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Opinião: A “arapuca inescapável” do streaming
Sempre se ouvem ditados populares que traduzem na simplicidade da fala o peso de duras verdades, muitas vezes expressadas com humor.
“NÃO EXISTE CAFÉ DE GRAÇA” é uma frase muito usada para descrever, no mundo dos negócios, benesses que aparentemente não têm custo, mas estão cobradas no valor do serviço, ou nas consequências do mesmo.
A palavra-chave no “negócio da música” que é menos assumida como verdade é MONOPÓLIO.
Importadoras, marcas e até países o praticam no campo de instrumentos e acessórios, então, não tenhamos pudores de falar sobre isso, nem sobre cartéis e máfias não assumidas publicamente. E, dentre tantas, a música em si, como produto, bem como o músico, sempre estiveram à mercê do poderio dos “mecenas da vez” (na verdade, muito mais parasitas) e da mídia vigente na época.
No passado longínquo, reis e toda a nobreza e clero religioso utilizaram-se da arte como um todo, e da música em específico, como ferramentas doutrinárias e de status social na manutenção de aparências e de opulência.
Os reis, nobres e pontífices, com o tempo foram substituídos, nessa nossa história aqui narrada, por empresários, gravadoras e mídias eletrônicas modernas em geral, e no quesito pagamento de direitos autorais e conexos, o sistema em si nunca favoreceu o artista, muito menos no caso do mercado da música, o músico.
A exploração sempre correu à luz do dia, à céu aberto, aos olhos de todos, bem como o tal “jabaculê” ou “jabá”, apelido “carinhoso” da corrupção nos meios de comunicação no Brasil, onde para aparecer para o público, só pagando, e muito…
O mercado musical raramente se autocensurava e apenas pensava no lucro, com a oferta e procura comandando o showbiz, mas como afirmar sobre a realidade de oferta e procura se o processo de divulgação e exposição do artista era corrompido? Assim sendo, havia a indução ao consumo da obra de poucos, em detrimento do trabalho de muitos, por vezes reduzidos ao ostracismo.
Ao contrário das artes plásticas, em que injustiçados enlouquecidos pela dor como Van Gogh são “descobertos” após sua morte, na música popular moderna, na ausência de interesses e do registro facial da obra, tudo se perde antes de vir à tona.
Há os tais movimentos artístico-políticos, que conseguem segregar mais ainda o artista, mas da maneira mais brutal ainda, iniciando no meio, e não ao redor.
Muitos ainda hoje colocam como início da “derrota” das grandes gravadoras a pirataria das obras, porém muitas delas pirateavam a si mesmas para evitar ter que pagar a parte do artista e os impostos, pelo aparecimento de meios de auditar com mais precisão a realidade das vendas e lucros gerais do mercado fonográfico.
E então, como num passe de mágica, com a popularização dos computadores de uso doméstico e da internet, surge o compartilhamento, em que os fãs simplesmente resolveram se apropriar das obras, disponibilizando-as entre si, primeiro pela “pirataria caseira” entre amigos, depois com o aparecimento de formatos de áudio compactados,”mais leves”, porém com menos qualidade, e plataformas como o Napster, que espalharam o MP3 pelo mundo todo e permitiram o acesso fácil a qualquer um para compartilhar música. Depois, com o compartilhamento de arquivos via Torrent, as “grandes e famigeradas gravadoras” pareciam em fase de extinção, certo? Não responda ainda…
NÃO EXISTE CAFÉ DE GRAÇA…
Mais à frente, serviços de áudio e vídeo on-line começaram, primeiro de forma tímida e depois massivamente, a ocupar o lugar da mídia tradicional, porque a internet foi ficando mais rápida, com acesso cada vez mais facilitado. Então, levantou-se a “bandeira” da liberdade, e de que qualquer um poderia atingir milhões de espectadores e assim “democratizar” a arte e a informação, chegando aos consumidores em potencial gratuitamente, livrando-se do poderio econômico de quem manipulava o mercado. Se você ingenuamente vivenciou isso, e caiu nessa, meus pêsames…
NÃO EXISTE CAFÉ DE GRAÇA…
A realidade de hoje? As gravadoras se adaptaram e criaram os “contratos 360°”, que veem no artista de grande porte o produto, e com isso passaram a ganhar percentuais em tudo, desde merchandising até shows que o artista fizer, já que o foco deixou de ser o lucro dos direitos e vendas da obra em si. Assim, na ausência de mídia física da obra, o autor nada sabe sobre sua abrangência em dados confiáveis, e as gravadoras continuam atuando com o poderio econômico, por meio do mesmo “jabaculê”, só que modernizado, como exporei adiante.
