O Live streaming é uma realidade. Nesta entrevista veremos algumas dicas para as – agora famosas – Lives e possíveis tendências do varejo pós-covid.
Tendência no varejo mundial, o live streaming tem se tornado cada vez mais presente no cotidiano dos brasileiros, sobretudo após a pandemia do Covid-19 mudar a relação entre os consumidores e as marcas. Nesse cenário, algumas empresas começaram a enxergar uma força ainda inexplorada de vendas, segundo Lyana Bittencourt, diretora executiva do Grupo Bittencourt, que oferece consultoria especializada no desenvolvimento, gestão e expansão de redes de negócios e franquias.
“Mais do que o ‘shift to online’ na forma de se comunicar e se posicionar, tivemos principalmente (e com a força de um tsunami) um ‘shift to online’ do consumo. O aspecto real time do live streaming traz inevitavelmente o aspecto real life, e no caso do varejo se traduz em vendas na loja estando aberta ou fechada”, complementa a especialista.
Veja mais sobre o modelo de “live streaming” e outras tendências do novo varejo nestas “5 Perguntas”.
M&M: Como uma empresa pode usar o live streaming para promover o consumo ou as vendas?
Lyana: Algumas empresas começaram a ver no Live Streaming uma força ainda inexplorada de vendas. O modelo é basicamente uma transmissão ao vivo, em que um “vendedor” ou um “digital influencer” apresenta produtos e/ou serviços diretamente da loja a uma audiência que está altamente engajada, vendo a ação ao vivo e, assim, com o interesse ampliado e dedicado. O resultado quase sempre são mais e mais vendas.
M&M: Que características deve ter o live streaming para ter sucesso?
Lyana: A pessoalidade é importante, pois o objetivo é que seja uma conversa, um bate-papo em um tom extremamente pessoal, emocional, convincente. É como se um amigo te apresentasse um produto ou serviço novo para você experimentar. O fato de ser altamente pessoal faz com que você sinta como se estivesse presente e traz ainda mais realidade ao fato – se você vê ao vivo então é verdade! Os argumentos dos influencers ou de quem estiver apresentando o produto ou serviço são mais convincentes. E como ocorrem interações ao vivo entre quem apresenta e a audiência, é como se quem assiste fizesse parte da ação, pois se você está participando real time, você está construindo em conjunto e influenciando o processo.
M&M: O que as empresas/lojas devem ter em mente no momento de fazer o live streaming?
Lyana: Primeiro é importante ter uma audiência engajada. Não adianta abrir a live e não ter ninguém assistindo. Então existe um trabalho prévio de divulgação e engajamento que deve ser feito. Uma ação nas redes sociais, publicações prévias que chamem o público para participar, entre outros.
Além disso, também é preciso considerar o imprevisível. Como é ao vivo, algumas coisas podem acontecer como falha de conexão ou mesmo um produto que não funciona bem no momento da venda. Por isso é importante testar inúmeras vezes. Você pode ser surpreendido por uma demanda maior do que a que você estava esperando ou o contrário. O importante é testar o modelo e ir ajustando conforme for ganhando experiência. Esse modelo é possível, é viável e é bem aceito pelas pessoas.
M&M: Que outras ações estão usando o novo varejo?
Lyana: Nesse período de reclusão e lojas fechadas as empresas estão sendo bastante inventivas. Vou citar algumas ações:
- Drive Thru para o varejo tradicional: Imagine um home center fechado justamente quando as pessoas estão em casa e disponíveis para fazer pequenos reparos e reformas e vários outros casos. A solução para algumas empresas foi a estruturação do modelo de Drive Thru, assim como vemos nas redes de fastfood, só que para qualquer produto que possa ser levado no carro. Alguns shoppings, inclusive, estão sendo aliados dos seus lojistas, permitindo a operação nos estacionamentos.
- Cupons e Comissionamento: O fato de as equipes de vendas utilizarem – mesmo que sem o aval de alguns varejistas – suas contas pessoais de whatsapp para se relacionar com clientes acabou se tornando uma fortaleza para as marcas. Essa maneira informal de fazer o relacionamento acabou possibilitando que as equipes de vendas continuassem a vender e serem comissionadas por meio de vendas realizadas na loja online com a utilização de cupons de desconto. Uma super força extra para garantir a receita das lojas físicas e a comissão dos vendedores.
- Bags e Malas com produtos na porta de casa: O porta a porta também passou a ser opção principalmente para o mercado de moda. Um revival para muitos varejistas que começaram com a revenda de peças diretamente na casa do consumidor. O envio de roupas, calcados e acessórios em malas, mochilas ou caixas para que o consumidor escolha no conforto de suas casas também passou a ser uma opção para ir onde o cliente estiver – e agora, em casa.
M&M: Por favor, fale sobre as tendências após a crise.
Lyana: É difícil falar sobre tendências quando ainda não sabemos em que mundo vamos desembarcar pós Covid-19, mas algumas coisas já conseguimos sentir principalmente quanto ao comportamento do consumidor. Um possível medo de consumir e gastar suas reservas, mais ponderação em relação ao custo de produtos e serviços e com isso, mais abertura a testar novas marcas.
Também teremos, infelizmente, o fechamento de empresas que não conseguiram se estruturar durante a crise ou ainda a fusão de empresas concorrentes que podem se unir para se fortalecerem e saírem mais relevantes pra o consumidor.
Tanto empresas quanto o consumidor estarão mais digitalizados e isso significa que se antes a dúvida era entre online ou físico, agora vai além. Físico com entrega direta, on-line por voz, live commerce, streaming, marketplaces, redes sociais, apps e uma profusão de universos que habitam na nuvem e que passarão a estar de vez no radar e na realidade da vida das empresas e das pessoas.
Ainda vamos ter que esperar para confirmar até onde os impactos do covid-19 vão atingir a vida das pessoas e das empresas, mas parece, que muita coisa vai ser diferente.