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Gravando a história da Zoom

A empresa japonesa conta com mais de 30 anos de história e experiência. Tem sua sede em Tóquio, onde nascem as ideias dos seus novos produtos. Por meio de Masahiro Iijima, CEO da Zoom, conheceremos parte da sua trajetória

Masahiro Iijima, CEO da Zoom
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Masahiro Iijima, CEO da Zoom

Zoom Corporation surgiu em 1983 da união de cinco sócios — ex-engenheiros da conhecida Korg —, entre eles o atual CEO, Masahiro Iijima, e o CTO, Michi Nozokido, que ainda são ativos membros da empresa.

Durante seus primeiros anos fabricavam equipamentos para outras marcas, até que em 1989 decidiram lançar o primeiro produto sob nome próprio. Nesse momento, os sócios pediram à empresa matriz para investir no desenvolvimento de chips DSP originais, mas, cinco anos depois, acabaram adquirindo essas ações com seus próprios ganhos.

Atualmente, a partir da capital do Japão, produzem diferentes tipos de ferramentas de áudio, como pedais de efeitos para guitarras e baixos, aparelhos para gravação, processadores e outros.

Seus gravadores de mão são reconhecidos e usados no mundo inteiro, e seus produtos são distribuídos por uma ampla rede que cobre mais de cem países, incluindo a sucursal norte-americana Zoom, estabelecida em 2013.

Um Zoom na empresa

Remontando ao começo da história, o atual CEO da Zoom iniciou na indústria musical como engenheiro eletrônico, curtindo a música rock durante sua época de estudante. “Escolher ser parte da indústria musical foi uma escolha natural para mim, para poder desenvolver instrumentos musicais eletrônicos”, disse Masahiro.

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Música & Mercado: O que você pode nos contar sobre seus anos na Korg?

Masahiro Iijima: Enquanto trabalhei na Korg, aprendi o conhecimento básico do negócio, como  planejamento de produto, teoria eletrônica prática, relações humanas, direção de fábrica e de projetos, controle de qualidade. Também aprendi outras coisas, como o quanto é difícil manter uma capacidade estável de fábrica e como é complicado mudar a mentalidade das pessoas e da companhia. Não estaria aqui hoje se não fosse pelos cinco anos de experiência na Korg. Ainda valorizo todas as sugestões e conselhos provenientes das pessoas que estiveram ao meu redor nessa época.

M&M: Por que decidiram focar nos gravadores e processadores de efeitos?

Masahiro: A Zoom possui conhecimento e tecnologia avançados no uso de DSP desde o começo. De fato, os gravadores e processadores de efeitos são nosso principal negócio neste momento. Contudo, é simplesmente o resultado da nossa atividade principal em DSP. Pretendemos expandir o negócio usando essa tecnologia, por exemplo, para interfaces de áudio e gravadores de vídeo.

M&M: Mas também têm outros produtos…

Masahiro: Temos, claro que sim. Com o passar dos anos criamos máquinas de bateria eletrônica, amplificadores para guitarras, pedais stomp-box e estamos planejando entrar em novas categorias usando nossa tecnologia DSP.

zoom 1M&M: Como a empresa está constituída? 

Masahiro: Na Zoom temos ao redor de 80 funcionários, o que nos ajuda a compartilhar o significado dos nossos valores. Parece difícil passar isso aos funcionários de fábricas na China, mas não temos nenhuma fábrica própria, então isso não é um problema para nós. Existem duas satisfações principais que tento dividir com nossa equipe: uma é a realização do projeto e a outra é receber um bom feedback dos usuários finais.

M&M: Então contratam fábricas terceirizadas?

Masahiro: Contratamos. Estamos usando companhias EMS (Electronic Manufacturing Service, ou Serviço de Fabricação Eletrônica) localizadas na China. Temos operado com esse estilo desde o começo, poderia dizer que inclusive antes que a Apple o fizesse com o Steve Jobs. Por isso, nos interessa muito conhecer as máquinas e técnicas de manufatura que são usadas, porque afetam o design industrial, o tamanho, a aparência e a qualidade de nossos produtos. Então, estamos sempre em comunicação com as fábricas para ver sua capacidade no uso dessas ferramentas.