Como todos se acostumaram com “não pagar” por música, o músico iniciante se vê à margem da profissionalização, já que “viver de música” vai se tornando cada dia mais difícil. E como esse recebimento gratuito de áudio e vídeo ao público em geral ocupa espaço nos dispositivos, a comodidade oferecida a seguir foi o armazenamento externo, de arquivos em serviços on-line, de fotos em redes sociais e de áudio e vídeo em streaming de redes sociais e plataformas.
Pronto, a conta do “CAFÉ DE GRAÇA” chegou…
Hoje as pessoas não revelam suas fotos ou guardam filmes gravados por elas, nem armazenam consigo na totalidade, postando em redes sociais ou guardando em nuvem, o que não deixa “material” o registro captado.
As mídias físicas estão quase desaparecendo, e os grandes executivos ganham com o streaming pago, ou de conteúdo gratuito em propagandas.
Plataformas ganham em anúncios milionários, exibidos em conteúdos produzidos gratuitamente por usuários, e no máximo pagam em material monetizado, centavos de dólar a cada quantidade absurda de views ou audições em streaming de música.
Playlists populares fraudam colocações de artistas em rankings, e isso se dá de forma PAGA, como era antigamente, o tal “jabaculê”.
Há também, com o advento do “politicamente correto”, a censura de ideias, de expressividade, de personagens, de textos, a ponto de filmes e músicas serem retirados dos serviços de streaming se não estiverem de acordo com a agenda vigente.
Aos poucos fomos abdicando de nossa liberdade em ter algo que queríamos para consumir o que nos for oferecido.
O Google já está dificultando buscas indexadas de “assuntos tidos como polêmicos e politicamente incorretos”, e tudo que estiver fora de uma agenda de interesses de uma classe dominante virou discurso de ódio, homofobia, xenofobia, racismo. Os rótulos são tantos que variam de acordo com a desculpa necessária.
Jovens doutrinados vociferam como se filmes antigos os ofendessem pelo vocabulário, como se músicas os oprimissem, como se a língua falada tivesse que se adaptar aos desejos que expressam. Mas seguem uma agenda de “cancelar” todos que se opõem ao viés que pregam, sendo estes os reais opressores da verdadeira liberdade.
A virtualidade excessiva desvalorizou a música profissional e tirou a remuneração meritocrática de muitos.
O streaming banalizou a música, e além de criar ferramentas de difícil apuração de ganhos para os artistas, gerou meios de censurar obras e “cancelar” carreiras.
Ou assumimos a postura de dar atenção ao que está ocorrendo realmente ou, quando for tarde demais, estaremos mergulhados no bovinismo cultural absoluto, se é que não é já um caminho sem volta.
A preguiça do ser humano o consome, e por vezes a comodidade o leva para gaiolas sem grades. Essas são as mais cruéis…
Por escolha, estamos eliminando nossa própria liberdade e, em troca de aplicativos de streaming com milhões de opções impostas, deixamos de lado o prazer zeloso da escolha…
Se você tem menos de 40 anos, talvez nunca tenha experimentado o prazer de adquirir um vinil, K7, VHS ou CD e DVD, apreciar a obra como um todo, sem pressa, e valorizar aquilo como algo de relevância.
Hoje jovens têm acesso a discografias inteiras, as armazenam e nem ouvem, e cada vez mais seguem a “modinha” da vez.
Ter tudo sem adquirir nada é o resultado dessas tais inovações, que colocaram o homem a serviço das tecnologias, e não o oposto. Porém, as cartas desse jogo continuam sendo dadas por poucos.
Gestão
Estratégia Financeira no Setor de Instrumentos Musicais e Áudio Profissional
O último trimestre do ano não só traz um aumento natural nas vendas, impulsionado por eventos como Black Friday, Cyber Monday e Natal, como também a necessidade de estabelecer as bases para o planejamento estratégico para 2026.
No setor de instrumentos musicais e áudio profissional, onde a volatilidade do dólar, os custos logísticos e as tendências de consumo ditam o tom, avaliar com precisão os resultados financeiros e operacionais torna-se fundamental para mensurar a verdadeira lucratividade do negócio.
