Fábrica
D’Addario: Superando dilemas da gestão familiar
Publicado
10 anos agoon
Desde seu início, há mais de 40 anos, a D’Addario tem sido uma empresa familiar, um negócio que nunca é fácil de dirigir, mas que seus líderes souberam enfrentar com a preparação necessária. John D’Addario III, atual presidente, explica a política dentro da empresa e sua evolução constante
A D’Addario é, sem dúvida, o maior designer, fabricante e distribuidor do mundo de cordas para instrumentos musicais. Uma empresa dirigida pela família e na qual trabalham ativamente todas as gerações desta.
Com sede em Long Island, Nova York, a companhia nunca parou de crescer, com a incorporação através dos anos de marcas como Evans, Promark, Pure Sound e Rico, agregando à sua oferta cabos, capos, protetores de audição, afinadores, palhetas, correias, desumidificadores, peles, baquetas e boquilhas, entre outros acessórios.
Isso implica uma constante renovação em suas estratégias para continuar inovando e seguir destacando-se no mercado. Quer saber como conseguir fazê-lo? Seu presidente, John D’Addario III, conta como se preparou a nova geração familiar para a liderança e a visão atual da empresa.
Organização familiar
Música & Mercado: Como começaram a organizar-se como uma empresa familiar?

Música & Mercado: E o que ele fez no nível da organização?
John D’Addario: Com o passar do tempo temos trabalhado com diferentes assessores de empresas familiares e à medida que nos comprometíamos com isso, começamos a desenvolver um tipo de política de direção empresarial e como supervisionar todas as atividades do negócio e as da família. Por exemplo, temos uma fundação familiar, na qual investimos de 5% a 10% do lucro para apoiar programas musicais no mundo inteiro, em particular em áreas que não têm a oportunidade de aprender música. A direção da empresa familiar não se trata apenas de dirigir a companhia, mas também a fundação à qual nossa família dá suporte. Criamos, como parte do nosso trabalho com o assessor, uma constituição familiar. É, literalmente, um documento que descreve como se espera que representemos a família e o negócio de um ponto de vista cultural e de apoio aos valores. A constituição não só ajuda a minha geração a crescer na indústria, mas é pensada para ajudar a geração dos meus filhos no futuro.

John D’Addario: Essa é outra disciplina que nosso assessor nos ensinou: encontrarmo-nos como família anualmente. É uma reunião de negócios em que todos da família se reúnem, tipicamente no verão, combinando membros da família que estão envolvidos ativamente no negócio e outros que não estão. Então atualizamos a todos sobre as atividades da empresa, oportunidades, desafios, investimentos que estamos fazendo — em alguns casos inclusive os resultados de investimentos pasados. É importante o fato de estarem todos juntos, porque quando a família cresce e tem múltiplas gerações, é difícil manter um alinhamento. É difícil manter os mesmos valores, porque à medida que sua família se torna mais ramificada, está expostas a diferentes ambientes e diferentes valores. Então, quando nos juntamos é o momento de lembrar de valores que são importantes para a família e que também são para o negócio. Seria uma combinação de atualizar a família sobre as atividades da empresa, refrescar a memória sobre os valores da família e, o mais importante, abrir o diálogo para que não existam surpresas. Somos muito honestos em termos de direção da empresa e quais são nossos planos como uma família em geral.
Música & Mercado: O que acontece com as posições de trabalho?
John D’Addario: Outro aspecto do nosso planejamento de negócio familiar é que não criamos posições para nossos familiares. Os membros da família têm oportunidades no negócio como qualquer outro funcionário. O que tentamos fazer é encontrar oportunidades que possam aproveitar as qualidades de um membro da família, então, em outras palavras, não criamos uma posição para eles, mas procuramos uma posição em que cada um possa ter sucesso e onde também possa complementar a direção de membros que não são da família. Isso é muito importante para nós. Logicamente, preparar a nova geração para ser responsável e obter capacidades de liderança, mas também garantir que não estejamos no caminho de outras pessoas dentro da organização, porque não podemos, nem queremos, limitar o crescimento dos membros que não são da família. Então tínhamos que derrubar essa percepção.
Música & Mercado: Como você lida com os sentimentos na família?
