Fábrica
Renovação da SGM direto da Dinamarca
Muitos se lembrarão da antiga SGM italiana, mas hoje a empresa mudou. Sua matriz fica na Dinamarca e sua linha de produtos também foi modificada. Em entrevista exclusiva, Peter Johansen, CEO, revela mais detalhes
A SGM foi fundada na Itália em 1975, por Gabriele Giorgi e Maurizio Guidi, de onde vem a sigla do seu nome: Societa Gabriele Maurizio. Teve seus anos dourados nas décadas posteriores com suas luzes de efeitos, máquinas de fumaça, controladores e movings. Prova disso foi a linha Giotto, reconhecida e usada amplamente em muitos países do mundo, como o Brasil.

Peter Johansen, CEO
Em 2009, a empresa passou a fazer parte do Grupo RCF, que até esse momento só contava com marcas de áudio. Por isso decidiram chamar Peter Johansen — fundador da reconhecida Martin Professional e com enorme experiência na indústria de iluminação — para encabeçar a equipe em 2010.
Dois anos depois, Peter e um grupo de associados adquiriram a companhia e uma nova etapa começou. Passaram a trabalhar com vários profissionais que já tinham feito parte do staff da Martin no passado, mudando sua matriz para Aarhus, na Dinamarca, e focando suas criações em produtos baseados na tecnologia LED.
Mais recentemente, final de 2015, a empresa passou por uma nova reestruturação, com a saída do grupo de sócios e a entrada de apenas um novo coproprietário, o empresário Paolo Covre, da empresa de investimentos Eurofinim, aportando novo capital, mas mantendo o resto da linha de trabalho da empresa, agora sob o nome SGM Light A/S. Quer saber mais? Aqui vai sua história.
O INGRESSO DE PETER
Música & Mercado: Qual era a situação da SGM quando você a adquiriu?
Peter Johansen: Bom, é uma história complicada. A SGM começou nos anos 70. Era uma companhia italiana que fazia produtos de boa qualidade, mas que depois caiu na armadilha chinesa. No final de 1990, início de 2000, quiseram fazer dinheiro rápido renunciando aos bons produtos originais e comprando produtos chineses baratos, com a esperança de vendê-los pelo dobro de preço, de modo que esse conceito estragou totalmente a imagem da SGM. Em 2009, a SGM foi adquirida pela RCF, uma companhia de som inteligente que achou que podia comprar uma empresa de iluminação e torná-la um sucesso absoluto. Poucos meses depois de adquiri-la, ligaram para mim e disseram: “Sabemos da sua trajetória na Martin, então, por favor, ajude-nos a ter sucesso”. Eu disse que não. Depois ligaram de novo. Após três ou quatro ligações, você sabe, os italianos têm um jeito especial de convencer as pessoas, especialmente alguns do sul da Itália. Então, tive que dizer que sim! Reuni a minha antiga equipe de pesquisa e desenvolvimento da Martin, pessoas que tinham trabalhado comigo por 30 anos em diferentes operações, e começamos com tudo.
M&M: O que aconteceu no final de 2015, quando a Eurofinim e seu CEO, Paulo Covre, entraram na história da companhia?
PJ: É uma longa história. Muito mudou com isso, porque não sou um homem muito fácil com quem trabalhar. Tínhamos um grupo de acionistas complicado por trás da SGM e não sou uma pessoa muito corporativa. Se queriam realizar alguma coisa, tinha de ser do meu jeito. Fora isso, alguns dos acionistas individuais tinham enormes discussões internas que estavam limitando as possibilidades da SGM e, supostamente, o Paulo iria a unir-se à nossa equipe como acionista há vários anos, mas esses outros acionistas não queriam. Por isso tive que tomar uma decisão que fizesse a companhia se mover na direção que queríamos.

