Review do Leitor

Colabore com a comunidade musical.

Search

Áudio: Por que ir além do básico em suas mixagens?

As vantagens de fazer mais do que apenas o essencial em mixagens de áudio.

Sparflex

A mixagem de áudio é uma das etapas mais cruciais na produção musical. É nessa fase que as diferentes camadas de som — instrumentos, vozes e efeitos — são organizadas e equilibradas para criar uma experiência auditiva coesa e agradável ao ouvinte. Muitos na mixagem tendem a se limitar ao básico, como ajustar volumes, panoramas e aplicar equalização simples e alguns reverbs e delays.

Embora esses sejam passos fundamentais, ir além do essencial pode transformar uma mixagem comum em uma obra rica e talvez até memorável. Neste artigo, exploraremos em detalhes as vantagens de ultrapassar o básico na mixagem, destacando como isso pode elevar a qualidade do trabalho e reconhecimento.

1. Diferenciação e identidade sonora

Uma das maiores vantagens de ir além do básico é a possibilidade de criar uma identidade sonora única. Quando você se dedica a explorar técnicas avançadas, como automações um pouco mais complexas, processamento criativo e uso de efeitos (Bineurais, delays, reverbs artísticos e reversos, etc.), sua mixagem deixa de ser genérica e passa a refletir um estilo próprio. Isso é especialmente importante em um mercado saturado, onde muitas músicas podem soar parecidas aqui no Brasil.
Observe nessas músicas os efeitos usados nas vozes dos cantor(a), fez o diferencial: Música 1 / Música 2.
Outro exemplo: ao usar automações de volume ou reverb, você pode criar momentos de destaque em partes específicas da música, como um refrão mais amplo ou uma introdução mais intimista, esse tipo de detalhe não apenas prende a atenção do ouvinte, mas também ajuda a construir uma assinatura sonora que distingue seu trabalho dos demais.
Sabemos o quão trabalhoso pode ser, mas ao está mixando um álbum ou um EP, escolha duas ou três músicas e faça, pois haverá benefícios caso você consiga fazer um bom trabalho criativo.
Atente-se ao encaixe desse(s) efeito(s) na música e veja o que o cliente acha dessa proposta. Dê um tempo para o cliente analisar.
Neste exemplo, é nítido o uso de reverbs em quase todos os instrumentos para dar um caráter mais bucólico e retrô.

2. Melhor tradução em diferentes sistemas de som

Uma mixagem que se limita ao básico pode soar boa em um sistema, mas apresentar problemas em outros. Ao dedicar mais tempo à mixagem, você pode garantir que a música traduza bem em diferentes dispositivos, como fones de ouvido, sistemas de som de carro ou caixas Bluetooth. Isso exige atenção a detalhes como:

  • Controle de frequências graves: Aplicar técnicas avançadas, como compressão multibanda, para evitar excesso de graves que podem distorcer em caixas pequenas, ou usar compressão do bumbo e do bass em conjunto para dar mais coesão no low end.
  • Equalização corretiva: Ajustar frequências conflitantes (Desmascaramento) para garantir clareza em diferentes sistemas de som.
  • Referenciamento cruzado: Testar a mixagem em diferentes dispositivos e ambientes para fazer ajustes mais precisos.
  • Compatibilidade monofônica: Existem plugins que detectam as incompatibilidades monofônicas da sua mix, dar trabalho, mas é extremamente necessário para que sua mix não soe “ faltando” instrumentos ao ser ouvido em um telefone celular ou um restaurante onde a execução seja ser em modo monofônico.

Aqui temos um exemplo de musica compatível monofônicamente.

Essas práticas vão além do essencial e garantem que o ouvinte tenha uma experiência consistente, independentemente de onde esteja ouvindo a música.

3. Profundidade e dimensão espacial

Mixagens elementares tendem a soar planas ou “bidimensionais”. Ir além do essencial permite criar uma sensação de profundidade e espaço que enriquece a experiência auditiva. Isso pode ser alcançado por meio de técnicas como:

  • Uso criativo de reverbs e delays: Criar uma sensação de ambiente realista ou surreal, dependendo da proposta artística.
  • Camadas de efeitos modulares: Combinar diferentes tipos de delays ou reverbs em elementos distintos para criar uma percepção mais ampla do espaço.
  • Panning dinâmico: Movimentar sons pelo campo estéreo para dar uma sensação de movimento e vida à mixagem.

Esses elementos fazem com que o ouvinte se sinta imerso na música, como se estivesse dentro de um universo sonoro tridimensional. Nos links a seguir você verá uma matéria bem interessante sobre como fazer: Link 1 / Link 2.

Aqui, um exemplo de uma mix com boa espacialidade e profundidade.