John D’Addario: É muito difícil às vezes. O que torna mais fácil é que damos oportunidades para que os membros da família debatam esse tipo de coisa e é por isso que a reunião familiar anual é muito importante, porque cria uma plataforma para discutir os temas que aparecem frequentemente. Temos membros da família que já não trabalham na empresa e alguns que acabaram de voltar ao negócio, mas há um processo sobre a saída e a entrada desses membros na companhia e, mais uma vez, tem de haver oportunidades disponíveis tanto para um membro da família quanto para um de fora. Se o familiar for mais capaz para essa posição, lhe daremos a oportunidade, mas se não for, não a terá. Existe um processo relacionado até para isso.
Marcando a diferença
Música & Mercado: Vemos que cada marca tem sua própria personalidade, mas sempre existe a força da D’Addario por trás. Cada vez que adquiriram uma delas, essa personalidade foi mudada. Como funciona isso?

Depois de sentir-nos seguros com a qualidade do produto, nos aprofundamos no marketing, no merchandising, no conteúdo que criamos ao redor da marca porque, em qualquer uma das aquisições, cada marca vem com uma personalidade diferente e em alguns casos inclusive com alguma percepção negativa que agora teremos que mudar. O melhor modo de mudá-la é primeiro atingir a qualidade correta e, segundo, poder contar a história de como o conseguimos e convencer os consumidores de que a qualidade é a ideal para eles. É sempre um desafio e agora mesmo, como organização, ainda estamos no processo de integrar aquisições. A mais recente foi a marca Promark de baquetas para bateristas; ainda temos muito a fazer para integrar a Promark à nossa organização. Também temos desafios com algumas das outras marcas, mas estamos tentando levá-las ao nosso nível de qualidade e ao nível de apresentação e confiança que a marca D’Addario dá ao consumidor para que possa acreditar no produto.
Música & Mercado: Grande parte do mercado se está focando no digital. Vocês fizeram a companhia desde o lado ‘analógico’, mas depois adquiriram uma empresa como a Planet Waves. Essa marca estará a cargo do seu lado digital no futuro?
John D’Addario: A Planet Waves certamente é uma marca que está atravessando uma transição dentro das marcas de acessórios D’Addario e tem sido uma linha de acessórios para guitarra única. Estamos explorando outras tecnologias digitais que certamente se encaixariam na imagem de marca da Planet Waves-D’Addario. Não posso dizer exatamente de que se trata, mas é algo que estamos explorando agora como organização. Aliás, estamos explorando essas opções digitais para todas as nossas marcas em percussão, guitarras, sopro e orquestra. Temos que fazê-lo porque é justamente para onde o mercado parece estar migrando, do analógico para o digital. Estamos fazendo vários investimentos consideráveis para transformar nosso conteúdo de marca em um formato mais digital. Estamos observando como aplicar a tecnologia digital no produto e como apresentaremos esse produto no futuro.

John D’Addario: Uma das coisas em que acreditamos verdadeiramente, desde o ponto de vista de desenvolvimento de produto e inovação, é a integração vertical. Por exemplo, não existem muitos fabricantes de cordas que de fato produzam sua própria matéria-prima. Agora produzimos a maior parte de nossos cabos, a maioria de nossos filamentos de náilon para cordas clássicas, e são várias as razões pelas quais fazemos isso. Número um: nos ajuda a atenuar o aumento de custos. Número dois: nos ajuda a melhorar a qualidade da materia-prima. Quanto mais alta a qualidade desta, certamente maior a qualidade do produto final, mas a mais importante é a número três: a oportunidade de inovar ao longo do processo.
Quando temos o processo sob nosso controle, isso nos dá muitas oportunidades de experimentar, com passos diferentes ou materiais diferentes. Voltando ao exemplo do negócio de cordas, ao ter uma fábrica de cabos bem do lado da nossa fábrica de cordas e com todos nossos engenheiros aqui, podemos estudar de perto o processo e desenvolver cabos mais fortes, por exemplo. De fato, fizemos o mais forte nunca antes producido, o que certamente foi o catalisador da tecnologia NYXL que lançamos no mercado. Isso não teria sido possível a menos que tivéssemos o controle do cabo de alto núcleo.
Hoje, temos uma capacidade de desenho de monofilamento de náilon e isso nos permite controlar nosso destino quando falamos de monofilamento tradicional. Agora mesmo, ao tratar com esse processo, podemos experimentar materiais híbridos diferentes para novas cordas sintéticas que serão lançadas no futuro, mas mais uma vez isso acontece por termos controle total da fabricação. Então, uma de nossas bases tem sido que quanto mais processos podemos controlar, mais oportunidades teremos para inovar e criar novos produtos únicos para nossas linhas de acessórios.
