O eterno dilema entre artistas e empresas patrocinadoras.
O artista deseja e precisa ter o melhor equipamento possível para desempenhar sua arte. Afinal, assim como em um restaurante renomado, o segredo está nos melhores ingredientes disponíveis para se criar um bom prato. As empresas estão dispostas a ceder ou ao menos facilitar estes instrumentos, entretanto como em um bom casamento, elas vão querer alguma coisa em troca e é então que essa relação se inicia.
Um dos mercados que mais se valeu da utilização de figuras públicas para branding e posicionamento foi o mercado musical.
Muitas décadas antes do termo “influencer” ser conhecido pelas massas, nossos endorsees com toda sua virtuosidade exerciam esse papel de emprestar sua credibilidade para os mais diferentes produtos, instrumentos e acessórios musicais. Talvez exista uma pequena diferença no conceito onde o termo endorsee refere-se a aquele que endossa “algo”, está ligado ao produto e com um caráter mais passivo enquanto o termo influencer tem por significado: aquele que influencia “alguém”, diretamente ligado a pessoas e interferindo ativamente numa ação ou decisão.
Isso é uma evolução, o mundo mudou – o nosso querido Double Tape Deck não tem mais função, o Merthiolate já não arde mais – e estamos vivenciando a era dos “famosos amadores” na qual centenas de milhares de entusiastas, não somente do mercado musical, municiados de seus smartphones com câmeras impressionantes conseguem atrair a atenção de milhões não por suas habilidades técnicas, mas sim por se provarem interessantes. Não estamos julgando aqui para quem, mas há de se convir que são interessantes para uma grande audiência.
Adicionando boa frequência na mensagem esse interesse acaba se transformando em credibilidade. Coerência entre discurso e atitudes legitimam essa credibilidade para se tornar a tão famigerada influência. Bum! Eis que estamos diante de um influencer que por seu alcance impressiona e traz maiores resultados em publicidade do que as tradicionais mídias de massa para marcas de diversos mercados.
“Então eu devo parar de estudar minha música e buscar popularidade?” “Não buscar o meu aperfeiçoamento e sim montanhas de likes?”. Na verdade, a reflexão que eu proponho é voltada a adicionar em vez de substituir. Por que não se tornar mais interessante do que já é? Por que não utilizar ferramentas modernas para te guiar neste novo caminho e entregar algo diferente?
Entrega é a palavra-chave para o casamento feliz entre artistas e marcas. Por mais dura que pareça a verdade as empresas buscam resultados e se você conseguir amplificá-los com suas entregas você será mais bem sucedido.
E qual é esse tal resultado? Como saber o que a empresa busca? Através da ferramenta mais adequada para qualquer casamento ou relacionamento entre pessoas: conversando.
Sendo mais prático, listei abaixo 5 sugestões importantes para essas entregas.
1- Converse
Ninguém resiste a um bom convite para um almoço ou café. Converse com o responsável pelo seu relacionamento na empresa (relações artísticas, relações públicas, marketing) e converse de forma clara e objetiva sobre o que a empresa espera como resultado, alinhe as expectativas entre ambas as partes para também entender se realmente essa parceria faz sentido para você.
2- Vá além
Depois de entender exatamente o que a empresa quer, prepare-se para entregar mais. Não deixe de entregar o principal, mas pense em outras vantagens que você pode proporcionar a empresa que estão correlacionadas ou podem potencializar essa entrega principal. Informe-se, leia sobre a empresa, conheça seus concorrentes, o mercado como todo e aplique sua criatividade para ir além.
3- Prepare-se
Seu maior meio de exposição é a internet, as mídias sociais. Domine-os! Saiba ler seus números de alcance, engajamento, views, entendê-los. Para cada formato existem algoritmos diferentes e para cada mídia existem métricas, comportamentos e públicos diferentes. Cursos gratuitos, muita leitura de artigos de nomes importantes no marketing digital como o Blog da RD Rafael Kiso, Martha Gabriel, Seth Godin, Gary V podem te ajudar
4- Acumule bagagem
Referências nunca são demais. Não apenas assista, leia ou ouça, analise o que você está consumindo, sem julgamentos, e tire alguma lição de lá. Acesse mídias diferentes, viaje para outros lugares, coma outras comidas, converse pessoas fora da sua bolha, tente algo novo. É importante acumular bagagens, referências. Dave Grohl, grande ícone do Rock, admitiu ter se inspirado na linha de bateria da The Gap Band, banda Cameo (uma banda de disco dos anos 80) para compor a linha de bateria do disco Nevermind do Nirvana.
5- Seja autêntico
Acompanhe o que está acontecendo em relação as tendências globais, novidades, mas nunca perca sua autenticidade. Autenticidade é orgânica, genuína, verdadeira e vende! Autenticidade traz singularidade e pode potencializar seus resultados.
E no final você pode me perguntar: “E se eu entrego muito mais que isso e não recebo nem perto do que entendo como certo?”. Tenha certeza que entregar demais nunca será em vão. Se esse alinhamento não é proporcional e realmente o seu nível de entrega é alto, outros olhos estarão mirando seu trabalho. Seu investimento nunca será em vão e nesse caso o seu ROI sempre será positivo.
*Autor: Edgard Ribeiro. Profissional de marketing com mais de 18 anos de experiência e alguns cabelos brancos desenvolvendo soluções em comunicação e marketing.