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Ecad e UBC: perspectivas da gestão coletiva musical para 2022
Publicado
4 anos agoon
Líderes do ECAD e UBC analisam panorama do mercado em meio às novas incertezas e reafirmam confiança na recuperação
Em pleno crescimento da nova onda de Covid-19, movida pela variante ômicron, a incerteza volta a golpear o mercado musical, um dos mais castigados pelas medidas de isolamento e restrição às reuniões de pessoas.
Shows e festivais adiados, o carnaval de rua cancelado nas principais capitais e planejamentos de eventos em suspenso convivem com sinais esperançosos enviados por epidemiologistas: a relativa “brandura” atual do vírus poderia ser a antessala do fim da pandemia.
Em meio às expressivas quedas recentes na arrecadação com shows e usuários gerais (devido ao fechamento do comércio nos meses mais duros da pandemia), uma luz se acende: o digital, que já cresce ano a ano, viveu um salto de importância sem precedentes para a renda de quem faz música.
Apesar disso, nem todos os titulares têm no streaming uma parte expressiva das suas receitas, o que torna essa solução para contornar o tombo em outros segmentos apenas parcial.
“O digital certamente tem sido um segmento de grande importância para compensar as perdas com shows e eventos. Em 2021, houve um aumento no consumo de streaming, com a chegada de novas plataformas de serviços.
Fizemos novos acordos e renovamos contratos que garantiram os pagamentos de direitos de autor e conexos, o que resultou em uma distribuição de R$ 145,8 milhões no segmento de Serviços Digitais em 2021.
Este foi o ano de maior distribuição de valores nesse segmento desde 2011″, disse Isabel Amorim, superintendente do Ecad.
Com novos acordos com plataformas de streaming, um trabalho ativo de conscientização dos usuários de músicas para a necessidade de pagar pelo uso e os esforços das associações para melhorar seus processos, o total geral distribuído aos titulares em 2021 foi de R$ 905 milhões, queda de apenas 5% em relação aos R$ 947 milhões de 2020. Trata-se, claro, de um resultado bom, tendo em conta que a pandemia não deu trégua.
Mas uma análise com lupa mostra que certos setores foram mais prejudicados. O carnaval, por exemplo, foi o último grande evento de 2020 antes do confinamento. A arrecadação do segmento alcançou naquele ano R$ 15,8 milhões. Este ano havia uma perspectiva de retomada. Mas a ômicron freou os planos bruscamente, e a arrecadação até agora ronda algo como 10% da cifra de 2020. A suspensão dos blocos de rua em São Paulo, Rio, Salvador, Recife e outras grandes capitais da folia faz prever outro ano ruim para a arrecadação carnavalesca.
O cenário de incerteza obriga a uma constante adaptabilidade. É o que explicou Marcelo Castello Branco, diretor-executivo da UBC e presidente do Conselho de Administração da Cisac:
“Acredito que, independentemente de nossos orçamentos e metas, temos que seguir atentos às flutuações deste novo agora, quando as situações podem mudar muito rápido e exigem adaptações sincronizadas. O sistema de gestão coletiva teve mérito de, com muito trabalho do Ecad e de todas as sociedades e reuniões quase que semanais neste dois últimos anos, minimizar muito o efeito nocivo da pandemia. Foi acima de tudo um exercício de gestão, paciência e impaciência para não aceitar as coisas como são e mudar”, descreveu.
Confira os principais trechos da entrevista dos dois ao site da UBC.
Já há sinais positivos para a gestão coletiva nos últimos meses? Shows, TV e outros segmentos vitais para a composição do bolo arrecadado dão mostras de recuperação?
ISABEL AMORIM: Observamos um movimento de retomada, sim, mas o surgimento de variantes da Covid-19 voltou a pausar alguns setores. Se olharmos a quantidade de shows e eventos de réveillon de 2019 e a compararmos com 2021, tivemos uma redução de quase 70%. Mesmo assim, o trabalho da gestão coletiva da música e o crescimento do streaming continuaram a amenizar o impacto da pandemia em 2021. As TVs abertas, de um modo geral, também tiveram um segundo semestre muito positivo, e isto se reflete no pagamento de direito autoral deste segmento que, junto com o digital, representou uma parcela importante do volume arrecadado. O último trimestre de 2021 apresentou um crescimento de mais de 35% nos valores distribuídos em comparação ao último trimestre de 2020, o que evidencia a retomada de diversos segmentos.