Essa análise não apenas valida o desempenho mensal, mas também identifica onde estamos dessincronizados e quais fatores estratégicos precisamos ajustar para garantir um crescimento sustentável.
Avaliação do Desempenho Financeiro
Um diagnóstico preciso exige ir além dos números brutos e analisar indicadores-chave adaptados ao setor:
- Receita e lucratividade: Comparar as vendas de categorias críticas (caixas de som profissionais, controladores de DJ, guitarras, equipamentos de gravação) com as margens em comparação com períodos anteriores.
- Estrutura de custos: Diferenciar custos fixos (aluguel de showroom, equipe de vendas, licenças de software) de custos variáveis (importações, frete, marketing sazonal), identificando oportunidades de otimização.
- Fluxo de caixa: Meça a liquidez necessária para financiar estoques que muitas vezes são pagos em dólar, mas vendidos a prazo ao cliente final.
- Dívida: Avalie o ônus financeiro e o nível de alavancagem diante das flutuações da taxa de câmbio.
Ações Positivas e Áreas de Melhoria
Após a análise dos números, a pontuação revela o que funcionou e o que precisa de ajustes:
- Ações bem-sucedidas: Campanhas digitais em mídias sociais, acordos com academias e distribuidoras de música e o boom do e-commerce de acessórios e peças de reposição.
- Fraquezas operacionais: Estoques mal calibrados, com escassez, distribuição lenta nas regiões ou serviço de pós-venda fraco.
- Tendências de Mercado: Crescimento da música urbana e demanda por equipamentos de home studio, além de consumidores mais sensíveis a preços devido à inflação e à queda do crédito ao consumidor.
Repensando Estratégias e um Plano de Ação
Com a pontuação claramente definida, o plano deve estabelecer diretrizes específicas:
- Otimização de Custos: Negociar com fornecedores internacionais, consolidar importações e automatizar processos de estoque.
- Expansão de Mercado: Abra novos canais em regiões, exporte para países vizinhos ou explore nichos como equipamentos para igrejas e eventos corporativos.
- Fortalecimento Digital: Amplie o e-commerce com integração ERP-marketplace e aprimore campanhas segmentadas por tipo de músico.
- Treinamento de Equipe: Treine a equipe de vendas em produtos de alta qualidade, fidelização de clientes e serviços de vendas cruzadas (por exemplo, aluguel + vendas).
Implementação e Monitoramento
Toda orquestra precisa de um maestro e uma pontuação clara:
- KPIs definidos: Margem bruta por categoria, giro de estoque, vendas online vs. físicas e índice de endividamento.
- Revisão periódica: Reuniões trimestrais para avaliar o progresso e reajustar a estratégia de preços e estoque.
- Feedback contínuo: Envolva toda a equipe, do depósito ao marketing digital, na busca por eficiência e inovação.
Uma revisão financeira de 2025 é uma oportunidade para ajustar os negócios antes de entrar em uma nova temporada. Com análises rigorosas, replicando o que gerou impacto positivo e corrigindo o desempenho desafinado, a indústria de instrumentos musicais e áudio profissional pode se projetar com maior força, transformando a volatilidade em harmonia financeira a longo prazo.
*Autor: Camilo Ramírez
Mestre em Administração de Empresas (MBA) pela Universidad del Desarrollo, Mestre em Gestão Financeira pela Universidad Adolfo Ibáñez, Diploma em Gestão Financeira pela Universidad Adolfo Ibáñez, Diploma em Finanças Corporativas pela IEDE Business School Chile e Bacharel em Administração de Empresas e Administração Universitária pela Universidad de las Américas.
Sócio Sênior da Price Capital Spa.
E-mail: corporativo@pricecapital.cl
Visite: www.pricecapital.cl
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C. F. Martin & Co. nomeia Scott Gervais como Diretor de Operações
A histórica fabricante de violões cria um cargo de COO para impulsionar a excelência operacional e sua próxima fase de crescimento.
A C. F. Martin & Co., Inc. anunciou a nomeação de Scott Gervais como Diretor de Operações (COO). Com mais de duas décadas de liderança executiva em operações, manufatura, compras e gestão da cadeia de suprimentos, Gervais ocupou cargos de liderança na Polaris Marine e na Conn-Selmer, Inc., onde liderou e expandiu operações globais com melhorias mensuráveis em segurança, qualidade, eficiência e satisfação do cliente.
