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Entrevista com Saulo Wanderley por André Pomba

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Complementando a entrevista respondida por André Pomba Cagni, personagem destacada no cenário musical nacional, agora é Saulo Wanderley que responde às perguntas.

 

Segunda loja de A Serenata, na avenida Olegário Maciel, no centro de Belo Horizonte, no térreo do prédio onde morou Saulo Wanderley

 

Pomba: Saulo, conte um pouco como foi seu começo na música, onde foi, na fase de aprendiz.

Saulo: Nasci em Belo Horizonte, onde morei até começo da década de 70, quando no Brasil chegava o rock progressivo. O primeiro instrumento foi um violão Giannini, que logo eletrifiquei e pluguei num amp valvulado histórico – um Minim Might Giannini – a princípio um cubo, que logo serrei, e usei como cabeçote com um gabinete handmade feito por um carpinteiro amigo no qual instalei os falantes Novik, um woofer de 12 e médio de 8. Ali nasceram juntos o interesse pela música e pela tecnologia. Fui estudar violão erudito na Escola de Música Agustin Bob, como o professor Matos, que me ensinou o básico da leitura de partituras. Métodos do Fernando Azevedo completaram o autodidatismo, e logo comecei a “tirar” músicas do The Guess Who, The Who, Creedence Clearwater Revival etc. Morava na avenida Olegário Maciel 169, em cima de onde foi depois instalada a loja de instrumentos Serenata, que começou na esquina, rua dos Tupinambás onde comprava instrumentos e acessórios, logo, já metido na origem com os lojistas e fabricantes. O apartamento onde morava tinha uma sacada, onde me sentava na janela e abria o volume do Minim Might, aberto ao público…

Pomba: Você teve grupos musicais ou tocou como músico de apoio?

Benson

Saulo: No Instituto Padre Machado, onde estudei, montei a primeira banda, o Pandemônio, com o Chico Lôco nos vocais, Spencer Rosa no baixo e Cacaio na bateria, tocando uma guitarra Begher estereofônica, 24 trastes e com distorção embutida. O jornal Rolling Stone brasileiro na época elogiou a banda. Me entusiasmei e me candidatei a baixista na banda do guitarrista mais famoso em BH na época, o Pardal. Fui reprovado num teste com Jumpin’Jack Flash, dos Stones, porque inventei notas demais… Na época a música do pessoal do Clube da Esquina predominava na capital mineira, que tinha duas “bandas de baile” principais: os Intrépidos, que tinha como tecladista meu falecido primo Wilsinho Machado, e os Turbulentos, do Flávio Venturini. Mas não cheguei a tocar com nenhuma dessas bandas, mesmo tendo sido muito influenciado por elas. Morava com minha avó, no bairro de Santa Tereza, próximo à famosa esquina das ruas Paraisópolis com Divinópolis. Os finais de semana eram marcados por noitadas tocando violão nas ruas com o Ricardo Penchel – um clone louro juvenil do Rick Wakeman, ou sonorizando bailes com minha primeira “empresa”, a Hell’s Barrier, com os amigos Marcos e Ricardo Lessa. Saí de BH rumo a Sampa, como muitos músicos mineiros faziam na época.

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Pomba: Como você começou na educação musical?

Saulo: Comecei inventando um sistema de grafia musical desenhado, que depois dei o nome de Toque Igual ao Disco. “Tirava” as músicas no violão ou guitarra, escrevia na pauta musical e abaixo dela colocava o sistema, tipo tablaturas mas com durações, e fazia xerox dos originais, cuidadosamente escritos à mão nos cadernos de partituras Deltapy, de saudosa memória. A princípio vendia pros alunos, mas logo fui contratado pela Imprima Comunicação Editorial, que editava a revistinha de cifras VIGU – Violão & Guitarra, onde produzia métodos de violão e guitarra. Nesses primeiros trabalhos incluía anúncios do Toque Igual ao Disco em parceria com a editora, e comecei a ganhar dinheiro extra com encomendas de transcrições musicais, que enviava via Correios. O sucesso do projeto junto com o dos métodos, fez a editora abrir uma escola que dirigi – a Com a Corda Toda – no bairro da Pompeia em Sampa, e o trabalho didático evoluiu para métodos de prática de conjunto, envolvendo teclado, baixo e bateria. A esta vivência prática, se somou o curso de Composição na UNICAMP, década de 80, e a natural evolução para a música erudita contemporânea, como aluno de Conrado Silva, principalmente, o Núcleo Música Nova e as parcerias com Wilson Sukorski, com quem montei a banda Grupo de Risco, já nos anos 90. 