Evolução pessoal e empresarial

M&M: O que tem mudado desde seu início como engenheiro até agora?
Masahiro: De minha parte, tenho experimentado a rápida transição do analógico ao digital. A evolução é algo constante não só na indústria de produtos musicais, mas também na sociedade e no estilo de vida de todo o mundo. O ponto-chave é que tanto os engenheiros da companhia quanto eu estamos muito interessados na evolução da tecnologia e em aplicá-la em nossas vidas.

M&M: Como os planos e as tendências influenciaram o crescimento da Zoom?

Masahiro: A Zoom tem planos de crescimento em longo prazo. Alguns anos foram lentos, mas outros deixaram uma forte marca. Para dar um exemplo, as vendas no começo de 2015 cresceram o dobro em comparação com 2005, há dez anos. Sobre as tendências, pessoalmente gosto de música e toco guitarra, mas não me preocupo muito com estudar as tendências do mercado. Logicamente visito feiras todos os anos e me comunico com os distribuidores no mundo todo para saber mais sobre cada mercado específico. A tecnologia de internet também nos ajuda a conhecer sobre as últimas novidades em produtos.

Estúdio na sede para testar equipamentos

Estúdio na sede para testar equipamentos

M&M: Falando dos distribuidores, como é o trabalho com eles?

Masahiro: Temos ao redor de 50 distribuidores e fornecemos produtos Zoom a mais de cem países. Temos relações sólidas com a maioria deles há um longo tempo. A relevância de um distribuidor se baseia em grande parte em como ele pode se concentrar na nossa marca, sem importar o tamanho da companhia, e se encarregar dos dealers com que trabalham em cada país. Nossa missão como fabricante é desenvolver e fornecer produtos sólidos e vendáveis. Esse é o melhor suporte que podemos lhes dar.

Produtos standard, não.

M&M: Por não ter fábrica própria, as ideias dos produtos se tornam seu trabalho principal, certo?

Masahiro: Com certeza. E sabe o que é curioso? As novas ideias não surgem enquanto estou trabalhando no escritório. A inspiração vem enquanto estou correndo ou fazendo exercício, ou logo quanto acordo, ou enquanto viajo no trem suburbano. Simplesmente aparecem quando minha mente está relaxada.

M&M: De modo que os designs são da sua autoria…

Masahiro: Digamos que me envolvo muito no ‘design industrial’ na primeira etapa. Também me interessa discutir a ‘interface de usuário’ do produto, pois precisa ser fácil de entender. Às vezes nossos engenheiros se reúnem comigo para falar sobre as especificações, mas deixo essa parte com eles quase por completo. Na etapa final do desenvolvimento de produto, a ‘prova de som’ é minha última tarefa importante antes de introduzir um novo produto da Zoom no mercado.

M&M: Que filosofia-chave poderia dizer que aplica aos seus produtos?

Masahiro: Nunca pretendemos desenvolver produtos do estilo ‘nós também temos um’ e nunca o faremos no futuro! Todos os nossos novos produtos devem incluir alguma coisa que seja ‘pioneira no mundo’, sem ser necessariamente de tecnologia, mas pode ser sobre preço, tamanho, cliente, objetivo, aparência etc.

M&M: Como tudo isso se une com o departamento de R&D?

Masahiro: Dos 80 funcionários nos nossos escritórios centrais, 40 deles são engenheiros que pertencem ao departamento de R&D. Eles focam nas nossas tecnologias principais, tais como processamento de sinal digital, design de interface de usuário, aparência e design mecânico, e voicing (criação de som). Depois tem outras tecnologias gerais que se terceirizam, como design de PCB e engenharia de fábrica.

Pontos em destaque

zoom 2M&M: Como a filial nos Estados Unidos os tem ajudado?

Masahiro: A Zoom North America é basicamente um distribuidor. Contudo, devido ao fato de que o mercado dos Estados Unidos ainda é o maior e mais influente na nossa indústria, obtemos mais conhecimento sobre tendências do mercado por meio da sua valiosa atividade. Além disso, eles desenvolvem material de marketing que depois fornecemos ao marketing mundial e estabelecem relações com artistas de primeiro nível. Isso ajuda muito a nossa estratégia de marca.

M&M: Também se encarregam das redes sociais?

