Saiba como a tecnologia, a digitalização e a estratégia correta podem ajudar o varejo a superar a crise imposta pela Covid-19.
A tecnologia tem sido o principal impulsionador de negócios e da economia nos últimos anos e será cada vez mais. Em 2010, das cinco maiores empresas nos EUA, três eram tradicionais e duas de tecnologia. Em 2019, as cinco maiores são de tecnologia. Na China, três em cada cinco são de tecnologia, sendo que em 2010 não havia nenhuma do setor entre as dez maiores.
Tecnologia é fundamental, mas não resolve sozinha se não houver uma estratégia contínua, que mostre o caminho das melhores oportunidades para agregar valor. Não podemos deixar de fora um passo crucial: a execução. Extrair os melhores resultados da tecnologia, com a execução e implementação de uma estratégia escolhida, é o verdadeiro desafio da maioria das empresas. Assim, a tríade tecnologia, estratégia e execução devem andar juntas. Caso contrário, são apenas sonhos.
Então, como “brick & mortar” virou “brick & mobile”? Como era inevitável, a tecnologia achou seu lugar ao sol. À medida que nos tornamos cada vez mais dependentes e conectados aos nossos telefones celulares, queremos que eles façam tudo.
Aqui é onde as coisas se complicam um pouco. Como obter o “toque humano” na experiência digital? Como dar o salto para transformar a experiência digital, a experiência do cliente na “jornada do consumidor” em um ecossistema digital?
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Às vezes é óbvio fazer uma compra com apenas um clique para realizar o pagamento pelo smartphone. Outras vezes é mais complicado porque requer o acúmulo de muitas informações do cliente, da empresa, do canal, dos processos envolvidos e dos produtos e marcas. Para tornar a “jornada do consumidor” uma experiência agradável, muita tecnologia entra em campo. Primeiro capturar as informações do ambiente e dos produtos/marcas com sensores como RFID, BLE, NFC, por exemplo. Depois os dados do cliente, por meio de vários sistemas que integram experiências anteriores de compras e que, na sequência, usam muitas análises de dados e inteligência artificial para entender tudo isso. A tarefa não é fácil, pois muitas tecnologias, processos e informações devem ser integrados para fazerem sentido, serem confiáveis e agregarem valor ao cliente e aos varejistas.
Muitos varejistas ficam na dúvida sobre quais tecnologias adotar, afinal elas não são o “negócio principal” para eles. Se eu tenho uma loja de calçados, vende-los não é o meu negócio? Não deveria ser assim?
É uma pergunta justa. Boas soluções tecnológicas não são baratas e seguir o caminho errado pode sair bem caro e trazer poucos resultados. Um bom caminho é estudar o que existe no mercado, entender bem as propostas de valor e, após escolher sua estratégia digital, implementar em etapas.
O “bom é inimigo do ótimo”: é melhor fazer algo, mesmo que não seja perfeito, do que nada. Comece com um Produto Mínimo Viável (MVP), um piloto. Comece pequeno, teste e corrija, ao longo do caminho, o que não for bom o suficiente. Lembre-se de definir métricas e um cronograma para poder seguir em frente e colher os benefícios de uma implementação em grande escala, assim que estiver confiante. Caso contrário, pilotar é uma perda de tempo e dinheiro.
Mas como fazer tudo isso em tempos de Covid-19?
O CEO de uma grande fabricante/varejista me disse recentemente: “A pandemia não é uma lançadora de eventos, é uma ACELERADORA DE AGENDA”. Mais motivos para avançar.
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E quais são os desafios do varejo inteligente ou “smart retail”?
Consultores e especialistas em varejo têm falado muito sobre o omnichannel como “O” caminho a seguir, especialmente para varejistas com muitas lojas físicas (brick & mortar), como estratégia de defesa contra as “Amazons” do mundo digital. Ou seja, aproveite os dois mundos, físico e virtual, para obter vantagem competitiva sobre os players puros de internet. Eu concordo em parte.
Anywhere-Anyone
“Comércio em qualquer lugar – qualquer pessoa” é mais aderente a um futuro em que o consumidor é novamente o rei e o centro. Nessa linha, a jornada do consumidor deve ser também uma jornada confortável. Cada vez mais, os varejistas serão incentivados a adicionar serviços e não apenas vender um produto. Assim, o foco tende a mudar de Produtos e Marcas para Experiência e Canais.