 

Setup montado no fundo da loja de instrumentos da Imprima Comunicação Editorial, onde eram produzidos métodos de instrumentos musicais

 

Pomba: Conte um pouco da sua trajetória em publicações musicais, como a ON&OFF, Violão & Guitarra etc.

Saulo: Na Imprima, comecei escrevendo os métodos de violão, nos quais “tirava” pequenos trechos, geralmente intros, riffs e licks, que acompanhavam as letras cifradas. Além de mim, na editora cifravam os sucessos o Bozzo Barretti (Capital Inicial), e o Cacho (Adelson Queiroz, um monstro na transcrição). A coisa evoluiu com o boom dos métodos com áudio, e para a Imprima criei uma série de CDs – Violão CD – com acompanhamentos em andamentos diferentes, a 25%, 50% e 100% do andamento original, baseado em artistas e bandas de rock, MPB, sertanejo e samba. Acontecia nessa época a chegada da Internet ao Brasil (1996), quando fui colaborador e em seguida redator da revista Rock Brigade, onde conheci o André Pomba Cagni. Pomba me convidou para ajudar a fazer a primeira edição do fanzine Dynamite, e a evolução foi bem rápida, até se tornar uma revista. Paralelamente, também fui colaborador, redator e depois editor da revista ON&OFF, sediada no saudoso casarão da rua Pinheiros. A ON&OFF foi pioneira em formato de revista de equipamentos e instrumentos, publicando transcrições, mapas de palco e outras novidades depois seguidas por outras revistas do gênero. Em um evento histórico no Aeroanta, em Sampa, o Grupo de Risco estreou abrindo para a banda Doctor Sin, solidificando as bases da Dynamite e o que estaria por vir.

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Na Expomusic, com Alexandre Baroni e Augusto Gaia, diretores da Quanta Music, forte parceria nas revistas ON&OFF e DYNAMITE

 

Pomba: Durante muito tempo você teve participações marcantes em feiras musicais, como a Expo Music nos anos 90. Fale um pouco dessa experiência.

Saulo: A Expomusic foi a tradicional feira de instrumentos e equipamentos brasileira até alguns anos atrás, tendo à frente a saudosa Vanira Salles, sua grande incentivadora. Comecei a participar lançando no stand da Dynamite/ON&OFF o projeto Toque Igual ao Disco, mais precisamente as TID Files, arquivos MIDI que substituíam as transcrições impressas, fazendo a ponte entre as edições do Violão CD, que mencionei antes, com a possibilidade do aprendiz regular o andamento da música que estava estudando via MIDI. A ideia surpreendeu os expositores, mas não os editores e diretores da Imprima, que, infelizmente, não se deram conta da potencialidade da inovação. Continuei a produzir métodos impressos, mas tive um insight que me levou a Porto Alegre, para onde me mudei em 1998, continuando a trabalhar para a Imprima, via Correios, fax, e consequentemente Internet. Na capital    gaúcha rapidamente fiz parcerias, uma delas com a Pop Rock FM, que co-patrocinou a primeira edição da revista Toque Igual ao Disco, com a banda Papas da Língua. A ideia era acompanhar uma banda a cada edição, conferir as cifragens com os integrantes, e lançar uma versão “original” das transcrições musicais. O lançamento foi incrível, no programa da FM, com a presença da banda, e a distribuição mais incrível ainda, feita por displays nas lojas da Multisom e motoqueiros nas bancas de revista. Já estávamos no século 21, e o CD em que se baseou a edição era o Baby Boom, dos Papas da Língua. 

 

Lançamento da primeira edição do projeto Toque Igual ao Disco, com a banda gaúcha Papas da Língua, na Pop Rock FM, programa Cafezinho

 

Pomba:  Sua trajetória mistura São Paulo e Rio Grande do Sul. Como você diferencia o meio musical nesses estados?