PJ: Perfeita! Agora só tenho um sócio e é muito mais fácil. Sabe, alguns homens têm 15 namoradas e sempre têm problemas porque todas querem ser a número 1. A mesma coisa acontece com os acionistas. De modo que agora só tenho um homem. Temos muito poucas reuniões e durante elas passamos mais tempo curtindo a vida do que falando de negocios, porque ambos pensamos na mesma direção.
M&M: Quantos engenheiros trabalham na empresa?
PJ: Vinte. Tenho um modo muito inteligente de contá-los. Quando chego todas as manhãs, conto suas pernas e divido por dois!
M&M: Você também se envolve na criação de produtos?
PJ: Sim. Não físicamente, mas participo de todas as reuniões importantes. Há várias pessoas-chave que têm estado comigo por muitos anos e delego a maior parte do trabalho a elas. Só me envolvo quando se devem tomar decisões críticas ou se querem deter um projeto e começar outro completamente novo.
M&M: A tecnologia e os produtos têm mudado muito na SGM desde a época em que era uma companhia italiana. Essas mudanças também se refletiram na estratégia corporativa da empresa?
PJ: Tudo mudou em todos os sentidos. Não gosto de falar mal de ninguém, mas se tivesse que responder a essa pergunta poderia soar um pouco grosso. As companhias italianas, especialmente a SGM, foram conhecidas por muitos anos por ser criativas, com bons productos, mas nem sempre confiáveis. A SGM costumava ter um bom departamento de vendas, um bom departamento de design, mas um péssimo departamento de serviço técnico. As pessoas de vendas falavam inglês, mas aqueles no serviço técnico não sabiam nem uma palavra em outro idioma que não fosse italiano, então minha filosofia não mudou nos últimos 30 anos. A Martin tornou-se a maior do mundo não porque estávamos fazendo os melhores produtos — definitivamente não eram os melhores produtos na época —, mas porque tínhamos fornecedores sólidos e um fantástico serviço técnico de suporte. Esses pontos-chave da Martin na velha época não foram destaques na SGM, mas são hoje. Colocamos o serviço técnico à frente de todo o resto porque é um produto altamente complicado e atuamos principalmente na indústria de touring. Você não pode parar um show porque um aparelho não está funcionando. Então, se houver algum problema — que realmente já não há mais —, tem que ser solucionado aqui e agora, sem importar quem tem culpa. Essa é uma das grandes mudanças.

Wireless e com proteção climática
M&M: O que é ser inovador atualmente, com tantos imitadores?
PJ: Esse é o próximo ponto na história. Depois de ter reunido meus ex-colegas da Martin. O tema mais importante na indústria de iluminação é eliminar da sua mente o que está disponível no mercado, esquecer do que os outros estão fazendo. Não olhe para o que o mercado está demandando, observe o que o mercado não tem neste momento, o que não existe no mercado.
M&M: Os designers de iluminação sabem o que querem ou simplesmente usam o que você fornece?
PJ: Eles são artistas. Quando um artista quer fazer uma peça de arte, não quer nada pré-fabricado, quer ter liberdade total. Só precisa de tintas, telas e pincéis para sua obra. Nossa filosofia se baseia em produzir ferramentas que não estejam no mercado neste momento. Dar-lhe algumas tintas, telas e pincéis que não existem ainda para que possa fazer alguma coisa nova ou fazê-la em um novo ambiente. De modo que nossa filosofia é basicamente que não nos importamos em absoluto com o que a concorrência está produzindo, não falamos com muitos designers de iluminação sobre o que é que eles precisam, porque se perguntarmos isso para cem designers, vamos obter cem respostas diferentes e perderemos o caminho do que estamos fazendo. Então, temos um comitê muito pequeno, de fato o menor do mundo, formado só por mim!
