A BarraMusic é mais do que uma loja. Ela se preocupa com oferecer aos clientes e todos os interessados vídeos on-line com rico conteúdo sobre música, instrumentos e artistas.
A BarraMusic foi fundada em 1996, como uma escola de música e um pequeno espaço de venda de violões e acessórios, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Aos poucos o empreendimento foi crescendo e agregando mais itens, como guitarras, violões e baixos.
Em 2005, a loja começou com a venda on-line, inicialmente no Mercado Livre, e as vendas se multiplicaram. “Trabalhamos com Mercado Livre e B2W, mas são empresas que não primam por parcerias, principalmente a ML, que nunca pensou nos vendedores. Por isso investimos em nossa própria loja virtual”, conta Beto Laureano, fundador e diretor da BarraMusic.
Oferecendo educação e entretenimento
Além das vendas, a loja foca muito o conteúdo educativo e informativo para os consumidores, mas essa não é uma estratégia nova motivada pela pandemia, pois vem sendo utilizada há vários anos. Beto explica: “O Brasil é um país que vive sucessivas crises. Com a maioria dos produtos importados, a cada uma delas nossos produtos ficaram mais caros, potencializando as crises. Em uma dessas crises macroeconômicas, criamos um blog em 2010. As pessoas gostaram e continuamos tentando um canal no YouTube, mas percebemos que demandaria grande investimento e tempo, e não conseguimos levar adiante na época”.
“O canal do YouTube começou em 2011, mas nunca havíamos conseguido postar videos regularmente, pelo tempo e investimentos citados anteriormente. Em 2017 vimos uma janela, e já nos antecipando a uma crise que acontece nos EUA, em que a maioria dos fornecedores vende direto para os consumidores finais, entramos com tudo no canal, onde já foram investidos mais de R$ 50 mil. Todo dia temos algum dos colaboradores se revezando nessa função, dedicados ao canal, além de mim mesmo em tempo integral”, agregou.
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Trabalho integral
Beto gostou tanto de ter um canal que passou a trabalhar nele 24 horas por dia, sete dias da semana. “Por isso vivo e respiro YouTube. Sempre pensando e vendo vídeos, como a live semanal que fazemos, inspirada no canal Zona Rubro Negra, baseada em debates sobre futebol, mais especificamente sobre o Flamengo. O canal nos levou a fazer uma live semanal no formato de mesa-redonda, com músicos que são integrantes fixos e buscando variar os convidados.”
Ele destaca que não existe segredo para ter sucesso com canais do YouTube, é simplesmente uma questão de tentativa e erro. “Estamos o tempo todo ligados nas críticas, nas tendências e sempre tentando inovar. E a famosa ideia que não sai da cabeça: ‘Um dia viraliza’.”
Na nossa conversa com Beto, perguntamos se essa estratégia de conteúdo realmente ajuda com as vendas, principalmente durante a pandemia. Ele disse que “qualquer tipo de divulgação ajuda. Mas a tal crise que previ há cinco ou seis anos chegou antes. Não sei bem como seriam as vendas sem o canal, mas com certeza estamos vivos e sendo lembrados pelos clientes”.
“Esse desafio de fazer o canal no YouTube foi algo bem difícil, na verdade, mais do que o planejado inicialmente. Tive de aprender a ser videomaker, vamos dizer assim. Revisamos conhecimentos sobre som, fizemos um grande investimento em mesas, câmeras, iluminação, espaços, pessoas, cursos. Realmente foi bem mais complicado do que pensei. Mas é muito gratificante. É muito legal ter o reconhecimento do seu trabalho quando se é verdadeiro. Não fiz o canal sozinho. Este é um trabalho conjunto de toda a equipe da BarraMusic. Todos os colaboradores abraçaram a ideia. Estamos juntos nessa jornada que é difícil, porém gratificante”, contou.
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Varejo em mudança
Com o cenário altamente mutável que estamos atravessando, o diretor da BarraMusic observa que, de forma geral, a vida das pessoas se vê cada vez mais imersa em um mundo digital. “Acho que o mercado deve estar atento a isso. Os lojistas devem estar ligados nisso porque os consumidores estão muito ligados. A tendência é que os clientes estejam cada vez mais bem informados, cada vez mais preparados para fazer um bom negócio, seja ele por conta de um bom atendimento, de um pós-venda ou em busca de um preço justo.”