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Saulo: Obviamente a movimentação do meio musical paulista é mais forte. O que não quer dizer que seja a melhor, nem que atualmente no RS o seja. Nos pampas existem tendências predominantes como o gauchesco, que seria o “sertanejo” paulista a grosso modo, mas existiram movimentos mais fortes do que hoje, no rock gaúcho e no blues. Cunhei a sigla ELP – Estados Livres do Prata, imitando o ELP – Emerson, Lake & Palmer, querendo reunir o cenário musical do norte da Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul, que guardam grandes semelhanças de estilo. Falo da virada do século, hoje a coisa mudou no sul. Morei quase 3 anos na região da serra gaúcha, na cidade de Farroupilha, menos de 100 mil habitantes. Ali temos acontecimentos com raízes nas imigrações alemãs e italianas, ecoando, por um lado, a enorme diversidade da cultura musical brasileira, e por outro a sua baixa criatividade, se pensarmos em termos de fusões de gêneros e estilos. Abrindo o leque para o estado do Rio Grande do Sul, temos expoentes como Vitor Ramil ou o Quinteto Canjerana que evoluiram a milonga, temos instrumentistas de ponta com Marcos Trubian e Fernando Noronha, autores/educadores fundamentais como Julio Herrlein, e jornalistas/músicos excelentes com Arthur de Faria. Sendo sincero, e sem sentimentalismo, a situação musical do RS o torna mais propenso a um salto evolutivo que SP teria mais dificuldade a dar. Como mineiro, mas aculturado, não vou ficar no meio. Aposto no RS.

Pomba: Como decidiu participar do ensino digital de música, onde você foi um dos pioneiros.

Saulo: Foi uma decisão natural, por ser a música a arte que talvez tenha mais a evoluir com o digital. Costumo arranjar críticas quando me recuso a aceitar plenamente o cinema como arte por si só. Prefiro aceitar o cinema como fusão de teatro e música, com ajuda da fotografia. Como diria Eric Bentley, “A tela tem duas dimensões e o palco três: a câmera pode nos mostrar todo tipo de coisa – de close-ups de insetos a panoramas de montanhas – o que o palco nem pode sugerir. Mas o palco nos revela a beleza insuperável das formas tridimensionais, e o ator no palco estabelece entre ele e seu público um contato real como a eletricidade…” E também acredito que o som tem um papel além da arte, como ciência, e mais; em uma fusão de ciência e arte, capaz de arrastar as outras artes para uma situação de paridade científica. Participar de uma educação que mostre este caminho desde os primeiros passos de um iniciante de instrumento musical, até os múltiplos procedimentos da verdadeira musicoterapia é uma tarefa do meu cotidiano. Fui buscar inspiração (arte) e confirmação (ciência) em cientistas como Einstein, revolucionários da psicologia como Wilhelm Reich, grandes pedagogos musicais como Conrado Silva, compositores eruditos contemporâneos, pesquisadores e, principalmente nos alunos. É tarefa dos atuais professores mostrar a uma geração de prováveis ignorantes musicais como podem se tornar grandes compositores, se souberem usar seu smartphone para a música, e não para postar nas redes sociais.

Pomba: Analógico ou digital? Prós e contras. 

Saulo: O assunto pode tomar o caminho técnico ou prático. Vou pelo prático: sempre usei uma analogia para explicar as funções de dois transdutores – o microfone e o alto-falante – como sendo dois eletrodomésticos – o freezer e o microondas – sendo o “congelamento” a situação de um material congelado na entrada e descongelado na saída. Sempre dei mais importância ao material em si do que sua embalagem. Acho ainda prematuro eleger o digital. Se pensarmos em termos de protocolos desde o MIDI até o DANTE, o assunto evoluiu muito. Mas temos que considerar o envio de sinal wireless, os problemas do áudio via Bluetooth, o Noise Cancelling e outros problemas ainda sem solução digital, sequer analógica. O próprio bom e velho MIDI está passando por uma revisão. Continuando pelo caminho do prático, o que realmente interessa na música é o conteúdo. O áudio é um meio de transmissão do som, e nada mais. Há quem consiga, usando poucos recursos, compor uma estrutura de timbres inédita, usando digital e analógico. Mas há quem não consiga, com equipamento de ponta, produzir 8 compassos que atraiam a atenção de 4 pares de ouvidos. Da mesma forma que existem alunos capazes de superar dificuldades técnicas com equipamento analógico, com resultados que superam milhares de dólares em equipamento digital. Resumindo, não interessa o MEIO pelo qual se consegue um RESULTADO, mas o meio pelo qual o resultado não se torne um MEIO-RESULTADO. 

