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Daccord desenvolve software para a indústria musical

Sabia que existe em nosso país uma empresa desenvolvedora de softwares e jogos musicais? E por acaso ela tem muito sucesso! Vamos dar uma olhada na Daccord.

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A Daccord começou como ideia em 1999, vindo de um desejo do prof. Giordano Cabral, que foi um dos fundadores da empresa, de usar a tecnologia de uma forma mais inteligente para aprender e criar música.

Daccord Rodrigo

Rodrigo Pereira, CEO da Daccord

A ideia veio de pesquisas em tecnologia musical, gerando novos métodos e ferramentas para o aprendizado de instrumentos. “Lançamos então produtos que foram usados em 116 países, dando origem ao e-commerce em nosso site”, disse Rodrigo Pereira, CEO da Daccord.

Com o tempo o e-commerce se estendeu para produtos de parceiros, como o Finale, o Guitar Pro e o Fl Studio, e a área de atuação da empresa foi se expandindo. “Criamos a MusiGames, que fez jogos musicais de sucesso, e tivemos algumas spin-offs que se transformaram em empresas independentes, sempre trabalhando com música, áudio e educação”, adicionou.

Esse trabalho contínuo de busca de usos inteligentes para a tecnologia musical fez a Daccord ganhar reconhecimentos importantes, como o Prêmio Finep (duas vezes) como uma das empresas mais inovadoras do País.

Reação no mercado brasileiro

Rodrigo conta que no começo a empresa encontrou a mesma dificuldade que a maior parte das empresas que fazem inovação no Brasil: financiamento. “Temos competência, articulação, visão de negócios, criatividade, mas para se desenvolver algo novo, exige-se investimento”, disse. “Na época era ainda mais difícil. Sem investidores de risco, em um mercado ainda a ser criado, tivemos de fazer nosso primeiro produto sem verba nenhuma, praticamente uma empresa de garagem. Hoje a situação está melhor, mas ainda é difícil viabilizar projetos ousados. Se algum investidor entusiasta musical estiver nos lendo, ficam aqui o desafio e a provocação.”

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Falando sobre a aceitação desse tipo de produto no mercado local, Rodrigo explicou que o mercado brasileiro tem tudo para crescer muito ainda, mas ainda há um distanciamento para com as outras áreas de atuação do mercado musical. “Quando todos os atores do mercado —fabricantes de instrumentos, lojistas, artistas, produtores, estúdios e nós, desenvolvedores — estiverem em uma sintonia maior, as demandas tenderão a ficar mais claras e poderemos então aplicar as soluções que os softwares proporcionam e popularizar mais os produtos. Para isso, é preciso que esses atores conversem entre si, com intercâmbio e eventos do setor, para possibilitar novos negócios.”

“Fomos um dos primeiros e-commerces do Brasil”

A Daccord foi uma das primeiras empresas no País a vender seus produtos por meio de um e-commerce. “Naquela época era um trabalho de desbravar e criar o mercado. Apresentar para as pessoas uma nova forma de compra. Nos dias de hoje temos o modelo já popularizado e muitos concorrentes. Mas acredito que as principais diferenças atualmente estão em dois pontos: primeiro, superar as experiências ruins que os usuários tiveram até aqui nesse tipo de transação e a desconfiança que isso gera; e depois, mas talvez o maior dos problemas, superar a cultura da pirataria”, explicou.

Certamente a promoção desses produtos não tangíveis não tem sido algo fácil e é um aspecto que também tem mudado drasticamente nos últimos anos. Rodrigo comenta: “As ferramentas de impulsionamento nas redes sociais e mecanismos de busca nos permitem ter um alcance proporcional ao investimento. Além dos impulsionamentos, utilizamos bastante ainda a comunicação via e-mail, sempre tentando aumentar nossa base de clientes por meio do site. Temos ainda uma iniciativa no Instagram chamada Estudio Caixote (@estudiocaixote), um espaço em que fazemos experimentações de softwares, controladores DSC copiae instrumentos digitais, além de cobertura dos eventos dos quais participamos”.

Esse é um ponto de destaque da Daccord, pois muitas vezes as pessoas não sabem que os softwares também podem ser testados. A grande maioria pode ser utilizada por um período determinado pelo fabricante, para que o usuário tire as dúvidas e veja se realmente deseja efetuar a compra. Praticamente todos os softwares comercializados pela Daccord podem ser testados com uma versão demo, basta que o usuário expresse esse desejo ao suporte da empresa.

Desenvolvimento de software

No início da empreitada, a Daccord desenvolveu uma série de softwares que até hoje são comercializados no Brasil e no exterior. O que teve maior projeção foi o iChords, em meados de 2010. É um programa que analisa uma música e mostra na tela do computador os acordes a serem tocados no momento exato. A empresa também teve outros sucessos, como o Afinador, o Curso de Violão e o Dicionário de Violão.

Depois obtiveram destaque no desenvolvimento de jogos musicais, chegando a ocupar o primeiro lugar da Appstore americana em jogos de música para iPad com o jogo Drums Challenge.

Posteriormente, na área de educação, desenvolveram uma plataforma para ensino de música nas escolas que é utilizada até hoje em diversos colégios no Brasil. A Turma do Som reúne jogos, desenhos animados e atividades musicais para o desenvolvimento da arte musical nas crianças.