Desafortunadamente não uso drogas, não uso LSD, nem nada disso. Acho que deveria começar a usar porque alguns grandes empresários industriais usavam e tiveram muitas boas ideias. Eu simplesmente caminho por aí, observo, escuto comentários de todos e de repente aparece algum produto na minha mente ou uma ideia de produto sem perguntar para ninguém, sem testá-lo no mercado. Simplesmente o produzimos rápido, e esse método tem sido bem-sucedido nos últimos cinco anos.
M&M: O que é o seguinte na iluminação?
PJ: Nos próximos cinco ou seis anos, não sei que direção a iluminação tomará do ponto de vista artístico, mas do ponto de vista técnico, toda a iluminação será LED, as luzes convencionais desaparecerão. Haverá uma integração mais próxima entre a 
M&M: E sobre os wireless?
PJ: Estamos andando nessa direção. Já temos quatro produtos wireless, tanto em nível de comunicação quanto de energia. Se tivermos sorte, o DMX desaparecerá porque é estúpido! É um protocolo que está baseado nas luzes inteligentes, tem muitas limitações e problemas. Acredito que tudo irá na direção do wi-fi, ou pelo menos isso é algo que estamos integrando em nossos produtos agora mesmo. Os produtos serão controlados centralmente por monitores, e estamos focando nisso também. Quero dizer, o entretenimento é divertido, mas o grande negócio está na arquitetura ou nas instalações permanentes. Estamos trabalhando no controle central completo de todos os nossos produtos instalados no mundo todo como um conceito futuro, de modo que os aparelhos de iluminação possam ser montados em qualquer lugar, mas monitorados, programados e atualizados de qualquer outro lugar. Resumindo: basicamente a iluminação será LED e IP65 — porque IP65 não só significa à prova d’água, mas também livre de manutenção. Se você observar um show ou uma sala de demo, está sempre cheia de fumaça, que é uma substância horrível. Sei disso porque eu a criei há muitos anos. Deveriam me dar prisão perpétua por fazer isso! A fumaça é água com glicol. Se um produto não é IP65, seria altamente danificado pela fumaça, devido à presença da água como um dos seus componentes, o que cria corrosão, o que significa um curto-circuito, vida curta, lentes sujas e mais. Os produtos que não são IP não têm um ciclo de vida muito longo.
M&M: Que outros serviços a SGM tem que a fazem diferente das outras?
PJ: É simples: resposta imediata 24/7. Temos produtos no mundo inteiro, graças aos distribuidores que os têm reposto, mas às vezes se encontram com problemas e não sabem o que fazer, por isso sempre tem alguém on-line para responder imediatamente. De fato, tenho uma bíblia, que na verdade é um título perfeito para o meu livro, que contém os ‘sim’ e os ‘não’ que não existem. Se alguém obtém um ‘não’, seja um distribuidor, um cliente ou até um funcionário, tem de vir diretamente a mim e eu transformarei todos os ‘não’ em ‘sim’. Se você ler uma das primeiras revistas da empresa que fizemos, na primeira página editorial dei meus números de telefone pessoais, de modo que se alguém, em qualquer lugar do mundo, tem um problema ou precisa falar com alguém dentro da empresa, pode ligar para mim 24/7.
Da China até a América Latina
M&M: O que você acha da China? Estão copiando, mas também desenvolvendo seus próprios modelos. Isso está baixando os preços?
PJ: Pessoalmente, não tenho problemas com a China. Tenho um mercado grande lá. Estamos vendendo bem nossos produtos no 
M&M: O que você acha do mercado latino-americano?
PJ: Gostaria de estar mais presente aí. Há alguns poucos países em que estamos indo extremamente bem e estou ansioso por poder ingressar em todos os mercados da região!
M&M: No ano pasado vocês abriram uma operação no México. É só um espaço para demo ou funciona como um escritório local?
