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Para a Audio-Technica: “O foco é o Brasil”

Após diversas fases, a Audio-Technica reforça investimentos e atua para melhorar a imagem da marca no Brasil. Veja mais nesta entrevista com Alex de Azevedo, diretor da empresa no País.

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O mercado de microfones premium no Brasil vem passando por transformações. Marcas como Shure,  AKG, Sennheiser e mais recentemente a Audio-Technica trouxeram seus escritórios para o Brasil e estão acompanhando mais de perto a evolução do País.

E era necessário. Com a abertura do mercado Asiático de OEM a marcas próprias chinesas, as lideres internacionais necessitavam estar em contato direto com o mercado, mostrar suas tecnologias e as diferenças de cada produto, ou melhor, cada solução para as verticais de uso.

A vez da Audio-Technica

A Audio-Technica também teve seus momentos baixos e os de gloria. Com um portfólio crescente, a fabricante nipônica vem lutando para figurar entre as três principais marcas, estabelecer um estoque contínuo de produtos da curva A e aumentar seu apelo perante os consumidores e formadores de opinião.

Dificuldades? Muitas! O mercado não é mais o mesmo de 15 anos atrás. Cada marca de microfone tem ao menos 500 empresas competidoras na Ásia e exportando via marketplace para os consumidores de todo o mundo. A solução para as líderes é embarcar em novas tecnologias e reforçar seu conceito de produto premium em meio à escassez de matéria-prima e problemas logísticos, tendo ainda que oferecer um produto acima da média, treinamento e ampliar o prestígio associado à marca.

É sob este cenário que recebemos para uma conversa Alexandro de Azevedo, presidente da Audio-Technica no Brasil. Vamos aos principais destaques.

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M&M: Quais foram os pensamentos da empresa por detrás da tomada de decisão das mudanças no Brasil?

Bom, a Audio-Technica sempre enxergou o potencial de negócios no Brasil, não só pela presença no País há mais de 20 anos, mas principalmente pelas parcerias que existiam por aqui, seja com os distribuidores locais, seja com grandes players, como Latam Airlines, para a qual fornecíamos os fones para a Business Class de suas aeronaves. Em 2018, uma comitiva da empresa formada por executivos do Japão, Europa e EUA, capitaneadas por Richard Garrido, fez visitas a diversos países da América Latina exatamente para verificar in loco o potencial da região e principalmente começar a definir uma estratégia mais agressiva.

Então, chegou-se à conclusão de que precisávamos, sim, continuar pensando globalmente, mas com ação local nos países-chave, entre eles Brasil, México, Argentina, Chile e Colômbia, por exemplo. Precisávamos de uma gestão local com equipe focada no desenvolvimento da marca e seus negócios. Dessa forma, em abril de 2019 a então fundada Audio-Technica América Latina – Atal, com sede em Buenos Aires, começa a operar controlando as operações da empresa nas Américas do Sul e Central, com exceção de México e Brasil, que ainda continuaram sob comando da Audio-Technica USA – Atus até março de 2020.

Para fincarmos a bandeira no País decidimos abrir a Audio-Technica do Brasil – ATBR, fundada em dezembro de 2020 com o principal intuito de alavancar os negócios ampliando o portfólio de produtos, gerindo as certificações Anatel e toda a parte da web para o Brasil. A ideia é seguir crescendo no pré e pós, dando todo o suporte para os nossos canais de venda.

M&M: Alex, como a mudança na presidência da Audio-Technica nos Estados Unidos vem afetando o rumo da empresa?

A transição na gestão dos negócios tanto nos EUA como nas Américas em geral foi algo planejado e que faz parte de um plano estratégico da empresa. Obviamente estamos muito conectados à nossa filial dos EUA, até por compartilharmos alguns recursos existentes lá, mas as operações da América Latina e do Brasil reportam conjuntamente com os EUA para o Japão.

Dessa forma, acredito que a principal mudança está na agilidade nas tomadas de decisão e, principalmente, em uma melhor visão das estratégias adequadas para cada país da América Latina.

M&M: O mercado de microfones premium, em especial em países economicamente instáveis como o Brasil, tem uma ampla concorrência com produtos OEM. Em face disso, como aumentar a demanda dos produtos premium?

