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Opinião: Rótulos e opiniões “voláteis”

O ser humano gosta de explicar o óbvio, muitas vezes para tentar levar mérito pelo ovo da galinha, que existiria com ou sem a observância de sua saída da cloaca.

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O que quero dizer, é que tem gente que cria “seu negócio” em torno de explicar e complicar, criando métodos e fórmulas, com nomes rebuscados, e “moderninhos ” para descrever a mesma coisa de sempre, com variáveis de necessidade do momento histórico, mercadológico e tecnológico.

Nas décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980, as empresas eram em geral, conquistas pessoais, que eram vistas como patrimônio familiar, e as sociedades delas como guardiões de tradições,  num estilo de compromisso com a marca ou serviço.

Em torno disso, os “especialistas de mercado “, em suas observações de “futurologia ” criavam cenários tecnológicos e sociais semelhantes aos roteiros do desenho “Os Jetsons”, e se alguns acertaram,  muitos erraram, e no meio dos anos 1970 até metade dos 1980, numa fusão de auto ajuda, filosofia e “culto da prosperidade”, surgem os conselheiros empresariais,  com termos “guru” associado à alcunha.

Já no final dos anos 1980 para 1990, eles se reinventaram, aprimorando os nomes teóricos,  criando as certificações de qualidade, e eram os consultores.

Na virada dos anos 1990 para o novo milênio,  nova reinvenção , novos termos,  mesma lição,  e isso prossegue até hoje, renomeando, criando argumentos de convencimento,  todos desenvolvidos nas décadas anteriores na neurolinguística.

A “teorização do óbvio” é  ganha pão de muitos, que em geral gostam de achar que, nomear uma estrela muda o fato de que ela já estava lá,  milhões de anos antes da “descoberta” da mesma, e que nomear fenômenos,  situações ou mesmo ações,  em tentativa de descrever método,  às vezes é só balela burocrática.

Nós anos 90, lembro de ter lido um livro chamado Corporação Virtual, que tentava criar uma situação de previsão das ações  “certificatórias” pós certificados ISO, numa “adivinhação” embasada no óbvio,  e em supostas pesquisas tecnológicas,  que no fim das contas, até hoje não se tornaram viáveis.

Os “consultores”, que viraram “coachs”, “mentorings”, e na sua variável mais caricata, porém desonesta, pastores religiosos de cultos da teologia da prosperidade, misturando negócios,  consultoria,  auto ajuda, neurolinguística e DÍZIMOS.

Lembro-me de uma piada curiosa (infelizmente  desconheço a fonte genial de sua criação), em que um homem simples à beira da porteira de suas terras, vastas com muitas ovelhas, é interpelado por outro homem num carro conversível, modelo do ano, que estava à passeio por lá, e se perdeu na falta de visibilidade no GPS da estrada. Após o esclarecimento dado pelo homem dono das terras, sobre qual o caminho à seguir, o viajante resolve lhe indagar; _O senhor é  dono dessas terras certo? O que o senhor faz exatamente?  O homem dono das terras responde; _Crio Ovelhas… O homem do carro então lhe lança um desafio; _Se eu lhe disser com precisão aproximada quantas ovelhas o senhor tem, posso ficar com uma? O dono das terras acentiu com a cabeça, calmamente,  e de imediato o homem do carro pegou o laptop, e conectado na internet viu fotos do Google Earth da região,  contou as ovelhas, conferiu através de pesquisa de documentos sobre a área, o nome do homem dono das ovelhas, das terras, a quantidade de lã extraída por ovelha,  a média que ele vendia anualmente,  tudo disponível nos meios virtuais. O Homem do carro 5 minutos depois disse; _O senhor tem aproximadamente 2560 ovelhas, estou certo senhor José? (para mostrar que até o nome do cidadão ele descobriu pela localização das terras e registro)  O senhor José disse; _ESTÁ! Já não se contendo,  com uma certa arrogância,  o homem salta do carro, pede licença e agarra seu “prêmio”, nisso o dono das terras calmamente, com sotaque  interiorano diz; _Se eu adivinhar sua profissão aproximadamente,  o senhor deixa o que está levando? O homem do carro respondeu; _Claro (sorrindo)!

_O Senhor é CONSULTOR, COACH, ou MENTORING…

O homem do carro tomou um susto e disse; _Como o senhor descobriu? O senhor Jose, dono das terras, respondeu;  _O SENHOR APARECEU DO NADA, SEM SER CHAMADO, E MESMO SEM SABER ONDE ESTAVA, ME DISSE ALGO QUE EU JA SABIA, ME COBROU POR ISSO, E NA VERDADE NÃO ENTENDE NADA DO MEU NEGÓCIO,  POIS ESTÁ LEVANDO MEU CACHORRO,  E NÃO UMA OVELHA.