MARCELO CASTELLO BRANCO: Temos vários sinais positivos, dentro da prudência que estes novos tempos requerem. O digital cresceu muito e, de uma certa maneira, compensou as áreas mais vulneráveis de arrecadação. Acontece que 2 + 2 nem sempre são 4. Os titulares afetados nas áreas de show ao vivo e sonorização ambiental nem sempre têm seus repertórios representados na mesma medida no digital. Precisamos seguir na pressão, com empatia e sensibilidade. Buscar novas receitas e seguir flexíveis, mas assertivos na defesa de nossos direitos.
Que medidas foram, estão sendo ou podem vir a ser tomadas para contornar a queda na arrecadação em segmentos-chave como shows, usuários gerais e TV?
CASTELLO BRANCO: Tivemos um portfólio de soluções diversas, integradas e bem pensadas. Desde adiantamentos para titulares mais vulneráveis até, no caso da UBC, campanhas humanitárias com o Spotify, na qual distribuímos quase R$ 2 milhões a uma rede de titulares drasticamente afetados. Não existe uma solução mágica para um momento desta magnitude.
AMORIM: Desde o início da pandemia, foi grande o esforço para ampliar o diálogo com os usuários de música para reduzir a inadimplência e manter os pagamentos. Este diálogo foi essencial para a redução da queda na arrecadação. Fizemos diversas campanhas com segmentos do varejo, ajustamos a maneira de cobrança dos hotéis com base na ocupação real dos aposentos, mudamos a cobrança de rádios comunitárias e jornalísticas, fechamos acordos com associações de rádios, academias, hotéis. Isto nos aproximou do mercado, dos usuários. Também montamos uma equipe exclusiva para trabalhar o segmento digital. Este time vem atuando de maneira incansável nas longas e duras negociações com o segmento de streaming. Nos últimos anos, firmamos importantes acordos com plataformas como Globoplay, Gshow, TikTok, Disney + e Kwai, por exemplo. O pagamento dos direitos conexos no streaming foi uma importante vitória para os titulares, pois conseguimos contemplar mais pessoas. Pela primeira vez, foi possível incluir os intérpretes, músicos e produtores fonográficos entre os beneficiados na distribuição de streaming.
São quase dois anos desde que a arrecadação sofreu uma debacle em alguns segmentos. Já conhecemos o tamanho real desse tombo?
AMORIM: Estamos fechando os números finais de 2021. Podemos dizer que houve uma esperada recuperação e até crescimento significativo em alguns segmentos, reflexo da importância crescente do digital e o retorno do mercado no varejo, TVs abertas, rádios. Mas nossa previsão para a arrecadação de shows e eventos no segundo semestre não se concretizou. O resultado da arrecadação desse segmento em 2021 foi 75% menor que em 2019. Já a quantidade de shows e eventos realizados em 2021 sofreu uma redução de mais de 80% em relação a 2019, sem considerar as lives.
Crê que o sistema Ecad chega ao final de 2021 com suas sociedades mais unidas em torno a um objetivo comum do que no início da pandemia?
CASTELLO BRANCO: Não tenho dúvida. Trabalhamos muito juntos, como era imperativo. Temos um sistema engenhoso, pioneiro no mundo, de abarcar todos os direitos (autor, produtor, intérprete e músico executante), e isso nos faz mais fortes. Não à toa vem sendo estudado e, de certa maneira, replicado em regiões como a Ásia, além de países como Austrália e Inglaterra.
