Por um único motivo: em todos os episódios semelhantes na história, o artista era artista e apenas delegava as outras funções a terceiros. De repente, o artista viu-se sozinho, enclausurado (com o seu instrumento ou não) e o processo de criação ou mesmo as suas experiências musicais antes da obra ficar na sua versão definitiva passou não somente a ser algo público, como de certo modo, até com a interferência do público (ex. seleção de repertório para a apresentação). Se a tecnologia propiciou ao artista interagir com o seu público, a fatura chegou agora.
Do nada, o artista foi encurralado por sua audiência no interior da sua própria casa, demandando lives de alta performance sem recursos (som, luz, cenários, etc.) e muito menos com equipe para executar a filmagem até os outros detalhes que se fizessem necessários.
Resultado? Nunca pensei que iria viver para assistir David Gilmour (Pink Floyd) ou Annie Lennox (Eurythmics) no conforto da minha humilde residência, diretamente da nada humilde residência deles. Sem interferência de nada nem ninguém. Ritchie Blackmore (o temeroso “the man in black” do Deep Purple) há anos reclusos, fez sua live diretamente do seu medieval estúdio (Ministrel Hall) com as ironias e o mau-humor que sempre lhe foi peculiar.
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Vou conseguir sobreviver da minha música nestes tempos de Pandemia? Depois como vai ser?
Ninguém tem bola de cristal para prever o futuro, no entanto, anos de experiência e estudos nos mostram que o medo do desconhecido se configura natural em situações como a que vivemos. Entretanto, todos reconhecem que a ‘indústria das lives‘ foi a primeira resposta do setor para combater a imediata suspensão das apresentações presenciais como shows, etc.
Lives com marca ou sem marca? Com contribuição ou sem?
Com a popularização das lives nascem outras questões a serem debatidas. Sem entrar no mérito das questões sanitárias eventualmente levantadas com relação as lives individuais ou coletivas, vamos refletir sobre um dos temas mais polêmicos.
O patrocínio dessas apresentações tem sido objeto de grande discussão por inúmeros motivos. O primeiro deles seria o questionamento com relação aos custos de se fazer uma live. Ora, quanto a isso não há dúvidas de que os artistas estão tendo que se readaptar as suas novas realidades. Equipamentos melhores, velocidade da internet e o próprio aumento do consumo de energia, são imediatamente trazidos a baila nesta argumentação.
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Sendo assim, sobre o aspecto econômico se justificaria o apoio/patrocínio de marcas que como contrapartida teriam a associação de um artista a seu produto ou serviço.
A questão se relaciona diretamente com o amplo conteúdo gratuito que esta disponível em contraponto a necessidade de remunerar o artista que de repente se viu privado de inúmeras receitas que anteriormente lhe sustentavam. Exatamente por questões de associação de imagens de personalidades públicas com as marcas que vem patrocinando as lives, ressurgiu um movimento muito comum nos anos 80 e seguintes.
As contribuições solidarias trazem um caráter de voluntariado bem como as lives com propostas humanitárias e/ou beneficentes. Curiosamente, até o momento as arrecadações tanto das contribuições solidarias quanto das doações beneficentes são ínfimas. Por quê? Neste momento de grandes restrições econômicas, as pessoas tendem a preferir os conteúdos gratuitos, entendendo que, principalmente os artistas majors, teriam a obrigação de fazê-lo. Prova disso foi a polemica envolvendo a dupla AnaVitoria, ainda que explicado por elas que o valor se destinava a equipe.
Brasil de Tuhu une educação, cultura e inclusão; em agosto, passa por cidades da Grande São Paulo e interior.
A musicalização como ferramenta de formação cidadã é o foco do Brasil de Tuhu, projeto que há 17 anos aproxima crianças da música de concerto em redes públicas de ensino. Inspirada no legado de Heitor Villa-Lobos, a iniciativa já impactou mais de 77 mil crianças em 13 estados e, em 2025, realiza uma nova etapa em 17 escolas públicas de nove cidades paulistas, ao longo de agosto e novembro.
As ações chegam a Barueri, Mogi das Cruzes, Sertãozinho, Ribeirão Preto, Campinas, Guarulhos, Franco da Rocha, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo, com uma programação pensada para estimular o aprendizado por meio da arte. “Queremos contribuir para um ambiente escolar mais criativo, acessível e acolhedor. A música tem esse poder de ampliar repertórios, gerar vínculos e fortalecer o desenvolvimento das crianças”, afirma Paula Sued, sócia e diretora de produção da Baluarte.
Música, teatro e educação integradas
Os concertos didáticos são protagonizados pelo Quarteto Brasil de Tuhu, sob direção pedagógica da violinista Carla Rincón, e contam com a participação da atriz e artista brincante Verônica Bonfim. O roteiro lúdico e envolvente é assinado por Tim Rescala, compositor e autor teatral. Em formato interativo, as crianças aprendem ritmo, melodia e harmonia, conhecem os instrumentos de cordas e se aproximam da linguagem erudita de forma acessível.
“Vemos crianças ouvindo pela primeira vez um quarteto de cordas, conhecendo Villa-Lobos, despertando para uma nova escuta”, destaca Carla Rincón, primeira violinista do quarteto e diretora pedagógica do programa.
