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Por que não devemos acreditar que o mercado de instrumentos musicais morreu

O mercado de instrumentos musicais não morreu 

Após matéria do jornal norte americano Washington Post, no final de 2017, com o título “A morte da guitarra elétrica” o mercado musical entrou em uma fase cataclísmica. Em primeiro lugar por que diversas mídias começaram a misturar informações e confundindo dois problemas com um mercado inteiro. Esta confusão não veio somente das midias internacionais, no Brasil, grandes jornais/sites cometeram o mesmo erro.

Nosso propósito aqui é elucidar estas informações, então, vamos por partes. Sim, a Gibson está numa fase difícil (põe difícil nisto), deve dinheiro para muitos fundos no exterior e suas vendas não estão sendo capazes de pagar seus credores. Ponto. Uma marca como a Gibson não ficará abandonada, sempre haverá um fundo de investimento amigo que abraçará a lendária marca.

GuitarraA guitarra elétrica não morreu

É verdade que não ainda não estourou o novo Van Halen 2.0 ou o Slash 2.0, que movimente uma massa de fãs em torno da guitarra, mas me pareceu um pouco de desespero pensar que tudo é uma catástrofe. Precisamos de superstars da guitarra?  No Brasil temos Juninho Afram, Andreas Kisser, Lucio Maia, Nuno Mindelis, Rafael Bittencourt, Pepeu Gomes, Carline, Kiko Loureiro, Eduardo Ardanuy, porém temos dezenas (para não falar centenas) de novos influenciadores que precisam ter destaque também.

O instrumento é impulsionado por ídolos? Sim, mas o processo é cíclico. Devemos levar em consideração a quebra do modelo de gravadora que existia antes com a entrada do mercado digital.

Há quinze anos as gravadoras ditavam quais artistas e estilos teriam os destaques no rádio e televisão. Com a ampliação dos canais digitais, smartphones e a banda larga da internet as fontes de referência foram ampliadas vertiginosamente. Artistas anônimos se destacam sem a necessidade de um Diretor Artístico de uma gravadora renomada escolhê-lo para ser ‘a moda‘.

A rádio e a televisão perderam a influência que tinham para ditar tendências, pelo contrário: hoje estes canais se utilizam da internet para analisar as tendências e trazer para dentro de seus canais o que o público deseja assistir.

Os instrumentos musicais passam por uma fase de adaptação com a inclusão da acessórios de maior tecnologia. Fazer música ficou mais fácil, há maior integração entre o digital e o analógico, tal como ocorreu com os equipamentos de gravação e edição de áudio, vídeo, etc. Assim, hoje é possível fazer tocar guitarra plugando-a em seu telefone celular, gravar, fazer partituras e tablaturas com aplicativos de primeira geração.

Projeção de crescimento para 2018

A ANAFIMA – Associação Nacional da indústria da Música – projeta o crescimento médio de 5% nas vendas de instrumentos musicais em 2018 baseado nos lançamentos de produtos ligados à tecnologia e instrumentos musicais além da retomada da economia, sustentada por fatores como a queda da Selic, o início de recuperação do mercado de trabalho e o encaminhamento de reformas estruturantes.“O mercado da música também se reestruturou, enxugou o que precisava e azeitou a máquina para crescer novamente. É disto que precisamos”, explica Daniel A Neves, presidente da entidade.

Bolha da importação: Dólar x Demanda x Oportunidade 

É verdadeiro o fato que a importação de instrumentos elétricos de cordas, em essência as guitarras e contrabaixos tiveram uma queda de quase 80% nos últimos cinco anos de acordo com dados da Receita Federal copilados pela ANAFIMA – Associação Nacional da Indústria da Música. O produto importado responde pela média de 90% das vendas no Brasil. Produtos fabricados por luthiers e fábricas brasileiras, em geral, ocupam 10% do setor.

A moeda – O dólar médio em 2013 estava na casa dos R$2,16, em 2017, R$ 3,19; um aumento médio de 47% da cotação do dólar nos últimos cinco anos.

Considere ainda que a flutuação do dólar faz com que o empresário – óbvio – compre mais produtos na baixa da moeda americana, aumentando os estoques. Consequentemente isto infla os números da importação, mas não significa que é o resultado da demanda.

De acordo com o relatório da Fundação Getulio Vargas (FGV) – Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), o Brasil entrou em recessão a partir do segundo trimestre de 2014, que representou o fim de 20 trimestres de expansão econômica – que havia se iniciado no segundo trimestre de 2009. 

Mais dados e argumentos podem se colocados se analisarmos somente sob o ponto de vista econômico. Apenas como exemplo, de acordo com matéria da revista Época, segundo os cálculos do IBGE, a queda do PIB de 2016 fez a atividade econômica do país retroceder ao mesmo nível de 2010. “É como se estivesse anulando 2011, 2012, 2013, 2014, que tinham sido positivos”, disse Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, para a revista.

Se compararmos com outros mercados, como o de motos, por exemplo, a queda na produção de 2011 para 2016 foi de 58%.  

O que para alguns é dado como a morte/queda/tsunami do mercado, deve ser entendido como um movimento baseado na economia. 

Quer entender ainda a importância da música? Imagine seu Estado sem música. O que ocorrerá com o comércio, as festas populares, as igrejas, as casas de show. Pense sob o ponto de vista da economia.  Talento não escolhe berço, ao mesmo tempo que nasce um compositor em uma favela, nasce em uma maternidade de elite. O setor de entretenimento se apoia na música, as igrejas se utilizam da música como parte do louvor. A moda é cíclica. Hoje o funk está popular, amanhã pode ser o xote, o samba novamente, o rock, reggae, punk. A música é uma arte em eterna transformação.


Colocamos abaixo, dados copilados da importação de instrumentos musicais no Brasil. Atente com a bolha da importação que ocorreu no período em que o Real estava estava valorizado, entre 2011 e 2012. Confira.

Importação de instrumentos musicais x Dólar no Brasil

Fonte: Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música

grafico_anafima1

*em milhões de dólares

importacao

importacao instr


Importação de guitarra e contrabaixo: crescimento de 2,67% em número de instrumentos (2016-2017)

NCM 92079010

Fonte: Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música 

importacao GUITARRA

guitarra-baixo


Importação de Bateria e outros instrumentos de percussão

NCM 92060000

Fonte: Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música 

Bateria


Importação de Violão, Violino e outros

NCM 92021000 | 92029000

Fonte: Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música 

 


Importação de Instrumentos de Sopro

NCM 92051000 | 92059000

Fonte: Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música 

sopro


Importação de Sintetizadores

NCM 92071010

Fonte: Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música 

teclado

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