As lojas físicas sempre podem ajudar com a User Experience (UX), usando lojas conceito, mas os varejistas devem se preocupar não apenas com marketing. Eles devem aproveitar a oportunidade de coletar o maior volume de informações, em tempo real, para antecipar as necessidades do cliente. Novamente são as ferramentas de “analytics” trabalhando em conjunto com sensores de IoT, como RFID, para desempenhar papéis importantes.
Outro desafio é a logística. O coronavírus fez uma longa lista de varejistas sofrer com rupturas de estoque. Uma resposta pode ser um inventário maior, com custos de capital associados, ou uma cadeia de suprimentos mais longa, porém mais inteligente, o que significaria considerar uma integração mais vertical. Cadeias de suprimentos mais longas e integração vertical devem aumentar a necessidade de cadeias de suprimentos inteligentes. Isso significa visibilidade em toda a cadeia.
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Alguns fabricantes de vestuário, por exemplo, perceberam que lidar diretamente com os clientes finais é mais lucrativo, já que não dependem de um intermediário (varejista). Mais fabricantes se integrarão verticalmente e lançarão suas próprias lojas e marketplaces. Esse movimento deve aumentar os riscos e, também, os custos, mas os retornos tendem a ser maiores. A tecnologia, por meio da automação e melhoria de processos, deve desempenhar um papel importante para reduzir custos, aumentar o controle e otimizar o desempenho da cadeia de suprimentos. Tecnologias-chave como RFID, IA, Analytics devem ser cada vez mais adotadas, pois o foco deve estar na integração da cadeia de suprimentos e não tratar lojas físicas separadas das on-line, com processos e inventários separados. Sistemas e processos devem ser integrados para otimizar recursos e reduzir custos.
Lógica reversa
Com a expansão do comércio eletrônico, as plataformas de e-commerce e as compras diretas on-line reforçam sua posição dominante adquirida em tempos de distanciamento social. Como consequência, perdemos aquela oportunidade de tocar e sentir os produtos nas mãos. Uma desvantagem disso é que o varejo de moda, principalmente, pode começar a ter uma taxa de retorno muito mais alta do que nas lojas físicas, especialmente no setor de calçados. A cadeia de suprimentos deve se preparar para esse aumento nas devoluções com otimização/automação de processos e logística reversa aprimorada. Feito com cuidado e respeitando o seu cliente, a experiência (UX) não deveria sofrer. As pessoas podem continuar ter uma ótima experiência de compra, mesmo que precisem devolver um item, desde que estejam bem informadas sobre o processo, que as previsões de entrega não são muito longas e que o retorno do dinheiro está disponível, se desejado.
Em 2020, a Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê uma queda de 10 a 32% no comércio mundial. O PIB deverá encolher em torno de 3 a 5%. Para os EUA: -4%, Brasil: -5%, UE: -7%., China; + 1%. No curto / médio prazo, a Covid-19 sinaliza tempos difíceis à frente; por isso, o foco no fluxo de caixa deve ser prioridade não apenas para o varejo, mas para todas as empresas.
Como sempre “cash is king”, este ano mais do que nunca. No final das contas, os varejistas precisam ter lucro ou não sobrevivem. Por mais interessantes que sejam as novidades tecnológicas do “balcão para a frente”, fornecendo muitas informações, como reconhecimento de padrões do cliente e análises comportamentais para antecipar tendências e manter o cliente interessado, os processos e atividades “atrás do balcão” serão ainda mais cruciais para manter as margens, especialmente em mercados de vendas retraídas.
Nesse sentido, a prioridade será investir em tecnologias de melhoria de desempenho operacional, que garantam visibilidade com redução de custos, mais produtividade, velocidade, precisão e menos trabalho manual.
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George Millard
A cadeia de suprimentos deverá ser ajustada e inteligente para que se tenha visibilidade de toda cadeia de suprimentos. Isso fará toda a diferença e resultará em vantagem competitiva. O Walmart demonstrou, por muito tempo, a importância de operações eficientes. Aliás, nesses tempos de crise, a estratégia de integração on e offline da Walmart tem se provado correta, com suas ações subindo, mesmo no meio da pandemia.
A boa notícia é que as novas tecnologias estão cada vez mais acessíveis. Até pequenos varejistas podem implantar boas soluções como análises de dados com BI e analytics; visibilidade, acurácia, controle com RFID, automação e produtividade com IA.
Neste momento, a dica é se concentrar no aumento da produtividade, melhor performance operacional, fazendo mais com menos. Operações otimizadas e cadeias de suprimentos inteligentes estão entre as estratégias vencedoras para os próximos dois anos.