PJ: É uma combinação de ambas. Ainda não leva o nome SGM México, mas o fará em cooperação com o nosso distribuidor. O sucesso do que temos feito no México é incrível e o modo mexicano de fazer o que estão fazendo nessa indústria é perfeito. Isso também resultou no fato de que conseguimos envolver uma empresa mexicana chamada ROA para fazer a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 — na qual se usaram 160 x P-2 e 200 x G-1 Beam da ROA, além de unidades P-5, Q-7 e G-Spot instaladas por empresas brasileiras e outros fornecedores estrangeiros como a PRG, com design de iluminação de Durham Marenghi, o que é bastante incomum. O profissionalismo dos mexicanos, a qualidade de produtos que têm e sua habilidade para atuar rápido rendeu grandes trabalhos ao México nas Olimpíadas brasileiras. Trabalhos que os brasileiros não puderam fazer eles mesmos. Espero que possamos replicar a estrutura e o profissionalismo do México nos outros países. Há muito interesse nos países latino-americanos, mas simplesmente leva tempo porque não queremos só pôr alguém para vender nossos produtos. Precisamos ter a infraestrutura correta, um bom departamento de serviço técnico, instalações de treinamento. Isso leva tempo e é no que Ben Díaz (gerente de vendas para a região) está trabalhando. Nos velhos tempos, o Brasil foi um de nossos maiores mercados. Temos certeza de que voltaremos a consegui-lo!
M&M: Qual é o próximo passo na sua carreira?
PJ: Este é o último trecho da minha carreira. Estou escrevendo um livro, tenho uma história muito emocionante. Quando renunciar aqui, simplesmente estarei renunciando à vida, então esta é a minha última aventura!
NO MERCADO LATINO
O designer de iluminação espanhol Ben Díaz trabalha na empresa desde 2014 como gerente de treinamento de produtos para a América Latina. Aqui, Ben conta mais sobre as atividades da empresa na região.
M&M: Que mudanças houve nos últimos anos para a SGM na América Latina?
BD: Basicamente o que houve foi um incremento enorme na presença da marca na América Latina. O México tem sido chave para nós e temos centrado todos os nossos esforços nesse país. O que temos feito junto ao nosso distribuidor, a Representaciones de Audio, que tem uma estrutura muito bem montada, é dar treinamento e suporte massivo local. Estamos focados em abrir o showroom da SGM, que até hoja se chama ‘Área de Exposição e Treinamento da SGM México’, e espero não me equivocar em dizer que é o maior showroom que um fabricante já fez na América Latina. Temos 130 aparelhos permanentemente lá, incluindo movings e todos os wash, para que qualquer usuário mexicano possa ter acesso a todos os produtos que a SGM apresenta nas 
M&M: Em que outros países têm se focado?
BD: Primeiro, tentamos consolidar o relacionamento no Brasil com LBO/Hot Machine. Eles estão ampliando instalações e, de alguma maneira, estamos implementando a nova marca porque a SGM é conhecida no Brasil pela linha anterior a Peter, especialmente com a série Giotto. Então, estamos tentando dar mais suporte ao Brasil, participando nas feiras locais. Ao mesmo tempo, entramos em países onde não tínhamos muita presença, trabalhando com integradores em lugares como Equador e Paraguai. Estamos trabalhando com integradores porque, como o Peter explicou, os distribuidores oficiais devem ter um showroom de acordo com os padrões da SGM. Pedimos que tenham estoque local, peças de reposição, serviço local certificado e pessoas de vendas só para a SGM, mas entendemos que o modelo na América Latina é diferente de acordo com o país. Sabemos que um país como o Brasil, ou o México, talvez um país como o Chile, podem fazê-o sem maiores problemas. Mas em outros lugares normalmente se trabalha por meio de integradores, não há um distribuidor como na Europa, mas sim alguém que possa integrar, apresentar soluções e dar assistência em outros setores. Essa é a maneira como estamos trabalhando. Sem dúvida, o que estamos tentando é criar uma rede de distribuição no resto do continente que possa fazer o que temos feito no México.
