon
16/12/2025
A inteligência artificial está transformando a forma como compomos, produzimos, estudamos e gerenciamos a música.
Longe de substituir o artista, a IA tornou-se uma ferramenta poderosa que amplia a criatividade, otimiza processos e abre novas possibilidades para músicos de todos os níveis.
Se você é músico — intérprete, produtor, compositor ou professor — aqui explicamos como a IA pode ajudar você hoje.
- Compor mais rápido e explorar novas ideias
A IA não compõe por você, mas pode ser uma grande aliada quando você precisa de inspiração ou quer experimentar estilos pouco habituais.
Você pode usá-la para:
- Gerar progressões de acordes em diferentes gêneros.
- Criar linhas melódicas ou de baixo como ponto de partida.
- Sugerir estruturas para uma música.
- Explorar ideias quando estiver com bloqueio criativo.
Isso não substitui seu estilo pessoal, mas acelera a fase de descoberta.
- Melhorar sua produção sem ser um expert técnico
Muitos sistemas de IA ajudam em tarefas de áudio que antes exigiam anos de experiência:
- Masterização automática para demos.
- Assistentes de mixagem que sugerem EQ e compressão.
- Redução de ruído e limpeza de gravações.
- Afinação vocal mais natural.
Essas ferramentas não substituem um engenheiro de som profissional, mas permitem trabalhar melhor no home studio e preparar demos de alta qualidade.
- Praticar de maneira mais eficiente
A IA mudou a forma como músicos estudam e treinam:
- Aplicativos que detectam erros de ritmo e afinação.
- Sistemas que geram acompanhamentos personalizados.
- Plataformas que separam faixas (voz, baixo, bateria) de qualquer música para estudo.
- Ferramentas que ajustam velocidade sem alterar o tom.
O estudo se torna mais dinâmico, flexível e adaptado às suas necessidades.
- Criar conteúdo mais rápido para redes sociais
Hoje muitos músicos precisam manter uma presença digital ativa. A IA pode ajudar a:
- Escrever descrições ou roteiros para vídeos.
- Gerar ideias de conteúdo de acordo com seu estilo.
- Editar vídeos automaticamente.
- Criar imagens, capas ou identidade visual para seu projeto.
Em um ambiente em que o tempo é essencial, essas ferramentas agilizam a criação sem perder autenticidade.
- Entender melhor seu público e gerenciar sua carreira
Nem tudo é música: uma carreira profissional exige estratégia.
A IA pode analisar tendências, identificar públicos e até ajudar na logística:
- Escolher os melhores horários para postar.
- Analisar que tipo de conteúdo gera mais conexão.
- Prever crescimento nas plataformas.
- Ajudar no gerenciamento de turnês, calendários e finanças.
É como ter uma pequena equipe de marketing e gestão ao seu lado.
- Explorar novos sons e experimentações sonoras
A IA também permite criar sons impossíveis com instrumentos tradicionais:
- Sintetizadores baseados em IA.
- Efeitos que “aprendem” seu estilo e se adaptam.
- Bibliotecas que geram articulações realistas de cordas, metais ou vozes.
Isso amplia sua paleta sonora e permite inovar nas produções.
- Facilitar a colaboração com outros músicos
A IA pode:
- Transcrever ideias para enviá-las rapidamente.
- Criar demos para compartilhar com sua banda ou produtor.
- Traduzir letras mantendo o sentido original.
- Sincronizar projetos entre diferentes DAWs.
Colaborar nunca foi tão simples, inclusive à distância.
A IA vai substituir os músicos?
A resposta é clara: não.
A IA pode gerar padrões e sons, mas não possui intenção, emoção nem contexto cultural. Os músicos que souberem integrar essas ferramentas terão vantagem: mais tempo para criar, mais clareza nos processos e maior capacidade de competir em um mercado saturado.
A IA é apenas mais um instrumento. A criatividade continua sendo sua.
A IA não veio tirar seu arte — veio potencializá-lo
Se você é músico, a inteligência artificial pode ajudar você a ser mais produtivo, mais criativo e mais estratégico.
Da composição à produção e ao gerenciamento da carreira, essas ferramentas ampliam suas possibilidades, não as limitam.
O futuro da música não será “IA vs. músicos”, mas músicos que usam IA para levar sua arte ainda mais longe.
Áudio
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