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A revolucionária interface, patchbay e sincronizadora de áudio e vídeo Unitor8, que rodava em Macs e PCs com Windows 95/98, no advento da era digital

 

Pomba: Quais são as tendências atuais na área da música digital e por computador?

Saulo: Sem dúvida o momento é do software. Os equipamentos chegaram a um ponto de estabilização, a não ser pelos exageros da indústria com suas obsolescências programadas. O desenvolvimento de aplicativos já adentrou as entranhas da inteligência artificial, a ponto de termos, como sempre na comercialização, alguns exageros, como as mixagens e masterizações online de qualidade sofrível ou duvidosa. Tenho ouvido muitos alunos se preocuparem mais com plug-ins do que plugs. O resultado costumam ser ruídos causados por plugs P10 mono tentando obter resultado de TRSs, enquanto o acorde que deveria ser diminuto ser meio-diminuto. À parte tais exageros, temos a chegada de recursos acessíveis, como os de monitoração in-ear via wi-fi de celulares como o Soundcaster, apps audio-to-MIDI sem delay como o Jam Origin MIDI Guitar 2, até DAWs gratuitas como o Studio One Prime 5. Não é mais necessário gastar uma grana preta com equipamentos, mas é importante estudar, se aprofundar e dominar técnicas de procedimento, e não de equipamento. A formação e educação musical foram muito beneficiadas com a música no computador, tornando o estudo fácil e divertido. Até mesmo a antiga aversão à leitura e escrita de partituras está caindo por terra, quando os alunos podem “ver” na tela o som que está sendo representado. E o melhoramento dos smartphones e tablets está tornando possível para muita gente o que antes só podia ser feito no computador de mesa ou notebook.

Pomba: Como foi a sua experiência com o projeto CMIJ, em que a Pauta entrou como parceira com a Dynamite e voltando depois de uma década?

Saulo: Em meados de 2009 Pomba me convidou para coordenar um projeto ótimo, que atenderia à inclusão social de milhares de jovens em São Paulo/SP. Era o Centro de Música e Inclusão para Jovens – CMIJ, pelo PROAC-SP, patrocinado pela Pepsico. Comecei a participar procurando por um imóvel a ser alugado, pois a dimensão do projeto exigia. Encontrado o prédio de 3 andares na rua 13 de Maio, na Bela Vista, arregacei as mangas e carreguei peso de uma forma que adorei. Reformamos todo o imóvel, mesmo com o projeto já em andamento em ONGs vizinhas. Foi construído um palco no térreo, salas e instalações nos andares superiores, muitas doações, parcerias e compras com descontos aparelharam o edifício, que passou a receber alunos para cursos de instrumentos, DJ, teatro e produção musical. Contratamos cerca de 15 professores, 2 para cada instrumento, entre eles destacando Gê Cortes, baixista, Demma K, guitarra, Paulo Lion, bateria e outros profissionais de alto nível. Eu passava o dia inteiro nas atividades, nas aulas e fora delas, com o prazer de estar fomentando e motivando muitos jovens a seguirem o caminho das artes. Não menor é o prazer de estar agora em pleno 2020, voltando ao projeto, como professor multidisciplinar, e à distância, um novo desafio que, a exemplo do anterior vamos vencer e continuar sempre. As aulas serão na plataforma online Zoom, com diversas parcerias. 

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Primeira turma de Produção Musical do projeto CMIJ, recebendo os certificados no auditório da Roland Brasil, na rua Teodoro Sampaio, em São Paulo

 

Pomba: Como você analisa o momento político atual e o setor cultural?