Mais informações: www.sgmlight.com
No Brasil: www.hotmachine.ind.br
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Efeitos, Pedais e Acessórios
Fuhrmann rebate rumores sobre o fechamento da empresa
Influencer declarou que a fabricante de pedais havia encerrado suas atividades.
A disseminação de informações falsas, popularmente conhecidas como fake news, é um dos maiores desafios da era digital. A desinformação não apenas afeta pessoas, mas também pode gerar danos significativos para empresas, setores produtivos e até comunidades inteiras. Recentemente, a fabricante de pedais Fuhrmann enfrentou um exemplo desse fenômeno, quando informações incorretas foram divulgadas por um influenciador digital.
Em um vídeo publicado por Leo Godinho (removido por violar os Termos de Serviço do YouTube), dois modelos antigos de pedais da Fuhrmann foram avaliados, mas o conteúdo incluiu afirmações incorretas sobre a empresa. Entre as declarações, Godinho afirmou que “fontes semi-oficiais” teriam confirmado o encerramento das atividades da Fuhrmann no Brasil, sugerindo ainda que a marca estaria operando exclusivamente por meio de vendas online e, possivelmente, descontinuaria até mesmo essa operação.
Ao buscar esclarecimentos, o CEO da Fuhrmann, Jorge Fuhrmann, classificou o caso como “extremamente preocupante” e lamentou o impacto da desinformação nas redes sociais. Ele assegurou que a empresa está, na verdade, em plena atividade e preparando lançamentos para 2025. “Não faria sentido algum investir no desenvolvimento de novos produtos para, depois, encerrar as atividades”, afirmou.
Investimentos em tecnologia e produção local
Com sede em Penápolis, interior de São Paulo, a Fuhrmann mantém sua operação em uma fábrica de 650 m², onde produz cerca de 800 pedais por mês. Segundo a empresa, ao longo de seus 18 anos de atuação, tem investido consistentemente na qualificação de colaboradores, em novas tecnologias e em maquinário avançado para aprimorar processos.
Os pedais da nova linha são mais compactos e eficientes, equipados com componentes SMDs (Surface-Mount Devices) que são montados automaticamente, trazendo inovação e modernidade aos produtos da marca. Jorge Fuhrmann destacou ainda que a empresa não possui planos de terceirizar sua produção.
Combate à desinformação
Como medida para evitar episódios similares no futuro, a Fuhrmann anunciou a criação de uma seção especial em seu site voltada à imprensa, influenciadores e ao público em geral. O objetivo é divulgar notas oficiais e esclarecer dúvidas sobre a empresa e seus produtos, combatendo possíveis boatos antes que eles se espalhem.
O episódio reforça a importância de verificar informações antes de compartilhá-las, especialmente em um ambiente digital onde rumores podem ganhar grandes proporções rapidamente.
Cultura
Música transforma vidas de presos em projeto de ressocialização
A ressocialização de detentos no Brasil tem ganhado novas dimensões com projetos que unem capacitação profissional e arte.
Iniciativas como o Sons da Liberdade, no Acre, e o Baqueart, em Pernambuco, utilizam a fabricação de instrumentos musicais para proporcionar aos internos uma oportunidade de recomeçar suas vidas de maneira digna, oferecendo uma nova perspectiva de reintegração social e profissional. Além de promoverem o desenvolvimento de habilidades técnicas, esses projetos utilizam a música como ferramenta de transformação, criando oportunidades reais para os presos saírem do sistema penitenciário com novas chances no mercado de trabalho.
Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen)
No Acre, o projeto Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), se consolidou como uma referência nacional na ressocialização de detentos através da luthieria, a arte de fabricar instrumentos musicais. Desde maio de 2024, os reeducandos são capacitados a construir violões e guitarras de alta qualidade em uma oficina que proporciona 222 horas de aulas práticas e teóricas. O coordenador do projeto, Luiz da Mata, destaca que a iniciativa tem como objetivo oferecer aos detentos a chance de aprender uma nova profissão, preparando-os para o mercado de trabalho após o cumprimento de suas penas.
