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Crise na China impacta mercado de áudio, instrumentos e iluminação

Problemas logísticos, aumento no custo da matéria prima, falta semicondutores e crise energética na China afetam o comércio global de instrumentos musicais. iluminação e áudio profissional

MusicaeMercado

Após um ano de aviso por parte de fornecedores,  varejo do setor passa a levar a sério o maior rompimento de fornecimento deste século. 

Na prática, a combinação da crise logística, com a crise energética chinesa, além da falta de semicondutores, vem afetando drasticamente o comércio global de instrumentos musicais, iluminação e áudio profissional, ocasionando instabilidade no fornecimento de produtos e comprometendo seriamente a estabilidade dos preços.

A flutuação do dólar, por incrível que pareça, não é menos importante, mas ficou em quarto plano.

Escalada de problemas

Desde a pandemia de coronavirus, no início de 2020, fabricantes na Ásia, especificamente na China, suspenderam suas atividades temporariamente, mudaram de ramo para atender a demanda de materiais relacionados a proteção pessoal para o enfrentamento da pandemia de COVID-19, fecharam ou demitiram funcionários por precauções sanitárias.

Como consequência da pandemia, os Países e seus Estados, cada qual com sua regra, passaram por fases de aberturas e fechamentos de comércio que afetaram o comércio e a previsão de compras dos importadores. À partir de então, criou-se uma disrupção sistêmica.

Para entender até que ponto esta crise de pode chegar, vamos elencar alguns pontos fundamentais.

Crise energética

MusicaeMercado

A China passa pela maior crise energética da década.

O preço da energia elétrica mais do que dobrou este ano na China, em meio à crescente demanda por eletricidade das fábricas. Pior: a produção das minas de carvão do País está mais lenta do que o esperado. 

O Governo Chinês disse aos grandes consumidores de energia para reduzirem o consumo durante o dia e para as fábricas alternarem as paralisações de produção nos centros industriais do nordeste da China.

Vinte das 31 províncias da China estão agora racionando eletricidade, impactando a produção de alumínio, aço, instrumentos musicais, áudio e iluminação. Em algumas regiões, as fábricas estão trabalhando somente três dias por semana.

Por maior que seja o investimento chinês em fontes alternativas de energia, a China ainda mantém 56% da sua dependência energética do carvão. 

Os preços do carvão dispararam enquanto a nação luta para atender às crescentes demandas na indústria pesada, imóveis e construção de infraestrutura para estimular o crescimento econômico e a recuperação do COVID-19. 

Enquanto isso, as secas no sudoeste da China reduziram ainda mais a produção de energia hidrelétrica, levando a uma maior dependência do carvão.

Logística

Desde o final de 2020, o sistema logístico vem passando por uma crise sem precedentes. Neste pacote, podemos citar diversas informações como o encalhe de um navio gigante no Canal de Suez, em março, que retardou o comércio internacional, até a política chinesa de não abastecer os containers com produtos estrangeiros, após a entrega de produtos chineses nos países. 

Explicando: neste momento, a prioridade da China é embarcar produtos chineses para o restante do mundo, não importar produtos. 

Para dividir o custo do transporte os containers transitam entre os países levando e trazendo mercadorias de porto à porto. Exemplo: um navio que chega da China no Brasil com determinado produto, volta para a China com produtos brasileiros, seja soja ou outra mercadoria, com isto o valor do frete diminui. 

Dada a preferência da China em acelerar a venda dos produtos chineses, os containers chegam, são retirados e enviados vazios imediatamente para o país de origem. Assim, o custo do container sobe e para quem busca a exportação, o preço é alto.

Em janeiro, o CEO da Redwood Logistics disse a rede CNBC que três a cada quatro containers que chegam nos Estados Unidos voltam vazios para a Ásia.

Um dos maiores importadores no Brasil, no final de 2020, comentou com a Música & Mercado: “Iremos investir em estoque, comprar tudo que for possível e creemos fazer o certo”. Este importador estava certo. 

Transformando em uma conta simples: o aumento médio de um container entre Ásia e América Latina foi de 507%, de acordo com um gráfico da Clarksons Research publicado na revista The Economist, de 18 de setembro. Transformando em valor, um container de 40 pés, que custava 1.5 mil dólares, hoje (27 de outubro, 2021) varia acima de 10 mil dólares.

preco dos containers

As empresas globais de logística estimam que a crise continue ao menos até o fim do primeiro quadrimestre de 2022.

Para Alexandre Seabra, diretor da importadora Sonotec, “a crise logística deve diminuir a partir de junho de 2022”. Seabra pontua ainda que o feriado de Ano Novo na China, realizado no mês de Fevereiro, contribui como um agente retardador para a solução do problema.

Custo global dos containers

Semicondutores

Chips-Semicondutores
Chips são usados em grande parte da indústria

Você provavelmente escutou algo nestes termos: a falta de semicondutores, mas ao final, o que isto tem a ver com o setor de áudio, instrumentos e iluminação? Tudo!

A cada que passa os equipamentos estão conectados. De um amplificador, um sistema de P.A, mesa de som até pedaleiras usam semicondutores. 

O problema com esta indústria vem afetando grandes corporações de áudio até a indústria automobilística e a razão foi a previsão do consumo de eletrônicos também causado com os efeitos de mercado no período da covid19, entre outras.


O que fazer?

Invista em estoque

Considerando a situação, o melhor investimento é em estoque de produtos novos e usados. Não somente pela incerteza da disponibilidade da mercadoria, mas também pela variação de preços. 

Aumente o número de fornecedores

Evite depender de poucos, exceto se tiver uma excelente relação e programação de compra a longo prazo.

Não queime preço

A instabilidade de preços no mercado não ajudará quem estiver com caixa baixo. Considere que estamos em pleno ‘jogo das cadeiras’. A música está parando de tempos e tempos e terá sempre alguém fora do jogo (entenda-se: sem produtos).

O mundo irá acabar? Não. Mas as previsões de especialistas internacionais indicam uma situação tensa até junho de 2022, quando os embarques realizados, pós ano novo chinês, chegarem por aqui. Enquanto isto, resta a todos nós reinventarmo-nos e seguir à diante.

E não baixem a guarda: preparem-se para 2022.


Fontes:

https://www.latimes.com/world-nation/story/2021-10-02/china-power-shortage-energy-coal-climate
https://www.theguardian.com/world/2021/sep/29/china-hit-by-power-cuts-and-factory-closures-as-energy-crisis-bites
https://www.theguardian.com/world/2021/sep/28/power-shortages-in-china-hits-homes-and-factories-prompting-global-supply-fears
https://www.dw.com/en/china-reaches-for-strategic-power-cuts-amid-energy-crisis/a-59367176
https://www.bbc.com/news/business-58230388
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