Violonista acústico de longa data, Gervais enfatizou a conexão pessoal com sua nova função: “É uma verdadeira honra ingressar na C. F. Martin & Co., uma empresa que admiro desde que peguei em um violão pela primeira vez. A Martin sempre representou o auge da arte acústica para mim, e agora contribuir para seu legado é ao mesmo tempo gratificante e inspirador. Esta posição alinha minha carreira em operações com meu amor pela música.”
Da empresa, o Presidente do Conselho, Chris Martin IV, comemorou a chegada: “Estou muito feliz que Scott esteja se juntando à minha empresa familiar. Sua experiência e entusiasmo serão um trunfo para nossas equipes de fabricação e compras.”
Por sua vez, o Presidente e CEO Thomas Ripsam enfatizou que o COO é uma posição recém-criada com foco na excelência operacional: “É um componente crítico para possibilitar a próxima onda de crescimento e lidar com a crescente complexidade e custos do negócio. Estou confiante de que o talento e a experiência de Scott nos ajudarão a enfrentar com sucesso essas oportunidades e desafios.”
Gervais é bacharel em administração de empresas pela Universidade Purdue e possui certificações profissionais como Lean Six Sigma Black Belt e Certified Supply Chain Professional. Com sua chegada, Martin busca fortalecer processos, eficiência e capacidade de resposta em um contexto de expansão e aumento da demanda global por seus instrumentos acústicos.
Gestão
Como adotar o “figital” na sua loja
A experiência de compra mudou. Hoje, os consumidores não separam mais o digital do físico: esperam o melhor dos dois mundos.
Nesse contexto, o conceito “figital” — a integração entre os ambientes físico e digital — torna-se uma estratégia essencial para lojas de instrumentos musicais que desejam se manter competitivas.
Do balcão ao smartphone
Para muitas lojas, o primeiro passo rumo ao figital é construir um ambiente digital que complemente a experiência presencial. Ter um site atualizado, com catálogo, preços, disponibilidade e informações técnicas, é fundamental. Mas não basta estar online: é preciso garantir uma navegação rápida, compatibilidade com dispositivos móveis e canais de contato acessíveis.
Presença que conecta
As redes sociais permitem apresentar produtos, processos de luteria, unboxings, reviews e conteúdos educativos. Não se trata apenas de vender, mas de construir comunidade. Mostrar como soa um pedal, como ajustar uma guitarra ou montar uma bateria ao vivo gera proximidade e confiança.
O físico continua essencial
No universo figital, a loja física não desaparece — ela ganha protagonismo. Muitos clientes pesquisam online, mas querem experimentar o instrumento antes de comprar. Oferecer atendimentos personalizados, testes com especialistas ou experiências imersivas na loja pode ser um grande diferencial.
Click & collect: o melhor dos dois mundos
Uma das práticas mais eficazes do figital é permitir que o cliente compre online e retire na loja. Essa opção acelera a venda, elimina custos de frete e atrai novos consumidores ao espaço físico. Além disso, abre espaço para vendas adicionais no momento da retirada.
Tecnologia a favor da música
Implementar recursos como catálogos interativos em tablets, sistemas de estoque integrados entre a loja e o e-commerce, ou até QR codes nos instrumentos com acesso às fichas técnicas, são soluções simples que melhoram a experiência de compra.
Capacitação da equipe
A transformação não é apenas tecnológica. A equipe de vendas também precisa estar preparada para atuar em um ambiente híbrido. Saber responder dúvidas via WhatsApp, oferecer suporte nas redes sociais ou produzir conteúdos simples são habilidades cada vez mais valiosas.
Investir com inteligência
Adotar o figital não exige grandes investimentos iniciais. É possível começar com ações simples e eficazes: otimizar o perfil no Google, responder mensagens em redes sociais, integrar um sistema de vendas com controle de estoque ou criar vídeos curtos destacando os produtos da loja.
Adotar uma estratégia figital não é uma tendência passageira, mas uma resposta direta ao comportamento do consumidor atual. Para as lojas de instrumentos musicais, trata-se de transformar o ponto de venda em um ponto de encontro — onde o físico e o digital se complementam para criar experiências memoráveis.
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