Música & Mercado: A inovação é a chave, por isso é que vocês criam uma companhia diferente enquanto as outras continuam fazendo o mesmo.
John D’Addario: Sim, e temos muitos outros exemplos de integração vertical. No mercado de boquilhas para instrumentos de sopro, por exemplo, temos duas plantações onde semeamos, colhemos e processamos a cana para elas. Uma fica no sul da França e a outra em Mendoza, Argentina. Ao estar no controle de todos os elementos envolvidos no processo agrário real, podemos garantir que estão sendo colhidas quase sob as mesmas condições o tempo todo. Não podemos controlar tudo, mas têm quase as mesmas condições, o que cria consistência e maior previsão de alta qualidade na matéria-prima. Há oportunidades de inovação, mas também de poupar custos e de melhorar a qualidade ao ser integrados verticalmente. Realmente nos ajuda a controlar de certa forma nosso próprio destino.
Tecnologia para fidelizar o consumidor
Música & Mercado: Como você vê o comércio virtual?
John D’Addario: Nós, como companhia, representamos cerca de 7 mil itens ativos. É impossível, inclusive para um varejista bem estruturado, sequer pensar em ter no estoque essa enorme variedade de produtos. Logicamente, on-line não é impossível; muitas empresas têm conseguido fazê-lo. Finalmente acho que para nossas marcas, um B2B completo é vital porque fornece acessibilidade a nossos produtos para os consumidores, seja em uma loja física ou virtual. Em certo ponto se torna frustrante, porém, que os consumidores nos contatem o tempo todo dizendo que determinado produto não está disponível em tal ou qual loja física. Agora os e-commerces ajudam a minimizar esses problemas porque existem muitos varejistas com e-commerce que têm em estoque toda a linha de produtos.

John D’Addario: Sob a nossa perspectiva, achamos que temos de focar em como nossos produtos são apresentados, não só nas lojas físicas mas também nas virtuais. Por isso, no ambiente de e-commerce, temos investido consideravelmente em desenvolvimento de contato de todos os nossos produtos e acho que isso nos deu um alto sucesso tanto no mundo digital quanto na loja física, onde temos criado displays de compra. Basicamente, temos feito o mesmo tipo de investimento no nosso conteúdo digital. Nossa visão é continuamente melhorar a apresentação de produtos, ter diferentes displays no ponto de venda e conteúdo destacado no ambiente do e-commerce, de modo que nossos produtos sejam apresentados em um modo de primeira classe. Estamos nos comprometendo em criar mais experiências ao redor das nossas marcas, o que significa que precisamos nos comprometer com os consumidores.
Música & Mercado: O que estão fazendo nesse aspecto?
John D’Addario: Estamos no processo, por exemplo, de desenvolver um programa de fidelidade chamado Players Circle, que está em etapa de teste. Aliás, já tivemos o que chamamos ‘uma versão analógica’ de um programa de fidelidade que era chamado Players Points no pasado, mas não teve muito sucesso porque não tinha um alcance internacional. Agora estamos desenvolvendo uma versão digital do programa com o qual, mas uma vez, o que estamos tentando fazer é criar uma experiência para que o consumidor basicamente se cadastre no nosso website Players Circle e tenha a possibilidade de registrar os produtos que tem adquirido em uma loja física ou em um varejista e-commerce. Cada produto terá um número de série e um valor de pontos, dependendo do seu preço essencialmente, de modo que quanto mais alto é o preço, mais pontos obterá por esse produto particular. Desse modo, ganhará pontos através do tempo e poderá trocar esses pontos por merchandising, como camisas ou bonés, e em alguns casos até produtos novos.
Música & Mercado: Há outras ações desse tipo?
John D’Addario: Também estamos fazendo outras coisas criativas, como criar tipos de programas de personalização. Temos um site em que nossos consumidores podem personalizar suas próprias peles para bateria, suas palhetas (trabalhar na arte na frente e reverso) e eventualmente procuramos fazer outras coisas, como personalizar correias e quem sabe até jogos de cordas. Essas são experiências que estamos tentando de criar, pois, ao final, se são bem-feitas, deverão levar ao crescimento em ações do mercado e a mais negocios, tanto em lojas físicas quanto em varejistas e-commerce. Essa é a nossa visão: criar mais compromisso com o consumidor e melhorar nossas marcas, aumentar nossa participação de mercado e facilitar as vendas para o segmento varejista. Precisamos que eles tenham os produtos disponíveis e os apresentem no jeito que queremos que sejam apresentados.
