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Opinião: Fraudes virtuais dos “famosos quem?”

MusicaeMercado

O que está acontecendo no mercado musical, com tantos nomes que surgiram do nada e visualizações suspeitosas? 

A internet trouxe facilidades sem fim, mas também criou, pela virtualidade, uma impossibilidade de certificar eventos digitais com precisão e rigor, devido a meios de fraudar no quesito audiência. E aí surgiram os picaretas digitais, travestidos de influenciadores, cuja relevância social é a mesma de um chiclete na calçada. 

Existem fraudes sutis, mas outras são tão deslavadamente absurdas que até assusta ninguém questionar.

Um cantor surge, do nada, com bilhões de visualizações em poucas semanas, por exemplo, no YouTube Brasil. Porém, temos em território brasileiro 240 milhões de pessoas, e nem todas fazem parte de uma faixa incluída digitalmente, ou que tenham o costume de acessar streaming com frequência. Tenho uma suspeita fortíssima de que, obviamente, batidões e baladas em português, com palavrões inclusive, não façam muito sentido em outros idiomas, em países de maior “respeito cultural”.

Aí pergunto a todos que conheço: “Já ouviu falar de fulano?” A resposta em geral é NÃO!

São MCs, também “pretensas musas do rebolado”, cantores “breganejos”, e tudo estranhamente reconhecido como fato nas plataformas, embora esses tais “famosos” provavelmente não consigam ser reconhecidos nem com cartaz no pescoço na esquina de suas casas.

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Sem falar na quantidade de canais com mais de 1 milhão de inscritos nessas plataformas, em que crianças que postam a si mesmas jogando videogame, ou se jogando em piscinas de amoeba, têm perfis que ultrapassam esse teto.

No início da popularização do vídeo streaming, as pessoas faziam fraudes simplesmente atualizando a página do vídeo, aumentando os views um a um, e depois com softwares de boot fazendo o mesmo trabalho rapidamente. Mas conforme as plataformas tentavam flagrar os fraudadores, mais sofisticados eles se tornavam, chegando a ponto de criar sites e blogs pornográficos, que aparecem na busca do Google com certas palavras específicas de ação clickbait: pegam o URL de um vídeo de sexo explícito, outro de um vídeo específico do YouTube e colocam os dois nesse site ou blog, sendo que o do YouTube passa em segundo plano, não visível ou audível. Com isso, muitos moleques têm simulado visualizações em vídeos que ninguém conhece (já flagraram essa prática com canais de games e canais de variedade no YouTube).

O.k., mas e os inscritos e likes? 

Tornou-se um negócio lucrativo para quem tem tempo disponível — em geral, menores, que criam uma lista de perfis fake diariamente, para assim vender o serviço de turbinar os tais influenciadores.

Mas o Google, por exemplo, não identifica fraudes? Claro que sim… Mas não se importa com elas, pois se tornou uma excelente argumentação de venda de publicidade dizer: “Veja quantos canais com mais de 1 milhão de inscritos”, e aí se colocam num patamar acima da mídia tradicional.

Mas eles não tomam prejuízo com monetização fraudulenta? Jamais… Eles foram espertos, e se ficou fácil atingir a meta, SUBIRAM A META… Assim pagam menos aos “fraudadores”, e quase nada a quem prossegue na normalidade.

Tem fraudes que envolvem o famoso jabá (propininha básica) até nas plataformas de streaming de música/áudio, nas quais, para estar nas “playlists mais quentes”, quem manda é a grana…

Se você não acredita em mim, basta fazer uma busca simples, sobre comprar inscritos, likes, seguidores, views etc.

A coisa acontece tão deslavadamente aos olhos de todos, que numa propaganda antes de um vídeo, já vi o anúncio de um youtuber falando: “Você sabia que dá para ganhar dinheiro com YouTube sem sequer ter um canal no YouTube?”. Vendendo “curso” de como vender o esquema de fraudes.

E aí? Como fica aquele músico honesto com um público captado “organicamente nos meios virtuais”? Ele fica com a VERDADE.

Para fraudar patrocinadores, e obter monetização, essas medidas estapafúrdias funcionam, mas para obter conhecimento de resultados reais e saber se você tem relevância e público real, a coisa é  bem diferente.

No marketing virtual real, não importam bilhões de fakes, e sim centenas de clientes reais. E, com muita sorte, alguns milhares motivados para compra, consumo ou contratação de serviços.

É ridículo e infantil esse ciclo de credulidade falsa, pois não há retorno algum. E esses recursos de falsificar evoluem dia a dia, com robôs melhores e menos detectáveis. Porém, a premissa é  usar argumentação de rebanho, para que o “famoso quem?” vire realmente alguém.

Com a sofisticação das ferramentas de fraude, só o bom senso para trazer o raciocínio certo.

Quando a Rede Globo, no Big Brother Brasil, declara que em uma eliminação recebeu 2 bilhões de chamadas, num país de 240 milhões de pessoas, o analfabetismo matemático apavora.

A verdade é cada dia mais relativa à ignorância de quem se nega a observá-la. Abram os olhos.

Músicos não podem ter nesse sistema de coisas sua bússola, e as empresas do mercado musical não podem se ater somente à virtualidade.

Teremos o maior prazer em ouvir seus pensamentos

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