O produtor musical Arthur Joly criou um sintetizador analógico que capta os sons dos troncos e composição de partitura a partir da topografia da floresta, para uma campanha em comemoração do Dia da Árvore.
Você já parou para pensar quais sons as árvores emitiriam se tivessem voz? Essa é a proposta da campanha “As Árvores que nos Tocam”, lançada semana passada pela Klabin (produtora e exportadora de papéis para embalagem) em celebração ao Dia da Árvore. A ação contemplou a divulgação de um vídeo produzido pela companhia que conecta o meio ambiente à música, com o uso da tecnologia, e que tem como ponto de partida uma canção inédita interpretada pela Orquestra Sinfônica de Heliópolis em uma área florestal da Klabin em Telêmaco Borba, no Paraná, e também no Grande Auditório do MASP, em São Paulo.
Para “ouvir” as florestas, um sintetizador eletrônico foi desenvolvido com exclusividade para a ação pelo produtor musical Arthur Joly, conhecido como o mestre dos sintetizadores analógicos, que foi usado para extrair frequências sonoras das árvores, traduzindo a bioeletricidade que elas emitem para criar uma textura musical para a produção final.
“Para esse projeto, desenvolvi um sintetizador inédito, diferente dos que já havia criado até então. Como os sintetizadores analógicos são baseados em voltagens, são capazes de captar e transformar as energias em som. Ao conectarmos esse sintetizador nas árvores, por meio de pinças ou microfones de contato, conseguimos captar o fluxo que corre dentro dessas árvores, assim como as resistências entre suas folhas e galhos. Essas voltagens captadas entram no sistema do sintetizador, que passa a interagir como se fosse um ser vivo”, explica Joly.
Em seguida, esses sons foram transformados em uma melodia pelo compositor Silvinho Erné, que teve como base a análise de diferentes ângulos do topo da área florestal da Klabin para a criação. “Tive a chance de vivenciar toda a experiência de ir com a equipe para a floresta captar as imagens que foram, na sequência, transformadas na base da melodia da música composta para a campanha. O que fiz foi colocar cinco linhas de pauta sobre essa imagem e, a partir daí, compus uma melodia que dialoga com a altura das árvores”, explica Silvinho.
Para garantir a harmonia da composição, ele destaca que, nos casos de variações bruscas de altura das árvores na imagem, usou tempos mais rápidos; nos casos em que elas tinham uma altura mais harmônica, por sua vez, privilegiou as notas de descanso. “O resultado foi uma música em tom menor, que acredito que traduz a emoção que buscamos, e que sem dúvidas é o projeto mais poético que já fiz na vida”, relata.
Em seguida, esses sons, em conjunto com a análise de imagens de diferentes ângulos do topo de uma área florestal conservada pela Klabin em Telêmaco Borba, no Paraná, foram transformados em uma melodia pelo compositor Silvinho Erné. A partir da composição musical, a produtora de filmes F5, com o apoio do Instituto Baccarelli, responsável pela Orquestra Sinfônica de Heliópolis, conduziu os ensaios da melodia com os músicos, resultando em uma apresentação oficial para a campanha, realizada no Grande Auditório do MASP, em São Paulo. O filme mescla cenas da apresentação da Orquestra no teatro, com imagens dos músicos tocando na floresta, interagindo diretamente com as árvores, protagonistas da campanha.