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Opinião: Enquanto o barco afunda
Uma das cenas mais emblemáticas do filme Titanic é a dos músicos tocando enquanto o naufrágio ocorre, para entreter quem ali se encontra em desespero, mas cientes de que estão fora da possibilidade dos botes, contando com a sorte, diante do oceano gelado (e os sobreviventes disseram que isso aconteceu de fato).
A arte e a estética artística têm naufragado diante de muitas “modernices”, perante o descaso, diante dos modismos, diante da tecnologia que facilitou ao medíocre se nivelar ao virtuoso, diante da virtualização das emoções e da remuneração de likes, além do falecimento de referências, que não são substituídas no meio porque não existe material humano disponível, sem a manutenção do interesse em se profissionalizar, para a formação de mercado futuro.
Não se trata de uma crise de música, e sim de arte, porque, de forma óbvia, até após a situação de quarentena, as opções entre saúde e sustento, em relação a adquirir material artístico musical, se tornam óbvias e compreensíveis.
As pessoas podem sobreviver num mundo “cinza”, e não podem deixar de colocar sustento em casa. Por outro lado, diante da pandemia, da guerra fria, não há meios de os governos custearem artistas, e não a saúde pública, pois cada centavo conta hoje.
Quando vejo secretarias de Cultura criarem “panelinhas” para sustentar comparsas ideológicos de militância política, travestidos de artistas, me bate a tristeza em observância da falta de ética e união, já que uns ganham tudo fazendo quase nada, por contatos políticos, e outros tudo fazem e ficam sem nada, por serem legitimamente comprometidos com sua arte. É como a divisão de comida num velho desenho do Pica-Pau, os lobos levam vantagem.
Cinema fechados, casas de show, restaurantes, teatros, companhias aéreas em crise profunda e corte de funcionários — por que os músicos seriam diferenciados? Já estávamos em crise, e isso não tinha nada a ver com a adaptação à modernidade, só nos mantínhamos vaidosos pelo fato de trabalharmos no que amamos, e amamos o que nosso trabalho proporciona.
Em lives de redes sociais, em sacadas de prédios, aqui estamos nós, tocando para entreter a todos, enquanto o barco afunda, evitando o pânico de quem não sabe se terá botes suficientes, mas sabendo que, aparentemente, nós mesmos não temos botes.
Essa é a natureza do ARTISTA
Eu coloquei tudo em letras maiúsculas para diferenciar dos “artistas” que são apenas fruto de marketing, vazios de talento e emoção.
Mais uma vez, nos são cobrados humanismo e empatia, fazer melodias que espantam o choro, sem saber onde enxugar nossas próprias lágrimas.
Todos que atuam no mercado musical, do vendedor da loja ao iluminador de shows, dos engenheiros de som aos fabricantes de instrumentos e acessórios, impactados pelo infortúnio, têm na incerteza futura o momento mais importante de reflexão.
Não creio num mundo sem calor humano, sem abraços e liberdade, pois num mundo desses não valeria a pena viver.
Creio num mundo que aprenda, pela dor, a lidar melhor com tudo que estava errado, e mudar o rumo.
Será que precisávamos tanto assim da dependência dos preços baixos da China? Será que hoje o preço não está alto demais?
São tantas perguntas no mundo.
Com tantos impostos, taxas, burocracias, com um vírus que tem 80% de assintomáticos e pouco sintomáticos e 20% de pessoas que necessitam de leitos nos hospitais, como nenhum país sequer tinha 10% de leitos em relação ao número de habitantes, juntando saúde pública e privada? Os impostos servem para quê? Enriquecer aqueles que têm “botes” sempre garantidos.
Sei que não é o momento de “passar o chapéu”, pois tem gente que está com a geladeira vazia e aflita, mas cedo ou tarde o mercado musical se erguerá novamente, e espero que consciente da sua fragilidade, e de que sem o músico não há música.
Não pode ser via de regra os músicos se afogarem nas águas gélidas de um naufrágio, cujo navio afunda após bater num iceberg, que tem na parte visível o vírus e a emergência de saúde, e na parte maior e submersa outros problemas, que, em geral, são as verdadeiras causas do naufrágio, que rasgaram o fundo do barco, mas ninguém as via, pois estavam ocultas nas águas turvas e geladas da indiferença e do descaso.
Gestão
Estratégia Financeira no Setor de Instrumentos Musicais e Áudio Profissional
O último trimestre do ano não só traz um aumento natural nas vendas, impulsionado por eventos como Black Friday, Cyber Monday e Natal, como também a necessidade de estabelecer as bases para o planejamento estratégico para 2026.
