Instrumentos musicais falsificados tem local para denuncia graças ao público nas redes sociais
Tudo começou quando o luthier de guitarras Celso Freire, responsável pela marca Dreamer, se indignou pelo número de produtos de origem asiática que entravam no Brasil, com preços impossíveis de serem praticados se fossem originais. A partir de suas críticas e trabalho de militância, Freire resolveu criar o Grupo Guitarras Falsas no Facebook. Com o passar do tempo, o grupo vem se tornando conhecido e um dos locais que profissionais encontraram para tirar dúvidas sobre produtos a venda na web.
Batemos um papo com Celso para entender seu ponto de vista e outros detalhes que vocês conferem aqui.
Música & Mercado: Como e por que você teve a idéia do grupo no Facebook?
Celso Freire: Foi uma tentativa de diminuir o número de anúncios de instrumentos falsificados que encontramos aos montes no Mercado Livre. Chego a acreditar que é um dos principais geradores de lucro pro site. Pra maioria das reclamações que eu fazia eu recebia um e-mail automático dizendo que o produto estava de acordo com as regras do site. Depois de alguma pesquisa descobri que raramente uma pessoa confere os anúncios. O processo é automatizado. Após um certo número de denúncias vindas de IPs diferentes, o anúncio é retirado.
Montei um grupo pra incentivar pessoas a divulgarem os anúncios das falsificações e denunciá-los, de forma que fique mais fácil superar esse número. Embora não tenha feito muita diferença, mais da metade dos anúncios que eu denunciei com ajuda de outras pessoas acabou excluido.
Música & Mercado: Na sua visão, qual o dano que as empresas ou pessoas que vendem produtos falsificados fazem ao mercado?
Celso Freire: Pra mim não faz muita diferença, pois não concorrem com meus produtos, mas creio que pra fabricantes de produtos de preços similares atrapalhe um bocado.
Eu nem sequer ganho dinheiro com esses instrumentos, pois só aceito o serviço com a condição de remover a logomarca e a maioria das pessoas não aceita essas condições.
Música & Mercado: Em média quantos vendedores de produtos falsificados existem?
Celso Freire: Não faço idéia, mas surgem novos diariamente, tanto no Mercado Livre, como no Facebook.
A margem de lucro é alta, as vendas são informais e alguns sequer mantém estoque. Vendem pro comprador final retirar nos Correios e pagar o imposto, se houver.
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Música & Mercado: Qual a diferença entre produto falsificado e cópia de design?
Celso Freire: Falsificação leva a logomarca do produto original. Cópia, apenas parece com o produto original, mas carrega uma logomarca que pertence a quem fez a cópia. Basicamente, uma cópia não tenta enganar ninguém, ao contrário de uma falsificação.
Pela Lei nº 9.279 de 14 de Maio de 1996, um modelo (desenho industrial) é válido por 10 anos prorrogáveis por 3 períodos consecutivos de 5 anos, e depois cai em domínio público.
Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.
O Registro de Marca por outro lado, concede um prazo inicial de 10 anos de validade, podendo ser renovado indefinidamente. Só expira em caso de não renovação ou caducidade.
Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos.
Música & Mercado: O que as pessoas devem fazer para se prevenirem e não comprarem produtos falsificados se saber?
Celso Freire: A regra mais simples é saber o preço real do instrumento/produto que deseja comprar e não acreditar em milagres. Uma guitarra de R$ 10000,00 não aparecerá pra você por R$ 3000,00. Isso não existe.
Vale lembrar que o vendedor desonesto só existe pois alguém estava querendo se dar bem quando comprou dele. Não conheço nenhuma história de alguém ter sido enganado comprando um produto pelo preço real.
Entre: Grupo Guitarras Falsas
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