“Falando sobre o pós-pandemia, tratando aqui estritamente do lado econômico, essa foi mais uma crise para os empresários. Para alguns, muito forte; para outros, um pouco menos. Mas o nosso mercado me desanima. Já me passou várias vezes pela cabeça que tenho de sair dele. Porque quando vem a crise, o dólar sobe, os produtos ficam mais caros. Se o dólar estiver mais alto, as coisas ficam mais difíceis; se cair, mais fáceis. As pessoas nunca deixam de sonhar com um instrumento musical, então existe uma grande demanda reprimida de consumo. Com o dólar baixo e um preço razoável, as pessoas voltarão a comprar.”
Na imagem principal: Robertinho de Recife, Faisca e Beto Laureano
Estratégias inteligentes para instrumentos de alto valor e acessórios no próximo Black Friday.
Durante mais de uma década, a Black Friday se consolidou como o grande momento global de consumo. Porém, no mercado musical, o modelo de descontos massivos e genéricos começa a perder força. O público atual — mais informado, conectado e segmentado — já não reage da mesma forma a promoções amplas e sem estratégia.
Nesta Black Friday, lojas e marcas do setor mostram uma mudança clara: menos descontos indiscriminados e mais ofertas curadas, diferenciadas por categoria e focadas em valor real.
O comprador musical mudou
Consumidores de instrumentos e áudio já não se guiam apenas pelo preço:
Comparam modelos, versões e origem dos produtos
Valorizam garantia, assistência técnica e pós-venda
Priorizam condições de pagamento flexíveis em vez de grandes descontos
A lógica é simples: instrumento é investimento criativo, não compra impulsiva de consumo de massa.
Como criar processos que fidelizam o cliente após a venda de instrumentos e equipamentos de áudio.
Em um mercado de instrumentos e equipamentos de áudio cada vez mais competitivo, o relacionamento com o cliente não termina na venda. A experiência pós-venda e o suporte técnico são fatores determinantes para a fidelização — especialmente em segmentos que envolvem produtos de alto valor agregado, como mesas digitais, interfaces de áudio, amplificadores e sintetizadores.
Empresas que estruturam uma logística eficiente de assistência técnica reduzem custos, ampliam a confiança do consumidor e fortalecem a reputação da marca. A seguir, reunimos práticas adotadas por distribuidores, fabricantes e lojas especializadas que buscam transformar o pós-venda em diferencial competitivo.
Centralizar o atendimento e padronizar processos
O primeiro passo para melhorar o pós-venda é criar um canal único de atendimento técnico. Quando o cliente precisa buscar informações em múltiplos canais (telefone, e-mail, redes sociais), a percepção de desorganização aumenta.
Empresas como Yamaha e Roland, por exemplo, utilizam centros de serviço autorizados com cadastro integrado: o consumidor envia o número de série e recebe o status da análise em tempo real.
Boas práticas:
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Implementar sistema de ticket único (CRM integrado).
Utilizar formulários online para abertura de chamados.
Treinar atendentes para coletar dados técnicos de forma padronizada (modelo, número de série, defeito relatado, data de compra).
Reduzir o tempo de diagnóstico e transporte
O tempo de deslocamento e avaliação técnica é um dos principais fatores de insatisfação no pós-venda.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Distribuidores de Instrumentos Musicais (Abrafam, 2024), 60% das reclamações estão ligadas a prazos de conserto superiores a 30 dias.
Estratégias recomendadas:
Criar estoques regionais de peças de reposição (SP, PR, PE, DF, por exemplo).
Utilizar transportadoras parceiras com coleta programada em lojas e pontos de revenda.
Automatizar a triagem inicial com vídeos ou fotos enviados pelo cliente antes do envio físico do produto.
Caso real:
A marca nacional Staner, no segmento de amplificadores e caixas ativas, reduziu em 35% o tempo médio de reparo após adotar um sistema de pré-diagnóstico remoto feito via WhatsApp corporativo, segundo dados divulgados na feira Conecta+ Música & Mercado 2024.
Mapear indicadores de performance (KPIs)
A qualidade do pós-venda precisa ser medida com dados.
Monitorar indicadores como tempo médio de reparo (TAT), índice de reincidência de defeitos, nível de satisfação do cliente (NPS) e custo logístico por chamado é fundamental para corrigir gargalos.