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Impacto social e formação de educadores
Além dos concertos, o Brasil de Tuhu disponibiliza conteúdos educativos e atividades complementares para docentes, fortalecendo a prática musical nas escolas após as apresentações. Mais de 1.300 educadores já participaram das formações, que em 2025 ampliam as abordagens para inclusão de crianças com deficiência intelectual.
Nesta edição, a Vivência Musical gratuita para professores acontece em Franco da Rocha, em 27 de agosto. A proposta utiliza objetos do cotidiano (baldes, panelas, cumbucas, colheres de pau) junto a instrumentos para estimular expressão, jogos rítmicos e repertório pedagógico adaptável a diferentes contextos.
“Este é o sonho coletivo de musicalizar o Brasil, o mesmo que inspirou Villa-Lobos e que hoje inspira a nossa missão”, reforça Paula Sued.
O Brasil de Tuhu é realizado pela Baluarte, com patrocínio da GLP, copatrocínio do Grupo Priner e apoio do Grupo Farol, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), do Ministério da Cultura do Governo Federal.
Espaço cultural na Barra da Tijuca funcionará em soft opening ao longo de 2025 e terá capacidade para até 3 mil pessoas.
O Rio de Janeiro ganhará um novo ponto de encontro para os amantes das artes e do entretenimento. O Teatro Opus Città, situado na Barra da Tijuca, confirmou sua inauguração para os próximos meses, operando inicialmente em formato soft opening. A proposta é testar e aperfeiçoar operações enquanto oferece ao público uma programação diversa, que contempla shows, peças teatrais, festivais, stand-ups e eventos corporativos. A estreia da programação já tem data marcada: no dia 8 de agosto, o espetáculo “Tons de Comédia” reúne os humoristas Hugo Sousa, Gilmário Vemba e Murilo Couto. No dia 15, o humor internacional entra em cena com Morgan Jay, seguido pelas apresentações de Bruna Louise (16 e 17 de agosto) e Thiago Ventura, que encerra o mês no dia 31. Os ingressos começam a ser vendidos no dia 24 de abril pela plataforma Uhuu.com e na bilheteria física do teatro, localizada na Avenida das Américas, 700. O atendimento acontece de segunda a sexta-feira, das 12h30 às 18h30. O espaço é acessível para cadeirantes e pessoas com necessidades especiais e oferece estacionamento com mais de três mil vagas. Para quem prefere transporte público, a estação Jardim Oceânico do metrô está a poucos metros de distância. Com 4.343,90 metros quadrados distribuídos em três andares, o Teatro Opus Città possui estrutura versátil, com plateia adaptável, frisas, camarotes e balcão. A configuração permite desde espetáculos intimistas até grandes produções, com capacidade total de até 3 mil espectadores. O projeto arquitetônico privilegia a visibilidade de todos os ângulos da casa. O novo teatro será administrado pela Opus Entretenimento, considerada a maior plataforma de shows e eventos ao vivo do Brasil. A empresa já é responsável pela gestão de outros oito espaços culturais em diferentes estados, e promete repetir no Rio de Janeiro o sucesso de sua operação em teatros e arenas pelo País.
A música instrumental paulista ganha um novo espaço com a estreia da série Harmonias Paulistas, produzida pela Borandá Produções e disponível no canal da produtora no YouTube.
Com seis episódios inéditos, a série será exibida semanalmente até 26 de março, sempre às quartas-feiras, destacando alguns dos mais relevantes instrumentistas do estado de São Paulo. Gravada entre agosto e novembro de 2024, a produção é conduzida pelo jornalista e crítico musical Carlos Calado, com direção artística de Gisella Gonçalves, idealizadora do projeto. A proposta é trazer à tona histórias marcantes e pouco conhecidas de músicos que construíram trajetórias fundamentais para a música brasileira. Entre os protagonistas estão nomes de destaque como Paulo Bellinati (violão), Toninho Ferragutti (acordeom), Heloísa Fernandes (piano), Alexandre Ribeiro (clarinete), Roberta Valente (pandeiro) e Adriana Holtz (violoncelo).
Uma homenagem a Tom Jobim e à diversidade da música paulista
A série explora a versatilidade e a pluralidade da música instrumental paulista, transitando por gêneros como o choro tradicional, música erudita, jazz, forró e música caipira de raiz. Ao final de cada episódio, o público poderá assistir a uma performance exclusiva em estúdio com uma obra de Tom Jobim, homenageado da série. “A música de Tom atravessa todas as fronteiras e as interpretações feitas por esses grandes músicos foram emocionantes”, comenta Gisella Gonçalves.
Locais simbólicos e histórias de vida
Cada episódio foi gravado em espaços que guardam relação afetiva ou histórica com os artistas. Entre eles estão o Ó do Borogodó, tradicional reduto do samba e do choro em São Paulo, a Sala do Conservatório, o Parque da Água Branca e a Escola de Música do Sesc Consolação. “É como abrir um baú de memórias preciosas, onde cada artista compartilha conosco não apenas sua música, mas também momentos decisivos que moldaram sua carreira”, afirma Gisella.
Compromisso com a acessibilidade
Harmonias Paulistas conta com interpretação em Libras, closed caption e legendas em inglês, ampliando o alcance do projeto no Brasil e no exterior. A série foi viabilizada por meio do Edital 14/2023 da Lei Paulo Gustavo e tem apresentação do Ministério da Cultura, do Governo do Estado de São Paulo e da Borandá Produções. Os episódios podem ser assistidos gratuitamente no canal da Borandá Produções no YouTube.
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