Autor: George Millard, engenheiro mecânico formado pela FEI e MSc pela London Business School – Sloan Programme. CEO da Mozaiko, uma startup de tecnologia do Grupo Stefanini.
O último trimestre do ano não só traz um aumento natural nas vendas, impulsionado por eventos como Black Friday, Cyber Monday e Natal, como também a necessidade de estabelecer as bases para o planejamento estratégico para 2026.
No setor de instrumentos musicais e áudio profissional, onde a volatilidade do dólar, os custos logísticos e as tendências de consumo ditam o tom, avaliar com precisão os resultados financeiros e operacionais torna-se fundamental para mensurar a verdadeira lucratividade do negócio.
Essa análise não apenas valida o desempenho mensal, mas também identifica onde estamos dessincronizados e quais fatores estratégicos precisamos ajustar para garantir um crescimento sustentável.
Avaliação do Desempenho Financeiro
Um diagnóstico preciso exige ir além dos números brutos e analisar indicadores-chave adaptados ao setor:
Receita e lucratividade: Comparar as vendas de categorias críticas (caixas de som profissionais, controladores de DJ, guitarras, equipamentos de gravação) com as margens em comparação com períodos anteriores.
Estrutura de custos: Diferenciar custos fixos (aluguel de showroom, equipe de vendas, licenças de software) de custos variáveis (importações, frete, marketing sazonal), identificando oportunidades de otimização.
Fluxo de caixa: Meça a liquidez necessária para financiar estoques que muitas vezes são pagos em dólar, mas vendidos a prazo ao cliente final.
Dívida: Avalie o ônus financeiro e o nível de alavancagem diante das flutuações da taxa de câmbio.
Ações Positivas e Áreas de Melhoria
Após a análise dos números, a pontuação revela o que funcionou e o que precisa de ajustes:
Ações bem-sucedidas: Campanhas digitais em mídias sociais, acordos com academias e distribuidoras de música e o boom do e-commerce de acessórios e peças de reposição.
Fraquezas operacionais: Estoques mal calibrados, com escassez, distribuição lenta nas regiões ou serviço de pós-venda fraco.
Tendências de Mercado: Crescimento da música urbana e demanda por equipamentos de home studio, além de consumidores mais sensíveis a preços devido à inflação e à queda do crédito ao consumidor.
Repensando Estratégias e um Plano de Ação
Com a pontuação claramente definida, o plano deve estabelecer diretrizes específicas:
Otimização de Custos: Negociar com fornecedores internacionais, consolidar importações e automatizar processos de estoque.
Expansão de Mercado: Abra novos canais em regiões, exporte para países vizinhos ou explore nichos como equipamentos para igrejas e eventos corporativos.
Fortalecimento Digital: Amplie o e-commerce com integração ERP-marketplace e aprimore campanhas segmentadas por tipo de músico.
Treinamento de Equipe: Treine a equipe de vendas em produtos de alta qualidade, fidelização de clientes e serviços de vendas cruzadas (por exemplo, aluguel + vendas).
Implementação e Monitoramento
Toda orquestra precisa de um maestro e uma pontuação clara:
KPIs definidos: Margem bruta por categoria, giro de estoque, vendas online vs. físicas e índice de endividamento.
Revisão periódica: Reuniões trimestrais para avaliar o progresso e reajustar a estratégia de preços e estoque.
Feedback contínuo: Envolva toda a equipe, do depósito ao marketing digital, na busca por eficiência e inovação.
Uma revisão financeira de 2025 é uma oportunidade para ajustar os negócios antes de entrar em uma nova temporada. Com análises rigorosas, replicando o que gerou impacto positivo e corrigindo o desempenho desafinado, a indústria de instrumentos musicais e áudio profissional pode se projetar com maior força, transformando a volatilidade em harmonia financeira a longo prazo.
*Autor: Camilo Ramírez Mestre em Administração de Empresas (MBA) pela Universidad del Desarrollo, Mestre em Gestão Financeira pela Universidad Adolfo Ibáñez, Diploma em Gestão Financeira pela Universidad Adolfo Ibáñez, Diploma em Finanças Corporativas pela IEDE Business School Chile e Bacharel em Administração de Empresas e Administração Universitária pela Universidad de las Américas. Sócio Sênior da Price Capital Spa. E-mail: corporativo@pricecapital.cl Visite: www.pricecapital.cl
A histórica fabricante de violões cria um cargo de COO para impulsionar a excelência operacional e sua próxima fase de crescimento.