Saulo: O planetinha azul chegou a um momento interessante, como, por exemplo, com a obsolescência dos sistemas políticos de representação. A Internet chegou rapidamente neste assunto, causando mudanças que, sem ela, demorariam séculos. A pandemia age como um fermento nessa receita. O setor cultural foi atingido em cheio, pelo fator audiência ao vivo. A música até foi menos atingida, em comparação com o teatro, por exemplo. Acredito que a política vá sofrer maior transformação do que o setor cultural. Curiosamente, o setor cultural vai se adaptar, a meu ver, mais rapidamente do que o político. Talvez pelo fato da cultura sempre precisar se adaptar, logo, desenvolveu modus operandi próprio. Acho que o homem (e a mulher, sem o machismo de sempre na linguagem até…) não é um “ser político” e sim um ser cultural. Muita gente da minha idade (6.5) anda chorando de saudade dos anos 60, 70, 80, 90, coisas do século passado. Eu não trocaria viver esse momento por nenhum outro, talvez pelo Renascimento, ou melhor, pelo Gênesis, não a banda de rock progressivo, mas pelos tempos descritos na tal de Bíblia, aquele livro que ninguém teve coragem de assinar, cujo primeiro capítulo descreve uma situação na qual eu sempre desconfiei que a música estivesse envolvida, quando diz: “no princípio era o verbo”. Acho que esse tal de “verbo” não é nada mais, nada menos, do que o som. E dele todas as coisas foram feitas…

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Cultura

Iniciativa inspirada em Villa-Lobos leva concertos gratuitos a escolas públicas de SP

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Brasil de Tuhu une educação, cultura e inclusão; em agosto, passa por cidades da Grande São Paulo e interior.

A musicalização como ferramenta de formação cidadã é o foco do Brasil de Tuhu, projeto que há 17 anos aproxima crianças da música de concerto em redes públicas de ensino. Inspirada no legado de Heitor Villa-Lobos, a iniciativa já impactou mais de 77 mil crianças em 13 estados e, em 2025, realiza uma nova etapa em 17 escolas públicas de nove cidades paulistas, ao longo de agosto e novembro.

As ações chegam a Barueri, Mogi das Cruzes, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Campinas, Guarulhos, Franco da Rocha, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo, com uma programação pensada para estimular o aprendizado por meio da arte. “Queremos contribuir para um ambiente escolar mais criativo, acessível e acolhedor. A música tem esse poder de ampliar repertórios, gerar vínculos e fortalecer o desenvolvimento das crianças”, afirma Paula Sued, sócia e diretora de produção da Baluarte.

Música, teatro e educação integradas

Os concertos didáticos são protagonizados pelo Quarteto Brasil de Tuhu, sob direção pedagógica da violinista Carla Rincón, e contam com a participação da atriz e artista brincante Verônica Bonfim. O roteiro lúdico e envolvente é assinado por Tim Rescala, compositor e autor teatral. Em formato interativo, as crianças aprendem ritmo, melodia e harmonia, conhecem os instrumentos de cordas e se aproximam da linguagem erudita de forma acessível.

“Vemos crianças ouvindo pela primeira vez um quarteto de cordas, conhecendo Villa-Lobos, despertando para uma nova escuta”, destaca Carla Rincón, primeira violinista do quarteto e diretora pedagógica do programa.

Impacto social e formação de educadores

Além dos concertos, o Brasil de Tuhu disponibiliza conteúdos educativos e atividades complementares para docentes, fortalecendo a prática musical nas escolas após as apresentações. Mais de 1.300 educadores já participaram das formações, que em 2025 ampliam as abordagens para inclusão de crianças com deficiência intelectual.

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Nesta edição, a Vivência Musical gratuita para professores acontece em Franco da Rocha, em 27 de agosto. A proposta utiliza objetos do cotidiano (baldes, panelas, cumbucas, colheres de pau) junto a instrumentos para estimular expressão, jogos rítmicos e repertório pedagógico adaptável a diferentes contextos.

“Este é o sonho coletivo de musicalizar o Brasil, o mesmo que inspirou Villa-Lobos e que hoje inspira a nossa missão”, reforça Paula Sued.

O Brasil de Tuhu é realizado pela Baluarte, com patrocínio da GLP, copatrocínio do Grupo Priner e apoio do Grupo Farol, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura do Governo Federal.

Foto: Lucas Castroviejo

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Cultura

Teatro Opus Città anuncia inauguração com atrações nacionais e internacionais

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Espaço cultural na Barra da Tijuca funcionará em soft opening ao longo de 2025 e terá capacidade para até 3 mil pessoas.