4. Realce da expressividade musical

A mixagem não é apenas uma etapa técnica; é também uma extensão da criatividade e da expressividade da música. Ao ir além do básico, você pode destacar as emoções e intenções por trás da composição. Alguns exemplos incluem:

  • Compressão paralela: Para dar mais impacto a elementos como a bateria, sem perder a dinâmica.
  • Automação de efeitos: Alterar parâmetros de plugins em tempo real para realçar momentos específicos.
  • Sidechain criativo: Usar compressão sidechain de forma artística, criando efeitos de bombeamento ou respiração que adicionam energia à música.
  • Acentuar as tônicas dos instrumentos no eq da mix para dar mais personalidade a execução musical e ao som do instrumento.
  • Compressão no tempo da música: O uso desse recurso, possibilita a execução plena dos instrumentos e da voz, trazendo uma percepção mais emocional da música para o ouvinte.

Veja nesse exemplo, perceba aqui uma compressão mais solta, o groove tem pulsação, bem como a voz, a musica tem vida sentimental em acordo com a melodia.
Por outro lado, veja esse exemplo, a compressão excessiva e fora da pulsação prejudicou muito a expressão do sentimento da música para o ouvinte.
As técnicas acima citadas ajudam a contar uma história ou transmitir emoções de forma mais poderosa, conectando o ouvinte à música em um nível mais profundo.

5. Equilíbrio e clareza musical

Uma mixagem básica pode facilmente se tornar confusa ou “embolada”, especialmente em músicas com muitos elementos. Ao explorar técnicas mais avançadas, você tem maior controle sobre cada detalhe da mixagem, garantindo clareza e equilíbrio entre os instrumentos. Algumas estratégias incluem:

  • Equalização cirúrgica: Remover frequências conflitantes entre instrumentos para evitar mascaramento (principalmente na zona de mudness), bem como remover ressonâncias de gravação.
  • Compressão em grupos de forma equilibrada: Controlar dinâmicas de maneira precisa, sem afetar a naturalidade do som e de forma equilibrada nos grupos e nos inserts também, ou seja, a mesma percepção de compressão usada primeiro insert, será usada nos restantes de inserts, e também usar a mesma percepção de compressão no primeiro grupos, também usar nos restantes.
  • Usar plugins de qualidade também será um bom caminho para uma mixagem mais clara. Recomendamos os da Acustica Audio, Uad, equalizador Pro-Q 3 ou 4 da Fabfilter, Neutron.
  • Uma boa monitorização é 50% da mixagem. Procure adquirir e aplicar o Sonarworks para ter uma monitorização plana.

Esses são alguns métodos garantem que cada elemento seja ouvido com clareza na mixagem, permitindo que o ouvinte perceba todos os instrumentos e detalhes da música.

6. Abertura para experimentação e criatividade

Quando você vai além do básico, abre espaço para a experimentação. A mixagem deixa de ser apenas uma tarefa técnica e se torna uma oportunidade de expressar criatividade, arte. Experimentos com efeitos, técnicas não convencionais e até mesmo distorções controladas podem resultar em um som único e inovador.

Por exemplo, você pode:

  • Aplicar reverbs inversos para criar transições dramáticas.
  • Experimentar modulação estéreo para adicionar movimento a pads ou sintetizadores.
  • Efeitos Bineurais e trêmulo bem aplicados, são sempre bem vindos.
  • Adicionar efeitos samples como: impactos, zaps e tons, adicionam um toque de criatividade na mix.
  • Usar o famoso efeito do Auto tune plug in ( robotizado melódico ),também é uma opção interessante para uso criativo em alguns estilos musicais.

Nas músicas a seguir você perceberá muitos desses efeitos acima citados, como transição musical de impacto, reverbs mais profundos e efeitos em geral: Música 1 / Música 2.

Nessa, observe o uso das distorções e saturações dando um diferencial artístico no caráter da música.

Essas abordagens criativas podem levar a descobertas inesperadas e adicionar um toque artístico que torna a mixagem bem mais interessante.

7. Desenvolvimento profissional e pessoal

Por fim, expandir seus conhecimentos e ir além do básico na mixagem não é apenas uma forma de aprimorar o resultado final de suas produções, mas também um investimento significativo no seu crescimento como profissional. Cada nova técnica que você aprende, experimenta e aplica no seu trabalho não apenas enriquece o seu repertório técnico, mas também amplia sua capacidade de enfrentar desafios em projetos futuros. Clientes, músicos e produtores valorizam profissionais que entregam mais do que o esperado, que possuem um olhar apurado e um cuidado especial com cada nuance do projeto.

Essa atenção minuciosa, aliada à consistência na entrega de resultados de alta qualidade, não apenas impressiona, mas também ajuda a construir uma reputação sólida no mercado, tornando-o uma referência confiável e desejada. Portanto, o esforço de ir além do básico não é apenas sobre técnica; é um passo estratégico para consolidar sua posição como um profissional diferenciado e respeitado na indústria musical e por isso devemos ir além do básico na mixagem.

E “Quando Fazer O Básico É Importante Na Mixagem?” Isso veremos na nossa próxima matéria aqui para a revista Música & Mercado. Até lá!

*Autor: Marlon Porto, técnico de áudio da Promaster Studios 

Teremos o maior prazer em ouvir seus pensamentos

Deixe um Comentário

Música & Mercado
Logo
Shopping cart