Ukuleles híbridos com percussão são um dos passos da FSA para o futuro
Uma batucada na parte traseira do violão foi o início da idéia que viria a transformar a FSA Cajons, de propriedade de Victor Menezes, um dos expoentes em criatividade, da nova geração de empresários no mercado de instrumentos no Brasil.
Ao lançar um ukulele híbrido, incorporando instrumentos de percussão no ukulele, com um modelo timbres de cajon e e outro com notas de bongô, a FSA inaugura a sua nova fase como fabricante de instrumentos de cordas.
Mas mais do que isto: mostra que é possível empreender no Brasil com criatividade, fazendo produtos de maior valor percebido e utilidade para o consumidor.
O uso rítmico da caixa acústica do violão já vinha sendo utilizado por artistas e mesmo transformado em produto independente, como ocorreu há alguns anos atrás, quando a Rozini apresentou a Tanajura, utilizando-se da idéia da batucada na caixa acústica do violão e a transformando num instrumento percussivo.
Mas o ukulele, como um produto híbrido e fabricado em série, está na conta da FSA.
FSA ukulele com cajón e ukulele com bongô
Lançado no último dia 04 de outubro, os ukuleles híbridos com bongô e cajon da FSA trouxeram consigo o DNA da inovação nata do fundador da empresa, Victor Menezes.
Os instrumentos tem sua caixa acústica afinada para proporcionar a sonoridade do cajon e do bongô, cada qual com um modelo diferente de instrumento.
As temáticas eleitas para os nomes dos modelos dos ukuleles híbridos da FSA foram as praias brasileiras, como Rio, Noronha, Maresias e Floripa.
O modelo do ukulele hibrido FSA Floripa tem tampo, laterais e fundo em imbuia sólida. O braço é em cedro com tarraxas blindadas. A roseta homenageia a ponte Hercílio Luz, um dos cartões-postais da “Ilha da Magia”, a bela Florianópolis.
Os modelos Rio e Maresias são todos feitos em cedro sólido. Tampo, laterais e fundo maciço para proporcionar a melhor vibração da madeira na hora do play. Conta com tarraxas blindadas e trava para correia, para maior conforto na execução da parte percussiva. O modelo Rio tem a roseta em homenagem a famosa calçada da Praia de Copacabana no Rio de Janeiro.
Victor explica: “Já tínhamos criado o Tajon, inspirado num bate papo com nosso endorsee Pedro Mamede e precisávamos aproveitar aquele momento, no início da pandemia, para projetar algo novo”.
“Tenho um violão em casa e comecei a tocar e ver o que poderia ser criado em cima. Quando você trabalha com o sistema Lean Manufacturing numa fábrica, aprendemos a buscar oportunidade e aproveitamento em tudo”.
FSA Cajons e seu DNA criativo
Com 21 anos de idade, o saxofonista Victor Menezes, fabricava caixas para competição de som automotivo. Num bar, certa vez, viu um percussionista tocando cajon e se interessou pelo instrumento. O instinto empreendedor do jovem empresário viu a oportunidade e a FSA Cajons foi criada.
Foi na mão de Victor, da FSA, que surgiram os primeiros cajons ou cajones, na grafia correta, em linha industrial no Brasil, atendendo lojistas em todo território nacional. Além disto, o empresário entendeu que precisava trazer informações sobre o instrumento, como toca-lo, conteúdo e patrocinou dezenas de videos no YouTube e artistas.
A FSA foi também pioneira no lançamento de cajones com estampas diversas, identificando o estilo de vida do comprador com o instrumento.
Na lista de inovações, ainda houve a inclusão de captação dupla em cajon, e o empreendedorismo de inserir os cajones, produzidos em linha no Brasil, no mercado internacional.
Restrutura fabril para abarcar novas idéias e tecnologia
A FSA Cajon também inovou com a implantação do sistema Lean Manufacturing em sua fábrica, sistema utilizado na Toyota, na fábrica de cordas D’Addario e em grandes empresas. “Com 10 anos de empresa fizemos uma venda para a Thomann, uma das maiores lojas do mundo, localizada na Alemanha. Cheguei a um nível de estresse que me levou a pensar em mudar a fabrica para a China.”
“Não era por uma questão de custo de produção, mas por uma questão de estresse mesmo. Depois, em uma conversa com Richard Boveri, responsável pela exportação dos produtos FSA, percebemos que empresas como a D’Addario, nos Estados Unidos, se reformularam através de um método chamado Lean Manufacturing”, explicou Victor Menezes à Música & Mercado.
O Lean é uma filosofia de gestão e organização da manufatura que busca mais eficiência e aumento da produtividade, desenvolvido por Taiichi Ohno, um engenheiro da fabricante de automóveis Toyota. No Brasil, são poucas empresas que utilizam processos produtivos estruturados.
O futuro
Com a produção asiática no jogo, globalização, tecnologia, logística e acesso a informação disponível esta certo que o Brasil não é um país indicado para os empresários que creem que o produto nacional deve ser baseado em produto ‘baratinho’ e ‘sem qualidade’. O Brasil deve explorar sua criatividade e alcançar patamares globais, o positivo: a FSA está ciente dos desafios.
A empresa já passou por todas as dificuldades que o Brasil poderia oferecer, mas sem senso crítico, criatividade e revisão das crenças empresariais, seria impossível a FSA ter dado esta guinada em direção ao futuro, que compreende inovação, olhar para o consumidor, processos internos e atenção a globalização.
Mais que o lançamento de uma linha de produto, devemos observar a FSA como símbolo de reinvenção, como também parte da 2a geração de algumas empresas atuantes no mercado da música no Brasil. É momento de aprender!
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