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Fernando Vieira: O amor à música como legado

Jornalista Fernando Vieira faleceu e deixou um imenso legado. Cabe a todos manterem a chama da música acesa.

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A morte de um amigo é sempre um momento de dor, mas se juntarmos a isso o legado e a importância de quem nos deixa, teremos uma amplitude de sentimentos que ultrapassa a saudade e o vazio da perda.

O jornalista gaúcho Fernando Vieira nunca tocou qualquer instrumento e sequer conhecia tecnicamente qualquer fase da criação ou execução musical.

Mas isso nunca impediu o seu amor pela música brasileira a ponto de se tornar silenciosa e discretamente o maior aglutinador da MPB das últimas décadas.

Ao criar a quase 40 anos a Festa Nacional da Música, um evento fechado até a virada do século, Fernando gestou, intencionalmente ou não, uma espécie de convenção da música brasileira onde centenas de artistas, produtores, técnicos, empresários, gestores e autoridades ligadas à arte faziam do encontro um canal de interlocução e convergência de ideias.

Das primeiras edições em Porto Alegre e mais tarde na serra gaúcha, a Festa Nacional da Música foi o germinal de várias propostas para a música e seus profissionais.

Sempre com a presença parlamentares de todas as vertentes ideológicas, mas ligados à defesa da música brasileira, além de vários ministros de estado, o evento virou o canal de anseios a propostas legislativas voltadas ao interesse da categoria.

Nos anos 90, liderados por Sérgio Reis, alguns artistas levantaram os primeiros movimentos pela volta do ensino musical às escolas e já em 2013 surgiu também a proposta da PEC da Música que foi aprovada em 2015 pelo Congresso Nacional e isentou de tributos as mídias de obras musicais brasileiras.

Para 2020, estava previsto o início da campanha pelo imposto zero para instrumentos musicais dando ao produto o tratamento de ferramenta de cultura como é recepcionado em países de primeiro mundo, e não objeto de lazer como é visto e taxado hoje no Brasil.

As primeiras sondagens e a viabilidade da proposta já tinham sido iniciadas junto a membros da área econômica do governo Bolsonaro e tiveram boa receptividade ao projeto.

Com a morte de Fernando, a música brasileira ficou mais pobre e perdeu o seu maior catalizador.

Desconhecido do Brasil e amado no meio musical de norte a sul, o jornalista dedicou uma vida inteira à música criando propostas, gerindo carreiras e grandes eventos.

Aos 72 anos e trabalhando com o mesmo afinco, seu coração pregou uma peça dolorosa na música brasileira.

Junto com ele foi um idealismo e uma dedicação que supera a compreensão de quem fica tentando imaginar como alguém assim pode deixar-nos de forma tão repentina e surpreendente.

Descanse em paz meu parceiro, a música seguirá colorindo nosso destino, mesmo quando ele nos deixa com lágrimas nos olhos pela dor de uma perda dessa dimensão.

A linda homenagem gravada por dezenas de artistas da MPB fala por si só.

Nela fica gravada o seu legado de amor e dedicação à nossa arte maior.

Que Deus o receba… com música!

 

 

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