Trabalhar com uma marca que figura entre as melhores ajuda no reconhecimento do canal e do consumidor final, porém, nem tudo são flores e a concorrência é cada vez maior, principalmente em um mercado como o brasileiro, que possui uma das maiores cargas tributárias no que tange à importação de determinados bens, como os de áudio.

Dessa forma, a melhor maneira de seguir conquistando os clientes e demonstrando por que vale a pena adquirir um produto A-T está no diferencial técnico do produto, que começa pelos materiais internos feitos com matéria-prima nobre até o acabamento, que permite aquele visual bacana nos produtos.

Uma melhor atenção também no pré e pós-venda ajuda a entender a real necessidade do cliente e o que ele está buscando, bem como os resultados que está obtendo com os produtos. Neste sentido, gostamos muito de escutar os nossos clientes e seus feedbacks, considerando que retroalimentam o nosso processo. Agora, sem dúvida, seguiremos sempre na busca de ofertar os nossos produtos com o melhor custo-benefício possível para que o mercado brasileiro possa ter acesso ao que há de melhor no mundo do áudio internacional.

M&M: Do ponto de vista de preços de revenda, considerando a ampla competitividade, poderia falar um pouco sobre como a  Audio-Technica está trabalhando? 

Nossos distribuidores tratam de ser competitivos dentro do que o negócio do áudio permite em termos de tributação x mercado. Para tanto, nos sentamos e definimos em conjunto a precificação dos produtos, tanto no Sell In (preço do canal) como no Sell Out (preço sugerido de venda). 

Temos o cuidado de analisar cada caso e cada segmento do mercado, pois o canal pro, por exemplo, necessita de uma forma de tratamento diferenciada, considerando o investimento em lojas físicas e o tempo de rotação do estoque dos lojistas do ramo. Dessa forma, conseguimos atender todos os canais sendo competitivos, inclusive nos produtos crossover ou nos famosos prosumer.

Esse trabalho a quatro mãos se intensificou muito e mesmo com um dólar extremamente superior, conseguimos hoje oferecer produtos por um preço muito mais competitivo que em 2018 ou 2019, por exemplo. Tudo isso graças a uma análise do ponto de vista comercial, ajustando margens e demais detalhes, mas principalmente do ponto de vista de logística, formatos de negócios e estratégias mais agressivas.

M&M: A Audio-Technica vem comunicando suas atividades e lançamentos no mercado de áudio espacial. Com a tecnologia do metaverso, fones com maior tecnologia, como a empresa prevê o futuro desse mercado (no mundo)?

Temos tratado de cada vez mais trazer a imersão do áudio para a casa dos nossos clientes. Os maiores exemplos são os sistemas utilizados no Moto GP e também nos esportes de inverno de Pequim, onde, além do nosso novo Mic 8.1, foram utilizados mais de 2.500 produtos AT, até mesmo com microfones enterrados no gelo captando todos os detalhes das provas.

Como o público espera e exige uma experiência de áudio mais abrangente em seus ambientes de audição, a necessidade de mixagem imersiva ao vivo em tempo real só vai aumentar. Para tal, a simplicidade do conceito do nosso novo microfone 8.0 também é uma vantagem para produtores e engenheiros que desejam capturar conteúdo de áudio envolvente em tempo real e ambiente rápido, como esportes ao vivo, pois terão uma solução prática e descomplicada, sem os algoritmos adicionais e decodificação necessária em aplicações alternativas de captura de áudio imersiva.

Então, sim, estamos antenados neste novo universo e buscando cada vez mais trazer novas tecnologias aos nossos consumidores ávidos por som de qualidade, mas principalmente atualizados com as novas realidades e tecnologias.

M&M: E no Brasil?

Sem dúvida, o Brasil faz parte disso e a AT segue presente como esteve na Rio 2016 e em outros eventos. Nosso plano é que todos os maiores lançamentos da empresa sejam feitos no Brasil de forma concomitante, como fizemos em 2020 e 2021 com diversos de nossos fones, inclusive a série limitada do ATH-M50X, microfones para podcaster como o AT-2040 e o mais novo lançamento ATND-1061.

M&M: Um levantamento da CB INsights apontou que a Creators Economy (economia dos criadores de conteúdo, na tradução livre) movimentou US$ 1,3 bilhão no mundo somente em 2021. Como a Audio-Technica atua neste mercado?

