Poucos pensam neste nicho de mercado, mas existe, sim, e é muito importante para fazer que tudo funcione. Conheça a Pentacústica e seus produtos fabricados no Brasil.
Tudo começou em uma feira de ciências promovida pela faculdade Inatel, quando Henrique M. Elisei — fundador e presidente da Pentacústica — e um colega decidiram criar um amplificador para uso automotivo.
Esse amplificador estéreo com cinco vias de 15W assistidas por filtros ativos alimentados com tensão simétrica partindo dos 12V da bateria de um carro ganhou o primeiro prêmio e deu à dupla o entusiasmo necessário para acreditar que aquilo poderia virar um negócio.
“Focamos os trabalhos na sonorização automotiva, criamos o que provavelmente foram os primeiros amplificadores impulsionados por fonte chaveada no País, equalizadores, compressores, analisadores, crossovers, filtros, entre outras traquitanas que enfiávamos dentro de um Uno caindo aos pedaços que eu possuía”, lembra Henrique.
Três anos depois, passaram do mercado da sonorização automotiva para o mercado de broadcast, que entrou em colapso no final dos anos 1990, chegando assim até o mercado da sonorização profissional.
Em janeiro de 2002, a empresa foi oficialmente fundada, fabricando equipamentos de processamento de sinais para o mercado do áudio profissional. Invariavelmente, recebiam algumas peças danificadas devido a problemas elétricos. Esse fato os motivou a criar um item de proteção que pudesse eliminar os problemas de mau uso, bem como aqueles causados por anomalias no fornecimento da energia elétrica. O PC-8000, o primeiro gerenciador de energia da empresa, nasceu em 2004 e “o produto despretensioso e secundário em nosso portfólio acabou por modificar completamente nosso negócio”.
Tempo depois, a empresa começou a desenvolver o que seria a maior linha de produtos de infraestrutura elétrica para sistemas elétricos e eletrônicos de uso provisório já vista no País.
Os produtos hoje
Quase todo o portfólio da Pentacústica tem produtos para os mercados de áudio, vídeo e iluminação. “Lembrando que a Pentacústica atualmente só fabrica equipamentos que complementam os que manuseiam os sinais de áudio, vídeo e iluminação. Nossa linha só faz sentido se estes últimos existirem”, explicou.
Assim, podemos identificar três grandes grupos de produtos:
– Energia: gerenciadores e distribuidores de energia para diversas aplicações, e potências bastante elásticas. É por eles que a empresa é mais conhecida.
– Hard cases: uma ampla gama de cases padronizados que são usados tanto para a montagem dos produtos da empresa quanto para a integração de equipamentos de terceiros.
– Conectividade: uma ampla linha de painéis de conexão e cabos de dados para uso em ambientes agressivos.
“Nossos produtos são originais, desenvolvidos por engenheiros capacitados e habilitados, testados em equipamentos de ponta. Possuem conformidade com as normas técnicas brasileiras, dão condições de operação segura para usuários sem qualificação e, principalmente, são desenvolvidos para solucionar problemas reais com o mínimo ou quase nenhum efeito colateral”, disse Henrique.
A fábrica
A fábrica da Pentacústica fica em Varginha, sul de Minas Gerais, atualmente com 13 colaboradores. Henrique explica: “Desde o início do nosso negócio optamos por uma estrutura fabril horizontal, com quase nenhum processo de transformação acontecendo internamente. Não temos máquinas, barulho e ambientes insalubres dentro das nossas instalações. Aqui só juntamos as peças por nós desenvolvidas usando processos assistidos por ERP do começo ao fim. Nossa expertise é estaqueada no desenvolvimento total dos produtos e processos fabris, na comercialização assistida tecnicamente dos nossos produtos e na retidão, transparência e previsibilidade de todo o processo operacional da empresa”.
Atualmente há quase 4 mil itens diferentes em estoque. A maior parte da matéria-prima é importada, principalmente da Europa, Estados Unidos e Japão, porém, a empresa gasta mais divisas com materiais e mão de obra nacionais, o que garante alto percentual de nacionalização em todos os produtos. “No ano de 2018 fabricamos 7.839 unidades e nosso planejamento estratégico prevê crescimento de 20% nesse número.”
A concorrência
Em conversa com o presidente da companhia, descobrimos que no mundo todo são poucas as empresas com o mesmo foco da Pentacústica: “Uma ou duas possuem um portfólio tão extenso quanto o nosso, e posso afirmar que nenhuma empresa, pequena ou grande, detém tanto conhecimento sobre este assunto no panorama do Brasil quanto nós”.
São boas notícias? Claro que sim, mas o problema vem com os produtos nacionais fabricados de forma equivocada. Aqueles que ou são fabricados pelo próprio usuário, ou por empresas que não seguem a legislação técnica brasileira, ou que são cópias. “O plágio nos afeta pontualmente, não chega a ser um problema sério. Mas certamente é um problema para quem compra. Levar gato por lebre, em que a segurança das pessoas está envolvida, não soa muito confiável”, conta.
As novidades
A empresa está apresentando várias novidades e produtos de grande utilidade para nossos segmentos de mercado. O último aporte de tecnologia aconteceu no grupo conectividade com a chegada dos cabos ethernet gigabit para uso tático. “Cabos elétricos sempre foram uma paixão particular. Depois de anos ensaiando, consegui tempo e material para fazer um estudo profundo sobre o assunto e trabalhar numa ampla linha de produtos, cujos dois primeiros já se encontram no mercado”, conta Henrique. “Temos dois cabos de rede que acomodam taxas de transmissão de 1 Gbps compatíveis com todos os protocolos de comunicação digital de áudio, vídeo e iluminação do mercado. Ambos os produtos foram desenvolvidos para trabalharem perfeitamente em ambientes que exigem altos esforços mecânicos, exposição intensa de raios UV, abrasão e contato com materiais orgânicos.”
A linha de cabos de ethernet também motivou a criação dos produtos CatLink, que usam um cabo de rede blindado com quatro pares trançados para transportar quatro sinais distintos utilizando o XLR como conexão.
Na linha de energia, a Pentacústica está finalizando um grupo de entradas de AC (Inlets) e transformadores de redução que irão equipar uma nova vertente de main powers. “Resolvemos ampliar nossas opções desse tipo de produto a fim de oferecer um produto mais barato para os pequenos locadores de som e luz”, disse.
Finalmente, a categoria dos hard cases ganhou as linhas CPT e Fly-C, cases padrão rack 19” nos tamanhos de 2U, 4U, 6U, 8U e 10U com profundidades úteis de 300 mm, 440 mm e 660 mm. Possuem tampas simples, frame de fixação recuados, com peso extremamente reduzido e grande capacidade de proteção. “São produtos únicos no mercado, desenvolvidos com o que há de melhor em predição mecânica e fabricados com materiais nobres”, concluiu.