Masahiro: Sim, o trabalho da Zoom NA nessa área é fundamental. As redes sociais têm se tornado uma ferramenta importante para a publicidade no lugar dos meios tradicionais, especialmente do ponto de vista de custo-benefício. Mas, além disso, tentamos expandir nossa rede de seguidores e usuários de produtos ao fornecer conteúdo com mais valor.

M&M: Qual é a sua opinião sobre a indústria atual?

Masahiro: É triste saber que as pessoas já não estão pagando um preço razoável pela música, tanto legal como ilegalmente. Os criadores devem ser respeitados e ser capazes de desfrutar sua própria atividade lucrativa, senão o mundo passará a ficar sem entretenimento e diversão. E como se fosse pouco, as crianças tendem a só jogar videogames.

Já falando sobre nossa empresa, o segmento no qual focamos ainda está em crescimento, não só em mercados estabelecidos mas também nos países em desenvolvimento. As pessoas podem usar a internet para compartilhar criações pessoais, o que no passado só era possível para profissionais ou grandes companhias. É uma ameaça séria para os meios tradicionais, como a TV ou a imprensa organizada, e no mesmo tempo é uma oportunidade para que forneçamos equipamento confiável para tal uso criativo pessoal.

M&M: Planos para 2016? 
Masahiro: No mercado da indústria musical, deveríamos tomar parte das ações da nossa concorrência. É o único modo de crescer. Contudo, o mercado da eletrônica de consumo é enorme e está em constante evolução. Deveríamos nos posicionar na frente deste último mercado, com uma base sólida na indústria musical.

No Brasil, é a Royal Music!

A Royal Music, com sede em São Paulo, começou a distribuir a Zoom em 1995. Nesse momento, a marca não tinha muita representatividade no mercado, mas um ano depois já tinha conquistado a liderança com a pedaleira Zoom 1010, modelo campeão de vendas da época.

Massimo Barbini (Zoom), Kiko Loureiro, Hiro Iida (Zoom) e René Moura

Massimo Barbini (Zoom), Kiko Loureiro, Hiro Iida (Zoom) e René Moura

A seguir, René Moura, CEO da Royal Music, conta mais detalhes sobre esse relacionamento de sucesso.

Música & Mercado: Como você poderia descrever a situação da Zoom Brasil hoje?

René Moura: A Zoom se consolidou como a líder em pedaleiras e agora líder em gravadores portáteis. Temos cerca de 60 mil fãs no Facebook e muitos guitarristas já usam Zoom no Brasil como primeira opção. Faz parte da história de muita gente. Os brasileiros gostam muito da marca pela sua ótima qualidade e preço competitivo.

M&M: O que os usuários comentam sobre a marca?

RM: A Zoom é sempre muito falada. Sai foto de produto novo e já fazem review só da foto, sem ouvir o seu funcionamento ou as características. A marca tem a fama de surpreender porque tem sempre novas tecnologías. Por exemplo, acabamos de lançar a pedaleira G1onAK, do Andreas Kisser, exclusiva para o mercado brasileiro!

M&M: Como é o relacionamento com a Zoom? 

RM: Já temos mais de 20 anos de relacionamento, é uma relação de parceria e recebemos inúmeros prêmios. Além disso, fomos nós que criamos o primeiro pedal signature da Zoom com o Kiko Loureiro. É uma grande honra trabalhar com eles!

M&M: O que vocês fazem para divulgar as informações de produtos?

RM: Atualmente estamos mais focados em criar conteúdo on-line, mas temos um especialista de produto que faz os treinamentos e outras surpresas. Alguns dos artistas Zoom, como Andreas Kisser e Kiko Loureiro, viajam muito e às vezes fica difícil organizar eventos.

M&M: Segundo sua opinião, o que procuram os usuários brasileiros? 

RM: Bom preço, que o produto seja fácil de usar e com som excelente, tudo que a Zoom oferece.

M&M: Já falando sobre a situação adversa do mercado, o que você acha que vai acontecer?

RM: Com o dólar a R$ 4 fica tudo caro. Acho que seria ideal se as lojas buscassem sempre novas formas de gerar tráfego para trazer clientes potenciais para dentro da loja e aumentar as vendas.