Música & Mercado: E também podem monitorar os produtos falsificados…
John D’Addario: Sim. Esse sistema de número de série que criamos originalmente era para proteger o produto contra as falsificações e ainda servirá para isso, mas, além disso, atuará também como um programa de fidelidade para os produtos D’Addario. Levaremos um tempo em desenvolvê-lo. Estamos começando com as cordas; o próximo passo serão as palhetas para instrumentos de sopro e depois o resto dos acessórios, que também terão um número de série único que você, como consumidor, poderá cadastrar na nossa plataforma e trocar pontos por muitas coisas diferentes — ingressos para um concerto, merchandising, produtos, o que for. Estamos pensado em diferentes prêmios para fidelizar o consumidor.

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Efeitos, Pedais e Acessórios
Fuhrmann rebate rumores sobre o fechamento da empresa
Publicado
12 meses agoon
26/11/2024
Influencer declarou que a fabricante de pedais havia encerrado suas atividades.
A disseminação de informações falsas, popularmente conhecidas como fake news, é um dos maiores desafios da era digital. A desinformação não apenas afeta pessoas, mas também pode gerar danos significativos para empresas, setores produtivos e até comunidades inteiras. Recentemente, a fabricante de pedais Fuhrmann enfrentou um exemplo desse fenômeno, quando informações incorretas foram divulgadas por um influenciador digital.
Em um vídeo publicado por Leo Godinho (removido por violar os Termos de Serviço do YouTube), dois modelos antigos de pedais da Fuhrmann foram avaliados, mas o conteúdo incluiu afirmações incorretas sobre a empresa. Entre as declarações, Godinho afirmou que “fontes semi-oficiais” teriam confirmado o encerramento das atividades da Fuhrmann no Brasil, sugerindo ainda que a marca estaria operando exclusivamente por meio de vendas online e, possivelmente, descontinuaria até mesmo essa operação.
Ao buscar esclarecimentos, o CEO da Fuhrmann, Jorge Fuhrmann, classificou o caso como “extremamente preocupante” e lamentou o impacto da desinformação nas redes sociais. Ele assegurou que a empresa está, na verdade, em plena atividade e preparando lançamentos para 2025. “Não faria sentido algum investir no desenvolvimento de novos produtos para, depois, encerrar as atividades”, afirmou.
Investimentos em tecnologia e produção local
Com sede em Penápolis, interior de São Paulo, a Fuhrmann mantém sua operação em uma fábrica de 650 m², onde produz cerca de 800 pedais por mês. Segundo a empresa, ao longo de seus 18 anos de atuação, tem investido consistentemente na qualificação de colaboradores, em novas tecnologias e em maquinário avançado para aprimorar processos.
Os pedais da nova linha são mais compactos e eficientes, equipados com componentes SMDs (Surface-Mount Devices) que são montados automaticamente, trazendo inovação e modernidade aos produtos da marca. Jorge Fuhrmann destacou ainda que a empresa não possui planos de terceirizar sua produção.
Combate à desinformação
Como medida para evitar episódios similares no futuro, a Fuhrmann anunciou a criação de uma seção especial em seu site voltada à imprensa, influenciadores e ao público em geral. O objetivo é divulgar notas oficiais e esclarecer dúvidas sobre a empresa e seus produtos, combatendo possíveis boatos antes que eles se espalhem.
O episódio reforça a importância de verificar informações antes de compartilhá-las, especialmente em um ambiente digital onde rumores podem ganhar grandes proporções rapidamente.

Cultura
Música transforma vidas de presos em projeto de ressocialização
Publicado
1 ano agoon
10/09/2024
A ressocialização de detentos no Brasil tem ganhado novas dimensões com projetos que unem capacitação profissional e arte.
Iniciativas como o Sons da Liberdade, no Acre, e o Baqueart, em Pernambuco, utilizam a fabricação de instrumentos musicais para proporcionar aos internos uma oportunidade de recomeçar suas vidas de maneira digna, oferecendo uma nova perspectiva de reintegração social e profissional. Além de promoverem o desenvolvimento de habilidades técnicas, esses projetos utilizam a música como ferramenta de transformação, criando oportunidades reais para os presos saírem do sistema penitenciário com novas chances no mercado de trabalho.
Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen)
No Acre, o projeto Sons da Liberdade, realizado pelo Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), se consolidou como uma referência nacional na ressocialização de detentos através da luthieria, a arte de fabricar instrumentos musicais. Desde maio de 2024, os reeducandos são capacitados a construir violões e guitarras de alta qualidade em uma oficina que proporciona 222 horas de aulas práticas e teóricas. O coordenador do projeto, Luiz da Mata, destaca que a iniciativa tem como objetivo oferecer aos detentos a chance de aprender uma nova profissão, preparando-os para o mercado de trabalho após o cumprimento de suas penas.
O reconhecimento da qualidade dos instrumentos fabricados pelos presos foi evidenciado durante a Expoacre 2024, onde os violões confeccionados na oficina chamaram a atenção de visitantes e músicos locais. “A madeira é de qualidade, e por ser feito por reeducandos, é algo muito interessante, muito gratificante”, comentou o músico Rafael Jones, que visitou o estande do Iapen durante o evento. Além do sucesso na Expoacre, o projeto Sons da Liberdade foi convidado para expor seus instrumentos na Conecta+ Música & Mercado, a maior feira de música da América Latina, um reconhecimento significativo da qualidade do trabalho realizado dentro do sistema penitenciário.
Jardel Costa, policial penal e instrutor de luthieria no Sons da Liberdade, enfatizou a satisfação dos detentos em ver seu trabalho sendo apreciado pela comunidade. “Eles têm ficado muito felizes, tanto com o instrumento pronto, quanto com o fruto do trabalho, também com as pessoas vindo ver o instrumento, tocar neles, ver que é um instrumento bom, de qualidade, que não perde em nada para um instrumento profissional”. Essa valorização do trabalho contribui diretamente para a autoestima dos reeducandos e reforça o potencial transformador da arte dentro do ambiente prisional.
Projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA)
Paralelamente, em Pernambuco, o projeto Baqueart, no Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), localizado em Canhotinho, também promove a reintegração social por meio da música. Desde agosto de 2024, os detentos participam de aulas teóricas e práticas de fabricação artesanal de instrumentos de percussão, como zabumbas, surdos e pandeiros. Segundo Paulo Paes, secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco, o projeto busca oferecer uma formação técnica que permita aos internos sair do sistema penitenciário com condições de sustentar suas famílias e viver com dignidade.
Além da capacitação técnica, o projeto Baqueart se destaca pela abordagem ambientalmente sustentável, com a produção totalmente artesanal e manual, sem o uso de produtos químicos ou máquinas. Sérgio Reis, professor responsável pela formação dos internos, destacou a importância do método: “O processo é totalmente manual, respeitando o meio ambiente e ensinando uma nova forma de trabalho para os internos”.
A valorização do trabalho dos detentos no projeto Baqueart também é recompensada com remuneração e direito à remição de pena, conforme previsto na Lei de Execução Penal. “O Baqueart faz parte de uma transformação maior no sistema penitenciário de Pernambuco, onde trabalho, renda e educação são pilares fundamentais”, afirmou Alexandre Felipe, superintendente de Trabalho e Ressocialização. A iniciativa tem sido vista como um modelo a ser seguido, com planos de expansão para outras unidades prisionais no estado.
Essas iniciativas de luthieria dentro do sistema prisional não apenas promovem a capacitação técnica dos detentos, mas também oferecem um meio de abstração e reabilitação emocional por meio da música. Para Daniel Neves, presidente da ANAFIMA (Associação Nacional da Indústria da Música), os projetos têm uma importância multifacetada: “A fabricação de instrumentos musicais pelos detentos atua em dois parâmetros: a criação de um ofício e a abstração que o instrumento proporciona. Foi louvável a atitude das diretorias de ambos sistemas penitenciários que trouxeram estas atividades aos detentos”.
Ao capacitar os internos para uma nova profissão e permitir que eles utilizem a música como forma de expressão e superação, os projetos Sons da Liberdade e Baqueart demonstram o potencial transformador da arte dentro do sistema penitenciário. Essas iniciativas oferecem aos detentos uma oportunidade real de reescreverem suas histórias e de retornarem à sociedade com dignidade e novas perspectivas de vida.