AMORIM: Estamos mais unidos, isto é certo. Ampliamos o diálogo entre nós, e nisto o modelo híbrido ajudou a gestão coletiva. Hoje nos reunimos online com muito mais frequência. Discutimos novas ideias, aceleramos propostas, compartilhamos ideias e realizamos projetos que melhoram a arrecadação, aprimoram a identificação de música e a distribuição dos valores arrecadados. Algo de positivo sai desta pandemia. Esta aproximação nos permitiu, por exemplo, fazer antecipações de valores distribuídos nos segmentos de Carnaval, Festa Junina e Movimento Tradicionalista Gaúcho, totalizando quase R$ 15 milhões. Ainda em 2020, logo no início da pandemia e muito rapidamente, a gestão coletiva aprovou também um adiantamento extraordinário de R$ 20 milhões, beneficiando cerca de 22 mil titulares. Fizemos um grande esforço para nos aproximarmos dos usuários na tentativa de realizar parcerias e diminuir a inadimplência, firmamos mais de 44 mil acordos, com usuários como a TV Bandeirantes, EBC e Rede TV, e também com CBN e Jovem Pan. Em 2020, foi feito um trabalho conjunto entre as associações de música e o Ecad que permitiu a liberação de R$ 170 milhões em créditos retidos, o que teve um impacto bastante positivo na distribuição total. Nos unimos também na defesa do direito autoral em diversos movimentos em Brasília, lutando pela garantia do reconhecimento do trabalho de compositores, músicos e demais titulares. Um exemplo emblemático foi a luta pela cobrança devida desses direitos, prevista em lei, pelas músicas tocadas nos quartos de hotéis em todo o Brasil.
Quais as perspectivas gerais para o mercado musical como um todo em 2022? Em que grandes movimentos deveremos prestar especial atenção?
AMORIM: Sairemos desta pandemia preparados para o crescimento que os próximos anos prometem. O mercado de direito autoral vem se movimentando e está aquecido em todo o mundo. A venda de catálogos de grandes nomes como Bob Dylan e David Bowie demostra que o crescimento vai acontecer, seja pelo streaming, pela volta dos eventos ao vivo ou por outras mudanças de consumo. Estamos unidos e preparados para este crescimento.
CASTELLO BRANCO: Acho que temos que estudar todos os movimentos. O do videogames, NFTs, blockchain e criptomoedas. E, principalmente, os efeitos da Inteligência Artificial. Tudo conversa com tudo e todos hoje, podendo ser de maneira remota ou disruptiva. Cada setor tem que escolher se prefere virar refém ou agente também destas mudanças. O mercado está febril, a percepção do valor futuro da música é superestimado nos próximos anos, e cada ano tem 365 oportunidades. As transferências de catalogos vão continuar, talvez ficarem mais lentas com a retomada dos show e outras receitas. Mas sinalizam tendências que não podemos desprezar ou ignorar.
A UBC encampou e deu grande visibilidade à campanha da Cisac de conscientização sobre o buy-out (venda total dos direitos futuros, muitas vezes imposta aos compositores de trilhas sonoras em negociações com produtores). Por quê? Qual o real perigo desse tipo de negociação para o compositor, sobretudo à luz do momento atual do mercado?
CASTELLO BRANCO: Em todas as instâncias somos pró-criadores e seus direitos. Todos têm o livre arbítrio na tomada de decisões, mas nosso papel e responsabilidade é de alertar para riscos de perda, não só de receita, mas de direitos muito protegidos e que sempre nortearam a UBC em seus quase 80 de existência. Existe muito oportunismo em algumas oportunidades — e, depois, arrependimentos. A questão do buyout é uma iniciativa global da Cisac que abraçamos convencidos de que a remuneração proporcional é o melhor e mais justo modelo de negócio para o criador, seus interesses e os de seus herdeiros. Temos muitos exemplos sobre como pode ser letal esta renúncia e como pode gerar perdas monumentais para os produtores de audiovisual. Somos a favor de modelos equilibrados, onde fique claro e bem definido o direito de todos.
Que outros grandes temas serão bandeiras da UBC em 2022?
CASTELLO BRANCO: Em 2022 comemoramos 80 anos da UBC. A primeira sociedade de direito autoral do Brasil, a mais internacional de todas. Mas não vamos falar do passado. Vamos seguir abraçando o futuro, comprometidos com o presente, o agora. Vamos reverenciar nossos pilares e os mais grandiosos personagens da nossa história, mas com um olhar na geração de talentos de hoje, do artista empreendedor, multifacetado, contemporâneo, futurista. Vamos seguir apostando na diversidade, na inclusão, na ética, numa nova ótica. Mais que tradição, somos inovação. Vamos ser mais “data driven” do que nunca, mas sem perder a ternura e a intuição.
