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David Corcos conta sua experiência na indústria

O produtor musical e engenheiro de som brasileiro estudou no exterior e passou vários anos lá fora melhorando seu currículo e enriquecendo suas experiências antes de voltar ao País

David Corcos
IseEurope

             David Corcos

Começar uma carreira na indústria da música investindo numa formação de peso no exterior é uma escolha comum entre brasileiros que decidiram se profissionalizar na área, seja na produção musical ou na engenharia de som, entre outras profissões.

“Há alguns cursos voltados a este segmento no Brasil. No entanto, a experiência que esses talentos acabam tendo em países onde a indústria do entretenimento é muito forte, como é o caso dos Estados Unidos, é de uma riqueza inestimável”, avalia Marcos Tartuci, CEO no Brasil da Full Sail University, universidade americana focada na indústria do entretenimento que acaba de inaugurar um centro de captação de alunos brasileiros em São Paulo.

A escolha por essa experiência enriquecedora foi justamente o que motivou o produtor musical David Corcos na decisão de ir para a Flórida estudar na Full Sail. Formado na década de 1990, no programa de Recording Arts, o brasileiro destaca que a convivência com professores que tinham uma atuação de destaque na cena musical norte-americana foi um dos fatores mais estimulantes da sua formação nos Estados Unidos. “Lembro que eu tinha um professor que estava produzindo o Snoop Dogg e outros artistas que todo mundo curtia na época. Convivíamos com esses profissionais no dia a dia. Era muito inspirador”, lembra o produtor.

Depois de graduado na Full Sail, Corcos voltou para uma rápida temporada no Brasil, onde engrenou um projeto como engenheiro de som do disco Eu Tiro É Onda, primeiro solo de Marcelo D2. Em seguida, voltou para o exterior, onde permaneceu durante sete anos, entre Europa e Estados Unidos, período em que trabalhou em inúmeros projetos de artistas estrangeiros e consolidou sua carreira na área. “Não voltar para o Brasil de imediato foi algo muito positivo na minha trajetória. Eu tinha isso em mente, correr atrás dos meus sonhos lá fora. E foi uma boa escolha”, avalia Corcos.

Captura de pantalla 2016-09-14 a las 15.16.44Uma carreira premiada

Vale mencionar que David voltou a produzir no Brasil, atuando em álbuns que foram grande sucesso de público e crítica no País, como À Procura da Batida Perfeita, uma das obras de maior sucesso de D2, premiada como Melhor Disco Pop-Rock no Prêmio Tim, em 2004, e Melhor CD no 11º Prêmio Multishow de Música. A parceria com Marcelo D2 continuou ainda no álbum Acústico MTV, que recebeu disco de ouro já na primeira semana de vendas. Outro artista popular com quem David teve uma parceria premiada foi o cantor Seu Jorge, de quem produziu, entre outros trabalhos, o aclamado disco Música para Churrasco 1, premiado com o Grammy Latino em 2012.

IseEurope

Corcos já trabalhou ainda com nomes como Capital Inicial, Franz Ferdinand, Funeral Party, entre outros. Duas apostas contemporâneas com quem o produtor está trabalhando são a rapper, cantora e compositora curitibana Karol Conka e a banda Tropkillaz.

Bate-papo com o David

Para saber mais sobre David Corcos, fizemos uma rápida entrevista que apresentamos a seguir.

M&M: Quando você começou a trabalhar nesta indústria?

David: No começo dos anos 90. Foi rolando uma osmose entre o hobby e a profissão, pois começou como hobby e se tornou um trabalho. Foi totalmente natural. Não me enxergava fazendo outra coisa, era uma fixação. Faz parte da história da minha vida.

M&M: Depois de ter passado esses anos no exterior, por que decidiu voltar para o Brasil?

David: Na verdade, eu voltei num momento oportuno, um período no qual vi o meu trabalho ser reconhecido pelo grande público e pela mídia, então aproveitei esse momento para network e fazer contatos.

Captura de pantalla 2016-09-14 a las 15.16.56M&M: Quando voltou, percebeu uma diferença muito grande entre o que você tinha aprendido no exterior e o nível dos técnicos e/ou das produtoras locais?

David: Muito. Sempre existiu e sempre existirá uma diferença entre os parâmetros no exterior e no Brasil. Obviamente, não é só para o áudio que isso vale. É para tudo mesmo. Mas mudou bastante, sim, pois muita gente foi atrás de conhecimento e trouxe esse conhecimento para o  Brasil.

M&M: E agora continua do mesmo jeito?

David: Melhorou. A internet e a globalização contribuíram para difundir as técnicas de gravação e mix.

M&M: O que você acha que seria bom fazer para melhorar a indústria do áudio no Brasil?

David: Unir a classe dos profissionais do áudio. Até hoje esse me parece o ponto principal. Não existe uma entidade que represente esses profissionais e que regule um pouco o mercado. É um grande ‘cada um por si’.

M&M: Falando em equipamento, se pudesse escolher sua mesa preferida, qual seria?

David: Na verdade, minha mesa preferida seria uma mesa híbrida, na qual pudesse ter um pouco de Neve, um pouco de SSL e um pouco de API.

M&M: E um sistema de áudio?

David: Pro Tools e um par de alto-falantes.

M&M: Como produtor, o que você acha importante ter em conta no momento de começar a trabalhar com um artista?

David: Acho importante fazer o dever de casa e entender a trajetória dessa pessoa, não só a trajetória musical, mas também a trajetória de vida do artista. Isso vai me ajudar a desenvolver uma relação com o artista durante o processo de produção.

M&M: Que conselho daria para alguém que está começando nesta indústria?

David: Que siga seus sonhos, seu instinto, que não desconsidere ninguém e respeite a todos. E, de preferência, que encontre alguém que esteja disposto a ser uma espécie de tutor. Isso é muito importante!

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