No setor de instrumentos musicais e áudio profissional, onde a volatilidade do dólar, os custos logísticos e as tendências de consumo ditam o tom, avaliar com precisão os resultados financeiros e operacionais torna-se fundamental para mensurar a verdadeira lucratividade do negócio.
Essa análise não apenas valida o desempenho mensal, mas também identifica onde estamos dessincronizados e quais fatores estratégicos precisamos ajustar para garantir um crescimento sustentável.
Avaliação do Desempenho Financeiro
Um diagnóstico preciso exige ir além dos números brutos e analisar indicadores-chave adaptados ao setor:
- Receita e lucratividade: Comparar as vendas de categorias críticas (caixas de som profissionais, controladores de DJ, guitarras, equipamentos de gravação) com as margens em comparação com períodos anteriores.
- Estrutura de custos: Diferenciar custos fixos (aluguel de showroom, equipe de vendas, licenças de software) de custos variáveis (importações, frete, marketing sazonal), identificando oportunidades de otimização.
- Fluxo de caixa: Meça a liquidez necessária para financiar estoques que muitas vezes são pagos em dólar, mas vendidos a prazo ao cliente final.
- Dívida: Avalie o ônus financeiro e o nível de alavancagem diante das flutuações da taxa de câmbio.
Ações Positivas e Áreas de Melhoria
Após a análise dos números, a pontuação revela o que funcionou e o que precisa de ajustes:
- Ações bem-sucedidas: Campanhas digitais em mídias sociais, acordos com academias e distribuidoras de música e o boom do e-commerce de acessórios e peças de reposição.
- Fraquezas operacionais: Estoques mal calibrados, com escassez, distribuição lenta nas regiões ou serviço de pós-venda fraco.
- Tendências de Mercado: Crescimento da música urbana e demanda por equipamentos de home studio, além de consumidores mais sensíveis a preços devido à inflação e à queda do crédito ao consumidor.
Repensando Estratégias e um Plano de Ação
Com a pontuação claramente definida, o plano deve estabelecer diretrizes específicas:
- Otimização de Custos: Negociar com fornecedores internacionais, consolidar importações e automatizar processos de estoque.
- Expansão de Mercado: Abra novos canais em regiões, exporte para países vizinhos ou explore nichos como equipamentos para igrejas e eventos corporativos.
- Fortalecimento Digital: Amplie o e-commerce com integração ERP-marketplace e aprimore campanhas segmentadas por tipo de músico.
- Treinamento de Equipe: Treine a equipe de vendas em produtos de alta qualidade, fidelização de clientes e serviços de vendas cruzadas (por exemplo, aluguel + vendas).
Implementação e Monitoramento
Toda orquestra precisa de um maestro e uma pontuação clara:
- KPIs definidos: Margem bruta por categoria, giro de estoque, vendas online vs. físicas e índice de endividamento.
- Revisão periódica: Reuniões trimestrais para avaliar o progresso e reajustar a estratégia de preços e estoque.
- Feedback contínuo: Envolva toda a equipe, do depósito ao marketing digital, na busca por eficiência e inovação.
Uma revisão financeira de 2025 é uma oportunidade para ajustar os negócios antes de entrar em uma nova temporada. Com análises rigorosas, replicando o que gerou impacto positivo e corrigindo o desempenho desafinado, a indústria de instrumentos musicais e áudio profissional pode se projetar com maior força, transformando a volatilidade em harmonia financeira a longo prazo.
*Autor: Camilo Ramírez
Mestre em Administração de Empresas (MBA) pela Universidad del Desarrollo, Mestre em Gestão Financeira pela Universidad Adolfo Ibáñez, Diploma em Gestão Financeira pela Universidad Adolfo Ibáñez, Diploma em Finanças Corporativas pela IEDE Business School Chile e Bacharel em Administração de Empresas e Administração Universitária pela Universidad de las Américas.
Sócio Sênior da Price Capital Spa.
E-mail: corporativo@pricecapital.cl
Visite: www.pricecapital.cl
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C. F. Martin & Co. nomeia Scott Gervais como Diretor de Operações
A histórica fabricante de violões cria um cargo de COO para impulsionar a excelência operacional e sua próxima fase de crescimento.