Fonte: UBC
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Direitos Autorais
Ivan Lins revela: “Preciso tocar 20 mil vezes no stream para ganhar R$ 1!” – A dura realidade dos músicos no mundo digital
Publicado
2 anos agoon
02/05/2024
Em entrevista no programa “Provoca”, o músico revela a disparidade entre ganhos com CDs e plataformas digitais.
Na mais recente edição do programa “Provoca”, apresentado por Marcelo Tas, Ivan Lins, renomado cantor, pianista e compositor, trouxe à tona uma discussão vital para o mundo da música: a remuneração de artistas pelas plataformas de streaming. Durante a conversa, Lins expressou seu descontentamento com o atual modelo de pagamento dessas plataformas, que considera profundamente injusto para os criadores de conteúdo musical.
Segundo Lins, as gravadoras foram as primeiras a negociar com as plataformas de streaming, resultando em uma distribuição de lucros desfavorável aos artistas. “Quando as plataformas surgiram, as gravadoras rapidamente fizeram acordos, disponibilizando seus catálogos. Nessa negociação, ficaram com 80% dos lucros, deixando apenas 20% para serem divididos entre as sociedades arrecadadoras, editoras e compositores, dos quais apenas 10% efetivamente chegam aos autores das músicas”, explicou o músico.
A realidade dos números é ainda mais dura. Ivan Lins apontou que, para ganhar apenas R$ 1,00, uma de suas músicas precisa ser tocada aproximadamente 20 mil vezes em um mês no Spotify. Contrastando com a era dos CDs, Lins destacou que, se ainda estivesse vendendo CDs e considerando seu número de ouvintes mensais, poderia vender até 80.000 cópias, garantindo uma remuneração justa pelo seu trabalho.
“Se eu tivesse vendendo CD, na quantidade de pessoas que me ouvem, eu poderia facilmente vender 80.000 cópias e viver disso. Agora, a situação mudou drasticamente”, lamentou Lins. Com a diminuição na venda de CDs e a baixa remuneração dos streams, o artista ressaltou que sua única fonte de renda substancial agora são os shows ao vivo.
A entrevista de Ivan Lins no “Provoca” traz à tona uma questão crucial sobre como as mudanças na indústria musical afetam não apenas a economia dos artistas, mas também a própria cultura musical, influenciando diretamente na sustentabilidade da carreira dos músicos no cenário atual.
Direitos Autorais
Ecad relata a distribuição R$ 1,2 bilhão em direitos autorais em 2022
Publicado
3 anos agoon
14/02/2023
Valor representou um crescimento de mais de 35% em comparação a 2021.
O ano de 2022 foi embalado pelo início da retomada da economia e das atividades presenciais no Brasil, com o retorno da indústria musical, dos shows e dos eventos. O Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), instituição privada e sem fins lucrativos, adotou uma série de iniciativas que contribuíram para o desenvolvimento da cadeia produtiva da música, garantindo a remuneração de compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos, além das associações de música.
O Ecad anunciou a distribuição total de R$ 1,2 bilhão em direitos autorais de execução pública para mais de 316 mil compositores, intérpretes, músicos, editores e produtores fonográficos, além das associações de música, em 2022. O valor representou um crescimento de mais de 35% em comparação com o que foi distribuído em 2021.
O repertório nacional recebeu 64% dos valores repassados na distribuição de direitos autorais no ano passado, o que aponta para a forte característica do consumo de músicas brasileiras no país.
Entre os segmentos de execução pública que alcançaram números expressivos em 2022, o de TVs foi o responsável pela maior parte dos valores distribuídos aos titulares de música, representando 41% do total. Em seguida, o segmento de Rádio + Direitos Gerais1 representou 20% da distribuição feita pelo Ecad, mostrando que, apesar do retorno dos eventos presenciais e da mudança de comportamento do consumidor com a popularização do streaming, esse veículo ainda é importante para compositores e artistas.
Streaming de vídeo e áudio
O segmento de Streaming de vídeo teve participação de 11% e o de Streaming de áudio, de 7% dos valores distribuídos, posicionados logo em seguida. No segmento Digital, vale ressaltar que o Ecad fez licenciamento de novas plataformas de áudio e vídeo, avançando nas negociações de contratos e na conscientização do usuário de música pelo pagamento de direitos conexos, além dos direitos de autor, para remunerar todos as categorias de titulares de música.