M&M: Quais os planos futuros de vocês para a Zoom? 

RM: O mais próximo é o lançamento do Zoom Andreas Kisser e do Kiko Loureiro — futuramente Edu Ardanuy. Não paramos! E ganhar market share no mercado de interfaces, em que a Zoom está entrando com qualidade excelente e bom preço! Além disso, continuar crescendo com o mercado de gravadores. A Zoom está se expandindo para novas linhas e estamos bem empolgados.

Alguns produtos novos

ARQ Aero RhythmTrak

ARQ Aero RhythmTrak

                      ARQ Aero RhythmTrak

Esse aparelho é uma máquina de percussão, sequenciador, sintetizador, looper, clip launcher e controlador MIDI, consistindo de dois componentes: a estação base AR-96 e o anel controlador removível AR-96c. A estação base contém 468 sons de bateria/instrumentos, 70 tipos de sons de sintetizador e dúzias de efeitos digitais. O anel controlador se comunica com a estação base, como também com DAWs, via Bluetooth sem fio. Oferece 96 pads sensíveis à pressão e à velocidade para lançar e reproduzir sons de bateria, de instrumentos e sequências. Podem ser executados fases e sons cromaticamente ou pode-se escolher entre dúzias de escalas apresentadas em qualquer tecla. Possui botões dedicados para REC/Play/Stop e Filter/Delay/Reverb/Master FX on/off.

G5N: Processador multiefeitos para guitarristas 

G5N: Processador multiefeitos para guitarristas

G5N: Processador multiefeitos para guitarristas

Vem equipado com 68 efeitos DSP, mais dez emuladores de amplificador/caixa para overdrive, distorção, compressão, EQ, delay, reverb, flanging, phasing, vibrato e chorus, além de efeitos múltiplos como Seq Filter, Gold Drive, Reverse Delay, HD Hall e OSC Echo. Pode ser conectado diretamente a um sistema de PA ou interface de áudio, usando os dez emuladores, e dispõe de cinco modelos de amplificadores clássicos: Marshall JCM800, Fender Twin Reverb, Mesa Boogie Mk3, Bogner Ecstasy Blue Channel e British 30W Class A Combo. Acompanhando esses modelos se encontram as caixas gabinetes Marshall 1960 A-type cabinet (alto-falantes 4”x12” da Celestion); Fender ’65 Twin Reverb (alto-falantes 2”x12” da Jensen); o UK2x12, que recria o som dos primeiros amplificadores British combo (alto-falantes 2”x12” da Celestion); Mesa Boogie Mark III cab (alto-falante 1”x12” Celestion Black Shadow) ou Bogner Ecstasy (alto-falantes 4”x12” da Celestion).

Q8: Gravador de áudio de quatro trilhas + vídeo HD 

Q8: Gravador de áudio de quatro trilhas + vídeo HD

Q8: Gravador de áudio de quatro trilhas + vídeo HD

Esse modelo combina vídeo de alta definição com áudio de alta resolução, o que o torna uma câmera ideal para os criadores de música e vídeo. Suas lentes grande-angulares de 160° e o zoom digital garantem a captura da imagem completa, combinada com o sistema de cápsula de microfone intercambiável próprio da Zoom e duas entradas combo XLR-TRS para mais opções de áudio.

Vem com seu próprio microfone X/Y desmontável, mas também é compatível com muitas cápsulas de microfone da marca. Oferece uma tela tátil LCD full color para facilidade de uso com grande quantidade de características avançadas.

UAC-2: Interface de áudio USB3.0 

UAC-2: Interface de áudio USB3.0

UAC-2: Interface de áudio USB3.0

Essa é uma interface de áudio de duas entradas e duas saídas potencializada por bus que utiliza tecnologia de supervelocidade USB 3.0 para baixa latência e alta qualidade de áudio de até 24 bit/192 kHz. Pode ser usada com qualquer computador Mac ou Windows equipado com USB 3.0/2.0 ou, inclusive, um iPad. Conecta-se com qualquer tipo de microfone, aparelho de nível de linha ou instrumentos para gravação fácil e rápida em um DAW, ou pode-se usar a UAC-2 para reprodução no palco dos arquivos de áudio ou streaming on-line no escritório ou em casa.

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