Muito boa informação e, na verdade, aqui somos um dos queridinhos. Nossos fones e microfones, que já eram famosos neste mercado profissional de criação de conteúdo e estúdios, passaram a ser desejados também pelos criadores semiprofissionais alavancados pelo efeito pandemia, que trouxe os estúdios para dentro de casa. Nesses últimos dois anos temos trabalhado arduamente para abastecer este mercado que tanto busca por nossos produtos. Sabendo disso criamos produtos novos como o AT-2040, que traz toda a qualidade já famosa dos nossos microfones para estúdio, como o BP40, mas com um preço muito mais acessível.

Temos também os packs que incluem um microfone, um fone e um suporte estilo boom arm feito com materiais de alta qualidade e muito versátil, adaptando-se a todo e qualquer tipo de escritório, ou seja, comprando um destes packs, o cliente passa a ter um “estúdio” de gravação em casa. Intensificamos também a oferta de versões dos produtos pro com entradas USB e/ou miniplugue para PCs, Macs, smart­phones e tablets de forma a dar mais opção àquelas pessoas que não estão muito habituadas às mesas de som, phantom power etc. Dessa forma, é praticamente um produto plug & play no seu dispositivo.

M&M: Do ponto de vista global, como a Audio-Technica avalia o impacto no mercado musical neste momento de guerra, sanções, além das instabilidades da cadeia de suprimentos e logística?

Continuamos acreditando que 2022 e parte de 2023 seguirão sendo afetados pelos impactos da pandemia mundial e que agora podem se agravar, dependendo dos desfechos que estão ocorrendo nos conflitos nos países do Leste Europeu.

Desde 2020 temos trabalhado para buscar alternativas de fornecimento de matéria-prima, bem como formas de logística mais eficientes entre nossos distribuidores, fábricas e filiais espalhado pelo mundo. A ideia é tentar minimizar o impacto do aumento de custos, bem como buscar reduzir o transit time e eventual desabastecimento do mercado, principalmente dos produtos curva A.

M&M: A empresa recentemente lançou o Beamforming Ceiling Array ATND1061 e o ATDM-0604, microfone de teto, para conferências e salas de reunião. Quais os investimentos da Audio-Technica neste mercado corporativo?

A Audio-Technica sempre esteve muito presente no mercado de instalação, conferência e broadcast com uma vasta linha de produtos. Possuímos uma linha para conferência (Atuc), por exemplo, que pode trabalhar com traduções simultâneas para até 300 unidades de debate em até 3 idiomas. Para as instalações a quantidade de tipos de cápsulas e tamanhos de microfones Gooze Neck pode atender os mais variados tipos de projeto.

Nosso ATDM-0604 já é conhecido pelo mercado há alguns anos, em conjunto com o microfone de teto ES954, que possui cobertura de 360º com quatro cápsulas fazendo os lóbulos de cobertura.

Agora, com o ATND1061, trazemos ao mercado uma solução flexível em termos de características técnicas, bem como em preço, ou seja, buscamos trazer uma solução que caiu no gosto do mercado de forma a atender os requisitos técnicos dos mais variados projetos de uma forma mais acessível. O produto possui DSP integrado, seis canais de saída individuais com até 32 zonas de captação, canais prioritários, zonas de exclusão, tecnologia proprietária de detecção de atividade de voz (VAD), saída Dante, uma entrada e uma saída de áudio analógica balanceada, software de gestão e controle, além de diversas possibilidades de montagem no teto.

M&M: O governo brasileiro vem buscando medidas para conter a inflação, como a redução do imposto de importação e do IPI. De que forma essas medidas refletem nos preços dos equipamentos de áudio?

Já estão refletindo diretamente e nossos distribuidores, atualizaram suas listas de preços logo após o Carnaval, já considerando a redução do IPI aplicada pelo governo. São obviamente medidas muito bem-aceitas pelo mercado e tudo que beneficie o consumidor e toda a cadeia de negócios é sempre bem-vindo.

Porém, isso é só a ponta do iceberg, pois há outras partes da cadeia de negócios no mundo do áudio que são afetadas e precisam de melhor atenção, como as importações paralelas, o caos do ICMS e da famigerada ST, entre outros.

