100 dias sem eventos e 100 dias com milhares de profissionais da música e backstage parados. Se nada será mais como antes, então, que sejamos melhores que antes.
Nosso setor está sofrendo muito e com certeza é um dos mais atingidos com essa pandemia, são mais de 100 dias sem eventos e, consequentemente, sem faturamento. Com isso, milhares de profissionais e empresas estão passando por muitas dificuldades financeiras.
Já é sabido que as lives e transmissões jamais substituirão o volume de trabalho que tínhamos antes, são apenas uma maneira de fazer uma pequena parte da equipe trabalhar (nem que sejam apenas 3 ou 4 dias no mês), pois, não conseguimos ter a mesma quantidade de equipamentos, profissionais envolvidos e tão pouco, faturamento que realmente justifique os investimentos feitos até o momento no nosso segmento, além de movimentar um percentual muito pequeno do nosso setor (quase zero), mas, é o que temos além dos cines drive-in que estão começando a aparecer.
[blockquote style=”3″]”O que me motiva a cada dia, é que vejo alguns guerreiros que não desistem e ainda estão lutando e fazendo algo com projetos incríveis e ainda solidários”[/blockquote]
Pra ajudar, todas as promessas e programas de governo não chegam para essas empresas, tão pouco para esses profissionais. Estamos falando de empresas que movimentaram trilhões e trilhões de reais em arrecadação de impostos nos últimos meses em todo o país e, simplesmente, não estão tendo apoio algum dos governos (como retorno dos impostos pagos) tão pouco dos bancos (que lucraram muito com as movimentações bancárias durante essa período) que temos relacionamento há anos.
Precisamos fazer algo, temos que nos mexer! Precisamos de mais gente apaixonada pelo que faz!
Eu sempre insisti e ainda insisto em treinamentos, cursos ou qualquer maneira de qualificar melhor os profissionais do nosso mercado, pois, isso fez muita diferença na minha vida e sempre acreditei que pudesse fazer também na vida de outras pessoas.
Aos 14 anos de idade (1994) comecei no estoque de uma empresa de locação e eventos que pertencia a um grupo de lojas, onde, fui contratado pela matriz (que era na Rua Conselheiro Crispiniano – Centro de SP), mas, para trabalhar na filial da Av. Rebouças.
Seis meses depois, com 15 anos, havia sido promovido e já cuidava de manutenção de equipamentos, cabos e etc… aos 16, já administrava a assistência técnica e toda informática e rede da empresa, viajava pelo Brasil todo fazendo montagens e operações de equipamentos nos eventos de maior destaque ou importância para empresa, impulsionado pelo conhecimento em informática, que era escasso na época para a grande maioria dos técnicos (além de outras habilidades em áudio e vídeo), e eu já estudava na área (além de ter feito alguns cursos extra-curriculares). Esses cursos e estudos ajudaram a me destacar, a ser promovido e ter responsabilidades muito cedo.
Aos 17 anos, por conta disso tudo, passei a ser supervisor técnico, o que me aproximou ainda mais dos clientes, pois, meu papel, além de garantir uma pré-montagem ideal (sem várias idas e vindas de transporte por faltas de equipamentos, periféricos ou cabos), era também manter um pós-venda ativo, obtendo feedback pós evento, o que no ano seguinte, me tornou gerente comercial. Com, aproximadamente, 19 anos eu gerenciava uma equipe com 6, 7 pessoas no comercial em São Paulo e mais 8 postos de serviços (hotéis e espaços de eventos, incluindo filiais em BH e Rio de Janeiro).
Desde então, para mim, as vendas deixaram de ser como eram feitas antes e passaram a ter mais valor agregado, deixando de ser simplesmente locação de equipamentos, pois, toda a vivencia de campo que eu já tinha passado, sabendo das dificuldades que cada job poderia ter na montagem ou durante o evento, seja pelo porte dos equipamentos ou de acordo com o local.
O que aconteceu comigo, embora alguns digam que foi sorte, foi a oportunidade somada a eu estar preparado, quantos exemplos similares ao meu temos no mercado? Conheço algumas trajetórias ainda bem mais interessantes, de várias pessoas que admiro e respeito muito, bem melhores do que a minha, apenas quis deixar meu relato aqui para que não desistam e espero que sirva para alguém, sei que não está fácil para ninguém, mas, temos que nos unir, dar as mãos e somente juntos vamos conseguir sair dessa.
É muito fácil ver pessoas falarem em ‘novo normal’ e se ‘reinventar’ do que realmente fazerem algo para mudar ou ajudar nosso mercado, mas, na verdade, acredito que temos que nos adaptar a esse novo momento, pois, como já falei antes, não estou vendo nada de novo… apenas formas diferentes e adaptadas de fazer as mesmas coisas que já fazíamos antes.
Ainda acredito e tenho esperança, embora, esteja cada vez mais difícil financeiramente e emocionalmente para todos nós, que deve ter algo de bom nisso tudo, só temos que encontrar esse caminho. Infelizmente, a grande maioria ainda não entendeu que não adianta só reclamar ou continuar olhando para seu próprio umbigo, temos que olhar pro lado, pegar na mão do coleguinha e seguir junto com ele.
O que me motiva a cada dia, é que vejo alguns guerreiros que não desistem e ainda estão lutando e fazendo algo (com projetos incríveis e ainda solidários), não pensando apenas em sua própria empresa, mas, nas pessoas que estão e estiveram ao longo desses anos a sua volta e não querem abandoná-las, não sem ao menos lutar, tentar fazer algo por quem sempre fez o melhor por nós.
Podem ser que errem, não importa! Quando se faz com o coração, a chance de acertar é muito maior do que pensando apenas em recursos financeiros, afinal de contas, trabalhamos com seres humanos, e de nada adianta ter os melhores equipamentos do mundo, se não tivermos os melhores e mais preparados profissionais ao nosso lado, e é isso que essas pessoas realmente querem e acreditam, que tudo isso vai passar e que temos que, cada vez mais, nos unir e nos ajudar a construir uma saída para que possamos nos adaptar a tudo o que está acontecendo, pois, não será mais como antes, então, que sejamos melhores que antes.