Instrumentos musicais retomam o crescimento no Brasil liderados pela alta importação de guitarras, contrabaixos e baterias.
Após o impacto da recessão no mercado da música a partir de 2014, a venda e importação de instrumentos musicais vem respondendo positivamente ano após ano.
De acordo com a análise da Anafima (Associação Nacional da Indústria da Música) com base em dados da Receita Federal, a importação do setor resultou em um 75,5 milhões de dólares, crescimento de 11,5%, em 2018 em relação ao mesmo período de 2017.
A importação de guitarras, contrabaixos elétricos, baterias e seus acessórios teve crescimento em dólares de 44% e 42%, respectivamente, o maior aumento percentual na categoria.
A quantidade de produtos importados aumentou pouco mais de 50%. Vale considerar que no ano de 2017, o mercado de guitarra/contrabaixo e bateria/percussão teve crescimento pífio (em peso) de suas importações, na casa dos 2%.
Em contrapartida, o mercado de cordas estrangeiras teve crescimento baixo em valor importado, menos de 1% e uma redução de 10% no peso importado.
Teclados e sintetizadores também mostraram um movimento importante. O percentual de crescimento foi menos de 6% no valor do produto importado, mas a quantidade de peças trazidas de fora subiu 40% em relação a 2017, mostrando uma tendência aos produtos de linha econômica.
Varejo, fabricação nacional
Música & Mercado escutou varejistas e representantes comerciais de todo o País e o reflexo foi positivo durante o ano. Excepcionalmente, o quarto trimestre mostrou uma retração na maior parte das regiões. A média do crescimento consolidado em 2018 foi 25%.
A fabricação nacional mostrou-se promissora mesmo com todos os desafios que o País entrega ao empresário. Narjara Rodella, diretora da fábrica de percussão Gope, relata que a produção da empresa aumentou em 30% e as vendas, em 21%, em relação a 2017.
No quesito exportação, empresas como a Contemporânea tiveram estabilidade. Izzo Musical e Luen mostraram resultados crescentes. “Em 2018 começamos a venda de cordas em chicote (bulk) para fábricas chinesas e os primeiros pedidos começaram a entrar na metade do ano. As cordas SG ganharam novos distribuidores, como aconteceu no Reino Unido, por exemplo”, comenta Mike Barroero, gerente de exportação da Izzo Musical.
“Houve um crescimento considerável da marca Timbra no mercado europeu e a Izzo percussão manteve o mesmo trend de vendas de 2017, consolidando-se como uma das melhores relações custo-benefício do mercado internacional.”
A busca de dados setoriais sempre foi um desafio no Brasil. No mercado da música, como em outros, ainda há muita informalidade, empurrada por uma carga tributária que torna o acesso ao instrumento musical algo custoso.
Com base nas informações disponibilizadas pela Anafima, Música & Mercado estudou os dados de importação, fabricação nacional com venda ao varejo e venda direta, variáveis de impostos e mercado informal para chegar ao tamanho do mercado e seu impacto na economia brasileira. O setor movimentou em 2018 pouco mais de 2 bilhões de reais, que corresponde à média de 0,03% do PIB do Brasil (2017).
“Os instrumentos musicais são equivalentes ao minério de ferro na indústria da música — são os alicerces. Tire todos os instrumentos e acessórios e o artista se expressaria com palmas e canto”, explica Daniel Neves, presidente da Anafima. “O instrumento musical é parte vital para a constituição do PIB da cultura, estimado em 4 bilhões”, destaca Neves.
Mercado prevê crescimento em 2019
Com o setor energizado pelo crescimento dos últimos dois anos, a Anafima prevê uma recuperação de crescimento de 30% para o setor em 2019. “Estamos otimistas. Os indicadores financeiros e o empresariado demonstram confiança. Agora é trabalhar para fazer acontecer”, finaliza Neves.