O reconhecimento da qualidade dos instrumentos fabricados pelos presos foi evidenciado durante a Expoacre 2024, onde os violões confeccionados na oficina chamaram a atenção de visitantes e músicos locais. “A madeira é de qualidade, e por ser feito por reeducandos, é algo muito interessante, muito gratificante”, comentou o músico Rafael Jones, que visitou o estande do Iapen durante o evento. Além do sucesso na Expoacre, o projeto Sons da Liberdade foi convidado para expor seus instrumentos na Conecta+ Música & Mercado, a maior feira de música da América Latina, um reconhecimento significativo da qualidade do trabalho realizado dentro do sistema penitenciário.
Jardel Costa, policial penal e instrutor de luthieria no Sons da Liberdade, enfatizou a satisfação dos detentos em ver seu trabalho sendo apreciado pela comunidade. “Eles têm ficado muito felizes, tanto com o instrumento pronto, quanto com o fruto do trabalho, também com as pessoas vindo ver o instrumento, tocar neles, ver que é um instrumento bom, de qualidade, que não perde em nada para um instrumento profissional”. Essa valorização do trabalho contribui diretamente para a autoestima dos reeducandos e reforça o potencial transformador da arte dentro do ambiente prisional.
Projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA)
Paralelamente, em Pernambuco, o projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), localizado em Canhotinho, também promove a reintegração social por meio da música. Desde agosto de 2024, os detentos participam de aulas teóricas e práticas de fabricação artesanal de instrumentos de percussão, como zabumbas, surdos e pandeiros. Segundo Paulo Paes, secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, o projeto busca oferecer uma formação técnica que permita aos internos sair do sistema penitenciário com condições de sustentar suas famílias e viver com dignidade.
Além da capacitação técnica, o projeto Baqueart se destaca pela abordagem ambientalmente sustentável, com a produção totalmente artesanal e manual, sem o uso de produtos químicos ou máquinas. Sérgio Reis, professor responsável pela formação dos internos, destacou a importância do método: “O processo é totalmente manual, respeitando o meio ambiente e ensinando uma nova forma de trabalho para os internos”.
A valorização do trabalho dos detentos no projeto Baqueart também é recompensada com remuneração e direito à remição de pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal. “O Baqueart faz parte de uma transformação maior no sistema penitenciário de Pernambuco, onde trabalho, renda e educação são pilares fundamentais”, afirmou Alexandre Felipe, superintendente de Trabalho e Ressocialização. A iniciativa tem sido vista como um modelo a ser seguido, com planos de expansão para outras unidades prisionais no estado.
Essas iniciativas de luthieria dentro do sistema prisional não apenas promovem a capacitação técnica dos detentos, mas também oferecem um meio de abstração e reabilitação emocional por meio da música. Para Daniel Neves, presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música), os projetos têm uma importância multifacetada: “A fabricação de instrumentos musicais pelos detentos atua em dois parâmetros: a criação de um ofício e a abstração que o instrumento proporciona. Foi louvável a atitude das diretorias de ambos sistemas penitenciários que trouxeram estas atividades aos detentos”.
Ao capacitar os internos para uma nova profissão e permitir que eles utilizem a música como forma de expressão e superação, os projetos Sons da Liberdade e Baqueart demonstram o potencial transformador da arte dentro do sistema penitenciário. Essas iniciativas oferecem aos detentos uma oportunidade real de reescreverem suas histórias e de retornarem à sociedade com dignidade e novas perspectivas de vida.
Empresas
Giannini: quais os próximos passos da recuperação judicial da mais tradicional fábrica de violão do Brasil?
Nesta última semana de julho, o jornal O Estado de São Paulo noticiou sobre o pedido de recuperação judicial da Giannini, a centenária fábrica brasileira de violões.