Direito autoral em shows
Já o segmento de Shows teve 6% da participação da distribuição total do Ecad, com a volta de festivais de música, como Rock in Rio e Lollapalooza, e shows nacionais e internacionais, como Kiss, Metallica e outros realizados no ano passado. No Rock in Rio, o maior festival de música e entretenimento do mundo, foram distribuídos mais de R$ 10 milhões destinados a compositores.
Mudanças no Ecad
O Ecad tem anunciado também os investimentos em tecnologia e cibersegurança, o desenvolvimento de uma nova plataforma de identificação musical e a modernização do sistema de arrecadação de direitos autorais para ter maior abrangência em todas as cidades do Brasil, além da inovação em processos com apoio das áreas de Auditoria e Compliance, Comitê de Ética e implantação de práticas ESG.
“Queremos que o Ecad se torne cada vez mais conectado com os seus usuários e o mercado da música, com a adoção de soluções tecnológicas e de diversidade, dentro das melhores práticas ambientais, sociais e de governança. Já temos implantadas práticas importantes que mostram a transparência do nosso trabalho, como o programa de Compliance, além da valorização da diversidade com grande parte de cargos de liderança ocupado por mulheres. Esse é um caminho longo para todas as empresas, mas acredito que o Ecad evoluiu bastante nos últimos anos e vamos fazer ainda mais. Também estamos desenvolvendo cada vez mais o trabalho no digital e acreditamos no crescimento desse segmento para o mercado da música neste ano”, disse a superintendente executiva, Isabel Amorim.
Investimento em tecnologia no Ecad
O investimento em transformação digital otimizou fortemente o trabalho de identificação musical realizado pelo Ecad no ano passado. De 2019 a 2022, foram identificadas 3,9 trilhões de execuções musicais nos serviços de streaming no Brasil, das quais quase metade ocorreram em 2022. Neste processo, as plataformas digitais enviam periodicamente informações sobre as músicas tocadas e, a partir do cruzamento automático com o seu banco de dados, o Ecad consegue identificar 100 mil músicas por segundo. Atualmente, a instituição tem uma das maiores bases de dados da América Latina, com 18,5 milhões de obras musicais.
Práticas ESG
A adoção de práticas de ESG também é uma importante diretriz que vem sendo trabalhada pelo Ecad. A instituição já conta com políticas antifraude e anticorrupção, canal de denúncias e uma estrutura de assembleia geral para decisões da gestão coletiva da música. Os números do Ecad também apontam diversos avanços, especialmente em diversidade e inclusão.
Atualmente, 50% do quadro de colaboradores da instituição é formado por mulheres e elas ocupam 44% dos cargos de liderança. A mais alta posição do Ecad, a superintendência executiva, é ocupada por mulheres há mais de 20 anos e, desde o fim de 2019, Isabel Amorim está à frente da entidade.
Direitos Autorais
Direitos autorais crescem no Brasil e fomentam a economia nacional
Publicado
4 anos agoon
10/03/2022
ORB Music, especialista na gestão de direito autoral do mercado musical, evidencia a relevância do direito de execução pública tradicional em relação ao streaming.
O direito autoral foi importante para economia nacional no ano passado. Em pesquisa, ECAD registrou crescimento de mais de 20% de 2020 para 2021.
Até novembro de 2021, foram arrecadados R$ 225 milhões em receitas de streaming – uma parte (25%) cabe ao ECAD e outra (75%), diretamente às editoras de música, que depois repassam aos compositores. Isso representa um crescimento de 28% na receita de streaming paga ao ECAD em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2021, foram contemplados cerca de 130 mil titulares em cerca de 476 bilhões de execuções processadas de streaming de música. O valor distribuído nesse segmento foi R$ 58,5 milhões, um crescimento de mais de 945% em relação a 2016.
Além disso, no que se refere à execução pública tradicional (TV, rádios, cinemas, casas de show) – em que os valores são às associações de gestão coletiva e depois distribuídos a compositores, editoras, artistas, músicos acompanhantes e gravadoras, foram arrecadados 1,08 bilhões de reais em 2021, 20% a mais que em 2020.