Resumindo, existem sim especialistas de mercado, pessoas com visão ampla, mas que teorizam menos o óbvio, e prestam mais atenção na dinâmica de mercado.

As únicas regras perenes são oferta, procura, meios, fins e qualidade, então todo resto é  variação histórica, tecnológica, e logística, bem como de capacidade de investimentos.

Todo resto é especulação intelectual, e a pandemia desmascarou isso, deixando os “especialistas” desesperados… Já já eles se reinventam… Ahhh, essa turma do palpite pago… Mas é business, e se tem procura, sempre há oferta, até de placebo.

Mas como dos anos 1990 em diante, os administradores, presidentes e diretores viraram na semântica, Gestores e CEOs, a abordagem de significância muda, e a figura do “owner”, do dono, do proprietário, ficou diluída.

Se de um lado surgem pessoas que não sabem para onde vão, mas cobram para indicar direções, de outro tem gente que chegou à algum lugar, NÃO prestou atenção em como, e não sabe continuar dali em diante.

O “monocromático” como tese administrativa conduz à necessidade de no mínimo ter uma equipe que enxergue colorido, portanto muitos “chefes” incompetentes crescem em seus negócios pelas equipes arrojadas que às vezes o acaso lhes fez cair no colo.

No mundo da música, houve uma época em que se usou o termo “atitude” para descrever o cara que tocava mal, e conceder mérito à sua obra.

Hoje no mundo corporativo, em práticas de “politicamente correto”, há palavras perigosas para o futuro, que são ditas com orgulho de quem acha que entende seus significados.

“Diversidade”, “empoderamento”, e outras palavras, cujo cunho é ideológico, jamais deveriam estar acima da meritocracia e competência, e o erro desse raciocínio eu explico:

Com base na competência, podemos  montar equipes de trabalho que independente do gênero,  da questão racial e étnica, são os melhores em suas funções, ou seja, numa equipe de trabalho de 20 pessoas, podemos ter 20 “negros trans não binários” se eles forem os mais hábeis, os mais competentes e alinhados com a empresa, pois a medição é meritocrática apenas, mas numa equipe de “diversidade”, você coloca única e exclusivamente de forma a ter , quase como num “álbum de figurinhas”, pessoas diferentes em trabalho colaborativo, independente de compreenderem em aprofundamento as questões mercadológicas,  e com isso, na ausência de mérito, se busca “correção política”.

Se isso dá certo com o Google, por exemplo, é  porque o “produto” que eles “são”, depende da interatividade plural, e o quase monopólio impede à essa altura, a verificação da realidade dessa premissa, bem como o trabalho colaborativo só enxerga êxito de equipe, por isso,  se houver um competente entre 20 medianos, por vezes os louros da Vitória se dividem igualmente de forma injusta.

A moda das “militâncias” empresariais, quando entram em contato com a realidade social, em geral naufragam.

A dissociação cognitiva de uma militância político social JAMAIS deve estar acima da percepção do óbvio, que é o fato que empresas vendem produtos e oferecem serviços, e o consumidor não liga para outro fato diferente de ser bem atendido, sem nenhuma bandeira comportamental.

A simplicidade do melhor produto ou serviço, melhor atendimento, e melhor desempenho e preço, são os tópicos que importam,  e com isso o marketing que gera oferta e procura, e tudo fora disso, é teorização ideológica e “balela”.

Filosofia é a maneira de explicar o que se entende da realidade, e depende de ponto de vista, já ideologia é a tentativa de moldar a realidade numa linha de pensamento, e isso nada tem a ver com o mundo dos negócios, que tem que apenas compreender o mercado presente, e tentar prever e se adaptar ao mercado futuro.

No mercado musical, a ausência dessa compreensão fez cair o nível de interesse das pessoas pela música.

Um amigo meu, baixista, indagou ao irmão caçula de uma conhecida dele, se o garoto sabia explicar o que era música, e a resposta foi; _São os “barulhinhos” que ouço enquanto jogo vídeo game? Aí nessa frase todo peso de não formar mercado futuro, e de não compreender a fragilidade da única coisa não volátil numa relação de mercado, que é o fato de que se as pessoas perderem o interesse, seu produto não vende… Ou se fixa o “mind set” no que importa, ou instrumentos musicais virarão, num futuro de médio prazo, máquina de escrever… Hoje você tem uma em sua casa? Perceção de ação é sucesso comercial. O oposto é o fim.

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