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Gravando fingerstyle no violão: no estúdio com Jackie dos Passos

Gravar fingerstyle, produzir sons percussivos combinados com a execução nas cordas, não é tão simples como parece. Acompanhamos Jackie dos Passos na gravação do álbum Dois Horizontes e você acompanha aqui como foi este processo

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A técnica de execução do violão denominada Fingerstyle consiste em produzir sons percussivos combinados com a execução nas cordas. Podemos encontrar mundo afora diversos instrumentistas que se dedicam ao Fingerstyle, e para ficar apenas em execuções que ganharam novas versões no CD que é o assunto nesta matéria, citaremos Andy McKee, Calum Graham, Camille Nelson, Mason Williams e Tommy Emmanuel, dentre outros.

O CD se chama Dois Horizontes, abrangendo peças para o instrumento com cordas de aço e nylon, com destaque natural para o Fingerstyle. O violonista se chama Jackie dos Passos, nascido em Farroupilha, na Serra Gaúcha. O produtor, baterista e engenheiro de áudio, que captou, mixou e masterizou diferente os violões se chama Marcos Mangoni, main operator na Gravadora e Produtora Jardim Elétrico, também farroupilhense.


O inédito reside no fato da maioria das captações de violão serem feitas com microfonagem à distância – um metro ou até mais – enquanto desta vez o que se ouve é o que nos takes ficou apelidado de “o som da máquina”, isto é, o violão como ele realmente soa, com sons de dedos deslizando sobre as cordas, inevitáveis trastejamentos, tudo amplificado e realçado, tanto pela técnica do Fingerstyle, como pela execução de Jackie.

Marcos Mangoni, produtor, e Jackie dos Passos

Marcos Mangoni, produtor, e Jackie dos Passos

Gravando no frio

As tomadas em estúdio geralmente são muito semelhantes à microfonagem em apresentações ao vivo, com os técnicos preocupados em conter microfonias. Em uma conversa, Jackie e Mangoni, decidiram: “A ideia principal foi a de passar um som mais presente, captando até mesmo a respiração, para que o ouvinte ao fechar os olhos tivesse a impressão de eu estar tocando ali na sua frente, ao vivo”, explica o violonista.

“As gravações serão inesquecíveis, em pleno inverno rigoroso da Serra Gaúcha. O estúdio fica no décimo andar, e muitas vezes eu subia os dez andares pela escada para chegar lá em cima aquecido… Preferia gravar de manhã, e algumas vezes gravamos à tarde, mas sempre com climas secos de dias de sol, para não influenciar na sonoridade dos violões, que muda com a umidade dos dias de chuva ou nublados”, segue contando.

“O instrumento encordoado com nylon foi o do luthier César Andreatta, utilizando o encordoamento Aliance, da Savarez. Já para as músicas com violão encordoado com aço, gravei com o Moulder com captação LR Baggs e encordoamento Elixir. O violão fingerstyle é bem mais recente em minha vida, comecei a estudá-lo por volta de três anos atrás, e me apaixonei pelo estilo depois de executar minha primeira música em Fingerstyle, chamada Waiting, de Calum Graham, e não me afastei mais” explica Jackie.

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Inovando a captação do violão

Mangoni dá sua versão da ideia: “Resolvi gravar desse jeito pelo som. Sempre me coloco na frente do instrumento, como se meus ouvidos fossem os microfones, e aí achei uma posição onde o som era mais forte e melhor. Discutimos sobre como todos gravam esse tipo de instrumento, com microfones mais longe da fonte, por causa dos ruídos criados pela execução, mas observei que um microfone a um metro do instrumento também capta esses ruídos, e o som fica muito magro. Então resolvi fazer da minha maneira e o Jackie comprou a ideia.”


“Usamos dois microfones: um Peluso 2247 Limeted Edition U47 valvulado, e um Royer Labs 121 de fita, nos dois encordoamentos. Isso numa sala sem ambiência e as colocamos depois, usando reverb e delay dos plugins nativos do Logic Pro X.

Como prés, usamos o U47 no Manley TNT transistor com o Manley Slan de compressor/limiter. E o 121 no Manley TNT valvulado com o Manley Slan de compressor/limiter. Indo o sinal para a mesa e depois para o Logic Pro X via 2 Lynx Aurora. Os microfones foram colocados um do lado do outro, corrigindo a fase.”

Microfones U47 (esq.) e Royer 121 (dir.)

Microfones U47 (esq.) e Royer 121 (dir.)


Repertório

Jackie dos Passos comenta o repertório gravado.

L’Ultimo Caffè Insieme
Composição de Simone Iannarelli, que retrata suas diversas sensações ao frequentar uma cafeteria, sendo que todas as composições têm como tema o café.

Prelúdio, Fuga & Allegro
Obra de Bach fazendo menção à Santíssima Trindade, com três movimentos distintos. O meu compositor favorito da época.

La Catedral
Barrios visitou a Catedral de Montevideo, e cada movimento reproduz sua impressão: a entrada escura e fria, um pianista tocando Bach e a saída para uma praça cheia de gente.

This Morning in Omagh the Sun Rose Again
William Lovelady dedicou esta obra a uma violonista inglesa, Amanda Cook, sugerindo um passeio por um bosque no por-do-sol.

Aquarela do Brasil
De Ary Barroso em 1939, e gravada por Francisco Alves com arranjo de Radamés Gnattali. E outra do guitarrista Chet Atkins (1976) em Guitar Monsters.

September Inspiration
Compus com a intenção de retratar uma música de balada, dançante, com uma pitada de sensualidade, para quem dança.

Dois Horizontes
Esta compus a uns dois anos atrás. Como ainda não tinha nome, resolvi colocar o nome do CD, por achar que o arranjo tinha em haver com a música.

Drifting
Gosto do arranjo com as percussões. McKee a escreveu logo após abandonar a faculdade, sem certeza de para onde a sua vida estava indo naquele momento.

Angelina
De Tommy Emmanuel. Foi gravada no album Endless Road em 2004. Tablaturas e vídeos do instrumental são facilmente encontradas na Internet.

Berceuse de Paris
Música da violinista e violonista Camille Nelson. Uma homenagem às crianças vítimas de guerra pelo mundo.

Waiting
Minha primeira execução em fingerstyle, e que me levou a procurá-la por dois anos. Há vídeos na internet com o próprio autor, Calum Graham, explicando a execução.

Phoenix Rising
Também de Calum Graham, que foi listado como um dos “grandes guitarristas com menos de 30 anos” pela revista Acoustic Guitar quando tinha 22 anos.

Classical Gas
De Mason Williams, chegou ao segundo lugar na categoria de instrumental clássico da Billboard em 1968.


Dois Horizontes pode ser adquirido com o próprio Jackie dos Passos

E-mail dospassosjackie3@gmail.com

Celular/Whatsapp: (54) 99127-5065

Pra quem está na Serra Gaúcha, o CD está à venda nas lojas da Akustica Musical em Farroupilha (54) 3261-3457 e Caxias do Sul (54) 3536-0228 ou pelo Whatsapp da loja (54) 98117-1891.

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