Empresas
Giannini: quais os próximos passos da recuperação judicial da mais tradicional fábrica de violão do Brasil?
Publicado
1 ano agoon
27/07/2024Por
Redação
Nesta última semana de julho, o jornal O Estado de São Paulo noticiou sobre o pedido de recuperação judicial da Giannini, a centenária fábrica brasileira de violões.
A Giannini, fabricante de instrumentos musicais com mais de 100 anos de história, entrou em recuperação judicial. Nos autos do processo, a empresa atribuiu a crise à pandemia de covid-19, seguida de uma política de restrição a crédito por parte dos bancos, que levou a marca a acumular dívidas acima de R$ 15,8 milhões.
De acordo com dados do Serasa Experian, pedidos de recuperação judicial aumentaram 71% no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023. Especialistas apontam que o controle da inflação e do câmbio, a queda dos juros e a geração de empregos são fundamentais para interromper a tendência de endividamento.
Giannini solicita Recuperação Judicial
No processo, a Bacelar Advogados representou a empresa perante o Juiz de Direito de uma das Varas Regionais de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 4ª e 10ª RAJ do Estado de São Paulo, elaborando um pedido liminar para a manutenção das atividades empresariais e requerendo a Recuperação Judicial da empresa.
O Juiz de Direito, Dr. José Guilherme Di Rienzo Marrey, nomeou a empresa Brasil Expert Análise Empresarial de Insolvência Ltda para realizar trabalhos técnicos preliminares na Giannini. Isso inclui verificar as condições reais de funcionamento da empresa, visitar a sede e filiais, certificar a regularidade das atividades, verificar a documentação apresentada e identificar interconexões e confusões entre ativos ou passivos das devedoras, além de detectar indícios de fraude e confirmar se os principais estabelecimentos estão na área de competência do juízo.
Relatório Preliminar
A empresa Brasil Expert realizou a perícia preliminar e relatou: “Após uma minuciosa análise da documentação apresentada pela Requerente, acrescida da diligência realizada, conclui-se que a solicitação de recuperação judicial está fundamentada em uma crise econômico-financeira real e substancial. Não foram identificados indícios de que a Requerente esteja utilizando o instituto da recuperação judicial de forma fraudulenta.”
O relatório continua: “O exame dos documentos e das informações financeiras revela uma queda no endividamento de curto prazo da Requerente, de R$ 39,73 milhões, no período entre dezembro de 2021 e maio de 2024. Já o endividamento de longo prazo apresentou um aumento significativo de R$ 395,92 milhões. Este crescimento no passivo reforça a evidência de uma crise financeira genuína e não uma manobra para uso indevido da recuperação judicial.”
Mercado se solidariza
O mercado da música se solidarizou com a Giannini. Roberto Guariglia, diretor da marca Contemporânea de percussão brasileira, manifestou-se em um grupo de fabricantes de instrumentos musicais: “Estamos na torcida para que vocês vençam mais este obstáculo que muitas indústrias brasileiras enfrentam. Que a presença da Giannini continue importante no cenário musical mundial!” Em outros grupos, as mensagens de solidariedade não pararam de chegar.
Em mensagem para a Música & Mercado, a ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música declarou: “O ambiente de negócios no Brasil tem suas intempéries e a Giannini é uma das raras empresas a ultrapassar 115 anos no país. Torcemos pela sua administração e fazemos votos para que o setor se reúna para proporcionar sustentação à empresa.”
Próximos Passos
Com o pedido de recuperação judicial deferido, a cobrança de dívidas fica suspensa por 180 dias, e um plano de reestruturação deve ser apresentado.
- Publicação da Decisão:
- A decisão será publicada no Diário Oficial e os credores serão notificados.
- Nomeação do Administrador Judicial:
- Um administrador judicial será nomeado para supervisionar o processo.
- Apresentação do Plano de Recuperação:
- A Giannini deve apresentar um plano detalhado em 60 dias.
- Assembleia Geral de Credores:
- Os credores discutirão e votarão o plano de recuperação judicial.
- Implementação do Plano:
- Após aprovação, o plano será implementado e supervisionado pelo administrador judicial.
- Monitoramento e Cumprimento:
- A empresa deve cumprir todas as condições e prazos estabelecidos.
- Encerramento do Processo:
- Se o plano for bem-sucedido, o juiz encerrará o processo de recuperação judicial.
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