A Giannini, fabricante de instrumentos musicais com mais de 100 anos de história, entrou em recuperação judicial. Nos autos do processo, a empresa atribuiu a crise à pandemia de covid-19, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, que levou a marca a acumular dívidas acima de R$ 15,8 milhões.
De acordo com dados do Serasa Experian, pedidos de recuperação judicial aumentaram 71% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Especialistas apontam que o controle da inflação e do câmbio, a queda dos juros e a geração de empregos são fundamentais para interromper a tendência de endividamento.
Giannini solicita Recuperação Judicial
No processo, a Bacelar Advogados representou a empresa perante o Juiz de Direito de uma das Varas Regionais de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª e 10ª RAJ do Estado de São Paulo, elaborando um pedido liminar para a manutenção das atividades empresariais e requerendo a Recuperação Judicial da empresa.
O Juiz de Direito, Dr. José Guilherme Di Rienzo Marrey, nomeou a empresa Brasil Expert Análise Empresarial de Insolvência Ltda para realizar trabalhos técnicos preliminares na Giannini. Isso inclui verificar as condições reais de funcionamento da empresa, visitar a sede e filiais, certificar a regularidade das atividades, verificar a documentação apresentada e identificar interconexões e confusões entre ativos ou passivos das devedoras, além de detectar indícios de fraude e confirmar se os principais estabelecimentos estão na área de competência do juízo.
Relatório Preliminar
A empresa Brasil Expert realizou a perícia preliminar e relatou: “Após uma minuciosa análise da documentação apresentada pela Requerente, acrescida da diligência realizada, conclui-se que a solicitação de recuperação judicial está fundamentada em uma crise econômico-financeira real e substancial. Não foram identificados indícios de que a Requerente esteja utilizando o instituto da recuperação judicial de forma fraudulenta.”
O relatório continua: “O exame dos documentos e das informações financeiras revela uma queda no endividamento de curto prazo da Requerente, de R$ 39,73 milhões, no período entre dezembro de 2021 e maio de 2024. Já o endividamento de longo prazo apresentou um aumento significativo de R$ 395,92 milhões. Este crescimento no passivo reforça a evidência de uma crise financeira genuína e não uma manobra para uso indevido da recuperação judicial.”
Mercado se solidariza
O mercado da música se solidarizou com a Giannini. Roberto Guariglia, diretor da marca Contemporânea de percussão brasileira, manifestou-se em um grupo de fabricantes de instrumentos musicais: “Estamos na torcida para que vocês vençam mais este obstáculo que muitas indústrias brasileiras enfrentam. Que a presença da Giannini continue importante no cenário musical mundial!” Em outros grupos, as mensagens de solidariedade não pararam de chegar.
Em mensagem para a Música & Mercado, a ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música declarou: “O ambiente de negócios no Brasil tem suas intempéries e a Giannini é uma das raras empresas a ultrapassar 115 anos no país. Torcemos pela sua administração e fazemos votos para que o setor se reúna para proporcionar sustentação à empresa.”
Próximos Passos
Com o pedido de recuperação judicial deferido, a cobrança de dívidas fica suspensa por 180 dias, e um plano de reestruturação deve ser apresentado.
- Publicação da Decisão:
- A decisão será publicada no Diário Oficial e os credores serão notificados.
- Nomeação do Administrador Judicial:
- Um administrador judicial será nomeado para supervisionar o processo.
- Apresentação do Plano de Recuperação:
- A Giannini deve apresentar um plano detalhado em 60 dias.
- Assembleia Geral de Credores:
- Os credores discutirão e votarão o plano de recuperação judicial.
- Implementação do Plano:
- Após aprovação, o plano será implementado e supervisionado pelo administrador judicial.
- Monitoramento e Cumprimento:
- A empresa deve cumprir todas as condições e prazos estabelecidos.
- Encerramento do Processo:
- Se o plano for bem-sucedido, o juiz encerrará o processo de recuperação judicial.
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