Nos últimos dois anos a Daccord voltou toda a sua carga a projetos de inovação na área musical, seguindo uma linha mais parecida com o início da empresa, mas agora com um olhar para o futuro e para as novas tecnologias que se apresentam. “Nossa ideia é ter em pouco tempo uma série de produtos desenvolvidos por nós e por parceiros que explorem inteligência artificial, IoT e os serviços de streamming para gerar novas experiências de como consumir músicas e aprender a tocar instrumentos. Além disso, temos trabalhado por um estreitamento maior no nosso relacionamento com artistas musicais, do qual extraímos demandas e desafios muito interessantes.” Rodrigo conta mais a seguir.

M&M: Seus produtos são usados/vendidos em 116 países. Quais são os países que mais consomem esse tipo de produto? 

Rodrigo: A América do Norte é mais madura nesse sentido. Os Estados Unidos e o Canadá são dois países fortes nesse mercado. Nossos softwares sempre tiveram boa aceitação também em países europeus, principalmente Portugal e França. Em visita à feira NAMM em janeiro, na Califórnia, pude constatar ainda o crescimento do mercado asiático nesse setor, tanto em desenvolvimento como em consumo.

M&M: E na América Latina, qual a situação aqui? 

Rodrigo: É um mercado ainda em evolução. Nos últimos anos vimos o surgimento de muitas escolas e de novos cursos universitários voltados a esse mercado. Isso trará um aumento de demanda e um perfil de usuário diferente nos próximos anos. O Brasil é sem dúvida o mercado de maior potencial na América Latina, pelo seu tamanho e possibilidades que a diversidade cultural proporciona. Vários hits populares que surgiram nas periferias das grandes cidades também ajudaram e são consequência dessa popularização. Tivemos fenômenos de brega, funk e rap que foram criados em home studios ou aplicativos de celular, utilizando softwares como esses que vendemos.

M&M: Além de desenvolver softwares, vocês também são distribuidores. Quais marcas internacionais estão distribuindo no Brasil?

Rodrigo: Atualmente temos um portfólio com mais de 450 softwares de 30 marcas diferentes provenientes, em sua maioria, dos Estados Unidos, Canadá e Europa. Já há muitos anos distribuímos marcas como Makemusic, Imageline, Arobas, Acoustica. Recentemente incorporamos Celemony, U-he, Antares, Resolume, Serato. A aceitação no Brasil é boa e com potencial importante de crescimento. O grande desafio é conseguir apresentar uma nova marca a um público tão específico e vencer as desconfianças. Para isso contamos com a nossa tradição no mercado como uma marca já consolidada e também com a indicação dos próprios parceiros, que nos apontam como seus distribuidores no Brasil.

M&M: O que você acha do comentário que muitas pessoas fazem de que “os instrumentos tradicionais vão ser substituídos totalmente no futuro pelos virtuais”? 

Rodrigo: Eu não acredito nessa substituição total. É inegável que os instrumentos mais tradicionais precisam se conectar de forma efetiva com os novos tempos. Instrumentos que sejam atrativos para uma renovação de público. Mas isso não significa a extinção dos modelos tradicionais, e sim o seu aperfeiçoamento e modernização. A experiência de tocar um instrumento verdadeiro será sempre uma vantagem a ser explorada. Cabe aos fabricantes entenderem esse momento e inovar. Modernizar os modelos e oferecer funcionalidades diferentes. É o que estamos fazendo hoje, inclusive tendo um contato próximo com fabricantes de instrumentos tradicionais para entender como conectá-los ao mundo digital.

M&M: Como você vê o futuro dos softwares para música? 

Rodrigo: Há uma tendência de migração mais forte do modelo de compra única para o modelo de assinatura. A velocidade das atualizações está cada vez maior — temos produtos que chegam a lançar mais de uma atualização por ano. E o modelo de assinatura se encaixa melhor nessa velocidade, além de dar ao usuário a possibilidade de pagar menos caso precise de um uso rápido e pontual. Além disso, os aplicativos casuais e auxiliares continuarão surgindo a toda velocidade, mas sem ameaçar as versões para computadores, que seguirão sendo a saída para o uso profissional, como ferramenta de trabalho de uso contínuo. Do

DSC copia

Novidade: Fretlight

ponto de vista técnico, teremos cada vez mais softwares inteligentes, que expandem as possibilidades do usuário pela interpretação de grandes bases de dados. Integração com dispositivos físicos, novos controladores, de formas e materiais inovadores. Enfim, temos muito trabalho e um mar de possibilidades pela frente.

M&M: O que podemos esperar da Daccord este ano?

Rodrigo: Temos três grandes objetivos para 2019: o primeiro é dar continuidade ao nosso projeto de inovação. Estamos costurando uma solução, já prototipada, que possa unir os serviços de streamming, os bancos de cifra e os instrumentos com tecnologia embarcada (como o Fretlight). Queremos trazer uma experiência nova para aprender a tocar um instrumento. Já fizemos isso no passado, e vamos fazer novamente.

Depois, estamos iniciando a revenda de produtos físicos que são alinhados com esse mesmo mercado. Desde o fim de 2018 já estamos fazendo distribuição no Brasil da marca Fretlight — guitarras e violões com LEDs no braço e conectadas com aplicativos que acendem os LEDs no momento de tocar. Depois de participarmos da NAMM, trouxemos uma série de possibilidades e em breve teremos grandes novidades.

E nosso outro grande objetivo é trazer outras grandes marcas para o nosso portfólio de softwares. Já estamos em negociação com uma gigante do setor, que esperamos anunciar em breve.

 

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