Exemplo de métrica:
Treinar e certificar assistências técnicas
Fabricantes que investem em treinamento e certificação periódica das assistências autorizadas garantem maior uniformidade nos serviços.
Cursos online e presenciais, manuais técnicos atualizados e acesso a esquemas elétricos são recursos que reduzem erros e melhoram a comunicação entre fábrica e oficina.
Transformar o pós-venda em canal de relacionamento
Mais do que reparar produtos, o pós-venda pode gerar novas oportunidades de venda e relacionamento.
Empresas que mantêm programas de manutenção preventiva, descontos em upgrades e extensão de garantia transformam um problema técnico em uma nova interação comercial.
Exemplo: Alguns distribuidores oferecem a chamada “garantia estendida educacional”, voltada a escolas e estúdios, que inclui revisões anuais com desconto progressivo. Esse tipo de política reforça o vínculo de longo prazo e reduz o churn de clientes corporativos.
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Comunicação clara e rastreabilidade
A transparência é um diferencial competitivo. O cliente deve conseguir acompanhar o status do reparo e ter prazos definidos desde o início do processo.
Sistemas de rastreamento, envio automático de e-mails e relatórios padronizados ajudam a construir confiança.
Checklist de comunicação eficiente:
Envio automático de número de ordem de serviço.
Atualizações a cada etapa do processo (recebido, em reparo, finalizado, despachado).
Canal direto para dúvidas pós-entrega.
A logística de assistência técnica e o pós-venda não são custos, mas ferramentas de fidelização.
Em um mercado onde a reputação circula rapidamente entre músicos e técnicos de som, oferecer suporte ágil e transparente é tão importante quanto lançar um novo produto.
Fabricantes e distribuidores que estruturam processos de pós-venda bem definidos — com dados, prazos e comunicação clara — transformam a assistência técnica em um ativo estratégico.
Mini sintetizadores, interfaces de bolso e caixas de som com bateria refletem novas formas de consumo.
A preferência dos músicos por dispositivos compactos e fáceis de transportar está transformando a oferta de produtos no varejo musical. Mini sintetizadores, interfaces de áudio portáteis e caixas acústicas alimentadas por bateria consolidam-se como opções de alto desempenho que respondem à mobilidade, aos espaços reduzidos e às novas dinâmicas de produção musical.
Segundo um estudo recente da consultoria Music Trades, as vendas de equipamentos portáteis cresceram 18% em 2024no cenário global, impulsionadas por criadores independentes e músicos que buscam soluções práticas para gravar, ensaiar ou tocar ao vivo em ambientes não convencionais.
O que os clientes procuram?
Flexibilidade: dispositivos que possam ser usados tanto em casa quanto em pequenos palcos.
Autonomia: sistemas com bateria para apresentações de rua, parques ou eventos sem infraestrutura elétrica.
Conectividade: interfaces de bolso que se integrem facilmente a computadores, tablets ou smartphones.
O tecladista e produtor argentino Martín Rosales, que atua entre estúdios e turnês independentes, resume a tendência:
“Hoje preciso de um setup que caiba em uma mochila, com o qual eu possa compor em um hotel e, no dia seguinte, usar em um show acústico. Os equipamentos compactos deixaram de ser um recurso secundário — são o centro do meu trabalho.”
Como a loja pode se adaptar
Destacar áreas específicas: criar um espaço de “portabilidade”, onde o cliente possa testar mini sintetizadores, interfaces compactas e caixas de som portáteis em um mesmo ambiente.
Oferecer pacotes combinados: bundles que integrem um controlador pequeno, uma interface e uma caixa portátil para quem busca soluções completas de gravação ou performance.
Demonstrações ao vivo: microshows dentro da loja ou transmissões nas redes sociais que mostrem o desempenho real desses equipamentos.
Educação do cliente: produzir conteúdos com comparativos, tutoriais e guias práticos que reforcem que o tamanho reduzido não significa perda de qualidade.
Uma mudança no modelo de consumo
O avanço da urbanização, a limitação de espaço nas residências e a popularização de formatos como bedroom producersou buskers (músicos de rua) estão por trás dessa transformação. Os equipamentos compactos permitem que artistas mantenham um padrão profissional sem depender de grandes estruturas.
Para as lojas, incorporar essa tendência significa não apenas ampliar o portfólio, mas também alinhar-se a um público mais jovem e conectado, que valoriza tanto a praticidade quanto a agilidade na criação musical.