O Rio de Janeiro ganhará um novo ponto de encontro para os amantes das artes e do entretenimento. O Teatro Opus Città, situado na Barra da Tijuca, confirmou sua inauguração para os próximos meses, operando inicialmente em formato soft opening. A proposta é testar e aperfeiçoar operações enquanto oferece ao público uma programação diversa, que contempla shows, peças teatrais, festivais, stand-ups e eventos corporativos.
A estreia da programação já tem data marcada: no dia 8 de agosto, o espetáculo “Tons de Comédia” reúne os humoristas Hugo Sousa, Gilmário Vemba e Murilo Couto. No dia 15, o humor internacional entra em cena com Morgan Jay, seguido pelas apresentações de Bruna Louise (16 e 17 de agosto) e Thiago Ventura, que encerra o mês no dia 31.
Os ingressos começam a ser vendidos no dia 24 de abril pela plataforma Uhuu.com e na bilheteria física do teatro, localizada na Avenida das Américas, 700. O atendimento acontece de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. O espaço é acessível para cadeirantes e pessoas com necessidades especiais e oferece estacionamento com mais de três mil vagas. Para quem prefere transporte público, a estação Jardim Oceânico do metrô está a poucos metros de distância.
Com 4.343,90 metros quadrados distribuídos em três andares, o Teatro Opus Città possui estrutura versátil, com plateia adaptável, frisas, camarotes e balcão. A configuração permite desde espetáculos intimistas até grandes produções, com capacidade total de até 3 mil espectadores. O projeto arquitetônico privilegia a visibilidade de todos os ângulos da casa.
O novo teatro será administrado pela Opus Entretenimento, considerada a maior plataforma de shows e eventos ao vivo do Brasil. A empresa já é responsável pela gestão de outros oito espaços culturais em diferentes estados, e promete repetir no Rio de Janeiro o sucesso de sua operação em teatros e arenas pelo País.

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Cultura

Harmonias Paulistas: Série documental exalta grandes instrumentistas de SP e homenageia Tom Jobim

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A música instrumental paulista ganha um novo espaço com a estreia da série Harmonias Paulistas, produzida pela Borandá Produções e disponível no canal da produtora no YouTube.

Com seis episódios inéditos, a série será exibida semanalmente até 26 de março, sempre às quartas-feiras, destacando alguns dos mais relevantes instrumentistas do estado de São Paulo.
Gravada entre agosto e novembro de 2024, a produção é conduzida pelo jornalista e crítico musical Carlos Calado, com direção artística de Gisella Gonçalves, idealizadora do projeto. A proposta é trazer à tona histórias marcantes e pouco conhecidas de músicos que construíram trajetórias fundamentais para a música brasileira.
Entre os protagonistas estão nomes de destaque como Paulo Bellinati (violão), Toninho Ferragutti (acordeom), Heloísa Fernandes (piano), Alexandre Ribeiro (clarinete), Roberta Valente (pandeiro) e Adriana Holtz (violoncelo).

Uma homenagem a Tom Jobim e à diversidade da música paulista

A série explora a versatilidade e a pluralidade da música instrumental paulista, transitando por gêneros como o choro tradicional, música erudita, jazz, forró e música caipira de raiz. Ao final de cada episódio, o público poderá assistir a uma performance exclusiva em estúdio com uma obra de Tom Jobim, homenageado da série. “A música de Tom atravessa todas as fronteiras e as interpretações feitas por esses grandes músicos foram emocionantes”, comenta Gisella Gonçalves.

Locais simbólicos e histórias de vida

Cada episódio foi gravado em espaços que guardam relação afetiva ou histórica com os artistas. Entre eles estão o Ó do Borogodó, tradicional reduto do samba e do choro em São Paulo, a Sala do Conservatório, o Parque da Água Branca e a Escola de Música do Sesc Consolação.
“É como abrir um baú de memórias preciosas, onde cada artista compartilha conosco não apenas sua música, mas também momentos decisivos que moldaram sua carreira”, afirma Gisella.

Compromisso com a acessibilidade

Harmonias Paulistas conta com interpretação em Libras, closed caption e legendas em inglês, ampliando o alcance do projeto no Brasil e no exterior.
A série foi viabilizada por meio do Edital 14/2023 da Lei Paulo Gustavo e tem apresentação do Ministério da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo e da Borandá Produções.
Os episódios podem ser assistidos gratuitamente no canal da Borandá Produções no YouTube.

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