M&M: Um fato atual é que marcas têm vendido diretamente ao consumidor. Como a Audio-Technica avalia o impacto dessas medidas no varejo? De que forma os sites oficiais de venda direta podem se tornar aliados, e não inimigos do revendedor?

Acreditamos aqui que o principal ponto é respeitar o nosso canal de vendas, oferecendo a melhor experiência de compra possível para a marca, ou seja, o que queremos dizer é que o nosso canal é via distribuidor e nossa rede de revendas autorizadas, porém oferecemos uma experiência diferenciada por meio de nossas lojas físicas.

Dito isso, o nosso principal objetivo com as nossas Brand Stores é o de oferecer conteúdo de produto e da marca aos clientes que necessitam de mais informação e/ou estão indecisos na compra. Ali temos a possibilidade, inclusive, de explorar mais os produtos da chamada “cauda longa”, visto que nosso portfólio é bem amplo e nem sempre os canais conseguem absorver toda a linha. É também uma referência de preços, pois em nossas lojas respeitamos sempre o preço sugerido de venda e toda e qualquer ação só ocorre de forma orquestrada com os nossos canais.

M&M: Como a empresa prevê o ano 2022 na direção da tecnologia?

A tecnologia do áudio tem uma velocidade um pouco mais lenta que outras, mas nossa busca por oferecer excelência neste mercado seguirá avançando, conforme temos feito com toda a nossa linha wireless de microfones e de fones com tecnologia Bluetooth, por exemplo.

Nossos produtos estão cada vez mais atuais e alinhados com todos os assistentes de voz do mercado, bem como buscando oferecer conforto e facilidades no dia a dia do usuário. Praticamente todos os lançamentos mundiais estão sendo trazidos para o Brasil de forma concomitante e isso requer investimento, tempo e desenvolvimento de mercado, além, obviamente, da tecnologia. Um ponto que vale a pena comentar é que estamos em um momento de muita adaptação, pois a pandemia tirou todos da zona de conforto, ou seja, desde as pessoas que tiveram que sair dos escritórios e adaptar-se em suas casas até as fábricas, que tiveram que buscar alternativas de matéria-prima e componentes mais competitivos e até mesmo de qualidade superior para atender um mercado até então “adormecido” ou esperando para despertar.

M&M: E no âmbito global, envolvendo a cadeia de suprimentos, precificação, entre outros?

Como comentamos, a cadeia de suprimentos e logística continuará sendo impactada pelos reflexos da pandemia até boa parte de 2023, porém temos agora novos fatores complicadores, como os conflitos existentes no Leste Europeu e as sanções que estão sendo impostas. Já vemos o petróleo subindo e muitas outras commodities sendo afetadas nas últimas semanas.

Isso significa inflação mundial em franca escalada, o que, obviamente, impactará não só a indústria do áudio, mas a economia global como um todo.

Seguiremos atentos e buscando as melhores soluções para evitar tais impactos no mercado. Reflexo disso é que, apesar de todos os aumentos de custos sofridos nos últimos 18/24 meses, somente agora, em janeiro de 2022, fizemos um pequeno reajuste em nossa lista de Preços Sugeridos, ou seja, estamos todos, desde a Audio-Technica até nossos distribuidores e revendas, comprometidos em oferecer produtos com qualidade pelo melhor preço possível ao mercado.

Audio-Technica no Japão

A Audio-Technica possui quatro prédios no Japão, que se dividem entre área administrativa, engenharia e produção.

• Machida: HQ, diretores, escritórios, administração, exportação, mas também a maior parte da engenharia japonesa, o último prédio que eles construíram, há cerca de cinco anos. A ideia era concentrar todos os engenheiros em um só lugar.

• Naruse: 100% de fabricação, 500 metros da sede de Machida, 150 pessoas na produção de itens de ponta, microfones AT40xx, por exemplo.

• Fukui: Ao norte de Kyoto, engenharia e fabricação. Todas as cápsulas são fabricadas em Fukui e são responsáveis pela fábrica na China, que produz o 3000 wireless, da A-T.

• Centro de Tóquio: Technica House (centro de Tóquio, perto de Akihabara), são oito andares, todos os escritórios, vendas e marketing doméstico, divisão OEM e um estúdio de gravação extraordinário.

Teremos o maior prazer em ouvir seus pensamentos

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