A C. F. Martin & Co., Inc. anunciou a nomeação de Scott Gervais como Diretor de Operações (COO). Com mais de duas décadas de liderança executiva em operações, manufatura, compras e gestão da cadeia de suprimentos, Gervais ocupou cargos de liderança na Polaris Marine e na Conn-Selmer, Inc., onde liderou e expandiu operações globais com melhorias mensuráveis em segurança, qualidade, eficiência e satisfação do cliente.
Violonista acústico de longa data, Gervais enfatizou a conexão pessoal com sua nova função: “É uma verdadeira honra ingressar na C. F. Martin & Co., uma empresa que admiro desde que peguei em um violão pela primeira vez. A Martin sempre representou o auge da arte acústica para mim, e agora contribuir para seu legado é ao mesmo tempo gratificante e inspirador. Esta posição alinha minha carreira em operações com meu amor pela música.”
Da empresa, o Presidente do Conselho, Chris Martin IV, comemorou a chegada: “Estou muito feliz que Scott esteja se juntando à minha empresa familiar. Sua experiência e entusiasmo serão um trunfo para nossas equipes de fabricação e compras.”
Por sua vez, o Presidente e CEO Thomas Ripsam enfatizou que o COO é uma posição recém-criada com foco na excelência operacional: “É um componente crítico para possibilitar a próxima onda de crescimento e lidar com a crescente complexidade e custos do negócio. Estou confiante de que o talento e a experiência de Scott nos ajudarão a enfrentar com sucesso essas oportunidades e desafios.”
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Gervais é bacharel em administração de empresas pela Universidade Purdue e possui certificações profissionais como Lean Six Sigma Black Belt e Certified Supply Chain Professional. Com sua chegada, Martin busca fortalecer processos, eficiência e capacidade de resposta em um contexto de expansão e aumento da demanda global por seus instrumentos acústicos.
A experiência de compra mudou. Hoje, os consumidores não separam mais o digital do físico: esperam o melhor dos dois mundos.
Nesse contexto, o conceito “figital” — a integração entre os ambientes físico e digital — torna-se uma estratégia essencial para lojas de instrumentos musicais que desejam se manter competitivas.
Do balcão ao smartphone
Para muitas lojas, o primeiro passo rumo ao figital é construir um ambiente digital que complemente a experiência presencial. Ter um site atualizado, com catálogo, preços, disponibilidade e informações técnicas, é fundamental. Mas não basta estar online: é preciso garantir uma navegação rápida, compatibilidade com dispositivos móveis e canais de contato acessíveis.
Presença que conecta
As redes sociais permitem apresentar produtos, processos de luteria, unboxings, reviews e conteúdos educativos. Não se trata apenas de vender, mas de construir comunidade. Mostrar como soa um pedal, como ajustar uma guitarra ou montar uma bateria ao vivo gera proximidade e confiança.
O físico continua essencial
No universo figital, a loja física não desaparece — ela ganha protagonismo. Muitos clientes pesquisam online, mas querem experimentar o instrumento antes de comprar. Oferecer atendimentos personalizados, testes com especialistas ou experiências imersivas na loja pode ser um grande diferencial.
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Click & collect: o melhor dos dois mundos
Uma das práticas mais eficazes do figital é permitir que o cliente compre online e retire na loja. Essa opção acelera a venda, elimina custos de frete e atrai novos consumidores ao espaço físico. Além disso, abre espaço para vendas adicionais no momento da retirada.
Tecnologia a favor da música
Implementar recursos como catálogos interativos em tablets, sistemas de estoque integrados entre a loja e o e-commerce, ou até QR codes nos instrumentos com acesso às fichas técnicas, são soluções simples que melhoram a experiência de compra.
Capacitação da equipe
A transformação não é apenas tecnológica. A equipe de vendas também precisa estar preparada para atuar em um ambiente híbrido. Saber responder dúvidas via WhatsApp, oferecer suporte nas redes sociais ou produzir conteúdos simples são habilidades cada vez mais valiosas.
Investir com inteligência
Adotar o figital não exige grandes investimentos iniciais. É possível começar com ações simples e eficazes: otimizar o perfil no Google, responder mensagens em redes sociais, integrar um sistema de vendas com controle de estoque ou criar vídeos curtos destacando os produtos da loja.
Adotar uma estratégia figital não é uma tendência passageira, mas uma resposta direta ao comportamento do consumidor atual. Para as lojas de instrumentos musicais, trata-se de transformar o ponto de venda em um ponto de encontro — onde o físico e o digital se complementam para criar experiências memoráveis.
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