“Com o mercado muito voltado para as plataformas digitais, por conta do forte crescimento do streaming, esquecemos de falar do direito de execução pública tradicional, uma receita que continua crescendo. Nessa frente, que fica a cargo da nossa Divisão de Filme & TV, cuidamos dos direitos de grandes criadores de música para TV e cinema, de grandes produtoras e de bibliotecas de música para o audiovisual do jornalismo, cinema e TV. Por ser nossa primeira área de trabalho, essa Divisão é o nosso principal motor, nosso motor 1 em receitas da ORB, como costumamos falar”, comenta Daniel Campello, CEO da player que lidera o mercado musical na gestão de direito autoral e serviços de música no Brasil.
Em 2021, a ORB alcançou um crescimento expressivo em sua trajetória, com um aumento de 35% em direitos de execução pública recebidos por seus clientes, completando a expressiva quantia de R$ 200 milhões em royalties de execução pública originados para seus clientes, ao longo dos seus 9 anos e meio de mercado. Na área de execução pública, em que é líder desde sua fundação, sua cartela de clientes recebe 83 vezes mais créditos retidos advindos do ECAD, comparando-se com a média de recebimento dos titulares filiados às associações do ECAD que não contam com os serviços de Tracking ORB, o que gerou um resultado de R$ 35 milhões recuperados pela ORB em liberação de créditos retidos, ajustes e correções. Valores esses que jamais seriam recebidos pelos clientes se não fossem as inovadoras ferramentas de cadastros de obras, fonogramas e cue-sheets da ORB, que possibilitam o caminho dos royalties avindos do ECAD.
Na Divisão de Film&TV, a startup representa grandes nomes da música para audiovisual nacional e internacional, como Tim Rescala, Plínio Profeta, Mú Carvalho, os irmãos Mondego, a produtora O2, Marcelo Zarvos e até o top 5 e ícone internacional de trilhas do cinema com 8 indicações ao Oscar James Newton Howard, também criador de Emily em Paris.
“A ORB atribui o forte crescimento na arrecadação dos nossos clientes em 2021 a um trabalho de organização interna e profundas transformações em nossa estrutura. Em 2021, tivemos um volume anual recorde de créditos retidos liberados, mais de 7 milhões de reais, assim como um volume de distribuição de direitos muito grande, fruto das músicas que nossos clientes têm em novelas da TV Globo. A relação entre os canais tradicionais e o streaming, vejo como uma complementariedade. O consumo de música, filmes e séries via streaming a meu ver não rivaliza diretamente com a TV aberta, muito voltada para jornalismo, realities e novelas, formatos que continuam sendo consumidos em larga escala pelos brasileiros. As audiências cresceram e o consumo de cultura em geral em 2021 e aumentará nos anos que virão”, observa o CEO.
No digital, a ORB Music registrou um incremento de 100% nas receitas, com a entrada de selos e editoras bem importantes, além de crescer também com os produtos de tecnologia, em que grandes players como a GR6, o sexto maior canal brasileiro do Youtube com mais de 300 artistas do universo do funk, passaram a integrar a carteira da startup.
No Brasil, os direitos de execução pública nos canais tradicionais – Rádio, TV, Cinema, Casa de Shows, Hoteis por exemplo – têm a distribuição de 10% para o ECAD e 5% para as Associações, sendo que a maior parte é destinada ao Autor com 2/3 e a menor parte para os Conexos com 1/3.
Com o streaming, os direitos de execução pública ganharam uma complexidade em que plataformas exclusivamente musicais como Spotify e Deezer, tem a distribuição de 25% para execução pública e 75 % para os direitos de reprodução. Porém, Netflix se diferencia com 100% para direitos de execução pública, sem contabilizar a distribuição dos direitos de reprodução.
No digital, temos um vazio institucional com uma baixa carga de regulação em relação à internet, já que o Brasil não aderiu aos famosos tratados de internet WCT e WPPT, portanto não tendo sido criado aqui no nosso ambiente o making available right, isto é, o direito autoral para a internet. Isso acaba influenciando em uma série de fatores na hora da cobrança dos direitos.
Temos muito potencial para o crescimento de direito autoral no Brasil, visto que não temos uma gestão coletiva organizada para o direito autoral fonomecânico no streaming. Compositores, os criadores da matéria-prima dessa cadeia, não são satisfatoriamente remunerados pelo consumo das suas obras no Brasil, abrindo espaço para que muita infraestrutura seja criada.
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