A Human Instruments, empresa especializada em instrumentos para deficientes, realiza o sonho de músicos cegos tocarem em orquestras
Quando Kyungho Jeon era garoto ele sonhava em tocar numa orquestra, mas seus professores sentiam que seria muito difícil. Não porque ele tinha pouco talento musical, mas porque ele nasceu cego e não poderia ver os movimentos da batuta do maestro e seguir suas direções.
“Eu me sentia realmente triste”, disse Jeon de acordo com informações publicadas na CNN internacional. “Mas eu nunca desisti de persistir na minha carreira musical”.
Jeon, 32 anos, disse que entrou na música logo muito jovem, contando os sons da natureza com cores tonais. “Quando eu ouço música, sinto muitas coisas”, explica Jeon. “Sinto a claridade e a escuridão, o calor e o frio”. Ele era fascinado pela percussão e eventualmente se tornou um solista de marimba, mas ainda assim, sua deficiência visual tornou difícil a participação em uma orquestra.
Percussionistas cegos numa orquestra
Frustrado, Jeon começou a imaginar como seria sentir o direcionamento dado pelo maestro, condutor da orquestra, ao invés de vê-lo. Dois anos atrás, ele encontrou Vahakn Matossian e seu pai, Rolf Gehlhaar, fundadores da Human Instruments, uma organização que desenvolve tecnologia musical em colaboração com pessoas com algum tipo de deficiência.
Juntos, eles criaram a ‘batuta’ háptica’.
Jeon agora é um virtuoso percussionista que vive em Seoul, na Coreia, e, com a ajuda desta nova tecnologia ele finalmente teve a oportunidade de tocar em conjunto.
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O maestro usa este aparelho exatamente como uma batuta tradicional. Sensores dentro da batuta detectam diferentes tipos de movimentos, incluindo a direção e aceleração e as transforma em vibrações. Estas vibrações são transmitidas sem fio para os receptores que Jeon usa em seu pulso ou tornozelo em cada lado do corpo.
Se o maestro movimenta a batuta para a direita, o receptor ao lado direto de Jeon receberá a vibração instantaneamente. Se o maestro movimentara a esquerda, Jeon receberá a vibração correspondente.
“Eu posso sentir com o meu corpo aquilo que não posso ver”, explica Jeon. “Pela vibração que é transmitida pelo aparelho, posso perceber como o maestro toca: forte, macio, suave ou longo”.
Cegos que tocam música
A Organização Mundial de Saúde estima que globalmente, ao menos, 2.2 bilhões de pessoas tem alguma deficiência visual ou são cegos. Matossian espera que este aparelho possa inspirar músicos a entrar em orquestras.
“Se você olhar para as orquestras atualmente, você verá quase nenhum músico deficiente”, ele explica. “No mundo, existem milhões de músicos de qualidade excepcional, que somente tem alguma deficiência visual. Com esta invenção, as orquestras não terão desculpas para evitar músicos deficientes visuais”.
A batuta permitiu que Jeon tocasse ao lado de músicos cegos e com visão, e agora ele tem outra ambição: dirigir uma orquestra.v“Esta batuta”, diz ele, “permite novos sonhos.”
Baseado no texto de Stephanie Bailey; Video by Stefanie Blendis, da CNN