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Mitos e verdades sobre amplificadores valvulados – Parte 3

BIAS! Hoje nossa conversa é mais do que séria! Vejamos aqui o terceiro texto da nossa série para continuar conhecendo os amplificadores valvulados.

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Também conhecido como polarização, que é o termo em português, bias é o tipo de coisa que todo mundo que lida com valvulado já ouviu falar mas com certeza muito poucos sabem exatamente o que é, pra quê serve  e principalmente como lidar com ele. Então mãos à obra.

Em eletrônica existem basicamente dois tipos de componentes: Os passivos (resistores, capacitores,indutores, etc). Eles não produzem amplificação do sinal, por isso têm esse nome. E também os componentes ativos (transistores, circuitos integrados e as nossas queridas válvulas). Os componentes ativos são os que produzem amplificação no sinal, são os maiores responsáveis pelas alterações de sinal dentro de um circuito.

Os componentes ativos, que a partir de agora vamos nos concentrar nas válvulas, possuem uma larga margem de condições diferentes de funcionamento, podem trabalhar de formas diversas e por isso necessariamente deverão ser polarizados de acordo com a intenção do projetista do circuito para que funcionem dentro de uma margem determinada e esperada garantindo o funcionamento previsto e a longevidade do componente.

A polarização é o bias e nada mais é que um ajuste através de um nível contínuo de sinal (nível dc de energia, o mesmo tipo fornecido por uma bateria ou pilha) que condiciona o componente a trabalhar numa região pré determinada de forma restrita.

A importância da polarização é enorme, sem ela o amplificador não funcionaria ou funcionaria muito mal com som muito ruim e na pior das hipóteses com danos irreparáveis às válvulas em muito pouco tempo de uso.

A fabricação industrial dos componentes ativos é de certa forma irregular. Os transistores são e as válvulas muito mais ainda. Numa linha de produção de componentes uma válvula nunca é eletronicamente igual à outra. Apesar de ser o mesmo componente, mesmo modelo, mesmo fabricante e até mesmo lote de produção existe uma variação entre uma e outra.Isso é perfeitamente natural e quer dizer que para a válvula trabalhar numa determinada condição prevista cada uma terá o seu ajuste específico.

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Essa diferença é compensada no circuito pelo ajuste de polarização, ele coloca as válvulas o mais diferentes que forem funcionando na condição correta prevista no projeto. É essa a grande importância do ajuste de bias ou polarização, ou seja, fazer com que componentes que são naturalmente  diferentes operem na mesma condição garantindo o mesmo resultado final.

Os circuitos de saída que operam as válvulas de potência são mais críticos na necessidade de funcionarem com polarização correta e em termos de bias existem na prática dois tipos de circuito: bias fixo e bias de catodo.

O bias fixo é o que tem um nível de tensão dc, de preferência ajustável, por meio de um circuito auxiliar por um trim pot e como o próprio nome diz, é fixo. O bias de catodo não tem ajuste e nem circuito auxiliar e se comporta de forma diferente pois ele varia de condição de acordo com o funcionamento da válvula, são diferenças que influem no timbre. Os circuitos de pré amplificação possuem polarização de catodo exclusivamente.

As válvulas de saída têm um desgaste natural com o uso e de tempos em tempos é recomendável uma revisão para também verificar a polarização e deixar tudo em ordem porque com o desgaste a condição de trabalho da válvula muda e surge uma necessidade de um novo ajuste. Mas isso não é fator para gerar neurose, é uma precaução e um cuidado recomendáveis para serem feitos numa eventual revisão e a longo prazo. Como regra geral pode-se entender que em toda e qualquer troca de válvula de saída a polarização deve ser verificada e ajustada, mesmo que seja trocar por válvula de mesmo fabricante  e modelo, não importa. Alguns entendem que no  circuito de bias de catodo não é necessário se preocupar com bias, o que não é verdade. Nesse tipo de circuito existe a mesma preocupação .A forma de alterar o bias é que é totalmente diferente do tipo de bias fixo.

A recomendação é que todo amplificador com bias fixo tenha um ponto interno de ajuste feito através de um trim pot. Isso facilita as coisas e permite que a nova válvula instalada possa ser ajustada independente da sua disparidade com a válvula anterior. Porém ,alguns fabricantes não incluem o trimpot de ajuste de bias, o que pode ser entendido que este fabricante queira fornecer válvulas previamente selecionadas e semelhantes entre si. Na prática sem o ponto de ajuste fica-se limitado a sempre usar as válvulas que o próprio fabricante fornece, o que pode não ser uma boa do ponto de vista de custo e disponibilidade do componente.

Esse texto de forma alguma tem a intenção de encerrar este assunto, pelo contrário, ele mostra uma síntese do que ocorre na prática e eu me mostro sempre aberto a opiniões complementares e discordantes de quem quer que seja. O importante é trazermos as questões para serem discutidas e não tratar qualquer tipo de abrangência de determinado assunto como verdade absoluta.

No próximo texto vamos falar de tipos e diferenças de válvulas mais comumente empregadas em amplificadores de guitarra.

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