A C. F. Martin & Co., Inc. anunciou a nomeação de Scott Gervais como Diretor de Operações (COO). Com mais de duas décadas de liderança executiva em operações, manufatura, compras e gestão da cadeia de suprimentos, Gervais ocupou cargos de liderança na Polaris Marine e na Conn-Selmer, Inc., onde liderou e expandiu operações globais com melhorias mensuráveis em segurança, qualidade, eficiência e satisfação do cliente.
Violonista acústico de longa data, Gervais enfatizou a conexão pessoal com sua nova função: “É uma verdadeira honra ingressar na C. F. Martin & Co., uma empresa que admiro desde que peguei em um violão pela primeira vez. A Martin sempre representou o auge da arte acústica para mim, e agora contribuir para seu legado é ao mesmo tempo gratificante e inspirador. Esta posição alinha minha carreira em operações com meu amor pela música.”
Da empresa, o Presidente do Conselho, Chris Martin IV, comemorou a chegada: “Estou muito feliz que Scott esteja se juntando à minha empresa familiar. Sua experiência e entusiasmo serão um trunfo para nossas equipes de fabricação e compras.”
Por sua vez, o Presidente e CEO Thomas Ripsam enfatizou que o COO é uma posição recém-criada com foco na excelência operacional: “É um componente crítico para possibilitar a próxima onda de crescimento e lidar com a crescente complexidade e custos do negócio. Estou confiante de que o talento e a experiência de Scott nos ajudarão a enfrentar com sucesso essas oportunidades e desafios.”
Gervais é bacharel em administração de empresas pela Universidade Purdue e possui certificações profissionais como Lean Six Sigma Black Belt e Certified Supply Chain Professional. Com sua chegada, Martin busca fortalecer processos, eficiência e capacidade de resposta em um contexto de expansão e aumento da demanda global por seus instrumentos acústicos.
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Como adotar o “figital” na sua loja
A experiência de compra mudou. Hoje, os consumidores não separam mais o digital do físico: esperam o melhor dos dois mundos.
Nesse contexto, o conceito “figital” — a integração entre os ambientes físico e digital — torna-se uma estratégia essencial para lojas de instrumentos musicais que desejam se manter competitivas.
Do balcão ao smartphone
Para muitas lojas, o primeiro passo rumo ao figital é construir um ambiente digital que complemente a experiência presencial. Ter um site atualizado, com catálogo, preços, disponibilidade e informações técnicas, é fundamental. Mas não basta estar online: é preciso garantir uma navegação rápida, compatibilidade com dispositivos móveis e canais de contato acessíveis.
Presença que conecta
As redes sociais permitem apresentar produtos, processos de luteria, unboxings, reviews e conteúdos educativos. Não se trata apenas de vender, mas de construir comunidade. Mostrar como soa um pedal, como ajustar uma guitarra ou montar uma bateria ao vivo gera proximidade e confiança.
O físico continua essencial
No universo figital, a loja física não desaparece — ela ganha protagonismo. Muitos clientes pesquisam online, mas querem experimentar o instrumento antes de comprar. Oferecer atendimentos personalizados, testes com especialistas ou experiências imersivas na loja pode ser um grande diferencial.
Click & collect: o melhor dos dois mundos
Uma das práticas mais eficazes do figital é permitir que o cliente compre online e retire na loja. Essa opção acelera a venda, elimina custos de frete e atrai novos consumidores ao espaço físico. Além disso, abre espaço para vendas adicionais no momento da retirada.
Tecnologia a favor da música
Implementar recursos como catálogos interativos em tablets, sistemas de estoque integrados entre a loja e o e-commerce, ou até QR codes nos instrumentos com acesso às fichas técnicas, são soluções simples que melhoram a experiência de compra.
Capacitação da equipe
A transformação não é apenas tecnológica. A equipe de vendas também precisa estar preparada para atuar em um ambiente híbrido. Saber responder dúvidas via WhatsApp, oferecer suporte nas redes sociais ou produzir conteúdos simples são habilidades cada vez mais valiosas.
Investir com inteligência
Adotar o figital não exige grandes investimentos iniciais. É possível começar com ações simples e eficazes: otimizar o perfil no Google, responder mensagens em redes sociais, integrar um sistema de vendas com controle de estoque ou criar vídeos curtos destacando os produtos da loja.
Adotar uma estratégia figital não é uma tendência passageira, mas uma resposta direta ao comportamento do consumidor atual. Para as lojas de instrumentos musicais, trata-se de transformar o ponto de venda em um ponto de encontro — onde o físico e o digital se complementam para criar experiências memoráveis.
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